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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

São Tomé – Relato emocionante de dois pescadores perdidos no mar, resgatados para uma traineira na costa nigeriana - Quando se viram sozinhos na canoa, na solidão imensa do mar, o cenário pareceu-lhes o fim do mundo – Rezaram e pediram que Deus lhes desse coragem - E a fé – que é um bom suplemento à confiança – salvou-os!

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Texto video e imagens

Idalécio, de 22 anos, e, José António, de 49, pescadores nas  canoas  da Praia Melão, em São Tomé,  que andaram cinco dias perdidos no mar, viveram um drama, que dificilmente vão esquecer para o resto da vida – É o que o leitor poderá depreender do diálogo que lhe apresento num vídeo, registado, no principio de Julho passado,  no dia seguinte ao seu regresso a São Tomé.

Os dias à deriva e, depois a longa ausência de notícias da família, constituiu, para ambos, um tormentoso pesadelo – Sobretudo, ao Idalécio, que, apesar de andar nas lides da pesca, desde os 12 anos, quase se ia dando por vencido e perdendo a fala, não fosse o encorajamento do seu companheiro, José António, mais velho e experiente nas agruras do mar.. Nem mesmo já depois dos abraços que recebeu no seu humilde lar, do conforto dos familiares e amigos, na pequena aldeia, parecia recomposto: continuava quase mudo e silencioso.

De resto, foi neste estado de espírito, remetido a uma certa timidez e  mutismo, pelo Idalécio, que decorreu o casual encontro  com estes bravos homens do mar. 

Na véspera, tinha-me apercebido do seu drama, através de uma reportagem transmitida pela Televisão de São Tomé, pelo que, tendo eu também conhecido a tormentosa situação de náufrago, desde logo fiquei  com o desejo de falar com eles e conhecer a sua experiência – Porém, longe de imaginar que, tal oportunidade, ia surgir no  dia seguinte.  Ao deambular pela marginal,  como primeiro passeio dessa manhã, após ter deixado a pensão onde me encontrava hospedado,  sim - qual não a minha surpresa! – é justamente, perante esse maravilhoso cenário (sobretudo quando se está com os pés bem firmes em terra), que os vou encontrar – Iam para a sua praia, depois de terem sido  recebidos na Capitania dos Portos,  conjuntamente com o dono da canoa – que ali tinham ido  para narrarem a sua odisseia e exporem as dificuldades com que agora se debatiam: sem os meios indispensáveis para continuarem a trabalhar; sem  a canoa e o motor.

O momento foi assinalado com o registo de várias imagens naquele deslumbrante recorte marginal, situado frente à Pousada Miramar. Pena o vídeo, também ali não ter sido  gravado -  Faltava-me o microfone, pelo que optei por registá-lo no átrio da pensão e o contra-luz ofuscou-me um bocado as imagens. Como se aproximasse a  hora de almoço, o convívio continuou depois num dos restaurantes do parque da cidade, na companhia do jornalista Adilson Castro, que tivera a gentileza de fazer de operador do filme,  bem como outros meus amigos do Jornal Transparência, a quem tornara extensivo o mesmo convite.




NAUFRÁGIOS DE CANOAS – FREQUENTES NOS MARES DE SÃO TOMÉ

Não há episódio mais dramático, que o protagonizado por  náufrago. É tema, de ontem, de hoje e de sempre. Seja qual for o oceano, há em todas as águas, em todos os mares, vidas tragadas pela violência das vagas ou que sucumbem, vítimas da incerteza ou do desespero, do um atroz sofrimento  da  fome e da sede.

Só quem passou por essa terrível situação, sabe avaliar quão angustiosos são esses dias e noites de abandono e incerteza – Especialmente a  bordo de uma frágil canoa – E, de facto, são muito frequentes os desaparecimentos de pescadores nas canoas, nos mares em torno destas maravilhosas Ilhas do Equador. De volta e meia, sucedem noticias destes dramas. Por vezes, com desfecho feliz, porém, mais das vezes, é o pescador que parte ou pescadores que partem da sua praia e nunca mais voltam.

Já me referi a esta questão, em postagens anteriores deste meu blogue –  Nomeadamente, a uma reportagem que cheguei a publicar, antes do 25 de Abril,  na Revista na revista Semana Ilustrada, de Luanda, de que era correspondente, em São Tomé – Porém, creio que pela primeira vez, já que estes dramas, geralmente passavam à ,margem das preocupações coloniais.  

AINDA O SOL NÃO SE HAVIA ERGUIDO DO FUNDO DO OCEANO…

Foi a um sábado, do dia 16 de Maio. Manhazinha, como habitualmente, entre os vários pescadores, que partiam para mais uma faina de pesca, dois deles não voltavam nesse dia. São o jovem Idalécio e o Zé António. Depois de puxada a canoa da praia até flutuar sobre as  primeiras ondulações, lá vão eles mar fora! 

Dirigem-se, com o motor fora de borda,  ao Ilhéu Santana e por ali andam todo o dia. Entretanto, ao entardecer, surge uma calmaria e uma densa neblina, que lhes  ofusca  o horizonte, deixa-os desorientados e ao saber da corrente, que, pela noite adiante, os vai arrastando, ainda para mais longe.

