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sexta-feira, 27 de março de 2015

Olinda Beja – Em cabo verde no dia da poesia – com músico Filipe Santo – depois de ter representado São Tomé e Príncipe no festival das migrações e da cidadania em Luxemburgo.

Cabo Verde fez festa de Poesia  - Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista


Os novos tempos, são de crise financeira (para os mais fracos) e de falta de valores para os mais endinheirados, que não os cultivam. Todavia, o mundo continua, num planeta onde não faltam conflitos, fome, miséria, injustiças sociais, agressões ecológicas e desastres naturais, devastações climatéricas, de toda a ordem  - Mesmo assim, .felizmente, há vozes que dizem palavras da mais bela poesia, erguem o ramo da paz, da fraternidade e do amor. Ou não deixam de erguer, bem alto, a voz do inconformismo, da sua angústia  pelo sofrimento alheio

Sim, os tempos não são nada poéticos mas os poetas nem por isso deixam de cumprir a sua missão. E lá vão dizendo o que lhe vai no mais sentido  da alma e no fundo do coração. É o caso da poeta, Ondina Beja, verdadeira embaixatriz das maravilhosas Ilhas Verdes, sua terra natal. Vive muito longe, algures no Norte da Europa, na Suíça,  num país das montanhas com neves eternas, contudo, é no centro do mundo, naqueles lindos e sedutores tufos verdejantes, que se erguem na linha do Equador, que o seu pensamento se volve em talvez permanente e no mais apaixonante azimute.

Depois de ter representado, São Tomé e Príncipe, no festival das migrações e da cidadania em Luxemburgo, evento que  atrai mais de 30 mil visitantes, ei-la a viajar mais a sul, a caminho de Cabo Verde, onde foi participar nas comemorações do Dia Mundial da Poesia, que, este ano, foi dedicado a homenagear  o poeta Corsino Fortes, evento no qual esteve também o músico santomense, Filipe Santo, ambos recebidos, em audiência especial, pelo Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca,  que, segundo noticias, que entretanto pesquisámos, se envolveu pessoalmente nesse dia festivo, lendo poemas e acompanhando os declamadores e músicos, nas arruadas e no sítio histórico da Cidade Velha, concelho de Ribeira Grande de Santiago




 Olinda Beja teve a gentileza de nos enviar  uma amável mensagem com algumas fotos, gesto que muito nos sensibilizou e muito lhe agradecemos, acompanhado com esta singular expressão - Há momentos na vida em que só a poesia importa!  - De facto, só a poesia os pode transmitir. E, pelos vistos, foi justamente o que sucedeu, recentemente, em Cabo Verde.


Os beijos em África são doces doces
como o untué que as crianças
devoram p'la manhã

As carícias em África são doces
doces como a banana-ouro
que teima em desaparecer da  nossa ilha

O amor em África é doce
doce como o belo abacaxi
que se cria no mato e no quintal

Os homens em África são doces
porque os seus olhos são o untué das crianças
o seu corpo o belo abacaxi
e o seu sexo a tal banana-ouro
 que não vai desaparecer da nossa ilha

 Olinda  Beja   -  "Maria Olinda Beja Martins Assunção, nasceu em Guadalupe em 1946 (São Tomé e Príncipe), sendo porém de nacionalidade portuguesa e residindo em Viseu. Com apenas dois anos veio para Portugal, onde passou a residir. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Português/Francês) pela Universidade do Porto, Olinda Beja é docente do Ensino Secundário desde 1976. Ensina também Língua e Cultura Portuguesa na Suíça, é assessora cultural da Embaixada de São Tomé e Príncipe e dinamizadora cultural. Publicou os livros de poemas 'Bô Tendê?', 'Leve, Leve', 'No País do Tchiloli', 'Quebra-Mar' e 'Água Crioula', os romances 'A Pedra de Villa Nova', '!5 Dias de Regresso' e 'A Ilha de Izunari' e ainda livros de contos.  In Maria Olinda Beja - Poetas Apaixonados 

