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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Homenagem a Jorge Sampaio – Com Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Fernando Medina

Por Jorge Trabulo Marques – Jornalista 

Jorge Sampaio Homenageado numa noite calorosa mas fria e chuvosa nas ruas da cidade




 antigo Presidente da República, Jorge Sampaio foi esta semana  homenageado pela autarquia lisboeta, no cineteatro Capitólio, durante uma cerimónia evocativa aos 30 anos do Moderno Planeamento Estratégico de Lisboa,  introduzido pela primeira vez durante o seu mandato  à frente  do maior município português.

O ato evocativo,  presidido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na altura adversário de Sampaio na corrida à câmara da capital, contou ainda com as presenças do Primeiro-Ministro, António Costa., que foi diretor de campanha do antigo presidente da Câmara e da República, bem como do atual Presidente da C.M de Lisboa, Fernando Medina, além de outras personalidades.

Depois da visualização de um vídeo, com diversas imagens de Lisboa, panorâmicas e de pormenor, alusivas às grandes obras efetuadas, seguiram-se intervenções elogiosas do Presidente do Município, do Chefe do Governo e do Chefe do Estado, e, por último, foi a vez de o homenageado, agradecer as palavras que lhe foram dirigidas, aproveitando o momento para propor a elaboração de um plano estratégico para Lisboa em 2050, defendendo que o desenvolvimento da cidade deve ser pensado num horizonte de 20-30 anos.

Com a aceleração do tempo e o tropel de desafios que enfrentamos, com a transição demográfica, digital e energética a rondar e as alterações climáticas já bem patentes, importa pensar Lisboa no horizonte de 20-30 anos. Importa agora articular uma visão e um plano estratégico para 2050", afirmou o antigo chefe de Estado



Imagens de uma noite de Janeiro, em Lisboa, fria, cinzenta e chuvosa, nas ruas da cidade mas que, no interior do Cineteatro Capitólio,  era bem calorosa  e alegre, com muitos aplausos, quer no friso das altas personagens no  palco, como na distinta plateia, além das  belas imagens da  capital portuguesa,   que foram  passadas num  grande ecrã, no inicio da cerimónia.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Sampaio foi o grande protagonista da mudança da visão! Da movida jovem! Da mobilidade social e pessoal e social, da preparação do século que estava a chegar! Ao mesmo tempo que liderava a oposição nacional, concorria à chefia do Governo e depois à Presidência da República!


Marcelo Rebelo de Sousa- Na homenagem a Jorge Sampaio, “do período inesquecível 89-96”

“Jorge Sampaio personificou essa nova Lisboa[…]. Ao mesmo tempo que liderava a oposição nacional, concorria à chefia do Governo e depois à PR. Foi incansável, determinado, inabalável. Desmentindo aqueles que o viam como um intelectual mas não realista, sonhador mas não fazedor, utópico mas não capaz de chegar ao povo maus humilde, mais sofrido, mais marginalizado”,


Marcelo Rebelo de Sousa- Na homenagem a Jorge Sampaio, “do período inesquecível 89-96



Falar de 1989 a 1996 é porem muito mais de que isso: é falar de um tempo marcado por uma prioridade estratégica sobre a gestão casuística! Ou mesmo o mero ordenamento urbanístico clássico, por um debate e um consenso pós eleitoral, apreciável e virtuoso! Por uma liderança clara, dialogante e prospectiva ! E  uma oposição atenta, incómoda mas construtiva: por uma atenção comum e especial ao ambiente, ao social, à abertura à sociedade: ao nacional e ao internacional! Á juventude, à cultura; ao repensar nas infraestruturas existentes! À  revitalização do património cultural!

A esses grandes passos, que tanto lhe devem! Por ser Jorge Sampaio! Em que o governo de então, teve o papel que cumpre reconhecer! ... E o combate aos bairros de lata, datado mas na altura crucial! E o arranque da Lisboa 98 na Lisboa oriental por mais tempo esquecida e que acabaria por ser inserida no enquadramento global, então em curso.

