TEMOS VERDADEIROS HERÓIS DO MAR - MAS NÃO SOBEM ÀS TRIBUNAS...
Já não assistimos à imposição de medalhas aos familiares dos que perderam ingloriamente as vidas numa guerra longa e injusta, e mesmo a alguns vivos por haverem cumprido (com total entrega) um dever que lhes fora imposto – Quando os ventos em África sopravam a favor da libertação dos povos, nós continuávamos orgulhosamente sós afirmar que Portugal ia do Minho a Timor.
E, agora, quais são os novos heróis de merecido mérito?!... Continua haver comendadores e amedalhados – Claro, mais deles por serem grandes devotos de quem lhes confere o distinto galardão. Mudou o regime mas as varejas são as mesmas - Portugal já não tem mais império mas tem muita água salgada e está à venda; os principais compradores são os filhos dos novos ricos que colonizámos - Saúdo o meu país profundo que mais sofre e continua a viver a meias com a pobreza e as lindas Ilhas de São Tomé e Príncipe, para onde meu coração se reparte e cuja população aguarda ainda a sua oportunidade
JÁ NÃO TINHAM QUE TRAGAR, JÁ NÃO TINHAM QUE BEBER - BEBERAM ÁGUA DO MAR: COMERAM UMA TARTARUGA QUE PESCARAM - E MATARAM O POBRE CÃO QUE TINHAM A BORDO PARA MITIGAREM A FOME
*******- Não deixe de ouvir o testemunho de um dos meus heróis - Tinha 16 anos. Foi um dos 73 sobreviventes do naufrágio do bacalhoeiro João Costa, que sairá de Lisboa, em 15/04/1952 para os Bancos da Terra Nova e Gronelândia – Na viagem de regresso, um circuito eléctrico, provocou um incêndio a bordo, levando o barco ao fundo. Foram largados os 23 doris, que acabariam por andar sete dias à deriva, até que foram localizados a cerca de centena e meia de milhas dos Açores, pelo navio americano, o STEEL EXECUTIVE que recolhera 35 pescadores a bordo em 8 dóris; tendo os restantes 27, sido encontrados pelo navio Alemão HENRIETTE SCHULTE que os recolhera dos 6 dóris. - Tenho pena de não ter ficado com o nome deste bravo lobo do mar, devido a um problema de ordem técnica com a gravação. Mas aqui fica, porém, o testemunho de um dos verdadeiros heróis do mar - Aqueles que são esquecidos e dificilmente medalhados - Os pormenores do naufrágio poderão ser lidos em: RECORDANDO O NAUFRÁGIO DO NAVIO-MOTOR BACALHOEIRO JOÃO COSTA
FIGURAS QUE TÊM AINDA NOS ROSTOS OS SULCOS DO GRANDE OCEANO - OLHOS QUE SE SOFRERAM OU SE DESLUMBRARAM COM AS MARÉS - HERÓIS ANÓNIMOS QUE CRUZARAM OS GÉLIDOS MARES DA TERRA NOVA - E QUE AGORA VIVEM DE UMA MAGRA REFORMA E DAS SUAS MUITAS RECORDAÇÕES. - A sua terra natal é a Figueira da Foz e o seu país é Portugal.
Fomos um país de marinheiros - E hoje o que somos?!..."Não tínhamos mais nada, tínhamos água. Essa ideia da extensão da plataforma continental é sempre a mesma, a de que agora não temos terra, mas temos água" Eduardo Lourenço, hoje no DN"
"O nosso mar já vale cerca de 10 a 11% do PIB" - Diz Assunção Cristas Ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território" Numa entrevista ao DN, afirmando que "Não precisamos de abater barcos. Precisamos de modernizá-los - Mas onde é que estão os barcos?!... - A resposta vem do Almirante Fernando José Ribeiro de Melo Gomes "Antes do 25 de Abril tínhamos 150 navios comerciais de 300 toneladas; hoje temos 12. Deixámos de ser grandes empresários do mar"
Hoje, o saudosismo português, vive da memória do que fomos ou do que pelo menos sonhamos vir a ser. Pelo que depreendo do extenso trabalho, que o DN, dedicou aos heróis do mar no Dia de Portugal - não há os heróis de antigamente mas não faltam por aí candidatos - Até porque "o negócio mostra que o futuro está no peixe que não vem do mar".E, na verdade, não é por falta de tubarões à solta e fora da água que o negócio deixa de se fazer.Por outro lado, podemos também dormir descansados: "Sei que o petróleo existe" - diz a mediática ministra do mar- " em princípio não há dúvidas quanto a isso. A única dúvida é sobre se é rentável explorá-lo" Também São Tomé vive na mesma miragem: dizem os especialistas que há petróleo em abundância nas suas águas profundas mas a altos custos - E, se houver?! - A quem serve?!..Angola vai
criar fundos especiais para São Tomé e Príncipe........Sonangol está claramente interessada no petróleo de
São Tomé,.............SONANGOL ADQUIRE 51% DAS ACÇÕES DA STP
AIRWAYS
.....
