É referido que “este é um livro para todos os que, por amarem África, mais
querem saber sobre África. É um Atlas Histórico que nos faz viajar no tempo e no espaço, da
Pré-História à África actual. A Guerra e Paz tem uma bela inclinação africana.
Este era o livro que nos faltava e é também um livro que fazia falta nas
livrarias e nas estantes portuguesas. Um livro a 4 cores, com mapas e imagens e
com textos de mais de 20 historiadores especializados em África. Ora vejam bem,
para começar, o índice.https://paginanegra.pt/2020/08/07/um-atlas-para-africa/
“Trata-se de uma edição muito cuidada, graficamente irrepreensível, este Atlas Histórico de África com direção dos especialistas
François-Xavier Fauvelle e Isabelle Surun, Guerra e Paz Editores, 2020,
documento apaixonante para os estudiosos de África. Este continente imenso com
2400 línguas faladas aparece muito bem enquadrado em cinco grandes períodos: a
África antiga (desde a Pré-História até ao século XV; a África na era moderna
(do século XV ao século XVIII), podemos ver os seus grandes reinos e alvorada
da presença europeia; a África soberana (século XIX), que irá decorrer após a
abolição do tráfico atlântico de escravos e as reconversões económicas
africanas; a África sob o domínio colonial, um continente partilhado que irá
resistir à presença colonial até à completa descolonização; a África das
independências, com a sua teia de contradições e refluxos, a sua enormidade de
desafios que aguardam resposta. O tratamento destas matérias é facilitado pela
exibição de cem mapas mostram claramente este continente esteve sempre longe de
se fechar sobre si próprio, é parte integrante da história da Humanidade.
Na sua diversidade, sabemos hoje não se pode estudar a hominização
desconhecendo que ela começou em África, à luz dos conhecimentos atuais, o
continente possui um rico mapa de arte rupestre, participou nas dinâmicas do
comércio mediterrânico, na Idade Média foram-se robustecendo as suas relações
com o mundo islâmico, as suas regiões litorais abriram-se a uma economia
atlântica cujo elemento principal era o comércio negreiro. Uma Idade Média onde
avultou o Império do Mali, onde foi influente a sociedade suaíli que resultou
da cultura bantu e do mundo islâmico. – Pormenores em https://maisribatejo.pt/2020/12/17/uma-obra-fundamental-por-quem-se-interessa-por-estudos-africanos-atlas-historico-de-africa-da-pre-historia-aos-nossos-dias/
Jorge Trabulo Marques e António Ramos Rosa - Numa de flagrante delito num pequeno bar perto da casa onde resistia, na avenida barbosa do Bocage
Disponho
de bonitas fotografias do amável e distinto casal - Entrevistei, António
Ramosa, pela primeira, quando esteve internado
num Hospital, após o que me receberia várias vezes no seu lar e, mais tarde, no
internamento da Residência Mantero,
tendo-lhe transcrito vários poemas de rascunho ou mesmo gravados, que acabava de
criar, a letra de imprensa pelo meu
computador - Este o meu CONVITE (A)MAR – Que de seguida mereceria a resposta
de António Ramos Rosa
Este o meu CONVITE (A)MAR O MAR - Que teria de seguida a resposta de António Ramos Rosa
Ó poetas! Sonhadores de ilusões e mistérios Vinde pelo mar em frente! Solitários ou com outra gente! Vinde ver o mar! Aqui há sombras de pasmar Silêncios infinitos Vozes a falar de abismos Chamamentos ocultos Gargalhadas, risos, Delírios! Loucuras e gritos! Marulhos a ressoar Explosões, estrondos de atordoar Espaços puros, abertos! Fumos, nevoeiros etéreos! Vastos desertos de embriagar os sentidos. - Poetas! Vós que amais o mar Vinde, vinde ao mar!
Jorge Trabulo Marques
Vinde ver a frondosa fronte do mar A sua violência verde, os seus turbilhões brancos. Vinde ver os deuses que ainda não morreram, com a sua nudez de vagas harmoniosas, De sinfonias ondulantes, de lamentos tumultuosos. Vinde ver o que ainda está vivo com as suas artérias, As suas extensas planuras com vagarosas luas. Vinde ver a escultura monótona e brilhante Das suas águas primitivas com seus peixes luxuriantes. Esta é a plenitude da lava, da limpidez do sémen Do mundo, a vivacidade das aéreas áreas Que se inscrevem nas águas com a vibração primeira Dos primeiros pés virgens que sulcaram as ondas. Quem poderá esquecer essas panteras fugidias Que ondulam, como luas nas faixas da água? Só no mar o sol é sorriso do ocidente E nele mergulha o azul com a lentidão de um astro. Vinde, vinde ver o reino que ainda existe Que se respira a luminosa esteira dos deuses.