(...) Jorge Sampaio foi o grande protagonista da mudança da visão! Da movida jovem! Da mobilidade social e pessoal! Da preparação do século que estava a chegar! Ao mesmo tempo que liderava a oposição nacional, concorria à chefia do Governo e depois à Presidência da República!

 Foi incansável, determinado, inabalável, demitindo aqueles que o viam como intelectual mas não realista, sonhador mas não fazedor! Utópico mas não capaz de chegar ao povo mais humilde,mais sofrido, mais marginalizado! E lançou, com voluntarismo e entusiasmo, um repensar estratégico de largo fôlego, olhando ao contexto internacional, nacional e metropolitano! Aos sinais vindo do envelhecimento e do esvaziamento da urbe! Do esgotamento de um modernismo convertido em formas sem conteúdo! E fê-lo a pensar em pessoas e comunidades! E não em betão

P.M. António Costa – Na homenagem a Jorge Sampaio: “marco da Lisboa Europeia





Lisboa está hoje no roteiro dos  grandes espectáculos internacionais: Hoje, tendo como  residente, a Madona, que parte de Lisboa para a sua turnê Mundial. Mas a verdade é que, na altura, era um deserto fora dos circuitos internacionais do espectáculo, frisando que, que foi  Jorge Sampaio, com a sua inabalável arte diplomática, a conseguir fundir  essas organizações mundiais como uma prioridade. 

O grande mérito da presidência de Jorge Sampaio e toda a sua equipa foi facto de terem compreendido que não era possível pensar Lisboa, sem pensar além de Lisboa. Porque Lisboa é a capital do país, porque é uma capital Europeia, porque é o centro de uma área metropolitana particularmente dinâmica. E [em 1989] a coesão interna da cidade e a resolução dos problemas internos da cidade implicava valorizar a competitividade da cidade no quadro metropolitano, no quadro nacional e no quadro internacional e que Lisboa tinha de ser e podia ser como grande motor da competitividade e da afirmação do país”, disse o Chefe do Governo
Entre outras medidas, António Costa salientou ainda que este “novo desafio do Portugal europeu e aquele mandato de 89 foi decisivo” e que marcou a cidade do ponto de vista da “coesão interna” ficou marcado, principalmente, pelo facto de “terem conseguido erradicar dezenas de milhares de barracas que existiam em grandes áreas da cidade
“Creio que foram cerca de 23 mil fogos construídos nessa altura para erradicação das barracas da cidade de Lisboa”, recordou o primeiro-ministro
Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, que abriu a sessão dos discursos,  elogiou a “extraordinária dignidade” e o “trabalho notável” de Jorge Sampaio no exercício das suas funções, sublinhando o valor das ideias de Sampaio,  as quatro linhas de força para o presente e para o futuro: a consciência da inserção global de Lisboa, a capital como centro económico e motor da região metropolitana, a marca da centralidade para o equilíbrio social da cidade e a importância da sustentabilidade ambiental.
No final do seu discurso, Medina entregou ao antigo chefe de Estado um troféu de Lisboa Capital Verde Europeia 2020.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Aeroporto de S. Tomé instala vigilância contra o coronavírus - O "mundo inteiro precisa estar em alerta" para combater o coronavírus, afirmou o chefe do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde. Mais de 130 pessoas morreram na China e cerca de 6.000 foram infectadas. Não há cura ou vacina específica.

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 



O  GOVERNO DE STP – PREVINE-SE   - Governo santomense anunciou ontem  a instalação no aeroporto de uma unidade de "vigilância" e um espaço de isolamento no principal hospital do país para "gestão de possíveis casos de coronavírus". – 

“Em comunicado lido à imprensa pelo diretor-geral do Centro Nacional de Endemias, o Ministério da Saúde está "a acompanhar minuciosamente o surto de coronavírus no mundo, seguindo diariamente a situação que vem sendo divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)".
O Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe garante que "não tem registos de casos suspeitos" no paíshttps://www.noticiasaominuto.com/mundo/1403669/sao-tome-instala-vigilancia-no-aeroporto-e-cria-espaco-de-isolament

O "mundo inteiro precisa estar em alerta" para combater o coronavírus, afirmou o chefe do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde – É noticia de última hora

Mais de 130 pessoas morreram na China e cerca de 6.000 foram infectadas.

