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La galerie Thuillier présent - Carmo Pólvora.
Vernissage le Mardi 14 Mai 2013 de 18h à 21h - Exposition du 10 au 23 Mai 2013
13 rue de Thorigny 750003 Paris
Carmo
Pólvora expõe hoje um conjunto das suas obras numa galeria, em Paris,
subordinadas ao tema genérico a "Invenção dos Mares", tendo
por fonte de inspiração "a narrativa real e simbólica
da História Trágico-Marítima". Tema que também me é
particularmente caro, daí achar oportuno, de, ao mesmo tempo ter o prazer
de aqui fazer a sua divulgação, homenagear uma grande artista e uma
boa amiga, de longa data, neste meu site, dedicado especialmente a temática marítima e às minhas
aventuras nos mares do Golfo da Guiné.
Não é a primeira vez que os seus quadros
são expostos na grande cidade da luz, do amor e da moda. Em outras cidades de
França, Bélgica, Alemanha, Espanha, Macau, Brasil, entre outros países. Nos
seus 38 anos de atividade artística, contam-se por inúmeras as exposições,
individuais e coletivas, nas mais prestigiadas galerias nacionais e
internacionais, com representação permanente em vários museus e instituições.
Trata-se, com efeito, de uma das artistas portuguesas de nome consagrado nas
artes plásticas
.
Sou amigo de Carmo, desde meados dos anos 80. Tenho pela sua obra e pela sua personalidade um especial carinho e admiração. De vez em quando, mais por obra do caso, lá nos encontramos pela FNAC do Chiado ou nalguma exposição. Sucedeu neste último Sábado. Estava ela e a Marisa Dias. Foi então que fiquei a saber que ia expor em França para onde ia partir no dia seguinte. Por isso mesmo, e, como já há algum tempo, não nos víamos, fomos tomar um cafezinho à Pastelaria Bernard - Momentos agradáveis e espirituosos, como acontece quando se convive com a Carmo. Entre nós, há, pois, um mútuo sentimento de amizade e de respeito, duradouro, que emana, desde que nos conhecemos (quando a entrevistei para a Rádio Comercial) e de um elemento comum, a enorme paixão pelo mar. Ela nasceu em Leiria. Além disso, é do signo caranguejo, cujo elemento é a água. Teve o seu primeiro batismo na Praia da Figueira da Foz, aos 4 anos. Eu só o teria aos 12 anos na Praia de Algés, mas tendo nascido bem mais longe da costa marítima, do que ela. - Por certo, já em criança, também quantas vezes deslumbrada pela maravilhosa paisagem do verde mar do mítico Pinhal de Leiria, mandado plantar por D. Dinis, o Lavrador, cujas madeiras viriam a ter um papel determinante na construção das caravelas da epopeia dos descobrimentos marítimos portugueses - Daí esse apego aos temas marinhos, porventura ainda mais reforçado, devido à herança de um certo subconsciente ancestral ou simplesmente fruto dessa vivência tão íntima com um arvoredo que, só por si, se estende por planícies e colinas como um autêntico oceano de verdura.
Imagem regista pela C.M de Loures, aquando do lançamento do livro“Viva a República- Loures 1915″ do jornalista António Valdemar ..
Vou passar de imediato a palavra ao
meu camarada e grande amigo António Valdemar ,
escritor e um verdadeiro mestre do jornalismo, brilhante orador e conferencista, um prestigiado investigador, sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Nacional de Belas Artes. Natural
de S. Miguel, Açores, foi jornalista no Diário de Lisboa, Diário de Notícias,
Capital, O Primeiro de Janeiro. Autor de vários livros, nomeadamente: "Ser ou Não Ser pelo Partido Ùnico"; "Garrett, vida e obra"; "Chiado: o peso e a Obra"; "Nemésio, sem limites de idade"; "Viva a República - 1915". Organizou
dezenas de exposições de escultores, pintores e ceramistas. Laureado com a medalha de
honra da Sociedade Portuguesa de Autores. Ele que é também um profundo conhecedor e
admirador da obra de Carmo Pólvora
REENCONTRO
SIMBÓLICO DE CARMO PÓLVORA
Ao concluir,
em 2013, 40 anos de carreira profissional, expondo regularmente, nas
principais cidades portuguesas e em espaços artísticos de prestígio
internacional, de Paris, Bruxelas, Tóquio, Osaka, Berlim, Frankfurt, Carmo
Pólvora apresenta, desta vez na Galeria Thuller, em Paris, um conjunto de
pinturas subordinado ao título genérico ‘Invenção dos Mares’.
