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quarta-feira, 24 de abril de 2024

25 de Abril 1974 - O Capitão de Abril, Teófilo Bento, liderou às 03.05 da manhã do dia 25 de Abril a tomada das instalações da RTP, no Lumiar. – Faleceu, em 29 de Julho de 2020 aos 75 anos, então coronel

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 

O Assalto à RTP pelo Capitão Teófilo Bento – Nas 72 Longas  Horas, apoiado por um pequeno grupo de soldados, apenas vocacionados para os serviços internos do quartel – Houve muita ansiedade, alguma confusão e disparos, com a entrada de uma patrulha da PSP por uma das portas laterais

"O Bento foi um "puro", um homem bom, com grande humor e forte sentido solidário. Um genuíno Capitão de Abril, de todos os tempos, sempre fiel aos valores que nos lançaram na epopeia coletiva, de que o Teófilo, os seu camaradas da EPAM e todos nós nos continuamos a orgulhar", - É nestes termo que foi recordado pela Associação 25 de Abril,  no dia do seu falecimento  em 29 de julho de 2020.

Promovido, mais tarde, a Coronel do Exército, Teófilo Bento, então Capitão, foi o herói da tomada das instalações da RTP, às 03.05 da manhã do dia 25 de Abril  -    Foram 72 longas horas, de ansiedade e até de alguma confusão e disparos, apoiado por um pequeno grupo das chamadas tropas logísticas, mais conhecidas por “padeiros”, vocacionadas para serviços internos no quartel de que a intervir em operações, portanto, sem a preparação da que têm tropas operacionais. Na breve entrevista que nos concedeu, confessa-nos  o que ele considerou  ter sido um autêntico “jogo de poker”, tendo a sua vida chegado a estar a linha de fogo por um dos seus próprios soldados, quando uma patrulha da policia de Segurança Pública, logrou entrar por uma das portas laterais da instalações  – Horas desgastantes e de risco, que, no final, o levariam a ser conduzido para o hospital  
UM TRANSMONTANO DE ORIGEM HUMILDE E UMA VIDA SUBIDA A PULSO

Natural de  Picote, concelho de Miranda do Douro.  – Eis alguns passos da sua vida, contados numa entrevista concedida ao Jornal Nordeste, em 2011

"Até aos seis anos vivi em Picote, depois transferi-me para Sendim, ou seja, os meus pais é que se transferiram. O meu pai era Guarda Fiscal. Podia começar já por dizer que pertencia a uma família em que havia dinheiro, porque a maior parte das famílias, como se sabe, nessa altura, não conhecia a cor do dinheiro.

Eram tempos difíceis nessa altura. O dinheiro era escasso, o que potenciava muitas famílias necessitadas…

Eram famílias necessitadas na generalidade. Em Sendim havia duas ou três famílias ricas, havia depois estas ditas remediadas, em que o chefe de família poderia ser Guarda Fiscal, tinha uma remuneração e, já tinham possibilidades de adquirir coisas com dinheiro que a maior parte das pessoas não tinha. Sem querer, isso faz-me lembrar que, li uma história da evolução económica da Europa, em que dei por mim a fazer uma comparação muito estreita entre a economia, a sociedade da idade média e a sociedade que eu conheci quando miúdo, em Picote e em Sendim. Eram os mesmos instrumentos de trabalho, os mesmos sistemas de troca de bens; trocavam-se sardinhas por ovos, por exemplo. Recordo-me de a minha mãe me contar que levava dois sacos de trigo a Carviçais, primeiro ao Pocinho e depois a Carviçais; isto é, onde chegava o comboio, para trazer sal. Isto, só para dizer, como era a situação nessa altura agora, se quiserem, comecem a fazer comparações com os dias de hoje.

Que outras recordações é que guarda da sua meninice, da sua juventude?

Além das dificuldades referidas que eram muito notórias, principalmente antes de as barragens aparecerem e começaram a dar algum trabalho, o que potenciou que algum dinheiro começasse a circular, fez com que as pessoas despertassem e descobrissem a existência de outros mundos e, também contribuiu para que nos apercebêssemos do mundo fechado em que vivíamos, o que levou, precisamente, a que milhares de transmontanos emigrassem para a França, clandestinamente, isto é, sem autorização. Quando eram apanhados, eram devolvidos, muitas vezes, em condições extremamente difíceis, porque até as pessoas da minha idade se lembram. Chamavam-se passadores as pessoas que auxiliavam esses indivíduos a dar “o salto”, assim se chamava o transferir-se para França, tentando, portanto, ganhar algum dinheiro.