Não há cura ou vacina específica. Entretanto, várias pessoas se recuperaram após o tratamento.

Para esta quinta-feira, está prevista uma reunião da OMS para discutir se o vírus constitui uma emergência de saúde global.
Refere  noticia da BBC, que “a cidade chinesa de Wuhan é o epicentro do surto.
Mas o vírus se espalhou pela China e para pelo menos 16 países em todo o mundo, incluindo Tailândia, França, EUA e Austrália.

, da OMS, disse que uma equipe internacional de especialistas estava sendo montada para ir à China e trabalhar com especialistas da região para aprender mais sobre como a doença é transmitida.
"Estamos em um momento importante neste evento. Acreditamos que essas cadeias de transmissão ainda podem ser interrompidas", afirmou.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que visitou a China esta semana, disse que a maioria das pessoas que contraiu o vírus estava sofrendo apenas "sintomas mais leves", mas cerca de 20% tiveram efeitos graves, como pneumonia e insuficiência respiratória.
Ele disse que a China "precisa da solidariedade e apoio do mundo" e que "o mundo está se unindo para acabar com o surto, aproveitando as lições aprendidas com os surtos passados". https://www.bbc.com/news/world-asia-china-51299195

Ministra assegura que nenhum bolseiro são-tomense na china foi contaminado


29 Jan ( STP-Press ) –  A ministra são-tomense dos Negócios  Estrangeiros, Elsa Pinto declarou terça-feira que “até agora não tivemos nota nem informações nenhuma que algum estudante são-tomense tivesse contraído a virose” o novo coronavírus detetado no final do ano na China.
A chefe da diplomacia são-tomense fez esta declaração horas depois de ter recebido uma nota informativa da embaixadora são-tomense na China, Isabel Domingos, e poucos minutos antes de um encontro com embaixador chinês, Wang Wei, em São Tomé sobre a situação dos cerca de 167 bolseiros são-tomenses na China.
“ Quero, primeiramente, tranquilizar os familiares mais próximos de que até agora não tivemos nota nem informações nenhuma que algum estudante são-tomense tivesse contraído a virose”- disse Elsa Pinto.. http://www.stp-press.st/2020/01/29/ministra-assegura-que-nenhum-bolseiro-sao-tomense-na-china-foi-contaminado/

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Hoje - Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto - A escritora Ilse Losa, – 1913-2006, filha de judeus alemães, presa pela Gestapo - A autora do Mundo em que vivi, contou-nos, falou-me do seu drama, anos 80, como logrou escapar ao campo de concentração e extermínio de Auschwitz, que lhe recordamos, no Dia internacional da lembrança das vítimas do Holocausto, o genocídio cometido pelos nazistas e seus adeptos

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista  - Declarou-me que “Fui presa pela Gestapo   por ter escrito, numa carta a uma amiga, que o Hitler era um criminoso


Passam hoje, 75 anos sobre o dia 27 de Janeiro de 1945, em que as tropas soviéticas descobriram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, o maior da Europa ocupada pela Alemanha nazi e onde foram mortos cerca de 1,1 milhões de pessoas judias, ciganas, poloneses, homossexuais, deficientes, comunistas e outras, durante a II Guerra Mundial. Para que as vítimas não sejam esquecidas, a Organização das Nações Unidas determinou que seria o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
 
Na sua intervenção, da janela do Palácio Apostólico, o  papa Francisco afirmou que é um dever  de memória lembrar o Holocausto:referindo-se ao genocídio em massa de judeus durante a II Guerra Mundial. considerando inadmissível a indiferença, ao recordar os 75 anos da libertação das pessoas detidas no campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polónia. https://www.dn.pt/mundo/papa-apela-a-memoria-do-holocausto-contra-a-inadmissivel-indiferenca-11750745.html


Em memória de Ilse Losa  -– (1913-2006)  Escritora e tradutora, de origem alemã, de ascendência judia - Excertos de uma entrevista, registada por mim nos anos 80 – 

Não foi mais uma dos milhares de vitimas do regime nazi de Adolfo Hitler, porque logrou escapar-se da gestapo e refugiar-se depois em Portugal, onde viria a casar e a dedicar-se a uma intensa vida literária: de entre os vários livros que publicou, um deles tem por título, o “Mundo em que vivi” Escrito em 1949 ,  que fala de uma criança judia que passou parte da sua infância com os avós. Rose vive no tempo da Alemanha Hitleriana e, como é judia, é perseguida pelos nazis. O livro relata a perseguição aos judeus e o nazismo de uma forma inocente, pois é visto ao olhos de Rose, uma criança.