Na manhã seguinte, com o clarear do dia, dão-se conta, que, postos perante o imenso circulo do mar à sua volta, para qualquer ponto para onde olhassem, não descobrem quaisquer sinais do litoral ou das montanhas da ilha – Sem saber que rumo verdadeiramente tomar, por lá andam, todo o domingo, desorientados, velejando de um lado para o outro. . Com o cair da tarde, vem  o crepúsculo, que, nestas paragens, é rápido: pouco depois, imersos  em sombras, envoltos pela escuridão da noite, mais perdidos e desamparados, ainda se sentem

Na segunda-feira, o tempo refresca, surge uma tempestade, que os atira  para mais longe. Ao dia, sucede uma noite  tormentosa e de grande ansiedade. As mesmas condições atmosféricas,  vão continuar terça-feira. Com  céu encoberto e  muito vento, a que se juntam os estampidos do  trovão, que vão  deixá-los ainda mais aturdidos e desanimados.


Chove, torrencialmente, mas não se lembram de aproveitar a água das chuvas. E a garrafa da água potável, que dispunham, já se esgotou.  Os efeitos da sede, no mar são terríveis! . É o maior tormento para o náufrago: muita água salgada em redor mas difícil de tragar - Relutantes em levarem sequer umas gotas aos  lábios, para aliviarem a secura da boca, optam por mastigar  as linhas da pesca, na esperança de que, a saliva  criada, lhes possa minorar o sofrimento

A fome, não é o maior problema, visto terem ainda consigo alguns peixes. Mas são as postas de um atum, pescado à linha, que vão aproveitar:  - Cortam-no aos bocados e deixam-nos  a secar ao sol. Pena desconhecerem que o sangue do peixe não é salgado e que, comendo o peixe cru e acabado de apanhar, além de lhes matar a fome, lhes poderia também aliviar a sede.

Finalmente, à noite do 5º dia, descobrem uma luz vermelha por entre a escuridão. . O Idalécio, vira-se para o Zé António, e diz-lhe, espantado; “ Vê!!...Há uma luz lá em baixo!!...Era o primeiro sinal luminoso de  uma frota nigeriana de traineiras de pesca.
E para lá navegaram  na esperança de serem socorridos. Pedem água, no que são atendidos. Porém, dificuldades linguistas, vão criar-lhes alguns embaraços: tomados por  pescadores, vão deixá-los de novo entregues à sua sorte. . Até que, por fim, interrogados por um piloto de uma das  traineiras, que fala português, este, compreendendo a situação,  os manda    subir para o convés, ordenando ao mesmo tempo  que o motor fora de borda fosse içado   e a canoa  arrastada para terra. À chegada a ocorrência  é comunicada à  Guarda Costeira da Nigéria, que, só um mês e meio depois, concluirá as diligências do seu repatriamento a São Tomé. 



CINCO DIAS À DERIVA - A ODISSEIA DE DOIS PESCADORES DA PRAIA GAMBOA QUE FORAM PARAR AO GABÃO

O drama ocorreu há 40 anos.  Referíamos na reportagem que então efectuámos para a Semana Ilustrada, de Luanda, "apaixonados que somos pelas lides do mar (e também porque já estivemos em apuros mais ou menos idênticos), não resistimos à tentação de procurar  localizar esses dois homens e com eles estabelecer diálogo" 

O DIA DA PARTIDA

(...) "Foi no dia 12 de Junho do corrente ano, que Manuel Quaresma e Fernando Afonso - aquele com 32 e este com 40 anos - se fizeram na sua canoa ao mar. Largaram de manhã cedinho, como habitualmente. O sol, muito brilhante nesse dia, nascera-lhes lá fora, ao largo. Com eles, outros companheiros de faina, partiram em suas canoas. Iam pescar,  para algumas milhas mas com a Ilha sempre à vista. A tê-la constantemente a seu lado, pois nenhum deles possui processos de orientação. Pescar era pois o objectivo de todos. E o de voltar, como não podia deixar de ser. Porém, para Manuel Quaresma e Fernando Afonso, tal não aconteceria. Um tornado surpreendeu-os, deixou-os desorientados e completamente à deriva. Eram mais ou menos duas da tarde quando isso aconteceu. O mar ficou de calema, segundo a linguagem sua, a ilha encoberta por densa neblina  e o horizonte esfumou-se. A partir de então ficaram sem saber em que ponte se encontravam e para onde navegavam. 