António Ramos Rosa - 30.01.95
Tu que na vida és ávido. Tua exigência extrema não tem comum medida com esquemas intermédios; não pode acomodar-se à vida por metade. Tudo ou nada. E a vida se te impõe em intensidade e risco, na vertingem do abismo: porque tocas o abismo quando o fruis em inultrapassável densidade; quando já nada pode separar-te dos soltos elementos; a voz da tua voz. Um só furor; a mesma plenitude.
Uma só descoberta: quanto em ti próprio és toda a potência cósmica em desmesura. Na dimensão do excesso a vida em ti se cumpre.
Mareante nostálgico da aventura ancestral, em gesta solitária ( e os rudimentares aprestos que te bastam em teu despojamento - superando-te ante adversas forças) ao recriares em ti o “mundo novo” buscas ainda do instrante o último limite.
Agripina Costa Marques 12.08.
António Ramos Rosa, -“Destacado poeta e crítico português
nascido em Faro em 1924. Foi militante do MUD (Movimento de União Democrática)
e conheceu a prisão política. Trabalhou como tradutor e professor, tendo sido
um dos diretores de revistas literárias como Árvore e Cassiopeia. O seu primeiro livro de poesia, O Grito Claro, foi publicado em 1958. A sua obra poética ultrapassa os
cinquenta títulos. É ainda autor de ensaios, entre os quais se salienta A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979-1980). Em 1988 foi distinguido com o Prémio
Pessoa. Faleceu em setembro de 2013. Pormenores
em https://www.infopedia.pt/$antonio-ramos-rosa
Agripina
Costa Marques, felizmente, ainda continua viva- Também ela autora de belos
poemas, Entre os quais, Ciclos,
Fragmentos, Idades, que, segundo, já
foi sublinhado, se inscrevem justamente
na categoria desses livros que, pela sua rareza, reinventa a literatura e a
poesia.
O presépio natalício, vulgarmente conhecido pelo “Passo”, é uma das referências culturais mais antigas da Ilha de São Tomé, criada desde o tempo colonial – Feitos com pauzinhos cortados de andala com o machim (das folhas de palmeiras) e vergas de canas de bambu, enfeitadas com algumas flores da floresta, imitando pequenas ermidas ou a igreja da Sé, construídas junto às modestas cubatas à beira da estrada, sobretudo à medida que se deixava a cidade, a capital e se penetrava no interior da Ilha, alumiadas por tochas de óleo de palma em pedaços de mamão, iluminando a Noite de Natal - Que se prolongavam durante a quadra natalícia
- Sim, os tais presépios genuínos do Povo que eu conheci nos anos 60 e 70 e cantados por Alda da Graça Espírito Santo, - Naquele seu lindo poema, "Natal na Ilha", a par da celebração do dia “dá chinja” da festa da família na Quarta-feira de cinzas. Os costumes, vão-se degradando, profanando e artificializando - Sei que ainda há quem não queira deixar cair no esquecimento, essas graciosas manifestações artísticas ou deste ou daquele humilde casebre de madeira, porém, aqui lhe deixo algumas imagens que pude recuperar em artigos por mim publicados na revista Semana Ilustrada, de Luanda.
NATAL NA ILHA – ONDE SONHAR COMEÇA A SER PROIBIDO -Recordando o poema de Natal - de Alda Graça Espírito Santo
NATAL NA ILHA
Ao cair da tarde, pelas estradas da Ilha
Cabaninhas de andala
Tecidas por dedinhos de garotos,
É a nota tocante do Natal.
Uma tocha de mamão
É o luzeiro no caminho
Alumiar o “passo”.
Mas o exotismo dos trópicos
Descendo pelo calendário dos festejos
Faz do “Dá chinja” a festa da família.
Quarta-feira de cinzas
É cara ao coração da nossa gente,
Onde se sente a ausência dos finados.
Na hora do “angu”,
Do clássico calulú de Peixe
Todos se juntam,
Nas roças, nas grutas, nos ermos mais perdidos,
Em redor da mãe velhinha,
Da avó da carapinha branqueada
Na tradição festiva do “Bocado”.