Na entrevista que me concedeu , em meados dos anos 80, aproveito para hoje recordar alguns excertos das suas palavras,

Declarou-me que foi  presa  por ter escrito, numa carta a uma amiga, que o Hitler era um criminoso. A carta foi intercetada pela Gestapo  e foi presa – Como era ainda jovem e bonita, teve a sorte do soldado da Gestapo, três horas depois do interrogatório, a mandar para casa, com a indicação de que, uns dias depois, seria informada do destino que lhe iam dar – Nesse entre-tempo, aproveitou para fugir para Portugal 


És judia, de facto! Tens olhos claros, cabelo louro?
Eu respondia: sou – Não sei bem explicar mas foi talvez uma questão de uma certa  simpatia, porque, de vez em quando, há alguma humanidade num homem da Gestapo.
Passados três horas, ele mandou-me assinar um papel e disse-me: daqui a seis dias, você terá noticias nossas e vamos ver para onde é que a vamos transportar: nesses dias, deu-me para fugir
Eu vim para Portugal, porque já cá estava um irmão meu e ele veio  para cá porque já estava cá um Tio, nosso

E foi em Portugal que eu escrevi o livro O MUNDO EM QUE VIVI, porque eu não escrevo só para crianças. - Ouça os excertos da entrevista neste vídeo
Ilse Lieblich Losa , de seu nome completo, nasceu em  Buer,  Melle, Alemanhana, em 20 de Março de 1913, faleceu na cidade do Porto, em 5 de Janeiro de 2006, considerada “um dos nomes mais significativos da nossa literatura juvenil, mas cuja obra se estende ao romance, ao conto e à crónica. Vivia no Porto desde 1934, ano em que chegou a Portugal, fugindo da ascensão nazi. 

No dia seguinte à sua morte, o PÚBLICO, referia que, “Embora existam precedentes célebres, não é nada vulgar que alguém consiga tornar-se um autor de reconhecida relevância numa língua com a qual só contactou já na idade adulta. É esse o caso de Ilse Losa, que poucas palavras conheceria em português quando a sua condição de judia a obrigou a deixar a Alemanha e a procurar refúgio no Porto, onde desembarcou em 1934, aos 21 anos. Do tempo que viveu no seu país natal, desde a infância passada com os avós numa aldeia próxima de Osnabrück até à sua fuga de uma Alemanha que acabara de levar os nazis ao poder, deixou-nos um notável testemunho no seu romance de estreia, O Mundo em que Vivi, escrito já directamente em português e publicado em 1949. Ficção fortemente autobiográfica, o livro conta a história de uma rapariga judia, Rose Frankfurter - loura e de olhos azuis, tal como Ilse Losa -, que escapa in extremis ao horror dos campos de concentração. https://www.publico.pt/2006/01/07/jornal/ilse-losa-19132006-uma-escritora-entre-dois-mundos-57080

O Mundo em que em Vivi - Uma das várias obras escritas pela autora – Este livro conta-nos a história de uma menina que, na infância, passara a viver com seus avós na Alemanha dos Kaiser durante  a Primeira Grande Guerra Mundial  e depois com os pais até a eleição de Hitler como Chanceler do Reich. Uma menina judia perante a contradição dos costumes alemães com a tradição no seio de uma família a que pertence. Relata-nos, junto com a avó, como admirava as reuniões aos sábados na Sinagoga, e perguntava porque as mulheres ficavam separadas dos homens, nas cerimónias religiosas, também sentia-se fascinada quando liam o rolo e desfraldavam a bandeira de David na maneira de como era atraída pelas letras hebraicas. – Excerto O Mundo em Que Vivi – Wikipédia,