(...) Salvos cinco dias depois

Não foi tanto a fome que os martirizou mas a sede - "Para mitigar a sede, sobretudo a secura dos lábios e da boca, que a ardência de um sol forte, equatorial, impiedoso, os causticava, valeram-se de óleo de palma (imagine o leitor qual não terá sido a aflição dos pobres homens para chegar a este ponto!) e chuparem os próprios chumbos para criarem saliva na boca" (....) Eram decorridos já cinco dias e cinco noites, quando finalmente, viram contornos de terra" - Excerto de uma reportagem de quatro páginas

OUTRO EPISÓDIO – ESTE DE ONZE DIAS

Eis alguns traços da noticia, publicada pelo Télanon

Nigéria mais uma vez resgata perdidos no mar
18/08/2015  -Os dois pescadores que perderam no mar de São Tomé já foram resgatados por uma tripulação nigeriana Depois de dias a deriva, foram encontradas perto de Costa Nigeriana e passam bem, depois de quase dois meses.
Severino dos Santos de 52 anos de idade e Anastácio de 40 anos, ambos amigos e pai de família, saíram para pescar como era habitual. Por uma infelicidade, segundo as vítimas, o motor parou de funcionar e eles foram arrastados pela correnteza do mar.
"Partimos para pescar no dia 13 de julho. O mar estava um pouco agitado e o nosso motor não suportou, escapou e caiu no mar. Então, dai ficamos deixados a sorte, porque não havia mais solução. Como chegar a terra se já não tínhamos motor? E esta tristeza deixou-nos no mar durante onze (11) dias" diz Severino em movimentos inquietos.

(…) "A forma que os nigerianos nos receberam e comportaram connosco foi uma coisa fantástica. Nós não estávamos a espera disso. Foram tão sensíveis, trataram-nos tão bem que não temos como descrever" aponta Severino  Pescadores que se perderam em alto-mar encontram-se ..


sábado, 29 de agosto de 2015

Roça Gratidão - São Tomé - Lugar de Sonho de um Paraíso - Onde está sendo levantado pelo santomense, Mário Menezes de Macedo, o projeto turístico da Pousada do Bom Visual - Cioso da memória do seu bisavô - 05.07.1846 † Lisboa, 11.02.1904 Um português pioneiro das maiores plantações de cacau - Que viveu e teve muitos filhos com a irmã do Rei dos Angolares, de cuja origem descende - Tal como a avó de Simone de Oliveira

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista

Roça Gratidão –  Em São Tomé – Turismo Rural de  Sonho na Pousada Bom Visual – “Nós os santomenses, somos capazes”



"Oh!... Nunca vi!..." Exclama  o Secretário da Embaixada da Guiné Equatorial  - "Nós os santomenses, somos capazes de realizar bons projetos mas precisamos de ajuda" – É isso o que falta a um projeto turístico, de espantosa singularidade, de cariz agro-ecológico, mas, entretanto, parado por falta de recursos financeiros -  Lamentava-se, em castelhano, fluente e bem pronunciado, Mário Menezes de Macedo, junto de Teodoro Elangui, da Embaixada da Guiné Equatorial, que não escondia o seu espanto por tão maravilhosa paisagem e tão amplo e deslumbrante cenário,  observação feita durante vista  que nos proporcionou a ambos, ao diplomata e ao jornalista, à colina da Roça Gratidão, que, em tempos, pertencera ao seu bisavó, João Baptista Marques de Macedo e Oliveira, natural de Vila Verde, Portugal, 05.07.1846 † Lisboa, 11.02.1904  - local donde se desfruta, uma das mais amplas e belas paisagens sobre a Ilha de São Tomé – abrangendo uma vasta área do litoral e do interior e não muito longe da capital

PELA GRATIDÃO QUE TUDO O QUE ME FIZESTE - VOU PÔR UM NOME DE GRATIDÃO A UMA DAS MINHAS ONZE ROÇAS  - E passou a ser a Roça Gratidão -  Mário Menezes de Macedo, recorda  a irmã do Rei dos Angolares, casada com seu bisavô - um português de Vila Verde  - E bisavô  de Simone de Oliveira



ROÇA GRATIDÃO - Mário Menezes de Macedo – Um santomense, cioso do seu bisavô, o português João Baptista Marques Macedo e Oliveira (1846-1904), casado com Maria da Trindade de Sousa, irmã de Simão Andreza, Rei dos Angolares, falecida em 1916, de cuja união nasceram, oito filhos, um dos quais é o seu avô; Teófilo Braga de Macedo; outro é Egídio de Macedo de Oliveira, casado com a belga, Jeanette Prado Pulvier, mãe de Maria do Carmo Tavares Lopes da Silva, avó de Simone de Oliveira.

Mário Macedo tem, de facto,  um maravilhoso projeto,  que vem procurando materializar desde algum tempo, transformar a colina onde se situava a antiga Roça Gratidão, uma das onze roças do  seu bisavó, num maravilhoso sonho turístico  - Com pousada para dormidas, com os caboucos, já bem levantados, sobre as antigas ruinas da Casa Grande, que se situava no ponto mais alto da antiga roça. – Por seu turno, as  instalações do velho hospital, também já em aditada fase de transformação, vão ser destinadas a um bar e restaurante, com a fachada pintada com lindos murais por artistas santomenses. 

Convirá também esclarecer, que o projeto,  visa ser auto-suficiente, em frutos,  em aves e em muitos alimentos, ali produzidos e  criados.

