Jorge Trabulo Marques e António Ramos Rosa - Num dos amistosos convívios - Este num café próximo de sua casa.
Ao Poeta
António Ramos Rosa e sua esposa Agripina Costa Mar
À fotografia dedicou-lhe o poema "Uma Palvra Trrestre |
Esta é, pois, a minha singela homenagem a dois grandes amigos, ambos poetas: a António Ramos Rosa, que me honrou com dois belos poemas, um inspirado na minha exposição fotográfica, “Em Nome das Pedras”, que apresentei no Bar Tertúlia, no Bairro Alto, a que deu o título de “Uma Palavra Terrestre”, que merceu destaque no DN, bem como a um outro em resposta ao meu convite AMAR(O) MAR, que, ao ler-lho, me respondeu com um belíssimo poema, que inclui no catálogo da exposição “ Sobreviver no Mar dos Tornados e e Tubarões, no Padrão dos Descobrimentos, em Março de 1999, bem como o de sua esposa, Agripina Costa Marques, a quem devo outro lindo poema que me dedicou ao meu espírito aventureiro e que também incluiu no mesmo catálogo
Disponho
de bonitas fotografias do amável e distinto casal - Entrevistei, António
Ramosa, pela primeira, quando esteve internado
num Hospital, após o que me receberia várias vezes no seu lar e, mais tarde, no
internamento da Residência Mantero,
tendo-lhe transcrito vários poemas de rascunho ou mesmo gravados, que acabava de
criar, a letra de imprensa pelo meu
computador
CONVITE (A)MAR O MAR
Ó poetas!
Sonhadores de ilusões e mistérios
Vinde pelo mar em frente!
Solitários ou com outra gente!
Vinde ver o mar!
Aqui há sombras de pasmar
Silêncios infinitos
Vozes a falar de abismos
Chamamentos ocultos
Gargalhadas, risos,
Delírios! Loucuras e gritos!
Marulhos a ressoar
Explosões, estrondos de atordoar
Espaços puros, abertos!
Fumos, nevoeiros etéreos!
Vastos desertos de embriagar os sentidos.
- Poetas! Vós que amais o mar
Vinde, vinde ao mar!
Jorge Trabulo Marques
De seguida resposta de António Ramos Rosa
A sua violência verde, os seus turbilhões brancos.
Vinde ver os deuses que ainda não morreram,
com a sua nudez de vagas harmoniosas,
De sinfonias ondulantes, de lamentos tumultuosos.
Vinde ver o que ainda está vivo com as suas artérias,
As suas extensas planuras com vagarosas luas.
Vinde ver a escultura monótona e brilhante
Das suas águas primitivas com seus peixes luxuriantes.
Esta é a plenitude da lava, da limpidez do sémen
Do mundo, a vivacidade das aéreas áreas
Que se inscrevem nas águas com a vibração primeira
Dos primeiros pés virgens que sulcaram as ondas.
Quem poderá esquecer essas panteras fugidias
Que ondulam, como luas nas faixas da água?
Só no mar o sol é sorriso do ocidente
E nele mergulha o azul com a lentidão de um astro.
Vinde, vinde ver o reino que ainda existe
Que se respira a luminosa esteira dos deuses.
António Ramos Rosa - 30.01.95
Tu que na vida és ávido.
Tua exigência extrema não tem comum medida
com esquemas intermédios;
não pode acomodar-se à vida por metade.
Tudo ou nada. E a vida se te impõe
em intensidade e risco, na vertingem do abismo:
porque tocas o abismo quando o fruis
em inultrapassável densidade;
quando já nada pode separar-te
dos soltos elementos; a voz da tua voz.
Um só furor; a mesma plenitude.
Uma só descoberta: quanto em ti próprio és
toda a potência cósmica em desmesura.
Na dimensão do excesso a vida em ti se cumpre.
Mareante nostálgico da aventura ancestral,
em gesta solitária ( e os rudimentares aprestos
que te bastam em teu despojamento
- superando-te ante adversas forças)
ao recriares em ti o “mundo novo”
buscas ainda do instrante o último limite.
Agripina Costa Marques
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