P’las mãos dessa velhinha solene
todos, todos, recebem p’la mesma colher
Numa união feliz e africana
A primeira colherada
Do menú familiar.
E só então, a refeição começa.
A toda a hora pelo dia fora.
Vem chegando gente
Pró sagrado “Bocado”
Do avô extinto do ano que passou
E da filha arrancada à vida
em plena mocidade.
Cinzas…. Natal…
Exotismo dos trópicos? - Uma pergunta e uma resposta que pairam nos ares
Hipólito Lima, residente na pequena comunidade de Morro Peixe, com quem tive o prazer de dialogar e até de o entrevistar, cujo vídeo hoje recordo, tal como então sublinhei, é uma figura muito estimada e respeitada, junto das gentes do mar e também das mais conhecedoras da realidade das tartarugas, em S. Tomé e Príncipe, só que, pelos vistos, alertava também eu, não tem sido fácil, na sua espinhosa missão, demover hábitos arreigados. Pois, além de liderar a equipa de guardas de proteção e monitorização das praias, também gere o centro de atendimento aos visitantes, que dispõe de um pequeno eco-museu e de um cercado de incubação.
HIPÓLITO LIMA – O esforço e dedicação de um santomense em prol da salvação das tartarugas - Aproveito para aqui recordar o texto que editei, em Novembro de 2014 - Já vão seis anos - Mas as palavras que então escrevi, creio que continuam atuais
Tem sido das pessoas que mais se tem batido pela implementação da lei – Quando nos encontrámos, em meados de Outubro passado, ainda a lei não tinha entrado em vigor, pelo que refirmava da necessidade da mesma ser posta em prática. “Nós não nos devemos apenas preocupar com a comida mas também com o desenvolvimento”. E, no seu ponto de vista, esse desenvolvimento pode ser atraído através da curiosidade que as tartarugas suscitam no turismo das ilhas.Não para comer a sua carne mas para serem observadas, diz Hipólito Lima, em declarações que registámos em vídeo.
Tal como já foi referido na imprensa, “A sua extrema dedicação às tartarugas marinhas fez com que passasse todo o seu conhecimento à família e hoje em dia o seu filho Silvério e o seu sobrinho Kennedy trabalham de braço dado com o sr. Hipólito na protecção, marcação e recolha de dados biométricos de fêmeas e ninhos nas praias de Morro Peixe..10/12/2014 - Conheça a nossa equipa de Morro Peixe .
Aqui fica, pois, além de uma boa noticia – de que a lei da proteção das tartarugas entrou finalmente em vigor (sim, mas oxalá não fique apenas pela letra), - ainda o destaque, inteiramente justo e merecido, ao espírito de um homem bom, voluntarioso e generoso, que tem dado o melhor do seu saber e do seu esforço para evitar a extinção de uma dos mais antigos e curiosos seres do Planeta Terra.
Durante a minha breve mas profícua estadia em S. Tomé, 39 anos depois de ali ter partido para tentar a travessia oceânica de canoa S. Tomé- Brasil, uma das boas surpresas, que agora ali tive foi realmente ter-me encontrado, na Praia de Moro Peixe, com o Sr. Hipólito, sem dúvida, um dos santomenses mais apaixonados pela salvação e reprodução das tartarugas.
Morro Peixe, é uma pequena aldeia de pescadores situada na costa norte de São Tomé, zona litoral na qual se encontram (pela qualidade e tranquilidade das sua finas areias) algumas das praias mais procuradas para a desova das tartarugas, nomeadamente, as praias de Micondó, Conchas,Atrás-do-Morro, Tamarindos, São Carlos, Manque Bicho, do Caroceiro, do Governador e da Brigada – Visto que, nas muito batidas nas suas margens ou já sem areia a descoberto, devido ao aumento do nível das águas ou, então, naquelas onde predominam os duríssimos gogos ou areia grossa, tais condições impedirem a sua nidificação.
A casa típica de madeira, onde vive, Hipólito Lima, conhecida por “Casa Tatô, erguida ali mesmo à beira da praia, está transformada num autêntico museu de informação das tartarugas mas também de meios para a sua proteção e monitorização.
É, digamos, um ponto obrigatório para os amantes da natureza, e sobretudo da vida das tartarugas. O seu entusiamo, data de há mais de vinte anos.Diz-nos que “tudo começou em 1996, com biólogos americanos – E, desde então, fez da sua vida, uma verdadeira cruzada, totalmente entregue à salvaguarda de “um dos répteis mais antigos que ainda habitam a Terra – estima-se que elas começaram a existir cerca de 220 milhões de anos atrás. Habitantes da terra ou do mar, as tartarugas possuem um escudo ósseo, que evoluiu para protegê-las contra predadores.