ROÇAS DE SÃO TOMÉ - NÃO GUARDAM AS MELHORES MEMÓRIAS DE OUTROS TEMPOS  MAS SÃO AINDA HOJE UMA MAIS VALIA RURAL

Enquanto, em Angola, as propriedades dos colonos, eram conhecidas por fazendas, nomeadamente de café, já o termo Roça (também usado nas pequenas parcelas nordestinas  do Brasil), surge naturalmente associado às grandes propriedade coloniais  de São Tomé e Príncipe – A trabalhos de intenso labor nas florestas, desmatando e abrindo clareiras.  Tema e pretexto de vários livros,  de incursões literárias, nos vários géneros, antes e depois da revolução de Abril:  de folhetins radiofónicos no tempo colonial, e de filmes e telenovelas, no pós independência – Porém, as  antigas memórias, sobretudo, para as populações das ilhas, não correspondem, todavia, ao romantismo da luxuriante  paisagem  que as envolve, à edílica ideia que perpassa aos olhos visitante, que  vê nestas propriedades, um misto de exotismo e    de  fertilidade. Há memórias que, por tão fundas e subjugadas pelos séculos, não se apagam, facilmente, do pé para a mão.

LUGAR ÚNICO NUMA ILHA, QUE É JÁ POR SI UM PARAÍSO

Eis como, Mário Menezes de Macedo,  nos descreve, pelo seu punho,  o projeto do "Bom Visual" - «Gratidão foi o nome escolhido para uma pequena roça do antigamente, se encontra na estradada Madalena, localizada a escassos quilómetros da capital do País.

Como a grande maioria das roças, apenas guarda nas suas ruínas a memória dos longínquos tempos da  era do cacau e do café. '

Muitos concorrentes, bastante oferta, o fim do trabalho escravo, a conquista da liberdade, a queda dos preços nos mercados internacionais, a partida dos homens; o êxodo rural, levaram gratidão a quase abandono e esquecimento dos homens da cidade.
Ficaram, no entanto, porque isso ninguém pôde até então ·"levar ou destruir, a beleza e o encanto do lugar.

Gratidão é, sem a menor sombra de dúvida, um lugar único. E só pode lembrar disso, aquele que alguma vez visitou a roça gratidão.

Nos dias de hoje, tanto os mais ricos como os mais pobres; imaginam viver num lugar de sonho. Um lugar onde as pessoas possam efectivamente gozar a vida, longe das multidões citadinas, assoberbadas e dominadas pelas questões existenciais do quotidiano. Um lugar onde o prazer e a tranquilidade se juntam harmoniosamente para que o visitante desfrute o seu charme.
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A natureza está naturalmente integrada. O verde declina-se em todos os tons, a perder de vista, quer se vise para o Interior. Do alto do seu cume, Gratidão contempla pacífica e silenciosamente grande parte da· ilha de S. Tomé, um posto de observação privilegiado. Sem ajuda de binóculos, a vista alcança facilmente toda a planície por onde se estende a capital do país os seus novos e luxuosos bairros.

Olhando para o sul, o horizonte parece não ter limite, ficando à vista o Distrito de Cantagalo. Mas para o centro cruza-se com a roça Vista Alegre, cidade da Trindade, roça Monte Café e roça Vista Alegre. Para o Norte, fica ao alcance dos olhos todo o Aeroporto Internacional de S. Tomé, Micoló, Fernão Dias e Morro Peixe.

Tal como aconteceu as outras roças, Gratidão fora inicialmente nacionalizada. Depois, entregue ao Exército. Finalmente distribuída, para o sossego de todos.

Gratidão ficou ainda mais longe daquilo que foi o período da colonização. As intra-estruturas desapareceram e com elas o trabalho e os homens.

Fora das rotas das grandes roças que atraem cobiças de dentro e fora e pelas quais se cruzam armas, era preciso que alguém afastado daquelas rotas abandonadas ou sem grande interesse, para subir até Gratidão. No acaso de uma visita, ele descobre um lugar particular de onde se vê muitos lugares quase todos conhecidos e outros desconhecidos.

Ficou· enamorado e da visão que oferece, simplesmente excitante, assistiu-se a um grande sentimento, reconstruir para lá viver com a família e partilhar com os amigos nos fins de semana o lazer, pouco a pouco foi descobrindo as reais potencialidades do local e então surge a ideia de melhor aproveitamento do mesmo numa nova visão mais ampla, uma hospedagem para turista, tanto nacional como estrangeiro.

A altitude, arquitetura existente, clima e a distribuição espacial do local, bem como a flora· agrícola são razões suficientes que levam a proporcionar nesse ambiente paradisíaco sem paralelo nas ilhas, a ideia imperiosa de uma perspetiva mais modesta para uma perspetiva mais ambiciosa, dando lugar a um turismo de qualidade inigualável no país.»

TURISMO NAS ROÇAS – CONCILIANDO A INICIATIVA EMPRESARIAL COM A VIDA DAS COMUNIDADES - PORQUE NÃO! – O PROGRESSO TECNOLÓGICO, NÃO É INCOMPATÍVEL COM O  BEM-ESTAR  E A DIGNIDADE HUMANA

Já  lá vai o tempo de, “em sublime holocausto, no clima inóspito das verdejantes ilhas equatoriais”,  se realizar a chamada “grande obra das plantações”, à custa do sofrimento de trabalho escravo. As terras foram devolvidas ao Povo das Ilhas, e o respeito  pelos seus anseios, seus costumes, não deve ser negligenciado e  olhado, estritamente sob o prisma liberal ou neocolonial.