Muitos transmontanos deram “o salto", realmente…

Sim, é verdade! Há pouco disse-me que esta entrevista tinha um nome que era “À procura da Liberdade”; deixe-me falar sobre isso. 
É evidente que a liberdade, como a fome, como outras situações extremas, como a guerra por exemplo, só quem a viveu… ou melhor, no caso da liberdade, só quem não a teve é que sabe o que é não ter liberdade. Por mais metáforas, por mais palavreado, por mais frases que se utilizem, é difícil caracterizar uma situação extrema e a falta de liberdade é realmente uma situação extrema. 
Já dei algumas entrevistas em que dizia que, só com o passar do tempo, me fui apercebendo do que era a falta de liberdade; a privação de liberdade para ganhar o seu pão, a sua vida, levou tanta gente a emigrar, clandestinamente, porque não lhes era permitido sair livremente. As pessoas não tinham liberdade para procurar melhores condições de vida.

Senti, por volta dos anos 60, ao acabar o curso na academia militar, onde era aspirante, uma necessidade premente de sair daqui, de conhecer outras culturas e resolvi fazer uma coisa que era habitual: viajar para o estrangeiro, normalmente França, Inglaterra… recorríamos a algumas associações que nos arranjavam trabalho. Trabalhava-se durante as férias o que nos dava o suficiente para viver, não diria que dava para pagar as despesas todas, mas auxiliava muito e era uma nova experiência. 
Eu fui para Inglaterra. Estamos no ano de 69, precisamente no ano que apareceu a minissaia, tínhamos tido notícia dela, é evidente que em Lisboa não havia, em Portugal não havia mas, tínhamos tido notícia dela. Foi nessa altura que fui para a Inglaterra onde trabalhei num hotel. Inicialmente pensei que era para trabalhar como porteiro para ganhar umas boas gorjetas, mas afinal era trabalho não especializado, internamente, lá no hotel. 
Foi uma experiência interessantíssima mas, o que mais me impressionou e, era esta a ideia que queria vincular, foi que eu tive a sensação de que tocava na liberdade. A liberdade via-se em tantas coisas… na minissaia, via-se na forma das pessoas trajarem, Londres já nessa altura era um cidade muito cosmopolita, havia indianos, havia tudo. Enfim, faziam o que queriam, cada um vestia-se como queria vivenciando os seus usos e costumes, havia “speakers corners” onde se reunia muita gente e se falava contra tudo e contra todos. Pegavam no caixote, subiam para cima dele, expunham as suas ideias livremente, de tal maneira que, se tinham audiência estava bem, se não tinham, não havia problema; às vezes, via-se um indivíduo a falar para três ou quatro pessoas, outras vezes a falar para um conjunto de pessoas. Realmente, todas essas coisas e, mesmo a actuação da polícia, ensinavam liberdade.

Assisti, sem querer, a uma cena que me impressionou. Uma altura em que eu passava peloPiccadilly's Circus, um sítio em que se juntavam os hippies que, também nessa altura, estavam na moda. Eu passava muitas vezes por ali e via esse pequeno largo cheio deles; tinha umas escadas internas e o pessoal sentava-se por ali, de qualquer maneira e, houve um dia em que passei e percebi que devia ter havido uma decisão da polícia para evacuar. Já tinham evacuado, praticamente, a praça toda, estavam apenas dois casais, que estavam instalados, rodeados por dois polícias, notoriamente, a tentar convencê-los a saírem de lá e eles, provavelmente, inventando explicações e mais explicações, estou a dizer inventando, porque eu estive, sem exagero, meia hora a assistir à cena e dizia para mim próprio: isto, em Portugal, seria impossível. Verifiquei, sei lá, qualquer má resposta que ofendeu a polícia, ou que a polícia achou mais incorrecta. Pegaram neles pelas costas e meteram-nos em duas carrinhas e foram embora, primeiro impressionou-me a eficácia da polícia. Isto só para dizer que tudo era diferente e tudo me dizia que era quase como se tocasse a liberdade, o que não existia em Portugal.

Realmente, essa sua experiência deve tê-lo marcado profundamente. Temos, no entanto, que voltar um pouco atrás no tempo para lhe perguntar de que forma o marcou o facto de ter nascido nesta região?