Poema de Corsino Fortes

O rosto de teu filho brada pelo mar
Como panelas mortas como panelas vivas
                        mortas
                                 vivas
                                        nos fogões apagados
Pilões calados fogões apagados
No vulcão e na viola do teu coração
Boca do povo no fogo dos nossos fogões apagados
Chão do povo chão de pedra!
O sol ferve-te o sol no sangue
E ferve-me o sangue no peito
Como o fogo e a pedra no vulcão do Fogo
De sol a sol
                abriste a boca
Secos os pulmões
                 neles cresce-me
                           a lenha do mato
De sol a sol
               os meus ossos são verdes
               os teus ossos são plantas
Como a fruta-pão o tambor e o chão
De sol a sol
      gritei por Rimbaud ou Maiakovsky
      deixem-me em paz

(…) Corsino António Fortes nasceu em Mindelo, na ilha de S. Vicente, em 1933. Perdeu os pais muito cedo e, aos doze anos, teve de suspender os estudos, passando a trabalhar na Companhia Ferro como aprendiz, ajudante de ferreiro e ajustador de máquinas. Em entrevista a Michel Laban, conta que, nesse período, mesmo longe da escola, saía do trabalho e a primeira coisa que fazia era ir à biblioteca municipal (cf. LABAN, 1992, p. 385). Retornou ao liceu somente aos vinte anos, onde teve encontro muito profícuo com João Varela, com quem travou diálogos sobre suas “primeiras pedras de projecto literário” (Idem, p. 386). Entre 1957 e 1960, a aproximação com Abílio Duarte, um dos fundadores do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) e que retornava da Guiné-Bissau para mobilizar e conscientizar a juventude cabo-verdiana para a luta de libertação nacional, também o influenciaria decisivamente. Nesse período, alguns de seus poemas são publicados no Boletim dos Alunos do Liceu Gil Eanes, no Cabo Verde: boletim de propaganda e informação e na revista Claridade 9, o último número deste periódico. – Excerto de  Corsino Fortes e sua poética semeadora da “cabeça calva 

Nota - Algumas das fotos, tomámos a liberdade de as obter do site oficial do P. R. de Cabo Verde, que agradecemos. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Cooperação Portugal- S. Tomé e Príncipe oferece duas embarcações de busca e salvamento – Louvável dádiva que pode salvar vidas: agora já não há razão para deixar os náufragos aos ditames do azar ou caprichos da sorte.


 
Os mares de S. Tomé e Príncipe, aliás, de todo o Golfo da Guiné, são muito inconstantes e traiçoeiros: típicos ou das calmarias podres ou das tempestades devastadoras. Embora, as mudanças climatéricas, a nível global,  hajam provocado algumas alterações, esta região atlântica  equatorial, continua a ser um vasto oceano turbulento, onde os tornados frequentemente, fazem a sua aparição, mormente na época das chuvas
Referem notícias que o governo português ofereceu nesta quarta-feira a São Tomé e Príncipe duas embarcações de busca e salvamento, no quadro da cooperação entre os dois países. – Sem dúvida, uma louvável iniciativa, que pode vir a revelar-se de muito útil no socorro  de pescadores desaparecidos – Pois, até, agora, muitos têm sido os dramas vividos pelos bravos homens do mar: uns tragados e desaparecidos pelas garras das  vagas, outros, pese as horas, as noites e os dias de angústia e de incerteza vividos,  heroicamente,  resistido e se salvado. 

Acrescenta a notícia que “A oferta das duas embarcações complementa o programa de formação do Instituto Nacional de Socorros a Náufragos à guarda costeira são-tomense e a cerimónia de entrega conta com a presença do ministro da Defesa de Portugal, José Pedro Aguiar-Branco. 

