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terça-feira, 13 de maio de 2008

POETAS!... VINDE VER O MAR! ... ANTÓNIO RAMOS ROSA - Responde em versos ao convite poético de JORGE TRABULO MARQUES - E o mesmo faz sua esposa, Agripina Costa Marques



Jorge Trabulo Marques e António Ramos Rosa  - Num dos amistosos convívios - Este num café próximo de sua casa.



 Ao  Poeta António Ramos Rosa e sua esposa Agripina Costa Mar

À fotografia  dedicou-lhe  o poema "Uma Palvra Trrestre

Esta é, pois,  a minha singela homenagem a dois grandes amigos, ambos poetas: a António Ramos Rosa, que me honrou  com dois belos poemas, um inspirado na minha exposição fotográfica, “Em Nome das Pedras”, que apresentei no Bar Tertúlia, no Bairro Alto,  a que deu o título  de “Uma Palavra Terrestre”,  que merceu destaque no DN,  bem como a um outro em resposta ao meu convite AMAR(O) MAR, que, ao ler-lho, me respondeu com um belíssimo poema, que inclui no catálogo da exposição “ Sobreviver no Mar dos Tornados e e Tubarões,  no Padrão dos Descobrimentos, em Março de 1999, bem como o de sua esposa,   Agripina Costa Marques, a quem devo outro lindo poema que me dedicou ao meu espírito aventureiro e que também incluiu no mesmo catálogo


Disponho de bonitas fotografias do amável e distinto casal - Entrevistei, António Ramosa,  pela primeira, quando esteve internado num Hospital, após o que me receberia várias vezes no seu lar e, mais tarde, no internamento da  Residência Mantero, tendo-lhe transcrito vários poemas de rascunho ou mesmo gravados, que acabava de criar,  a letra de imprensa pelo meu computador 


CONVITE (A)MAR O MAR

Ó poetas!
Sonhadores de ilusões e mistérios
Vinde pelo mar em frente!
Solitários ou com outra gente!
Vinde ver o mar!
Aqui há sombras de pasmar
Silêncios infinitos
Vozes a falar de abismos
Chamamentos ocultos
Gargalhadas, risos,
Delírios! Loucuras e gritos!
Marulhos a ressoar
Explosões, estrondos de atordoar
Espaços puros, abertos!
Fumos, nevoeiros etéreos!
Vastos desertos de embriagar os sentidos.
- Poetas! Vós que amais o mar
Vinde, vinde ao mar!

Jorge Trabulo Marques

De seguida resposta de António Ramos Rosa

Vinde ver a frondosa fronte do mar
A sua violência verde, os seus turbilhões brancos.
Vinde ver os deuses que ainda não morreram,
com a sua nudez de vagas harmoniosas,
De sinfonias ondulantes, de lamentos tumultuosos.
Vinde ver o que ainda está vivo com as suas artérias,
As suas extensas planuras com vagarosas luas.
Vinde ver a escultura monótona e brilhante
Das suas águas primitivas com seus peixes luxuriantes.
Esta é a plenitude da lava, da limpidez do sémen
Do mundo, a vivacidade das aéreas áreas
Que se inscrevem nas águas com a vibração primeira
Dos primeiros pés virgens que sulcaram as ondas.
Quem poderá esquecer essas panteras fugidias
Que ondulam, como luas nas faixas da água?
Só no mar o sol é sorriso do ocidente
E nele mergulha o azul com a lentidão de um astro.
Vinde, vinde ver o reino que ainda existe
Que se respira a luminosa esteira dos deuses.


António Ramos Rosa - 30.01.95






Tanbém a sua extremosa esposa, mulher de grande sensibilidade,  também autora de belos poemas,  me respondeu com estes versos 

Tu que na vida és ávido.
Tua exigência extrema não tem comum medida
com esquemas intermédios;
não pode acomodar-se à vida por metade.
Tudo ou nada. E a vida se te impõe
em intensidade e risco, na vertingem do abismo:
porque tocas o abismo quando o fruis
em inultrapassável densidade;
quando já nada pode separar-te
dos soltos elementos; a voz da tua voz.
Um só furor; a mesma plenitude.

Uma só descoberta: quanto em ti próprio és
toda a potência cósmica em desmesura.
Na dimensão do excesso a vida em ti se cumpre.

Mareante nostálgico da aventura ancestral,
em gesta solitária ( e os rudimentares aprestos
que te bastam em teu despojamento
- superando-te ante adversas forças)
ao recriares em ti o “mundo novo”
buscas ainda do instrante o último limite.

Agripina Costa Marques

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