BIOGRAFIA - lse Lieblich Losa (Melle-Buer, 20 de março de 1913 — Porto, 6 de janeiro de 2006) foi uma escritora portuguesa de origem judaica. Nascida na Alemanha, frequentou o liceu em Osnabrück e Hildesheim e mais tarde um instituto comercial em Hannover. Ameaçada pela Gestapo de ser enviada para um campo de concentração devido à sua origem judaica, abandonou o seu país natal em 1930. Deslocou-se primeiro para Inglaterra onde teve os primeiros contactos com escolas infantis e com os problemas das crianças. Chegou a Portugal em 1934, tendo-se fixado na cidade do Porto, onde casou com o arquiteto Arménio Taveira Losa, tendo adquirido a nacionalidade portuguesa. Em 1943, publicou o seu primeiro livro "O mundo em que vivi" e desde dessa altura, dedicou a sua vida à tradução e à literatura infanto-juvenil, tendo sido galardoada em 1984 com o Grande Prémio Gulbenkian para o conjunto da sua obra dirigida às crianças. Em 1998 recebeu o Grande Prémio de Crónica, da APE (Associação Portuguesa de Escritores) devido à sua obra À Flor do Tempo. Colaborou em diversos jornais e revistas, alemães e portugueses, está representada em várias antologias de autores portugueses e colaborou na organização e traduziu antologias de obras portuguesas publicadas na Alemanha. Traduziu do alemão para português alguns dos mais consagrados autores. Segundo Óscar Lopes "os seus livros são uma só odisseia interior de uma demanda infindável da pátria, do lar, dos céus a que uma experiência vivida só responde com uma multiplicidade de mundos que tanto atraem como repelem e que todos entre si se repelem". Ilse Losa - Wook


sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Ricardo Dinis – O navegador solitário, do mar sem fim, que evoca as epopeias marítimas dos bravos aventureiros portugueses das caravelas – Uma das quais a viagem de Fernão de Magalhães - Somos um pais com a tradição do maior passado histórico por mares nunca dantes navegados, todavia, no livro de “OS NAVEGADORES SOLITÁRIOS”, de Jean Merrien, que primeiramente sulcaram os oceanos, não consta nenhum valoroso nome português –


 Jorge Trabulo Marques - Jornalista




Ricardo Dinis é um exemplo singular, na atualidade, de coragem dos  portugueses que, voluntariamente,  se aventuram a grandes travessias oceânicas,  solitárias e em veleiros: nas docas portuguesas,  existem bons barcos à vela,  atracados, de excelentes linhas, bem aparelhados e equipados, contudo, mais deles, limitam-se a passeios costeiros ou de simples veraneio e não optam pela aventura solitária através das vastas extensões oceânicas: sim, como diz Jean merrien, navegador e escritor francês especializado em história marítima, “os yachtmen, os que se recreiam no mar, não são marinheiros ou desportistas: são proprietários de Yachtes, como se possuiu um automóvel”

Ricardo Dinis nasceu em Lisboa, em 3 de Fevereiro de 1977 e, certamente, logo de menino, com os olhos a postos no Tejo e a perscrutarem o sonho do rumo que tomam os barcos quando a vista deixa de os alcançar para além da linha do horizonte, partindo ao encontro de outras terras e de outros portos e de outras gentes –   Talvez na senda do que diz o poema de Fernando Pessoa, no heterónimo de Alberto Caieiro, de que  “O Tejo é o mais belo rio que corre pela minha aldeia... do tejo vai-se para o mundo... para além do Tejo há América  E a fortuna daqueles que a encontram.”


Ele em que, segundo refere a sua biografia,  “Os fins de semana eram passados na Costa da Caparica na casa da Avó Adelaide e do Avô Emídio. Com apenas cinco anos juntou-se ao Pai, que trabalhava em Londres, A sua vida lá foi feliz mas não foi fácil, até porque, “…as saudades de Portugal eram imensas e dolorosas.”