Existem cerca de 300 espécies diferentes de tartaruga, das mais diferentes formas e dos mais variados tamanhos” E algumas das quais, de aspeto estranhíssimo As 10 espécies mais bizarras de tartaruga – .Porém, tal como ele reconhece, em S. Tomé, apenas a carapaça de uma espécie é suscetível de aproveitamento para o artesanato, infelizmente também esta seriamente ameaçada.
"A MATANÇA“ No mês de Outubro último 44 tartarugas foram abatidas nas praias da ilha de São Tomé. A ONG MARAPA, está a contabilizar a morte das tartarugas dia a dia, na ilha de São Tomé, onde as autoridades governativas não conseguem evitar a previsível tragédia. Desde Agosto último quando a ONG decidiu publicar mensalmente dados sobre a matança abusiva das tartarugas, já foram contabilizados 74 abates. No cartaz mensal em que suplica por socorro às tartarugas marinhas, a MARAPA diz que as tartarugas estão ameaçadas na ilha de Sã Tomé. Suplica por ajuda, para evitar uma tragédia a curto prazo.Téla Nón >> Matança de tartarugas não pára de aumenta
A tartaruga (capaz de atravessar oceanos na busca de alimentos e para nidificar) pode chegar a desovar mais de uma centena de ovos mas apenas pouco mais de 1% chega à fase de adulta, que pode atingir os 180 anos, se não for capturada – Mas, de um modo geral isso não acontece porque a sua existência, corre sérios risco deextinção.
Os seus principais inimigos (além dos agentes poluidores e das redes de pesca, em que ficam presas ou das aves e dos peixes que matam e engolem os pequenos filhotes quando abandonam os ninhos), tem sido a captura indiscriminada em todas as regiões do globo, desde os ovos à carne, ementa preferida nos pratos asiáticos, mas não só nesses países:
– Também emS. Tomé e Príncipe, é frequente verem-se pedaços de tartaruga retalhada exposta na canastra das peixeiras –
Foi esta a imagem com que me deparei, em Outubro passado, para minha surpresa e desencanto, ao ser abordado por uma vendedeira, numa das ruas da cidade, mesmo já depois de lei, que prevêa sua proteção, ter sido discutida e aprovada. No entanto, só agora, em Janeiro, é que entrou em vigor.
UM PASSO IMPORTANTE – COM AS EQUIPAS AMBIENTALISTAS JÁ A DIFUNDIR A MENSAGEM PELAS PRAIAS.
Aparentemente as autoridades estão empenhadas, e a entrada em vigor da lei é realmente um passo muito significativo, num país onde as caça às tartarugas têm atingido níveis preocupantes:
«As pessoas que hoje em dia utilizam as tartarugas marinhas devem ter atenção. Vamos fazer um processo de sensibilização, de formação e comunicação à população em geral sobre o conteúdo desta lei, para que as pessoas possam estar conscientes de que quando estão a caçar e a comercializar as tartarugas estão a violar as leis», declarou, recentemente, à imprensa, o Director Geral do Ambiente, Arlindo Carvalho.Lei para salvar tartarugas já existe agora falta autoridade
A lei de proteção às tartarugas, proibindo a caça e a comercialização da carne, criminalizando a utilização ou comercialização dos ovos, aprovada ainda na vigência do anterior governo, entrou finalmente em vigor – E as equipas das organizações ambientalistas, já estão no tereno distribuindo cartazes ao longo de todas as comunidades costeiras e grandes cidades de cada distrito em colaboração com a câmara e comando policial distritais, dando a conhecer as actividades proibidas e a razão pela qual é importante conservar as tartarugas marinhas” A ATM e a MARAPA já iniciaram a campanha de divulgação
É uma boa notícia para os defensores destes extraordinários seres marinhos, porém,mesmo assim, não é suficientemente tranquilizadora, já que, os hábitos da captura indiscriminada, não são fáceis de mudar através da letra da lei - Pois, vários têm sido os alertas por organizações ambientalistas, por exemplo, dando conta de que “em cada quatro tartarugas que chegam à praia, três são capturadas” . “E são muitas as tartarugas que acabam no mercado”,lamentava-se, ainda não há muito, a ONG Marapa, responsável pelo projeto de proteção das tartarugas marinhas nestas Ilhascaptura indiscriminada de tartarugas em são tomé
Compreendeu e visionou o drama que a
grande ferida do tempo nos iria impor - Deus chamou-o e está, naturalmente, no
limbo dos justos e profetas da Terra nos Céus - António Vítor Ramos Rosa, autor
de uma vasta obra poética, critica e ensaística, conheceu a prisão política.