Pois, em boa verdade, só há progresso social e desenvolvimento económico sustentado e duradouro, onde há respeito pelo meio-ambiente, preservação dos recursos naturais  e pelos interesses das populações, das gerações presentes e futuras.A busca pelo progresso, a qualquer preço e de qualquer forma, pode satisfazer as necessidades e interesses de alguns, porém,  podendo afetar e menosprezando de forma negativa as maiorias, agravando as suas carências e submissões

 Há roças onde o chamado turismo rural ou agroecológico   já foi implementado – e com sucesso – nomeadamente, na antiga Roça Bombaím -  Tais iniciativas ou experiências, conquanto bem delineadas, conciliando os interesses empresariais com a vida das comunidades, ali instaladas , não as menosprezando, não esquecendo as suas necessidades e aspirações, naturalmente que há  futuro assegurado para projetos de natureza turística. Um bom exemplo,  foi o lançamento de um concurso internacional para a recuperação das casas das antigas roças, com vista a  transformar este património em alojamentos turísticos, em “desenvolver o turismo rural e ecológico  -Há que prosseguir e dar apoio, não apenas aos que vêm do exterior, como às iniciativas dos próprios santomenses, não menosprezando a prata da casa.  É o caso do projeto de Mário Menezes de Macedo, na Roça Gratidão, que não tem avançado por falta de recursos financeiros, pois espírito empreendedor e determinação, são qualidades de que já deu sobejas provas.

Mário Menezes de Macedo - Promotor do Projeto da Pousada Bom Visual - É Tenente oficial do Exército de São Tomé e Príncipe - Entre outros importantes cargos que desempenhou,  desempenha, atualmente, as funções  de Técnico Superior do Instituto Nacional da Aviação Civil 


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O ensino do Português em São Tomé - Bispo, Dom Manuel A. Mendes dos Santos - Diz: "Se tivesse muito dinheiro gostaria de ver neste país um grande Parque Escolar” – Como a Igreja, não dispõe de recursos financeiros, o projeto do Instituto Diocesano de Formação e da escolinha portuguesa , passou para o Estado Português


Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista

O protocolo foi  assinado pelos Ministros da Educação e Ciência de Portugal Nuno Crato e o seu homólogo são-tomense Olinto Daio, em meados de Abril. 

 “Doravante o Estado português assume o projeto: Enriquece o Estado português porque dispõe de uma experiência e de uma escola num outro país que é reconhecida, e também a sua importância para os estudantes e as famílias de São Tomé e Príncipe», afirmou então o  ministro Nuno Crato.

Noutros tempos, a diocese de São Tomé, teve fama e grandeza – Agora, as preocupações, a par da ação religiosa, vão para as ações  sociais da Igreja, “no combate à pobreza e às necessidades e carências crónicas de boa parte da população». - São Tomé e Príncipe (STP), já foi diocese,  abrangendo Angola, Moçambique e toda a bacia do Golfo da Guiné, até 1842, constituída sui iure a 31 de Janeiro de 1533 pelo Papa Clemente VII por desmembramento da Arquidiocese do Funchal - In À conversa com D. Manuel António Mendes dos Santos ...).

Disse-nos, Dom Manuel dos Santos,  que o  papel da Igreja Católica, na educação, em São Tomé,  sempre foi muito importante, recordando  que “os nossos missionários, já antes da independência criaram várias escolas primárias, tanto em S. Tomé como no Príncipe. Criaram a Escola de Artes e Ofícios, que teve um papel importante neste pais, e estiveram também na fundação do Liceu Nacional .

Já com, Dom Abílio Ribas,  criaram o instituo Diocesano de Formação, com currículo Português, desde o principio apoiado pela cooperação portuguesa- Mas é uma escola, que neste momento tem algumas dificuldades de sustentabilidade e, por isso mesmo, fizemos um protocolo com o Ministério de Educação de Portugal, para que a Escola fosse assumida como escola portuguesa,

Estamos nessa fase de transição, de passar o testemunho para o Ministério da Educação de Portugal. Para além disso, temos outras escolas e vários jardins de infância . Portanto, continuamos a ter um papel importante na educação.

Se me pergunta: então que grande sonho é que teria com a Educação em São Tomé?

Bem. Se eu tivesse dinheiro – mas é preciso, de facto, muito dinheiro -  gostaria de ver neste pais um grande parque escolar, com escola, desde o pré-escolar, escola primária, escola secundária, um ensino técnico profissional  - Eventualmente, até, algum Instituto superior ou assim. E também, sobretudo, uma escola de formação de professores, que era  muito importante que aqui se fizesse. Estão a dar-se  passos nesse sentido – Para mim, de facto,  é algo fundamental. Já  que, se um país quer acreditar no futuro, quer construir o futuro, tem de começar pela educação

DOM MANUEL DOS SANTOS  – ORIUNDO DE UMA  HUMILDE FAMÍLIA BEIRÂ, O  5º  DE 9 FILHOS – “TODOS VIVOS!  - GRAÇAS A DEUS”

D. Manuel António Mendes dos Santos, bispo diocesano de São Tomé e Príncipe, desde 1 de Dezembro de 2006, que faz parte da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe. 