Com 8 anos a família levou-o a Greenwich, num passeio de fim de semana. A ideia era mostrar-lhe a “Cutty Sark”, um navio que décadas antes ostentara a bandeira de Portugal. Mas o jovem Ricardo não ligou muito àquela embarcação, preferindo a “Gipsy Moth IV”, ali mesmo ao lado, um pequeno veleiro com quem essa lenda da vela, Sir Francis Chichester, realizou – sozinho a bordo – a volta ao mundo à vela sozinho nos anos 60. Com a curiosidade própria de uma criança, o Ricardo quis saber tudo sobre aquele homem e seu veleiro. Enquanto regressavam para casa, o Ricardo afirmou, firme, que “um dia também vou ser navegador solitário!” - Pormenores mais à frente

Não se compreende a razão pela qual se terá perdido a paixão pela aventura marítima –  E tantos foram aqueles tragados pela fúria das vagas! - Se bem que voltássemos  a ser pioneiros nos ares.


Em 1922, Gago Coutinho e  Sacadura Cabral, depois de todas as terras terem sido descobertas, de todos os mares terem sido navegados, entenderam que chegara  a vez de explorar os ares por onde nenhum ser humano tinha estado, desafiando rotas cada vez mais longas e arriscadas. Nomeadamente a travessia Lisboa-Rio de Janeiro. a primeira em vovo aéreo do Oceano Atlântico com navegação astronómica, e primeira do Atlântico Sul.  

No entanto, o facto de não constar qualquer nome,  na lista dos pioneiros solitários,na navegação solitária,  tal não significa que não tenha havido portugueses, nomeadamente pescadores,  que, em pequenas embarcações e tendo-se afastado da costa, por força de tempestades ou mesmo do barco para onde recolhiam o pescado, não acabassem por  fazer longas travessias.Pois,  como reconhece ainda o autor de “Os Navegadores Solitários”, “ninguém  se pode vangloriar de ter sido o primeiro navegador solitário: desde que existem embarcações – de pesca ou de salvamento – têm existido marinheiro que ou sem querer, partiram ou se acharam sozinhos.

Na idade média, em Espanha, chegou uma dia à costa um “homem  vermelho e estranho” num tronco de árvore”. Segundo a descrição, que esclarece não ser um homem negro, trata-se de um americano numa piroga. Como teria chegado ali? Desviado por alguma tempestade? Como tinha subsistido? Conheceria o meio descoberto pelo Dr. Alaim Bombard de extrair água dos peixes? Esse conhecimento explicaria a descoberta e o povoamento das ilhas perdidas no pacífico, como a Ilha de Paques.

FOI UM CAPITÃO ALEMÃO QUE QUIS SERVIR-SE DA COSTA PORTUGUESA PARA A PRIMEIRA TRAVESSIA VOLUNTÁRIA NUM PEQUENO  CAIAQUE. – Em 1952

É  ainda o autor de “OS NAVEGADORES SOLITÁRIOS” a   bíblia dos aventureiros solitários da era moderna, a referir que  “a primeira travessia de caiaque Klepper, batizado Deutsches Spor, foi feita pelo capitão de origem alemã Franz Romer, que perseguia um objetivo científico e altruísta para demonstrar  que era possível sobreviver no mar largo, no seio do  oceano e alcançar a terra em um barco minúsculo. 


Tal como, mais tarde, em 1952, o fez num bote de borracha,  Alain Bombard, um médico francês de trinta e poucos anos, determinado a mostrar ao mundo que é possível sobreviver no mar sem comida, monido  apenas  de um sextante, uma linha de pesca, uma faca, uma rede de plâncton e algumas bugigangas.