Trabalhou como tradutor e professor, colaborou em diversas publicações, tendo
sido um dos diretores de revistas literárias como Árvore e Cassiopeia, nasceu
em Faro, a 17 de Outubro de 1924 e faleceu em Lisboa, 23 de Setembro de 2013
Numa entrevista
dada ao Jornal Sporting, Jéjé declara que , ” O Sporting CP é um Clube com muita
história desportiva. É uma honra e uma grande responsabilidade fazer parte
desta grande família. Estou muito feliz por ser um dos surfistas que irá
representar o Clube. Espero continuar aqui por muitos anos. Também fico feliz
porque sei que vou representar o meu país no Clube e São Tomé e Príncipe terá
muito orgulho disso”. Luís Perloiro e Jéjé Vidal são as mais
recentes apostas do surf do Sporting Clube de Portugal. -.ps://stpdigital.net/desporto/surfista-sao-tomense-jeje-vidal-assina-pelo-sporting-clube-de-portugal
RECORDO A POSTAGEM QUE EDITEI - Em Março de 2015
São Tomé, 15 de Junho de 2014 - O jovem surfista Jéjé (...), aos 15 anos de idade, campeão nacional de surf de São Tomé e Príncipe, Jéjé vence edição 2014 do Mochecst Surf de São Tomé e Príncipe
Este é o genial surfista Jéjé, que, com apenas 15 anos, se sagrou “campeão nacional de surf de São Tomé e Príncipe, no culminar das várias eliminatórias que constituíram a edição 2014 do Campeonato MocheCST Surf. "O evento foi realizado na Cidade de Santana, tendo sido esta a 1ª edição patrocinada pela Mochecst a marca e tarifário dedicados aos jovens estudantes lançado pela CST, Companhia Santomense de Telecomunicações” Surfe em Tomé e Príncipe
A breve entrevista ocorreu por um feliz acaso, junto à praia de Santana, donde é natural, momentos depois de um dos seus habituais treinos. Longe ainda de saber que estava perante uma das mais talentosas promessas do surfe nas ilhas Verdes do Equador. Só, mais tarde, já em Portugal, instado pela minha curiosidade jornalística, querendo, através da Internet, recolher mais informação da prática desta modalidade desportiva, nestas ilhas, é que me apercebo, que, afinal havia estado perante um verdadeiro campeão. Simples, simpático, desprendido, comunicativo e humilde. São assim os grandes talentos: modestos e sem vaidade, sem necessidade de exibir prémios ou galões.
O agradável encontro, ficou a dever-se a uma curta paragemde um passeioque estava a fazer ao sul de S. Tomé, na companhia do meu compatriota Manuel Gonçalves. Ao passarmos de jipepor esta localidade, pedi-lhe para que ali parássemos por uns momentos para relembrar velhos tempos e registar algumas imagens. Lá estava a linda igreja, o cruzeiro, um pequeno aglomerado de casas, umas em cimento outras ainda de madeira,na sua arquitetura típica,mas sobretudo aquela baía tranquila voltada a nascente, ornada de vegetação e no vaivém eterno das suas águas azuis, quentes e espumosas. Sem dúvida, dispondo de excelentes condições para os amantes do surf, que, pelos vistos, já começa a despertar o interesse não só local como internacional.
Jéjé diz que nestas águas não há o perigo do tubarão e que as águas quentes são propicias à prática do surfe em qualquer altura do ano . Aprendeu com uma tábua de acácia e com o Marley
A este breve registo, em vídeo – e para ficar a conhecer um poucomelhor o perfil do Jéjé - aproveito paratomar a liberdade de juntar uma interessante entrevista concedida ao SURFE PORTUGAL
Jéjé confirmou o estatuto de mais talentoso surfista da ilha de São Tomé. Foto: MocheCST
Foi há pouco mais de um ano que começou a surfar em cima de uma verdadeira prancha de surf, mas na realidade já o fazia há mais tempo com os seus colegas de São Tomé, aproveitando qualquer pedaço de madeira para fazer espumas. Jéjé faz parte de um grupo especial de jovens são-tomenses que partilham com uma alegria única as ondas de Santana, na ilha de São Tomé, sendo descrito por muitos dos que já conviveram com ele como o mais talentoso de todos.