Todos os países celebram o seu dia nacional - Nos regimes governados por ditaduras, tudo é pretexto para se enaltecer o opressor e os seus cúmplices, confundindo-se o conceito de nação com a figura intocável do caudilho. Nas democracias, não é a mesma coisa, mas não deixa de ser mais um dia de cerimónias de aparato e circunstância para os políticos se exibirem - Não seria mais sensato, que, em vez do habitual folclore do regime, se desse aos cidadãos a oportunidade de manifestarem o seu patriotismo, conforme entendessem, tomando as iniciativas que achassem por bem defender os seus interesses e que, os políticos, ficassem de fora a observá-los?! - Sim, porque, uma nação é algo mais do que a história do seu passado, é também o presente e o futuro - De modo algum, é um conceito abstrato, mas é todo um povo. E, como é compreensível, nem todo ele se revê nos discursos de ocasião.
De facto, hoje é o dia de Portugal, de Luís de Camões – e das Comunidades Portuguesas. É mais um dos feriados nacionais - Para tornar a vida ainda mais dura aos assalariados, no próximo ano haverá menos quatro - Vão os religiosos e até o 1º de Dezembro, dia da Restauração Nacional, não se safa!
Mas, o 10 de Junho, por agora ainda se mantém - Já não é o dia da raça e dos racismos; o tempo desse, já lá vai e não deverá deixar saudades. A 12 de Julho do próximo mês comemora-se o aniversário da independência de São Tomé e Príncipe. Que completará os seus 37 anos como nação soberana. Desembarquei na Baía Ana de Chaves, a bordo do paquete Uíge, em Novembro de 1963. Só doze anos mais tarde, voltaria à minha aldeia. Cheio de saudades. Mas, hoje, creio que são mais as que tenho de São Tomé das que tinha de Portugal, quando de lá regressei. Sou português e admiro as odisseias marítimas dos meus antepassados. Especialmente o grande épico Luís de Camões, que, de forma tão elevada, ele que também foi marinheiro , soube interpretar, como ninguém, "as cousas do mar, que os homens não entendem"
De facto, hoje é o dia de Portugal, de Luís de Camões – e das Comunidades Portuguesas. É mais um dos feriados nacionais - Para tornar a vida ainda mais dura aos assalariados, no próximo ano haverá menos quatro - Vão os religiosos e até o 1º de Dezembro, dia da Restauração Nacional, não se safa!