Em 19 de outubro de 1952, Bombard iniciou sua viagem solitária, depois de visitar sua filha recém-nascida na França, através do Atlântico, para as Índias Ocidentais .  Bombard navegou em um barco inflável do Zodiac chamado l'Hérétique, que tinha apenas 4,5 metros de comprimento, exigia apenas um sextante e quase nenhuma provisão..
https://en.wikipedia.org/wiki/Alain_Bombard

A sua proeza visava afirmar que a maioria dos náufragos,  desmoralizados e afetados pelo desespero, acabam por se resignar à sua fatalidade e sucumbir, mais  por esse motivo  do que propriamente por falta dos recursos que o mar lhes  poderia oferecer: demonstrando que  a sobrevivência no mar é possível, bebendo água da chuva, um pouco de água do mar e sangue  de peixe, que não é salgado, comendo peixe cru e plâncton filtrado (fonte de combatente da vitamina C escorbuto)

Este foi também um dos meus objetivos, em Outubro  de 1975, quando fui largado numa frágil piroga, apenas munido de uma simples bússola,  um pouco a Norte da ilha de Ano Bom, localizada no Atlântico Sul, a 350 km da costa oeste do continente africano e 180 km a sudoeste da ilha de São Tomé  e Príncipe, que me levaria a uma dificil luta de sobrevivência, ao longo de 38 dias, a que já me referi  no meu site, “Odisseias nos mar”, que é justamente onde agora desejo destacar as proezas do navegador português,  Ricardo Dinis. 

RICARDO DINIS -  O SONHADOR QUE DESEJA SER EMBALADO PELA DANÇA E SONORIDADE DAS ONDAS

Em declarações a uma rubrica desportiva da TVI, Ricardo Diniz fez questão de esclarecer que não existe uma lógica desportiva no que faz. «O meu desporto são as ondas, não é a vela. Na Costa da Caparica faz-se surf ou bodyboard, não é vela e o meu pai nem sabe nadar» - Sim, mas seu pai, João Paulo Dinis (homem da Rádio e Televisão) é também é um aventureiro à sua maneira: pois foi nele em que, os militares  da Revolução de Abril,  confiaram  aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa,  a primeira senha para o arranque do Movimento das Forças Armadas que tinham como missão libertar Portugal do regime totalitário em que esteve mergulhado durante 48 anos.

A senha foi dada por João Paulo Diniz  ao colocar às 22 horas e 55 minutos do 24º dia do mês de Abril de 1974 a canção vencedora do Festival RTP,  o tema  “E Depois do Adeus, da autoria de José Niza e de José Calvário, na voz de Paulo de Carvalho.

Para o navegador Ricardo Dinis,  «Aquilo que me moveu sempre foi uma enorme paixão ao mar e a Portugal. Foi isso que me levou a encontrar formas de juntar as duas paixões de maneira útil, sempre com o objetivo de alcançar a excelência em nome de Portugal».https://tvi24.iol.pt/mais-longe-e-mais-alto/reportagem/um-miudo-sonhador-a-rescrever-a-historia-de-magalhaes-contra-ventos-e-mares
SULCANDO A VASTIDÃO DOS GRANDES OCEANOS 
"Até hoje Ricardo Diniz já navegou o equivalente a quase quatro voltas ao mundo à vela, com mais de 100.000 milhas navegadas. Fruto da sua rica criatividade, dedicação, espírito de sacrifício e capacidade de concretização, o Ricardo já desenvolveu inúmeras Expedições e Missões, confirmando a sua tremenda paixão pelo Mar e, acima de tudo, por Portugal.

Todos os seus projectos têm como objectivo celebrar, promover e honrar algo de muito Português. Para mencionar alguns, em 2005, fez o Lisboa-Dakar à vela, ao mesmo tempo que o famoso rally, para reforçar a importância das energias renováveies e de como Portugal precisava investir mais nesta área. Em 2006, navegou entre Portimão e Londres com uma garrafa de Vinho do Porto (Taylor’s, obviamente) para oferecer à Rainha Isabel II, para sublinhar os seus 80 anos de vida, quando se assinalavam os 250 anos da criação da Região Demarcada do Douro e para celebrar a Aliançã Mais Antiga Da História. Em 2012 circum-navegou a Zona Económica Exclusiva de Portugal, a maior da Europa e uma das maiores do mundo, estando no mar 24 dias sem nunca ver terra, para chamar a atenção para o imenso potencial daquele Mar, tão Português. Mais recentemente, em 2014, navegou sozinho entre Lisboa a Salvador da Bahia num tributo à Selecção Nacional, presente no Mundial de Futebol, a quem ofertou uma Bandeira de Portugal e uma enorme garrafa de vidro feita na http://ricardodiniz.com/bio/