Predomina
nesta série de óleos sobre tela a narrativa real e simbólica da História
Trágico-Marítima que é, tal como Os Lusíadas, de Luis de
Camões, e a Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, uma das
referências emblemáticas da cultura portuguesa.
Os Lusíadas refletem, num discurso épico,
os grandes problemas do tempo de Camões e as grandes questões dos tempos que o
antecederam, a História de Portugal desde a fundação da nacionalidade até à
descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Despojada da
epopeia, a Peregrinação confronta-nos com as proezas e
desventuras do andarilho e do marinheiro português. Recupera as torrentes da
memória: a evidência da condição humana na sua interminável diversidade. Veio
acrescentar, sem papas na língua, à saga dos heróis que ressurgem n’ Os
Lusíadas, a velhacaria dos traficantes portugueses, as rábulas, as
manhas, a astúcia, os roubos e o ecletismo sexual dos «cães malditos do cabo do
mundo».
Obra
coletiva de cronistas, poetas e escritores, a História Trágico –
Marítima conduz-nos a verificar nos seus relatos a coragem dos que
arrostaram «a fatalidade dos perigos», «arriscando vida e fazendas», «dando
nome com as viagens e sepulturas a países incógnitos e bárbaros». Mas a leitura
da História Trágico – Marítima também deve ser entendida como
«escola de cautelas», em face da «ira dos mares ou o descuido dos pilotos». O
universo textual não se circunscreve, porém e apenas, à anarquia da organização
das armadas, à impreparação dos pilotos, às deficiências na construção das
naus, ao excesso de cargas no regresso.
Livro negro
de Portugal nos mares, a História Trágico - Marítima ultrapassa
a cólera das ventos e das vagas alterosas, a ausência de formação humana e
profissional, a falta de um projeto mais amplo do que a mera exigência de
precauções a adotar, em matéria de navegação e de transporte. Leva-nos a olhar
para dentro de Portugal. Faz-nos sentir, página a página, esta verdade nua e
crua: cada naufrágio, é o próprio País que também naufraga. Sempre e cada vez
mais.
A
génese da exposição de Carmo Pólvora, na Galeria Thuller, em Paris, tem
raízes no conhecimento da História Trágico - Marítima que nos
explica a ruína do império e a progressiva decadência de Portugal.
Resulta, sem margem para equívocos, de condicionalismos e vicissitudes
ancestrais: dos descarados e repetidos atos de corrupção, dos interesses
inconfessáveis, do improviso, dum sistema de educação e ensino obsoletos; da
implacável dependência da Inquisição (das varias Inquisições que nos
amordaçaram e amordaçam em diversas conjunturas), do desperdiçar de energias,
das ruturas e desvios na continuidade de um plano nacional de ação política,
desinserido de um modelo de sociedade voltado para as necessidades do presente
e os imperativos do futuro.
A série
‘Invenção dos Mares’, que denuncia a criatividade e o domínio do ofício de
Carmo Pólvora, comprovados em quatro décadas de atividade profissional, integra
obras como ‘Invenção da Água’, ‘Caligrafia dos Mares’, ‘Mar
Habitado’ e ‘Tempestade Azul’, que estabelecem entre a pintura e o
pintor, um diálogo de situações de tensão e forte dramatismo. Mas sem excluir o
intenso cromatismo do azul da utopia possível e impossível e dos sinais da
esperança, mesmo exígua, que desponta no horizonte longínquo ou próximo, quando
as ameaças se tornam mais inquietantes. Por tudo isto, e em face desta
exposição de Carmo Pólvora, nos sentimos, quer queiramos, quer não queiramos,
participantes ativos e cúmplices obrigatórios.
Antonio
Valdemar
Presidente
da Academia Nacional de Belas Artes
Abril de
2013
NOUVELLE RENCONTRE SYMBOLIQUE
DE CARMO PÓLVORA
En complétant, en 2013, 40 ans de carrière professionnelle, exposant régulièrement dans les principales villes portugaises
et en des locaux artistiques de prestige international, de Paris, Bruxelles,
Tokyo, Osaka, Berlin, Frankfurt, Carmo Pólvora présente, cette fois-ci à la
Galerie Thuillier, à Paris, un ensemble de peintures subordonné au titre
générique « Invention des Mers».