Mas, o 10 de Junho, por agora ainda se mantém - Já não é o dia da raça e dos racismos; o tempo desse, já lá vai e não deverá deixar saudades. A 12 de Julho do próximo mês comemora-se o aniversário da independência de São Tomé e Príncipe. Que completará os seus 37 anos como nação soberana. Desembarquei na Baía Ana de Chaves, a bordo do paquete Uíge, em Novembro de 1963. Só doze anos mais tarde, voltaria à minha aldeia. Cheio de saudades. Mas, hoje, creio que são mais as que tenho de São Tomé das que tinha de Portugal, quando de lá regressei. Sou português e admiro as odisseias marítimas dos meus antepassados. Especialmente o grande épico Luís de Camões, que, de forma tão elevada, ele que também foi marinheiro , soube interpretar, como ninguém, "as cousas do mar, que os homens não entendem"
.Nasceu no ano de 1524 e morreu a 10 de Junho de 1580,
em condições miseráveis. Aprecio a leitura de Os Lusíadas mas
já não nutro a mesma simpatia e admiração pelo expansionismo e
domínio colonial - Os tempos áureos dessa expansão, também foram difíceis
para a grande maioria do povo português, cuja população dos meios rurais,
vivia agarrada aos campos, debatendo-se com mil dificuldades, mal fazendo face
à sobrevivência. Ou a trabalhar de sol a sol para os senhores feudais. Hoje,
esses mesmos campos, estão ao abandono e as cidades transformadas em colmeias e com
muitas "abelhas" a passarem fome. Em África, por essa altura, não se
pode dizer que os africanos (antes de serem colonizados) vivessem no paraíso
das delícias, pois, entre eles, também já existiam os sobas e os súbditos. E também
o comercio escravo, nomeadamente com os árabes. No entanto, tudo se complicaria
ainda mais com a chegada dos cruzados: que desembarcavam com a cruz numa mão e na outra a espada. E o mais ignóbil foi a deliberada dessacralização dos seus ídolos e dos seus
deuses, impondo-lhes crenças e cultos (à força) que não eram os seus e
que assentavam (assentam, ainda hoje), na hipocrisia. Já que a doutrina de Cristo,
há muito foi subvertida e usada como forma se subjugarem as almas e de se explorarem gratuitamente os
corpos.
Também é verdade que, em muitos casos, o fim do colonialismo, não se traduziu no tão desejada progresso e bem-estar dos povos. Uma nova elite tomou o lugar dos colonos e tem-se portado ainda pior.Aliás, foram buscar os que mais os exploraram, para que, com a sua experiência, a exploração humana fosse ainda mais severa e despudorada.
1600 - A partir desta data, os Jesuítas , que se tinham estabelecido em
Angola, concentrarão os seu esforços em Luanda, onde fundarão um
colégio.
Paralelamente, envolver-se-ão no comércio de escravos - a Companhia de Jesus dispôs dos seus próprios barcos no Brasil -, alegando que a melhor forma de converter um negro era a sua venda para as plantações da América do Sul, que a Companhia de Jesus igualmente detinha, onde melhor poderiam ser introduzidos na Cristandade.
Também é verdade que, em muitos casos, o fim do colonialismo, não se traduziu no tão desejada progresso e bem-estar dos povos. Uma nova elite tomou o lugar dos colonos e tem-se portado ainda pior.Aliás, foram buscar os que mais os exploraram, para que, com a sua experiência, a exploração humana fosse ainda mais severa e despudorada.
Claro que não estou a particularizar e apontar exemplos mas a dizer o que
vai por esse velho continente adentro e afora. Até porque são questões muito delicadas para se expressarem em duas penadas e corre-se o risco de se ser mal interpretado. Bom, mas também não é esta a
intenção deste post. Hoje quero falar das coisas positivas: da coragem dos
antigos marinheiros - Quer dos portugueses, que partiram mar fora em frágeis
caravelas, quer dos homens das canoas, que abandonaram o litoral
africano e foram em demanda destas maravilhosas ilhas. É para eles que
vai a homenagem deste meu post.
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“Toda a História foi um instrumento ao serviço da propaganda”
Já o
disse noutros passagens deste site. O que foi narrado para a posteridade, acerca das descobertas portuguesas e a colonização, que lhe sucedeu, não traduz a
verdade dos factos, mas aquilo que mais convinha ao reino e aos patrocinadores
das navegações marítimas. Ainda hoje é assim nos jornais. Quem os controla, usa
a sua "verdade". Instrumentaliza-os de acordo com a sua ideologia ou os
objectivos políticos ou económicos que tem em vista
Mas, já agora,
vale a pena saber o que diz um dos estudiosos sobre o Dia de Raça, que daria
lugar a um outro significado mais humanista e menos imperialista - o
chamado Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas"
Conceição Meireles, numa análise publicada no Jornal Primeiro de Janeiro, diz o seguinte: “Quando se tenta exaltar o Dia da Raça, é a raça do povo português
entendida de uma forma geral, global”. O que está em causa é a
“originalidade” e “a capacidade dos portugueses”, explica Conceição
Meireles.
“O Estado Novo sempre quis sublinhar a originalidade do povo
português face aos outros povos europeus. Por alguma razão este pequeno
povo tinha uma História de séculos; era dos Estados mais antigos da
Europa e tinha um Império colonial que quase nenhum outro país europeu
possuía”.