Além disso, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram nesta quarta-feira um novo Programa-quadro de cooperação técnico-militar para o triénio 2015/2017 e um protocolo adicional no domínio da fiscalização conjunta de espaços marítimos sob jurisdição são-tomense. Portugal oferece duas embarcações de busca e salvamento a São Tomé e Príncipe

Sim, agora, já não há desculpa para se cruzarem os braços – é possível atuar, o que não sucedeu, por exemplo, num dos últimos naufrágios – A que me referi neste site e em que chegou a esta triste e lamentável resignação:

31-07-2014 "A capitania dos portos disse ao Téla Nón, que neste momento o Estado são-tomense tem limitações para lançar uma operação de busca e salvamento. Primeiro porque não se tem a localização dos pescadores desaparecidos, por que não levaram os materiais de navegação, nomeadamente o reflector de radar.

Uma operação de busca no mar aberto é desvantajosa, pelo facto das embarcações da guarda costeira, não terem autonomia para vasculhar o espaço marítimo nacional durante várias horas. Explicou a capitania dos portos.

Nesta situação segundo a capitania dos portos, a utilização de meios aéreos para fazer o reconhecimento da zona económica exclusiva era mais indicado. No entanto o país não tem meios aéreos para fazer tal operação.

Só resta esperar… Na capitania dos portos o Téla Nón confirmou que o Ministério dos Negócios Estrangeiros, já emitiu um alerta aos países vizinhos, com vista a apoiarem na busca e salvamento dos 6 pescadores, que há 7 dias não regressaram a casa" -

Dizia eu, em   Drama no Golfo da Guiné  - Quem socorre os 6 pescadores de São Tomé desaparecidos há seis dias? -
.
"Só resta esperar?!."..  - Ou será que a vida das populações africanas, desde as pessoas que desaparecem no mar, às que morrem vítimas da fome e da falta de assistência médica, continua a ser a de meros números e não a de seres humanos?!.

Não me posso resignar ao “só resta esperar” A este intolerável fatalismo – Eu que vivi a angustiosa experiência de 38 dias à deriva numa piroga no Golfo da Guiné, sei quanto é angustiante a situação de um náufrago! – Se não foram vítimas de pirataria, acredito que ainda possam estar vivos – Porém, vivendo momentos de indiscritível angústia e incerteza


 Felizmente, não me enganei: os seis pescadores desaparecidos acabaram por chegara a Bata – Ao enclave da Guiné Equatorial no continente africano – Nove dias depois de terem sido deixados à sua sorte – O nosso alerta tinha razão de ser – Autoridades santomenses limitaram-se “ a esperar” não mexeram uma palha – E podiam talvez ter evitado tanto sofrimento. Os seis pescadores desaparecidos chegaram a Bata

Pessoalmente, na qualidade de jornalista (delgado da revista Semana Ilustrada, de Luanda - 1970-1974) conheci uma situação de dois pescadores, que, ao cabo de cinco dias, foram dar à costa do Gabão, depois de inarráveis dificuldades

 – Especialmente  depois de terem ali aportado, levados pelo tornado. Foi nos anos setenta.



sábado, 14 de março de 2015

Dignificação de Histórias no Feminino, em O Comboio das Mulheres, livro de Ana Paula Almeida - - Num acontecimento cultural pouco comum: em que as artes plásticas se acasalam em perfeita sintonia com a literatura - A inauguração da exposição e o lançamento da obra decorreram na Galeria de Arte do Casino Estoril.




Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Há outros dois vídeos editados no Youtube - Veja os linkes no final deste post


 


O acontecimento cultural da semana, decorreu na galeria de Arte do Casino Estoril, ao fim da tarde desta última quinta-feira, com o lançamento de “O Comboio das Mulheres”, editado pela primeira vez   em 1996-

O evento foi bastante concorrido e mediatizado, não só pelo facto de se tratar de uma autora de reconhecido mérito na comunicação social e na literatura,  mas também, por a apresentação da referida obra ser ilustrada com trabalhos de vários pintores e escultores, de grande prestigio, que  também ali inauguravam uma exposição - ou seja: Alba Simões, António Sem, Bual, Edgardo Xavier, Filomena Morim, João Feijó, Francisco Relógio, Gustavo Fernandes, Helena Pedro Nunes, Luís Vieira-Baptista, Manuel Cargaleiro e Rogério Timóteo.