Penso que o ter participado no “25 de Abril” teve um pouco que ver, ou talvez muito, com o ter nascido nesta região. Como disse, sou filho de um guarda-fiscal, sou um filho já tardio, tinha dois irmãos muito mais velhos que, por acaso, estiveram em África mas, tinham regressado antes dos acontecimentos que se verificaram, os acontecimentos relacionados com a guerra ultramarina. O regresso, de pelo menos um deles, deveu-se ao falecimento do meu pai. A minha mãe viu-se com um miúdo de oito anos para criar. A única coisa que sabia fazer era a lida da casa. Como o meu pai era guarda-fiscal e, numa aldeia, isso significava mais que ser remediado, quase significava ser duma classe alta, porque havia dinheiro, a minha mãe fez das tripas coração, virou-se como se costuma dizer. Ela ainda está viva, tem 98 anos, está num lar em Miranda, mas foi sempre uma pessoa que me marcou muito porque fez realmente um esforço fabuloso para conseguir educar-me com aquilo que ficou. Quase diria que teve de inventar formas de fazer dinheiro para me educar. Tive o azar de ser de uma aldeia, de não ter feito o exame de admissão na devida altura, o que me obrigou a ir para um colégio em vez do liceu que ficava mais caro e, assim, estudei em Miranda e diga-se de passagem que ao fim do primeiro ano já estava a dizer que não queria estudar mais, porque via os miúdos que estavam a trabalhar na barragem e não tinham que ir preparar as lições para casa. Aí valeu o meu irmão, regressado de África por causa da morte do meu pai que disse: se tivesses tirado más notas, talvez, assim como tiraste boas notas tens de continuar a estudar. Também lhe devo muito a ele, como é evidente, por causa disso. Fui criado de maneira a perceber as dificuldades que existiam em casa. Fiz o 2.º e 5.º anos, vim fazer exames a Bragança e, depois do 5.º, tive de mudar para o Porto. 

Eu não podia vir para o liceu, como disse e tudo isso ficava bastante caro. Fiz os estudos equivalentes ao terceiro ciclo e aí voltei a Bragança. Tive sempre uma ligação com Bragança e quando chegou a altura de ir para a universidade escolhi a academia militar fundamentalmente por questões económicas. Percebia, perfeitamente, que não podia ir para a universidade. Até gostaria de ter ido para engenharia, mas percebia perfeitamente que não tinha condições financeiras para tal. Ouvi dizer que na academia militar pagavam um salariozinho, enfim, davam subsídio, davam alimentação e não pagava pensão. Foi isso que condicionou a minha ida para a vida militar, não foi efectivamente a minha vocação especial. Foi mais uma condição económica que, diga-se de passagem, aconteceu a muita gente que depois veio a participar no “25 de Abril”, vieram a ser capitães de Abril. Temos que nos lembrar que nessa altura já tinha começado a guerra. A frequência na academia era alimentada, fundamentalmente, por classes ricas. Enfim toda a tradição da nobreza, mas quando começou a guerra deixaram isso para os pobres e os pobres preferencialmente, do interior, por isso é que nessa altura a frequência na academia militar era de Trás-os-Montes e das Beiras.as que me está a impressionar - Excerto de  

Entrevista com Coronel Teófilo Bento - Capitão de Abril

nordestecomcarinho.blogspot.c

terça-feira, 23 de abril de 2024

São Tomé e Príncipe - Custo de vida colonial - Antes do 25 de Abril – Nas roças ainda persistia a escravatura do tempo do chicote - Tanto para trabalhadores nativos como para os chamados serviçais, que eram contratados de outras colónias, nomeadamente de Cabo Verde, Guiné, Angola e Moçambique.

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista  - Antigo aluno da Escola Agrícola Conde S. Bento, em Santo Tirso  - Com videos registados na Roça Uba-Budo, em 2014, bem como na antiga Roça Rio do Oiro,  atual Agostinho Neto e noutras roças

A vida era dura e escrava também para o empregado de mato, tal como também ali fui. Depois das tarefas executadas, das capinagens, das colheitas ou das quebras de cacau, subindo e descendo vertiginosas grotas, tinha que vaguear pelos caminhos ou trilhos do mato, limpando os rebentos dos cacacueiros com a catana (machim) na mão, chovesse ou não a granel: - havia que suportar todas as intempéries até ao último raio de sol . Além disso, o escravizado empregado de mato, só podia gozar das chamadas férias graciosas, regressarem às suas aldeias, de quatro em quatro anos

Daí que não possa esquecer-me daqueles duros dias da chibata nas costas e das palmatoadas, dadas pelos capatazes, sintonizados com a hierarquia das ordens do Patrão da "Casa Grande", em que não faltava comida, ao estilo farta cavalos, mesmo que fosse fuba com bolor e feijão furado com bicho, lagarta na couve, peixe seco quase apodrecer, o que não mata engorda, porque também era a ração que davam às vacas e a outros animais, pois, saco vazio não fica de pé e interessava que todos, sem exceção, fossem animais de carga.

Era farta e folgada para os administradores e feitores gerais, mas sobretudo para os donos das roças, mais deles vivendo refastelados na “metrópole”, à sombra dos avantajados lucros das grandes plantações, especialmente de cacau e de café e livres de prestarem contas ao Estado do que arrecadavam, pois chegavam a ter até mais poder de que os próprios governadores. Sem outras preocupações que não fossem as de encher os seus cofres por depósitos na banca e por transferências sistemáticas para à Metrópole
.
Além do palácio do administrador, dos armazéns, das várias instalações tecnológicas ,escritórios, das senzalas, creches, capelas, hospitais, a bem dizer também podiam reprimir e aplicar castigos físicos à vontade.