Esta era a “raça do povo português que tinha de ser “exaltada a todo o
custo”, era a “raça no sentido do dia do povo português”, explica a
historiadora. O conceito de raça no Estado Novo deve ser entendido no
sentido em que significa “um povo diferente, aparentemente frágil, mas
com valores que lhe permitiram grandes realizações”. No dia da Raça e de
Camões “exaltava-se a nação e o império, a metrópole e as colónias” - Excerto de Estado Novo: 10 de Junho é "Dia da Raça"
ORIGEM
A origem do Dia de Portugal encontra-se nos trabalhos legislativos
após a Proclamação da República, a 5 de outubro de 1910. Um decreto que
definia os feriados nacionais é publicado, sendo que alguns feriados
religiosos são eliminados, para reduzir a influência social da Igreja
Católica e na criação de um Estado laico.
OPINIÃO DE UM ESCRITOR E MÉDICO BRASILEIRO
"Portugal
é um país de pequena extensão territorial e população igualmente
diminuta. No entanto, ao longo de sua existência como nação, que já se
vai aproximando do primeiro milênio, tem dado ao mundo exemplos
extraordinários de qualidade e operosidade de sua gente.
Cinco séculos passados maravilhou o mundo de então com suas descobertas de além-mar que deram “novos mundos ao Mundo”. 10 DE JUNHO. DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS
Cinco séculos passados maravilhou o mundo de então com suas descobertas de além-mar que deram “novos mundos ao Mundo”. 10 DE JUNHO. DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS
.NÃO ME CRUZEI COM AS VELAS DOS MARINHEIROS DAS CANOAS, MAS IMAGINEI-OS, MUITAS VEZES, NAQUELES MESMOS MARES, TAL COMO TAMBÉM, OS NAVEGADORES QUE ALI PASSARAM, MAIS TARDE, NAS SUAS CARAVELAS
Repetindo que escrevi noutras postagens anteriores
Há que realçar a coragem dos marinheiros lusitanos, que se fizeram ao mar apenas munidos de um mero astrolábio - Não dispunham de sextante, nem de cronómetro ou sequer de almanaque náutico que lhes possibilitasse algum rigor da navegação - Não iam completamente às cegas, porém, embora dispondo de alguma informação, iam à aventura! - Foram, indubitavelmente, grandes navegadores aventureiros!
Há que realçar a coragem dos marinheiros lusitanos, que se fizeram ao mar apenas munidos de um mero astrolábio - Não dispunham de sextante, nem de cronómetro ou sequer de almanaque náutico que lhes possibilitasse algum rigor da navegação - Não iam completamente às cegas, porém, embora dispondo de alguma informação, iam à aventura! - Foram, indubitavelmente, grandes navegadores aventureiros!
Sou português e não descuro os feitos marítimos dos meus antepassados. Mas também não quero fazer como a avestruz e meter a cabeça debaixo da areia. Nem fazer dos compêndios coloniais a bíblia sagrada.
Sem
deixar de admirar a coragem dos antigos navegadores, busco outras
interpretações. Eu próprio me desloquei de canoa, em Dezembro de 1970,
desde a Baía Ana de Chaves ao recanto de Anambó Local onde é suposto terem aportado pela primeira vez, João de Santarém e Pero Escobar
Curiosamente, (confrontando as imagens Padrão dos Descobrimentos - Anambó,***e :Anambó ) vejo que o sítio está agora mais bem conservado do que estava naquela altura, onde passei uma noite horrível, com
as costas sobre lascas e gogos de todos os tamanhos e feitios (pois ali
não existe praia de areia), mesmo quase sobre a margem onde as ondas
vinham bater, embrulhado pelas palmas dos coqueiros mas constantemente a
ser espicaçado e mordido por enormes caranguejos do mar e da terra, que
não me deram um minuto de descanso
Não
me deitei no mato, receando as cobras negras. E, ao alvorecer, perante
aquele vetusto e simbólico padrão, rodeado de palmas, tão belas,
sonoras e verdejantes, não me importei de homenagear os marinheiros de
quinhentos, com a bandeira portuguesa. .