Dignificação de histórias no feminino 


  Num escritório onde haja quatro pessoas a trabalhar, três são mulheres e ganham menos. Está na hora de despertarmos e de nos consciencializarmos” – Palavras de Ana Paula Almeida, ditas na sessão do lançamento da reedição de O Comboio das Mulheres -   E que vinham de encontro às referências  que a imprensa escrevia  da sua obra: 

"Pode dizer-se que se trata de uma singela homenagem à Mulher, com maiúscula, concreta, madura, de carne e osso, sublinhando a necessidade constante da sua luta pela Dignidade e igualdade de direitos no mundo, mas também por vezes pelo reconhecimento, respeito, carinho e amor dos que lhe estão mais próximos."

"Presente de forma transversal em algumas das narrativas está o tema da violência doméstica, o que prova que a mesma já existia há muitos anos, embora infelizmente nunca como agora tenha estado tanto na ordem do dia, com números assustadores de vítimas, isto sem falar dos órfãos que ficam à mercê do destino, da sorte e das situações, como consequência dos actos tresloucados de alguns progenitores." – In Ana Paula Almeida apresenta "O Comboio das Mulheres"

HOMENAGEM AO POETA DAVID MOURÃO FERREIRA

Ana Paula Almeida, dedicou o primeiro conto (que serve   de  título ao  livro), como homenagem ao poeta, escritor e professor David Mourão Ferreira, de quem foi aluna. 

“Penso que ele era um grande amante e muito amado por todas as mulheres" – Estes alguns dos termos com que recordou, na referida sessão, a memória do autor de A Arte de Amar e de um Amor Feliz , um dos grandes poetas contemporâneos do Século XX, autor de mais de duas dezenas de obras de poesia e romance. 

E, de facto, ao começar a  ler-se  "O Comboio das Mulheres", fica-se logo com  a ideia de que, há neste conto, além do  tributo  pela autora  “às pessoas que nunca morrem pela obra que nos deixam” (e, como é sabido, "Morre jovem o que os Deuses amam" - e, David Mourão Ferreira, quando nos deixou ainda tinha muita vida pela frente), sim, existe algo de biográfico, que encaixa perfeitamente no perfil  de David Mourão Ferreira - Que, segundo o que nos foi  dado depreender nas palavras de Ana Paula Almeida,  é  inspirado  numa viagem a Itália, que,  a então aluna,  fizera em companhia do seu estimado professor.

Mas a ficção é isso mesmo: ou a possibilidade de se recriar a realidade ou de a transcender:  Neste caso, fazendo-nos meditar e sonhar: 


António Molina era escritor. Poeta e romancista, iniciado na escrita pelo jornalismo, tinha chegado ao topo da carreira. Onze dos seus livros foram traduzidos em inúmeros países e Itália era, curiosamente, o país que mais o solicitava para colóquios, palestras e visitas a Universidades com departamentos de estudos portugueses. 

 

António tinha 45 anos. Era um homem alto e anguloso, com ombros largos, suficientemente musculado para compor uma bela figura masculina. Tinha um queixo saliente e um nariz proeminente, com um sinal; o cabelo estava já grisalho e duas entradas na testa mostravam que a calvície vinha também a caminho, nesta fase em que António estava a passar por transformações.