No entanto, em 2014, quando ali voltei, pude constatar, com um misto de tristeza e decepção, que, além das instalações se encontrarem muito degradadas, praticamente em ruinas e irreconhecíveis, nem por isso a vida ali conheceu melhores condições. Tendo ouvido desabados, como este: no tempo da escravatura, tínhamos comida, agora, que somos livres, falta-nos quase tudo.

NÃO ESQUEÇO A DUREZA DAQUELES DIAS NA ROÇA


Sim, continua ainda muito presente na minha memória, aquele recuado ano, quando para ali fui em 1963, com 18 anos, a fazer um estágio do meu curso agrícola, que havia tirado em Santo Tirso, um tal Pereira, administrador, pouco tempo depois, mandou-me de castigo a contar cacaueiros velhos para a Roça Ribeira Peixe, da mesma Companhia Agrícola Ultramarino, por me ter recusado a tratar os pobres serviçais por tu: - um dia chamou-me lá à administração, para me dar esta ordem: “ o Sr Feitor Geral, já lhe disse, mais de umas quantas vezes, que os serviçais têm de ser tratados por tu; não se lhes pode dar confiança: tem uma hora para arranjar a mala; preciso do jipe, não se demore. Vai fazer o seu estágio na Ribeira Peixe.





Na roça Bombaim - Não vi grandes diferenças, em 2014

E o estágio, que me impunha era o de contar cacaueiros abandonados, para os lados da Roça Novo Brasil, numa zona de grande capinzal e infestada de serpentes Eu contava cada caule e um trabalhador Cabo-verdiano, que andava com uma caldeirinha de água de cal na mão, à medida que os contava, ia-os marcando com umas borrifadelas para não me enganar na contagem – Creio que aquele trabalho, era mais uma forma de me humilhar e de me fazer desaparecer de que propriamente pela sua utilidade agrícola

Todos os dias, eu e o pobre do escravo, deparávamos com serpentes a levantarem-se ao nosso lado ou dependuradas nos ramos: como ele andava descalço e eu com galochas, um dia pisou uma dessas cobras pretas, picou-o e acabou por morrer ali mesmo: peguei no cavalo e fui ao hospital a buscar um antídoto, mas, quando voltei, já tinha morrido – Deparei com uma imagem impressionante: boca espumosa e a cor da pele passara de negro a um rosto contorcido e raiado de manchas violáceas
Roça Uba Budo 2014 -

Fiquei de tal maneira chocado e revoltado, que, nesse mesmo dia à noite abandonei a roça: fui a pé até S. João dos Angolares, onde dormi no mato, espicaçado por nuvens de mosquitos.

No dia seguinte, apanhei uma boleia para a cidade: e, como não tinha dinheiro, andei por lá a dormir no parque e a ter que me alimentar da fruta que ia colher no mato. Uns dias depois, fui à CM, que me arranjou um emprego de capataz dos jardins da cidade: Mas, como, quase todos os dias, passava por mim, um tal Aprígio Malveiro, secretário da Câmara, a chatear-me a cabeça, armado em roceiro, insinuando que eu também tinha pegar no machim e limpar as ervas, fui pedir emprego na Roça Rio do Ouro, onde fiquei até ir cumprir o serviço militar.



De seguida, algumas das linhas de um extenso e pormenorizado artigo que publiquei na revista angolana Semana Ilustrada, de que fui correspondente, desde 1970, a Março de 1975, mês em que fui forçado abandonar a Ilha de S. Tomé, em canoa, rumo à Nigéria, para me defender das agressivas perseguições de que estava sendo alvo por parte de alguns colonos por dar voz às manifestações pró-independência e a outras questões que a censura até então proibia, o que sucedeu com vários artigos meus. Mas este lá passou. Voltei ainda no mesmo ano, após a independência para tentar a travessia oceânica de canoa.,. Não realizaria esse sonho mas acabaria por conhecer uma dramática experiência de náufrago ao longo de 38 dias. https://canoasdomar.blogspot.com/2019/11/34-dia-perdido-no-golfo-da-guine-nao.html
CUSTO DE VIDA

(….) A roupa, o calçado, o sabão, é um subir que nunca mais acaba!
Ah! E o pão? O pão nosso de cada-dia? Para o dobro!
(...) Num destes , dias ,encontramo-nos com certa dona de casa ,no mercado Municipal. A título de curiosidade, perguntamos-lhe que espécie de géneros ia comprar. ( pagar). Começou por nos dizer, antes de mais, que era mãe de cinco filhos. E estava a adquirir condimentos para preparar um calúlú, o prato típico da terra ,para o almoço do seu marido e dos seus cinco filhos. E já que nos falou do seu marido, quisemos também saber qual a profissão e quanto ganhava.