DAR VOLTA AO MUNDO EM CATAMARÃ AO MUNDO COMO MAGALHÃES –RICARDO DINIS NA PEUGADA DE UM SONHO – QUE DURARÁ TRÊS ANOS

O projeto foi anunciado, em Fevereiro do ano passado, pelo que é natural que, Ricardo Dinis, já tenha zarpado com proa à sua arrojada aventura

 - 07/02/2019Cinco séculos depois de Fernão de Magalhães ter iniciado a primeira circum-navegação da Terra, outro velejador português prepara-se para dar a volta ao Mundo em homenagem ao histórico navegador. Ricardo Diniz vai partir para esta aventura a 20 de setembro de 2019, precisamente no dia em que faz 500 anos que Magalhães iniciou a viagem, então financiada pela corte espanhola

Em entrevista ao jornal “Diário de Notícias”, Diniz explica que o objetivo desta viagem em redor do Mundo tem como objetivos “dar a conhecer a história de Magalhães, promover Portugal e alertar para a importância de cuidar do mar”. A viagem vai ter início em Sevilha, ao contrário da de Magalhães que se iniciou em Sanlúcar de Barrameda, em Cádis.
A evolução dos tempos faz com que os meios sejam bem distintos da altura. Ricardo Diniz fazer esta viagem a bordo de um catamaran moderno. A viagem deverá durar cerca de três anos e será vegana, ecológica, terá yoga a bordo. O velejador português vai contar com uma tripulação internacional e com convés aberto à entrada de convidados que vão poder cumprir etapas da viagem.

Ricardo Dinis com o seu único companheiro
Ricardo Diniz deseja igualmente dar a conhecer melhor a história de Fernão de Magalhães ou, pelo menos, não a deixar cair em esquecimento, atirando que Portugal vive “obcecado” com Vasco da Gama. Sinto que ele é uma espécie de herói esquecido em Portugal. O mundo reconhece-o e aprecia-o muito mais. Magalhães é nome de marcas de roupa, de fundos de investimentos, de inúmeros barcos, de marcas de GPS e até de crateras na Lua e programas espaciais da NASA”, afirmou ao DN.
“Nós, em Portugal, vivemos muito obcecados com Vasco da Gama. Só em Lisboa tem o seu nome numa ponte, num centro comercial, num aquário, num jardim... Claro que o que ele conseguiu [descoberta da rota marítima para a Índia] foi muito importante e trouxe imensa riqueza ao país, mas por outro lado Magalhães provou muita coisa, abrindo novos caminhos, e mostrou coragem, liderança, visão e determinação até ao final da sua vida. Esses são valores essenciais ao mundo de hoje. E o exemplo de Magalhães ajuda a transmiti-los”, defendeu. https://beachcam.meo.pt/newsroom/2019/02/portugues-da-volta-ao-mundo-500-anos-depois-de-magalhaes/

COM UM APOIO DE PESO  - “3,5 milhões de euros para replicar circum-navegação de Magalhães” -  Desejo-lhe que seja bem sucedido


"Elon Reeve Musk, o patrão do Tesla, da SpaceX e da SolarCity ou uma das maiores empresárias portuguesas ou ainda a maior gestora angolana, são os possíveis sponsors de Ricardo Dinis, o navegador solitário português que se propõe reproduzir – ao longo dos próximos três anos – a rota de circum-navegação de Fernão de Magalhães e de Juan Sebastian Elcano, concretizada há 500 anos.

O mais recente almoço-debate do International Club of Portugal (ICPT) foi o palco escolhido por Ricardo Dinis, jornalista mas sobretudo navegador, que ao longo dos últimos 20 anos representou marcas que querem afirmar-se no mundo. https://www.vidaeconomica.pt/vida-economica-1/publicacoes/edicao-num-1776-do-vida-economica-de-04032019/negocios-e-empresas/135-milhoes-de-euros-para-replicar-circum-navegacao-de-magalhaes