António vestia-se sempre elegantemente e não dispensava um cachimbo a condizer com a toilette ... Tinha-os às dezenas. O aroma do "Mayflower" que fumava desde sempre era, na Faculdade, o primeiro sinal de que ele vinha a caminho do Anfiteatro ou que acabara de passar pelo corredor, fazendo vénias e cumprimentos aos alunos que unanimemente gostavam dele e o admiravam." - Excerto do primeiro conto

 O Comboio das Mulheres, de Ana Paula Almeida, visto por Francisco Moita Flores

“É um livro reportagem! É um livro de fotografias! É um livro de sonho! De mistérios! É um livro sobre mulheres ou são muitos olhares sobre as mulheres? Eu desconfio, estou convicto, hoje, que este Comboio das Mulheres, não passa da mesma mulher pela forma poliédrica com que a mulher e a condição feminina devem ser olhadas. E, aí, a Ana Paula, faz este percurso de uma forma muito bonita, com muito talento, com contos muito bonitos, sobretudo o primeiro: sobre as mulheres da sua vida ou as mulheres das quais ela recebeu o tributo para a sua condição de hoje” Afirmações de Francisco Moita Flores, acerca da reedição do livro de Ana Paula Almeida, na sessão de lançamento que decorreu na Galeria de Arte do Casino Estoril, espaço onde a autora chegara a trabalhar, antes de enveredar pelo jornalismo e pela literatura. Francisco Moita Flores figura sobejamente conhecida: escritor, dramaturgo, conferencista, político e comentador, autor de uma vasta  e polifacetada obra literária - Homem de televisão, de teatro e cinema,  de cujos guiões de ficou a dever o êxito de muitos filmes e telenovelas. 

Francisco Moita Flores, aproveitou ainda a ocasião para elogiar  Nuno Lima de Carvalho e Mário Assis Ferreira – Dizendo que   conseguiram transformar um Casino de Sorte e Azar num espaço de cultura de referência no país. 


Referindo-se  ao homem que, durante 28 anos exerceu a liderança   da administração  na Estoril-Sol, disse que “nunca é demais sublinhar a importância deste homem na cultura portuguesa e do contributo que ele deu.

FOI, EM 1996, QUE UM LINDO SONHO COMEÇOU


O Comboio das Mulheres foi o primeiro livro de Ana Paula Almeida, jornalista da SIC desde o momento da sua  fundação.

Estava-se em 1996 – Prefaciava a obra, Nuno Lima de Carvalho, Diretor da Galeria de Arte do Casino Estoril, que começava por dizer: 


Para quem se inicia na escrita, o conto é o melhor atalho para entrar no mundo das Letras. Muitos escritores portugueses, antes desconhecidos, escolheram esse percurso, iniciando-se uns, através dessa modalidade e nela permanecendo ao longo da sua carreira literária, optando outros pela escrita do romance, por de mais fôlego e, consequentemente, maior riqueza de recursos e valores literários.”

E, de facto,  a avaliar pelo êxito  alcançado, não apenas com esse seu primeiro livro, agora reeditado,  mas pelas obras que se seguiriam -   “Códigos de Silêncio” e “Sabes, Meu  Amor”; “Corações Re-partidos”, dir-se-ia que, Ana Paula Almeida, teve um bom começo e tem sido sempre bem sucedida nos temas e nos géneros que tem desenvolvido: desde o conto, a crónica  ao romance. 

Ainda retomando  o prefácio de Nuno Lima de Carvalho,   que  viria igualmente a contemplar a segunda reedição, tomamos a liberdade de aqui transcrevermos mais um excerto de outro passo desse mesmo texto, escrito numa altura em que a jornalista estava também a revelar o seu talento na literatura - Diz o seguinte:  "O aparecimento de um novo escritor, como de um músico ou de um pintor, através de um primeiro livro, uma primeira composição, ou um primeiro quadro é sempre uma decisão carregada de interrogações, de alguns medos e angústias, como alguém que está de partida para a primeira longa viagem ou a mãe a quem está para nascer o primeiro filho. A escrita literária, talvez mais do que qualquer outro género de criação artística, é a forma do seu autor se afirmar diferente daqueles com quem trabalha e convive e entrar no registo dos que não morrem para além da morte.
Quando a Ana Paula Almeida me pediu, na timidez e inquietude de quem se interroga se é ou não de experimentar o caminho fantástico da escrita literária e me confiou centena e meia de páginas de contos, li nos seus olhos a ansiedade de quem pretende uma resposta muito rápida e quer saber se por aquele caminho segue bem e "tem pernas para andar".