Depois de ao longo do tempo o surf ter sido introduzido na vida destes adolescentes através de portugueses que vivem na ilha e outros que por lá passam, no mês passado todos tiveram a oportunidade de competir pela primeira vez. A vitória acabou por sorrir a Jéjé, de apenas 15 anos. Fomos falar com o primeiro campeão nacional de São Tomé e Príncipe e perceber como começou a paixão pelo surf e até onde pensa ir em cima de uma prancha, sendo que no ano passado já teve o privilégio de visitar o nosso país e dividir treinos com alguns dos mais talentosos surfistas nacionais. Respostas genuínas de um surfista que há bem pouco tempo nem sabia que esta atividade se fazia noutros pontos do globo
.
SURFPortugal - Como começou esta paixão pelo surf em São Tomé, sendo que o contacto que tinham com a modalidade praticamente não existia?
Jéjé - A paixão pelo surf começou quando eu vi um português chamado Pedro Almeida a surfar. A partir daí dei a minha vida para aprender. Achei que era impossível o que estava a ver... Ele parecia que flutuava nas ondas. Comecei com uma tábua de madeira a correr na espuma, mas não sabia o que era e nem que isto do "surf" existia em outros países.
SP – Que sentimentos te transmite e como defines a experiência de surfar?
J - O surf faz-me sentir liberdade total. O surf é uma maneira de estar na vida e faz-me sentir maravilhoso. A palavra que eu uso para descrever o surf é que é a melhor coisa da vida e enquanto surfar vou estar sempre feliz. Como diz o Saca (Tiago Pires), enquanto eu estou dentro de água já não me lembro das maldades, só me preocupo com as ondas.
SP - Em que picos habitualmente surfas?
J - Santana, Voz da América, Água-Izé e 7 Ondas.
SP - Recentemente foste campeão de São Tomé e Príncipe. Como foi esta primeira abordagem à competição?
J - Estava nervoso e tive medo de perder. Mas competi a pensar que o Kelly Slater era o meu adversário para conseguir dar o meu máximo e consegui vencer esta competição. Este campeonato foi incrível! Agradeço à MOCHE Cst e à Xcult pela excelente organização e pelos prémios.
(imagem do lado direito - da competição)
SP - Pensas que há muito talento por explorar em São Tomé e que num futuro próximo poderiam competir fora do país e, quem sabe, em Portugal?
J - Sim, acho que existe muito talento em São Tomé por explorar porque há muitos bons surfistas, muita vontade e muito gosto pelo surf. Seria lindo e maravilhoso se alguns destes talentos pudessem ir a Portugal para poder aprender e evoluir mais com os surfistas portugueses.
SP - Quais são as tuas grandes referências a nível mundial?
J - As minhas grandes referências a nível mundial são o Andy Irons e o Joel Parkinson. Eles são os maiores. Apesar de o Andy Irons já ter morrido, gosto muito do estilo e das manobras dele e do Joel também.
SP - Sabemos que já estiveste em Portugal. Como foi a experiência? Sentiste que regressaste com uma maior evolução para São Tomé?
J - A experiência foi maravilhosa. Gostei muito de conhecer Lisboa e Cascais. Surfei em várias zonas desde o Guincho, passando pela Costa de Caparica, Praia Grande e até na Ericeira. A minha primeira surfada foi no Guincho e quando entrei na água o meu pé ficou bem pequenininho do frio que estava (risos). Estou habituado a água quente, mas como fui com fato fiquei rapidamente acostumado e a vontade era tanta que já nem sentia o frio.
A minha experiência e aprendizagem em Portugal foi bastante positiva, pois aprendi a remendar pranchas com o pessoal da Xcult e regressei com várias novas manobras, que aprendi muito com a Surftechnique. Aproveito para agradecer a toda a família Xcult e à Guincho Surf House pela oportunidade que me deram. Grandes amigos que eles são!
SP – Há comparação entre as ondas de São Tomé e as portuguesas?
J - As ondas de São Tomé são muito boas e perfeitas. Há poucos surfistas dentro de água e há muitas ondas e a água é muito quente. Em Portugal há muitos surfistas dentro de água e em algumas praias há muito vento e a água é muitofria, mas as ondas são perfeitas.
SP - A ex-campeã nacional Teresa Abraços tem visitado São Tomé várias vezes e tem partilhado algum tempo com vocês. Como tem sido essa experiência?