Sacerdote claretiano desde 1985, um olhar atento e uma voz amiga do povo são-tomense, um  “veterano” de África e destas ilhas, que já conhece desde Dezembro de 1993 .  

Natural da Beira Alta, da pequena aldeia de São Joaninho, concelho  de Castro Daire, distrito de Viseu. De origem humilde, o 5º de uma família de nove irmãos, ainda  vivos.

                   “QUEM SOU” – VEJA O VÍDEO OU LEIA – NA PRIMEIRA PESSOA

“Sou da Beira, de facto: de São Joaninho de Castro Daire, distrito de Viseu. Sou o 5º de nove filhos, vivos ainda, graças a Deus.

Aos 11 anos fui para o seminário de Resende, do seminário de Lamego. Saí de lá aos 18 anos para entrar na Congregação dos Missionários Claretianos; ordenado padre, em 1985, na minha terra, por Dom António Xavier Monteiro, que era então o Bispo de Lamego,

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Após a minha ordenação, fiquei a trabalhar nos Carvalhos, durante 9 anos. Em Novembro de 1993, vim para África; estive um mês em Luanda e “aterrei” em 6 de Janeiro de 94 nas terras de São Tomé. Foi então que pela primeira vez pisei o território são-tomense. Impressionou-me, na altura, logo o verde desta Ilha: de facto, era um verde tão intenso, que, um ano e meio depois, quando regressei a Portugal,   vi que não havia comparação possível, com os verdes desta terra..
- Jorge Marques – E os perfumes!...
– Dom Manuel dos Santos - Bem, os perfumes... Eu, como nasci no meio da montanha, no meio do tojo, das urzes, não me impressionaram, porque, lá também há perfumes muito intensos! Eu fui criado, no meio do campo! Sempre trabalhei no meio do campo, mas, sobretudo, o verde desta terra, de facto, impressionou-me muito.
 
Cinco dias depois, acabei por ir para Roma, onde regressei a Portugal, tendo sido escolhido  Vigário Provincial, às comunidades claretianas:

 Nessa qualidade, continuei a visitar constantemente São Tomé, e, em 2007, vim então para aqui, como Bispo de São Tomé e Príncipe.

 IGREJA CATÓLICA CONTINUA A SER A INSTITUIÇÃO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL MAIS REPRESENTATIVA 

- Jorge Marques – No meu tempo, não havia aqui tantas igrejas: como é que Igreja Católica, neste momento, consegue superar esta concorrência?

- Dom António dos Santos: “Nós temos que perceber  que a vivência de uma  fé, também se vive dentro de uma  cultura, que os povos vivem. E, a cultura de hoje,  é uma cultura fragmentária, de auto-realização, se pode dizer assim, centrada muito na pessoa. 

Então, muitas vezes, a religião, é a procura de algo que me satisfaça pessoalmente, em que eu muitas vezes me assuma como sacerdote dessa religião. Claro que  depois cada um acaba por escolher a religião que mais lhe parecer adequada à sua verdade. Daí, o surgimento, dessa cultura fragmentária, dessas religiões e de todas essas ceitas.

A  Igreja Católica, no entanto, continua a afirmar as suas convicções: é  uma igreja nascida de Cristo, feita por santos e pecadores! Continua ao serviço deste Povo! Continua a ser a Instituição de Solidariedade Social, ainda maior deste país! Continuamos, portanto, a acreditar no futuro! A trabalhar com esperança! Para que este Povo continue a ter metas de vida, a ter futuro, num amanha de esperança!

Jorge Marques: “ E acha que há motivos para isso?

Eu costumo dizer que sou um otimista realista. Ou seja: é óbvio que vivo um otimismo próprio de quem acredita em Cristo, e quem acredita em Cristo, sempre acredita que Deus é mais forte que o demónio! Que Deus é mais forte de que todas as coisas. 
Agora, também vivo esta minha esperança, na realidade de todos os dias! No confronto das situações em que este país vive, com a cultura, hoje, muito paganizada, em que estamos inseridos. Portanto, sabendo que não é fácil num ambiente destes, nós conseguirmos fazer passar  a nossa mensagem cristã de vida, de serviço, de atenção ao outro e não aos interesses pessoais: não é uma tarefa fácil

Mais: a maior dificuldade, ainda é, nós mesmos, os cristãos, encontrarmos as pessoas, que são capazes de  acreditar, de lutar, de liderar, elas mesmas: - não apenas os sacerdotes mas também os leigos; em se  empenharem na vivência séria de uma fé! De acreditarem que é possível fazer alguma coisa diferente.