Referiu que trabalha na Roça e ganha 28$00 diários. Em seguida, e antes de entrarmos no assunto que nos tinha levado a interpelá-la, pretendemos igualmente nos dissesse qua era a sua ocupação. Se fazia mais alguma coisa além das lides domésticas.

A esta pergunta, acrescentou que apenas cuidava dos filhos, pois eram ainda menores, andavam todos na escola, e, fora isso, tratava ainda de um pouco de criação. De uns leitãozitos, uns tantos bicos de galinhas, e de uma cabra, que criava lá no seu quintal. Criação essa, que, em seu ver lhe dá bastante jeito para fazer face aos seus gastos domésticos.

Depois falou-nos então, perto de uma banca que ali se encontrava, com os géneros expostos, dos que iria comprar para fazer o dito calúlú para o almoço do seu marido e dos seus filhos.

Para isso, segundo nos disse, precisaria de adquirir: 4$00 de kiábos,1$00 de beringelas, 1/2 kg de couve, que estava a 15$00 o kg, 2$00 de makaké, $50 de piripiri,1/2 kg de tomate, na altura 18$00, meio litro de óleo de palma pelo que ia dar 3$00,e no mercado do peixe que teria de comprar pelo menos 1,5k,que lhe custaria cerca de 25$00. Depois destas compras que teria ainda de passar pela loja a fim de ir comprar o arroz, pelo menos também cerca de 1,5kg, do trinca, que lhe ficaria a 7$00 o kg.

Depois passaria pela padaria, onde, como eram sete ao todo lá em casa, gastaria mais 7$00,pois o pão agora está a 1$00 cada um. Quanto à fruta, que teria de levar umas 7 ou 8 bananas, para sobremesa, de que não poderia prescindir, e lhe custariam 2$50

Finalmente, que teria apenas de pensar no frango ou galinha para confecionar o calúlú, mas de que ,apesar de estar a 35$00 o kg, não teria problemas pois de boa criação felizmente tinha lá no seu quintal.
Eis, pois, a traços largos os géneros e o custo por que viria a ficar um dos pratos a uma das muitas atarefadas e preocupadas donas de casa, á no burgo, para uma refeição do seu agregado familiar num vulgar dia da semana.

CONTINUAM A AUMENTAR AS COTAÇÕES DO CACAU, COPRA E COCONOTE

Segundo as ultimas informações que nos foram prestadas, os principais produtos agrícolas de S. Tomé — cacau, copra e coconote — continuam a aumentar de cotações no' mercado internacional, onde atingem números até agora nunca alcançados,
Em contrapartida (até perece um paradoxo) a principal mão-de-obra, pelo menos a mais apreciada até a data, continua a registar acentuada sangria para o exterior, como consequente reflexo de uma menor produtividade e aproveitamento das explorações agrícolas.

Um dos motivos da retirada dos trabalhadores rurais para outras parcelas' do território nacional, nomeadamente para a Metrópole, é, como se sabe, o da procura de uma melhor compensação salarial, e de outras regalias que os 28$00 que aqui lhes pagam não chega a satisfazer.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Sporting 3 –V. de Guimarães 0 – Triunfo leonino de alto nível artístico faz rejubilar o palco de Alvalade de calorosos hinos e abraços

Jorge Trabulo Marques - Footballdream
Neste post o video do triunfo leonino


Sporting 3 –V. de Guimarães 0 – Triunfo leonino de alto nível artístico faz rejubilar o palco de Alvalade de calorosos hinos e abraços, encurtando a dois triunfos, a seis pontos,  a conquista do campeonato da temporada 2023-24, com 10  pontos de vantagem sobre o Benfica, que, nesta segunda-feira, defronta o Farense

Equipa de Rúben Amorim vence com arte, sabia e persistente estratega o Vitória de Guimarães, com golos  de Pedro Gonçalves, aos 30 minutos, e um bis de Viktor Gyökeres, aos 45 e 49), superando a lista de melhores marcadores, com 24 golos



domingo, 21 de abril de 2024

Praias e Baías de S. Tomé e Príncipe - São belas e acariciadoras!... Mas algumas precisam de um olhar mais atento e cuidado para continuarem a fazerem sonhar!

Jorge Trabulo Marques - Jornalista



Há mais de 50 anos erguia a minha voz na revista angolana Semana Ilustrada em sua defesa das praias e baías de S. Tomé e Príncipe – Mas, há situações, que se agravaram ainda mais pela extração de areias e alastramento de detritos, sobretudo nas baías e praias das áreas mais habitadas - Outras existem, felizmente, onde ainda é possível espraiar o corpo e o olhar, fazer poetizar e sonhar.



a em sua defesa – Mas, há situações, que se agravaram ainda mais pela extração de areias e alastramento de detritos, sobretudo nas baías e praias das áreas mais habitadas - Outras existem, felizmente, onde ainda é possível espraiar o corpo e o olhar, fazer poetizar e sonhar.