Uma
coisa é a verdade histórica (e foi essa que eu procurei através de
várias travessias em pirogas e que ainda hoje questiono), outra, as omissões ou a que convinha ao Reino..
.
Todavia,
quer os portugueses, nas frágeis caravelas, quer os primeiros
povoadores, nas suas toscas pirogas, foram lobos do mar e heróis
desbravadores à sua maneira.
Também
as canoas africanas, à semelhança das grandes migrações no Pacífico, se
fizeram ao mar alto: Fizeram extensas travessias no Golfo da Guiné, tal
como os primitivos navegadores da Polinésia, considerados os
"navegadores supremos da história": que, velejando em linha, cada uma à
distancia da visão da canoa que lhe seguia atrás, até qualquer delas
divisar uma ilha habitável, atravessaram vastas extensões daquele imenso
oceano, colonizaram as mais remotas ilhas, algumas a milhares de
milhas, umas das outras, não dispondo sequer de uma bússola ou de
qualquer outro instrumento náutico
Do alto das velhas muralhas do Fortim de São Jerónimo,
onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas
rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali
me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só
pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!..
Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte
dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por
ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos
esquecidos no tempo!...
A todos os
homens do mar, de todos os continentes e cantos da Terra.
Aos
marinheiros e navegantes que, do Cais do Tejo, partiram pela barra do rio afora, em
frágeis caravelas, rumo ao misterioso oceano, em demanda de novas terras e
outras gentes, sofrendo horas infinitas em escaldantes e podres calmarias ou
“fugindo à tempestade e ventos duros.”
E, por via
disso,e, porventura, devido a desmesurados sonhos ou ao desamor e à compaixão
de ímpios deuses, a quantos perigos e adversidades se não expuseram!
“Contar-te
longamente as perigosas
Cousas do
mar, que os homens não entendem,
Súbitas
trovoadas temerosas,
Relâmpagos
que o ar em fogo acedem,
Negros
chuveiros, noites tenebrosas,
Bramidos
de trovões que o mundo fendem,
Não menos
é trabalhos que grande erro,
Ainda que
tivesse a voz de ferro.”
Camões
“E vendo-as todos em tão
grande perigo, ficaram assombrados,
e fora de si, temendo,
e julgando ser esta a derradeira hora da vida,
e com este temor se
chegaram todos a um padre da companhia de
JESUS (....). E depois
de confessados, e se pedirem perdão uns aos
outros, se puseram todos
de joelhos pedindo a Nosso Senhor
misericórdia.”
( in naufrágio de Albuquerque Coelho)
“Ó mar
salgado, quanto do teu sal
são
lágrimas de Portugal!
Por te
cruzarmos, quantos mães choraram!
Quantos
filhos em vão rezaram!
Quantas
noivas ficaram por casar!
Para que
fosses nosso, ó mar!”
Fernando Pessoa
Náufragos! De ontem e de Hoje!
Aqui, elevo aos deuses as preces
que não acabastes de rezar!
As clamorosas súplicas,
que proferistes, em vão,
beijando, perdidos,
enlouquecidos, ícones, rosários,
relíquias sagradas.
E choro,
choro as mesmas lágrimas,
de sal e de dor.
E comungo convosco
os eternos instantes,
as horas infindas de pavor,
o incontável rosário
de todas as vossas aflições!...
Sim, porque, o mar, não mudou;
o mar de hoje é o mar antigo de ontem, de outrora....
É o mar eterno, sem fim e sem
história!...
A sua voz é a voz dos tempos!...
O cheiro a maresia é o mesmo,
as ondas continuam a enrolar-se sem descanso
nos areais de todas as praias de todos os continentes!...
Ao largo, o cenário também é igual -
O mesmo círculo a estender-se, indefinidamente
-,
e, à volta do círculo, ainda o abandono,
a solidão de todas as eras...
Além disso, sei que, ouvindo o grito grave das gaivotas,
ainda ouço os vossos gritos
à mistura com o uivar desgrenhado
do vento
e o cavo ribombar do trovão,
que sucediam aos relâmpagos
que incendiavam e fundiam as espessas trevas!...
que sucediam aos relâmpagos
que incendiavam e fundiam as espessas trevas!...
Excerto de um poema de minha autoria,que acompanhou uma exposição que apresentei no Padrão dos Descobrimentos, em 1998
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