Crítico que não sou, a primeira reação foi recusar, mas logo a obrigação que tantas vezes tenho sentido e praticado de, em outras Artes, dar a mão a artistas que começam, me levou a aceitar o desafio, credenciado por hábitos antigos de leitor de muitos livros e, assumindo o papel sempre ingrato do juiz que se quer imparcial, li e reli os textos desta profissional da Comunicação, primeiro de uma assentada, logo, com mais vagar e cuidado, não me tendo sido difícil concluir que os contos apresentados, especialmente "Sara", "O Delfim" e "O Comboio das Mulheres" (que rico título para a coletânea!), retinem todos os ingredientes dos bons escritos de ficção, corretos na estrutura, com acerto na fluência narrativa, como também no desenho das personagens e da sua maneira de estar e agir, na construção e desenrolar do enredo e no jeito de prender o leitor, elementos fundamentais na criação literária convencionalmente designada por conto. -Excerto do prefácio de autoria de Nuno Lima de Carvalho


Opinião de Marcelo Revelo de Sousa – “Gostei imenso da facilidade da escrita. Dir-se-ia natural, sem enfeites nem retoques, nem demasiada reponderação e correcção. Como se de um filme, de imagens corridas, impressivas, aceleradas se tratasse.
Gostei imenso da capacidade de ouvir, ver, captar várias histórias e saber encontrar nelas o essencial para transmitir aos leitores.”


“Ana Paula Almeida é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e foi professora do ensino secundário, tendo iniciado a carreira de jornalista aos 18 anos, no Diário de Notícias, tendo posteriormente trabalhado nos jornais O Jornal, Sete, Jornal de Letras, Jornal de Notícias, Correio da Manhã e A Capital, onde escreveu sobretudo sobre espetáculos e literatura, e desde a sua criação faz parte da SIC. Ler mais: http://jregiao-online.webnode.pt/products/ana-paula-almeida-apresenta-o-comboio-das-mulheres/



Abstraia-se do ambiente de fundo, vindo do público que enche a Galeria de Arte  do Casino Estoril, e também de algum modo da letra, que decilmente a percebe, pois é cantada em italiano e as condições acústicas também não o facilitam, durante a sessão do lançamento do livro O Comboio das Mulheres, de autoria de Ana Paula Almeida, que teve lugar ao fim da tarde do dia 12 de Março, e concentre-se na magnifica voz do cantor lírico ceciliano, Geovanni D’Amor, que lhe enche a alma de alegres e inexprimíveis emoções, considerado internacionalmente como um tenor de voz quente e aveludada e que, há mais de uma década, veio a Portugal para  um concerto, por cá casou e se fixou – Apaixonado pelos fados de Amália, pelas maravilhas da terra portuguesa. e das suas gentes 

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE PINTURA E  ESCULTURA.


No duplo acontecimento literário e artístico, além de termos tido a  oportunidade de falar  com Ana Paula Almeida, na sessão de autógrafos (que já conheciamos desde o  tempo em que trabalhou nesta Galeria de  Arte), pudemos ainda fazer alguns registos fotográficos e trocarmos algumas breves impressões com alguns dos pintores, ali presentes, nomeadamente com   Gustavo Fernandes : ….António Sem -…. Luís Vieira Baptista . a pintora Alba Simões , o escultor Rogério Timóteo ...-......---João Feijó
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 Francisco Relógio e Artur Bual já não  fazem parte dos vivos. Porém, em sua vida, tivemos o prazer de conviver com ambos. E sabemos que o tema de "a mulher" era recorrente na sua obra. E também foi, na década de 80, que pela primeira vez falámos com Manuel Cargaleiro - Além destes pintores, havia também obras de Edgardo Xavier e de Filomena Morim