Praia Grande  - Apesar de tudo ainda por lá existe um belo e suave espço de areal







Praias e Baías de S. Tomé e Príncipe - São belas mas precisam de ser defendidas dos agentes poluidores – Há mais de 50 anos erguia a minha voz na revista angolana Semana Ilustrada em sua defesa – Mas, há situações, que se agravaram ainda mais pela extração de areias e alastramento de detritos, sobretudo nas baías e praias das áreas mais habitadas - Outras existem, felizmente, onde ainda é possível espraiar o corpo e o olhar, fazer poetizar e sonhar.

São Tomé e Príncipe é um país insular, tal como é reconhecido, cuja formação geológica de natureza essencialmente vulcânica, decorre há milhões de anos e constitui um património inalienável das gerações atuais e futuras.
Nos últimos anos verificou-se um aumento da exploração e extração indiscriminada de areia, barro, basaltos e seus derivados, com impactos bastante negativos em termos ambientais, económicos e sociais;

Mas, não apenas a extração de areias, mas de agentes poluidores, sobretudo, nas baias e praias, cercadas por áreas urbanas, tal é o exemplo da Baía de Ana Chaves, onde o Água Grande, desemboca os mais variados detritos.

Estas as palavras de um extenso e bem documentado artigo publicado, em Dezembro de 1975, na revista angolana Semana Ilustrada, de que era seu correspondente
Em boa verdade, não se pode pensar em termos progressivos, nos domínios do turismo, se este não existir internamente. Senão forem defendidos aspectos basilares para a sua prossecução, Sem a existência de princípios básicos e determinantes capacitadores de fornecerem os alicerces indispensáveis a tal movimento, não se constatar crescimento digno de realce.

Ora, todos sabemos que as praias proporcionam cartaz altamente aliciante e carreando para as zonas onde existem elevadas torrentes de pessoas. Efetivam-se viagens de considerável curso para que as pessoas possam beneficiar da época balnear.
Os territórios que têm a ventura de usufruir de praias tudo intentam para as 'valorizar, para as defender contra os vários agentes destruidores e diligenciam no sentido de lhes criarem condições passíveis de ofertarem melhor bem estar aos banhistas, Isto todos sabemos, Também nos é familiar o facto, constatado e provado, de que nem sempre acontece tal processamento.




sábado, 20 de abril de 2024

Academia Militar – anos 80 –- Entrevistas com o Marechal Spínola e outros oficiais generais - No primeiro grande jantar de Confraternização de Antigos Alunos, depois do 25 de Abril "



Apontamento para a História do mais antigo estabelecimento de ensino universitário militar, “onde se cultivam grandes valores” - "Não é uma conspiração! Mas o significado de tantos estarmos juntos é o de que algo não vai bem" - Reunindo oficiais de diferentes armas, idades e cursos –Entrevistas com o Marechal Spínola, antigo aluno do Colégio Militar - General Galvão de Melo - General Vasco Lourenço; General Ricardo Durão; O então Tenente-Coronel Victor Alves - Coronel Macedo Pinto Coronel Santos Paiva, além de outros oficiais que não foi possível identificar


Reportagem transmitida depois  na  Rádio Comercial-RDP, com declarações de vários oficiais superiores e generais, registada por mim nos anos 80 -  Num programa  matinal,  realizado e apresentado por Luis Pereira de Sousa. Já então uma das carismáticas figuras da Rádio e da Televisão, tendo estado presente no primeiro dia da Revolução dos Cravos, em reportagem, tal como o documenta esta imagem 

 O convívio, embora anunciado publicamente, através da RTP, porém,  como estava a ser antecedido  de alguma polémica, face aos rumores que corriam de que se tratava de uma manifestação de desagrado, face ao poder politico, cujo PM era então Cavaco Silva, acabou por não ter contado com a presença da generalidade dos media.


 Este, um dos  variadíssimos registos -  de centenas - em cassetes e algumas bobinas, que guardo ainda no meu arquivo, em memórias de um repórter



Fui o único repórter que participou no jantar-convívio - Este,, um dos varridíssimos registos - centenas - em cassetes algumas bobines, que guardo ainda no meu arquivo


Marechal Spínola: – Recordações da meninice sãos sempre muito agradáveis a partir de uma certa idade; olhe o significado que lhe atribuo é o de uma reunião de camaradagem, a que eu já estou muito habituado, como antigo aluno do colégio militar, e essa é a primeira aqui

A grande recordação que eu guardo desta casa foi a formação que esta casa me deu! E que me tem aparado e que me tem servido em toda a minha vida:. Hoje sou um reformado mas ainda sou o Presidente da Revista Militar! Estou sempre ligado ao Exército, porque fiz toda a minha vida sempre no Exército! Espírito do corpo, a camaradagem Está aqui bem patente nos 90 aos 20 anos! Desde generais, coronéis, tenentes-coronéis majores! Alguns civis, que abandonaram a carreira das armas estão aqui muito deles, presentes General Galvão de Melo: acho que foi uma ideia felicíssima do atual comandante da Escola! De reunir pessoas de diferentíssimas armas, idades e cursos.. Eu, por exemplo, há mais de 15 anos que não entrava aqui na Academia!... Vim encontrar colegas meus, que já via desde a saída da Academia! General Vasco Lourenço: Questionado de que, esta reunião, só é possível por via de um certo descontentamento, respondeu-me: é uma interpretação! - Entre outras palavras que deixavam depreender a minha observação..