Jorge Marques - S. Tomé, é uma ilha prodigiosa, onde os frutos surgem ao longo do ano, onde não há falta de alimentos, pelo menos de frutos naturais. Em todo o caso, costuma dizer-se que não só de pão vive o homem, tem notado essas carências? Aqui não notamos os rostos que existem, por exemplo, em Angola, aquelas barrigas de balão, etc. O que é que diz sobre isso?

Com pena nossa, uma deficiência técnica, não nos permitiu o registo integral  da sua resposta – Em todo o caso, aqui ficam algumas das suas palavras, aludindo à Fundação do Banco do Leite, que ele próprio fundou  e  à distribuição de alimentos

(…) - Dom Manuel dos Santos - A igreja serve refeições quentes a crianças e a idosos, em vários lugares. Para nós a população dos idosos  e das crianças, são muito vulneráveis. Por exemplo, fundei o Banco de Leite, tentando, em Portugal, angariar leite, papas lácteas, etc. para distribuir por São Tomé e Príncipe, de modo a melhorar  a sua qualidade alimentícia. Não se pode chegar a todos, infelizmente,  mas temos tido capacidade de oferecer leite às nossas crianças, na Casa dos Pequeninos, e , até, fazendo-o chegar  às crianças, no Príncipe - Mesmo através de outras instituições. 
- Jorge Marques - Se alguém quiser enviar donativos para as crianças idosos, como é que os deve enviar?
- Dom Manuel dos Santos - Em Portugal nós temos dois centros de recolha para enviar para o Banco do Leite: temos nos Carvalhos, nos Missionários Claretianos, nossos colaboradores e, em Lisboa, no secretário Pio XII Igreja - Colégio Universitário Pio XII


 UM DIA INESQUECÍVEL NA VIDA DE UM SACERDOTE

“O Santo Padre Bento XVI acaba de me nomear Bispo de São Tomé e Príncipe. Nessa qualidade quero dirigir-vos uma saudação fraterna e cordial.


Ao receber o mandato do Vigário de Cristo, evoquei espontaneamente a visão que São Paulo teve certa noite. Encontrava-se ele na Ásia e viu, de pé, na sua frente um macedónio, um europeu, que lhe fazia este pedido: “Atravessa o mar e vem ajudar-nos” (Act 16,9). Na voz do macedónio escuto, agora, a voz do povo santomense a convidar-me: “deixa a tua terra, a tua família, e vem anunciar o Evangelho no meio de nós”.


Recordo bem o dia em que, pela vez primeira, pisei o solo deste país: 6 de Janeiro de 1994. Ao sair do avião, senti o ar quente e húmido característico destas terras, deparei com o verde exuberante da paisagem, e saboreei o sorriso caloroso das pessoas... Recordo ainda que me foi esperar ao aeroporto o saudoso P. Agostinho Rebelo, com quem iria partilhar, nos meses seguintes, ideais, inquietações apostólicas e uma forte e sincera amizade.

Começava assim uma nova etapa na minha vida: ser missionário em São Tomé e Príncipe. Aí permaneci até Abril de 1995, desenvolvendo o meu apostolado nas paróquias de Guadalupe e Neves.

Depois, várias vezes, nos anos seguintes, tive ocasião de visitar esta diocese, no meu trabalho de animação dos Missionários Claretianos. A última foi há cerca de dois meses, no princípio de Outubro de 2006. Sempre me senti muito bem acolhido.

Agora pedem-me que vá viver convosco, e faço-o com alegria, disposto a agir de tal modo que possa dizer como Santo Agostinho: “Para vós sou bispo, convosco sou cristão”. Fiel ao ideal que sempre me norteou de servir a Igreja da melhor maneira possível, aceitei cumprir essa missão. Confio na poderosa intercessão da Virgem Maria, Madre de Deus e Nossa Senhora da Graça, e do nosso titular e padroeiro, São Tomé. – Excerto http://www.mcm.pt/Paginas/bispo.htm

"Quando a Igreja substitui o Estado"


26- 06-2015  As palavras, que a seguir tomo a liberdade de transcrever, “À conversa com D. Manuel António Mendes dos Santos, Bispo de São Tomé e Príncipe”, e subordinadas ao título “Quando a Igreja substitui o Estado”, atrever-me-ia a dizer que podiam ser subscritas pelo autor deste site, dada a quase coincidência temporal e abordagem dos assuntos  - Foi reproduzida por Vítor Teixeira, para o “Clarim”, semanário on line da Diocese de Macau.

Curiosamente, um mês depois, no seguimento da honrosa visita, que, o mais alto dignatário da igreja, nestas maravilhosas ilhas, fizera na véspera à minha exposição, intitulada “Sobreviver no Mar dos tornados – 38 dias à deriva, inaugurada no Centro Cultural Português,   pude também encontrar-me, na sua residência episcopal,  num diálogo informal,  muito cortês, honroso e afável, muito interessante quer na qualidade como na diversidade dos temas abordados,  alguns dos quais registados em vídeo, desde  questões do passado histórico das Ilhas Verdes, a assuntos da atualidade, da vida religiosa e social,  oportunidade esta coroada com a leitura de alguns momentos poéticos: pois, Dom  Manuel dos Santos, além do Pastor, fortemente empenhado com a sua igreja e com a dura realidade que afeta milhares de famílias santomenses, é também uma figura multifacetada,  um homem de cultura, estudioso apaixonado pela história, um brilhante poeta, tal como pude constatar, tanto durante aqueles dois honrosos encontros (na visita à minha exposição e durante o almoço no dia seguinte, em sua casa), como, quando lhe fui mostrar uns achados arqueológicos, que encontrei submersos, junto a Anambô, entregues ao Ministério de Educação, Cultura e Ciência, para salvaguarda  e estudo. 