General Ricardo Durão - Acho que foi uma ideia muito boa ! E, à semelhança do que acontece no Colégio Militar e noutros Estabelecimentos de Ensino! Encontrei hoje muita gente que não via há anos! O então Tenente-Coronel Victor Alves: acho que é uma excelente ideia do Sr General Bruno! Que nos deu a possibilidade de aqui nos reunirmos. (...) como sabe, todos os anos, há reuniões de cursos, etc. e falta sempre muita gente!-… E hoje dá a impressão que não falta ninguém”… Não é uma conspiração! Mas o significado de tantos estarmos juntos é o de que algo não vai bem Coronel Macedo Pinto – Vinte e tal anos do Ultramar - Do curso de 1914 – Vejo isto como uma necessidade de nos confraternizarmos mais: acho que isto é uma riquíssima ideia! Que só traz benefícios! E traz saudade e traz tudo! – Estive em África: eu só não conheço Guiné e Timor! De resto, estive em todas elas


Diabruras na minha viatura dos inimigos da Liberdade

JORNALISTA HÁ 50 ANOS - De 1970 -a 75- Correspondente da revist Semana Ilustrada de Luanda   - Depois em Portugal    -  ANTIGO MILITAR DO 6º CURSO DE COMANDOS, EM LUANDA - Meu segundo Comandante era então o  General Soares Carneiro, natural do meu concelho -

 Fui  selecionado, no Huambo, para o curso de oficiais no curso de sargentos milicianos na antiga Nova Lisboa, em Angola, por ter ficado em 5º entre os 700 alunos, o segundo na especialidade de Armas Pesadas, mas preferi voltar a S. Tomé, como furriel miliciano e fazer uma tropa tranquila, depois de ter passado pelo curso de comandos - E,, três anos, depois enveredar pelo jornalismo por via de umas aventuras maritimas  - Os acasos e os destinos da vida, sáo mistérios de Deus.

No Regresso a Portugal, passei 

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Natália Correia e Zeca Afonso - Inédito – Vozes no Botequim da Liberdade - Ó rama, ó que linda rama – E Milho Verde - Meu registo das Noites Loucas, de alegria, música e poesia


                                                          Jorge Trabulo Marques - Jornalista


Reportagem sonora de uma das noites de caloroso convivo e de boémia do Botequim da Natália Correia, no Largo da Graça, Lisboa, anos 80 – Naquele espaço, as surpresas da noite já faziam parte do cardápio da casa, do habitual convívio e diversão.


Foto obtida pelo autor deste blogue  à saída de uma festa de gala no Casino Estoril - Natália Correia e a sua corte - Na qual está também - no primeiro plano  Dórdio Guimarães, o fiel companheiro de todas as horas de Natália,  de costas voltadas para o fotógrafo; um pouco mais à esquerda, está  Fernando Grade, e,  quase a servirem de guarda-costas, Francisco Baptista Russo e Fernando Dacosta, agora de novo com mais uma bela surpresa literária  - Não me ocorre o nome das outras suas amigas.

Se Natália Correia fosse viva e ainda liderasse o Botequim, por certo, alguns dos frequentadores deste famoso Bar já tinham desencadeado uma revolução
 Uma das habituais presenças, ao pino do Botequim, era o Mastro António Vitorino de Almeida, mas, que muitas vezes, podia ser usado por outras músicas

A noite que aqui recordo, contou a presença de Zeca Afonso, A VOZ DA UTOPIA E DA LIBERDADE, que se associou ao coro das vozes, onde a da Natália Correia, era geralmente a voz que liderava os Cânticos que ali se faziam ouvir. -
Zeca Afonso, a emblemática voz do 25 de Abril, da revolução dos cravos, imortalizada por , “Grândola, Vila Morena”


José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos – ou simplesmente Zeca Afonso, como viria a ser eternizado – nasceu a 2 de agosto de 1929, em Aveiro. Em miúdo passou algumas temporadas em Angola, onde o seu pai exerceu a função de delegado do Procurador Geral da República. Por motivos de saúde, o pequeno Zeca dividiu o seu tempo entre África, que aprendeu a amar e a respeitar, e Portugal. As suas raízes familiares não representam propriamente o ‘proletariado’. Contudo, quando se fez homem, Zeca cantou e defendeu, como poucos, o povo – antes deste ir ‘de carrinho’, como viria a cantar na década de 80, no álbum Como Se Fora Seu Filho, um disco paradoxo, dividido entre a utopia e o desalento da realidade política:

Vídeo elaborado a partir da cassete de um pequeno gravador, que utilizava como repórter da Rádio Comercial, que pude registar numa das noites inesquecíveis de boémia no Botequim, que tive o prazer de frequentar muitas vezes - Hoje lembrei-me de ir buscar esses sons ao meu vasto arquivo - Onde ainda guardo (entre cerca de três centenas de cassetes de áudio, inúmeras reportagens e entrevistas, entre as quais,, Fernando Namora, Vergílio Ferreira, José Gomes Ferreira, Moreira das Neves, Amália Rodrigues, Cupertino de Miranda, Azeredo Perdigão, Costa Gomes, etc..etc
Sim, outros sons e outras vozes, gravadas no Botequim, que espero vir a editar no You Tube, pois tenho a certeza que não deixarão de ser apreciadas e de comover até às lágrimas, todos quantos o frequentaram e ali viveram momentos que perdurarão para o resto das suas vidas. Botequim - Pequeno no espaço mas grande como bar aglutinador das mais diferentes sensibilidades - Centro de tertúlias políticas, literárias e artísticas, palco de conspirações e acesos debates na presença de figuras, como Ramalho Eanes e esposa, Sá Carneiro, Nuno Krus Abecassis, Helena Roseta, Oliveira Marques, Ary dos Santos, Mestre Martins Correia, Francisco Relógio, David Mourão Ferreira, Dórdio Guimarães (o companheiro inseparável de todas as horas da autora da Mátria), Manuel da Fonseca, Urbano Tavares Rodrigues,Césariny, Cruzeiro Seixas, José Augusto-França, Amélia Vieira, Fernando Dacosta, José Manuel dos Santos, Amélia Muge, Tomás Ribas, Gilberto Madail, Afonso Moura Guedes; Narana Coissoró, deputados de todos os partidos, cartomantes, videntes e astrólogas, aspirantes a poetas, a pintores, a músicos, a escritores ou a políticos, homossexuais e lésbicas assumidos ou disfarçados, jornalistas, empresários, generais na reforma e no ativo, vários capitães de Abril.

E tantas outras personalidades (até do estrangeiro, sobretudo do Brasil) provenientes das mais diferentes atividades ou, simplesmente, pessoas anónimas que admiravam o perfil e o estilo inconfundível de Natália, que ali iam todas as noites, ao Largo da Graça, movidas pela curiosidade de a conhecer pessoalmente, de partilhar a alegria, a truculência, a frontalidade, o fascínio e o saber do seu inigualável convívio. "Mulher forte, irreverente, contraditória - e de beleza extraordinária. Com intensa versatilidade, dedicou-se a vários géneros literários.
Natália Correia sempre se recusou a ser uma figura decorativa, peça que entrava e saía do palco segundo as regras da compostura. Ao longo da vida escreveu intensamente. E ainda marcou presença na política e na imprensa. A indignação foi uma constante na sua vida e obra - motivada pela censura que a amordaçava ou por uma insurreição natural a todos os engodos ideológicos da sociedade. "Uma mulher imperial", diz a jornalista Clara Ferreira Alves." "Natália Correia é uma mescla de anjo e demónio. Muito do seu encanto vem desta mistura explosiva. É conhecida pela personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflete na escrita.

Em Memória de Natália Correia e do Botequim - Em Noites Loucas, de alegria, música, convívio e poesia 







Natália Correia (1923 - 1993), mulher de paixões, casou quatro vezes ao longo dos seus 70 anos. Fez televisão, foi jornalista, dramaturga, poetisa e estreou-se na ficção com o romance infantil «Aventuras de um Pequeno Herói», em 1945.
Nasceu nos Açores em 1923 e aos 11 anos desloca-se para Lisboa. Foi jornalista no Rádio Clube Português e colaborou no jornal Sol. Ativista política: apoiou a candidatura de Humberto Delgado; assumiu publicamente divergências com o Estado Novo e foi condenada a prisão com pena suspensa em 1966, pela «Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica».
Deputada após o 25 de Abril , fez programas de televisão destacando-se o “Mátria” que apresentava o lado matriarcal da sociedade portuguesa.
Fundou o bar “Botequim”, onde cantou durante muitos anos, transformando-o no ponto de reunião da elite intelectual e política nas décadas de 1970 e 80.
Organizou várias antologias de poesia portuguesa como “Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses” ou “Antologia da Poesia do Período Barroco”.
Natália Correia foi uma versejadora de êxito, uma mulher carismática com uma vida social intensa, não fez concessões à mediania e notabilizou-se por uma vasta obra intelectual.