Mas, como atrás ia dizendo, as palavras  que de seguida vou tomar a liberdade de transcrever, de Victor Teixeira, referentes ao  diálogo que travou com o Bispo Dom Manuel dos Santos, em finais de junho, embora separadas por um mês de diferença, com as que pude ouvir de tão distinta figura eclesiástica, coincidem com a  mesma época do ano – ou seja, com o  período da Gravana: nesta altura, a época das chuvas, já começa a dar sinais, nalguns pontos da  Ilha, nomeadamente no interior e a sul, mas, nestes últimos três meses, quem visitasse S. Tomé, ia justamente contar com a atmosfera, descrita pelo colaborador do Clarim, ao referir-se  à conversa que teve com D. Manuel António Mendes dos Santos, Bispo de São Tomé e Príncipe:


“Estamos em São Tomé e Príncipe, em plena gravana, a estação seca, ou mais seca, mas muito quente (para quem não é daqui), com pó. O mar está sempre a perder-se de vista, em contraponto com um céu nesta altura mais azul, mas quase sempre plúmbeo. O “inferno” verde, de clorofila e exuberância vegetal, com um solo rico e fértil, nesta humidade opressiva, domina a paisagem, pontilhada por picos vulcânicos envoltos em bruma. Cacau, café, frutas, árvores tropicais, aqui, onde o equador nos toca, tudo explode em vida, numa terra fecunda mas também num mar generoso e sempre à distância do olhar. Desta vez, vamos falar da presença da Igreja neste jovem arquipélago, independente desde 1975, antes uma colónia portuguesa, de degredo mas de lucro, entreposto de escravos mas também colónia agrícola, onde o café e, principalmente, o cacau foram imperiais, dominando a economia e gerando fortunas… em Lisboa, mas problemas socais e raciais nas ilhas. Mas vamos falar não em discurso histórico apenas, antes através do olhar e da perspectiva do seu prelado, um bispo com larga experiência missionária em África e profundo conhecedor das suas idiossincrasias e singularidades. Com um pensamento crítico fino e rigoroso, estribado em conhecimento e experiência, independência e um amor eclesial de destacar, a partir de uma conversa com que nos brindou, vamos então conhecer esta diocese. E o território, as suas gentes, problemas e identidade.

(…) D. Manuel António Mendes dos Santos, CMF, é o seu bispo diocesano desde 1 de Dezembro de 2006, fazendo parte da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe. Sacerdote claretiano desde 1985, é, de facto, um “veterano” de África. Como ele próprio nos revela, a «Diocese não é extensa territorialmente, mas é plena de desafios, não apenas pastorais, mas acima de tudo sociais e de integração». Com uma visão antropológica coerente e de largo espectro, atenta e preocupada, D. Manuel conhece bem o terreno, as suas gentes e agentes, as forças em acção, não abdicando nunca de intervir e exercer o direito de opinião, dentro da esfera das suas competências e deveres. E é uma voz ouvida. Ou não fosse, afinal, o responsável máximo da mais importante, senão única, entidade nacional com acção política e social, através principalmente da Cáritas (fundada em 1981) – o braço da Diocese neste quadro de apoio aos pobres, carenciados, órfãos, idosos, desintegrados, às vítimas das conjunturas político-económicas que devastam África, que recebe também algum apoio de ONG’s de matriz católica, bem como de outras.

A Diocese é pequena, diríamos, mas empenhada. Segundo D. Manuel, há 14 paróquias, uma das quais é a Ilha do Príncipe (região autónoma), possui igual número de sacerdotes: sete claretianos (quatro santomenses, um português e dois angolanos), cinco diocesanos (dois portugueses e três santomenses) e três do Instituto Missionário de São João Eudes (fundado na Colômbia pelo padre Humberto Lugo Argüelles, na década de 80 do século XX), um dos quais opera no Príncipe. O bispo refere-nos a existência de um Seminário Menor (Madre de Deus), com oito seminaristas, animado por um sacerdote. Alguns seminaristas menores, recorda, «estão ligados aos claretianos», congregação com tradição missionária no arquipélago (aqui desde 1927). Os seminaristas diocesanos (maiores) estudam fora do País: oito em Angola (seis na Arquidiocese de Luanda e dois na de Benguela), além de dois no Patriarcado de Lisboa. Neste último, D. Manuel lembra existirem duas bolsas de À conversa com D. Manuel António Mendes dos Santos ..



 Noutro site, de nossa autoria, é nosso desejo falarmos dos momentos poéticos que tivemos o privilégio de apreciar na residência do Sr. Bispo Dom Manuel António  Mendes dos Santos.