Dans cette série d’huiles sur toile prédomine la narrative réelle et
symbolique l’Histoire du Voyage Tragique-Maritime qui
est, tel que Les Lusiades de Luiz de Camoens, et le Pèlerinage de
Fernão Mendes Pinto, une des références nucléaires de la culture portugaise.
Les Lusiades reflètent dans un discours épique, les grands
problèmes du temps de Camoens et les grandes questions des temps qui l’ont
précédé, l’Histoire de Portugal depuis la fondation de la nationalité jusqu’au
voyage du chemin maritime pour l’Inde.
Dépouillée de l’épopée, le Pèlerinage nous confronte avec
les prouesses et mésaventures du coureur et du marin portugais. Récupère les
torrents de la mémoire : évidence de la condition humaine dans son
interminable diversité. Il a ajouté sans avoir la pépie, à la saga des héros
qui résurgent dans Les Lusiades, la vacherie des trafiquants
portugais, les pannes, les ruses, l’astuce, les vols et l’éclectisme sexuel des
« chiens maudits du cap du monde ».
Œuvre collective de chroniqueurs, poètes et écrivains, l’Histoire
Tragique-Maritime nous conduit à vérifier dans ses compte-rendu le
courage de ceux qui ont affronté « la fatalité des dangers »,
« en risquant vie et domaines », « nommant avec les voyages et
les sépultures des pays incognitos et barbares » Mais la lecture de l’Histoire
Tragique-Maritime aussi désignée comme « école de
prévoyances », face à la « rage des mers ou à la négligence des
pilotes ». L’univers textuel ne se circonscrit pas, cependant et
seulement, à l’anarchie de l’organisation des armées, à l’impréparation des
pilotes, aux défaillances dans la construction des vaisseaux, aux chargements excessifs
au retour.
Livre noir de Portugal dans les mers, l’Histoire Tragique-Maritime dépasse
la colère des vents et des vagues altières, l’absence de formation humaine et
professionnelle, le manque d’un projet beaucoup plus ample que la simple
existence d’une « école de prévoyances » à adopter, en matière de
navigation et de transport. Il nous amène à regarder au sein de Portugal. Il
nous fait sentir, page à page, cette vérité nue et crue : à chaque
naufrage, c’est le Pays même qui naufrage également chaque fois plus.
La genèse de l’exposition de Carmo Pólvora réalisée maintenant à la Galerie Thuillier, à Paris, a ses racines dans la connaissance de l’Histoire Tragique-Maritime qui nous explique la ruine de l’empire et la progressive décadence de Portugal. Cela a été le résultat, sans aucune marge d’erreur, de contraintes et de vicissitudes ancestrales : des sans vergogne et répétés actes de corruption, des intérêts non avoués, de l’improviste, d’un système d’éducation et d’enseignement obsolètes ; de l’implacable dépendance de l’Inquisition, (des Inquisitions diverses et variées qui nous ont bâillonné en plusieurs conjonctures), du gâchis d’énergie, des ruptures et des déviations dans la continuité d’un plan national d’action politique, sans un modèle de société tourné vers les nécessités du présent et les impératifs du futur.
La série «Invention des Mers », qui dénonce la créativité et le
domaine du métier de Carmo Pólvora, prouvés en quatre décennies d’activité
professionnelle, intègre des œuvres tels que « Invention de l’eau »,
Calligraphie des Mers », « Mer Habitée » et « Tempête
Bleu », qu’établissent entre la peinture et le peintre un dialogue de
situations de tension, de fort dramatisme. Mais sans exclure l’intense chromatisme
du bleu de l’utopie possible et impossible et des signes de l’espoir même exigu
qui commence à paraître à l’horizon lointain ou proche, quand les menaces
deviennent plus inquiétantes. Pour tout cela, et face à cette exposition de
Carmo Pólvora, nous nous sentons, que l’on veuille ou on ne le veuille pas, des
participants actifs et des complices obligatoires.
Antonio Valdemar
Président de l’Académie National des Beaux Arts
Nasce em Leiria, radica-se em Lisboa, onde vive e trabalha como professora e artista plástica.
É licenciada em pintura, com especialização em gravura artística de metal,
pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa. Gradua-se em
ciências pedagógicas e, no curso de psicologia e psicanálise – Universidade
Clássica de Lisboa -, realiza algumas cadeiras, como contributo para a
investigação nas artes.
No Instituto de Artes e Ofícios da Fundação Ricardo Espírito Santo
desenvolve projectos como professora de desenho e tecnologia de pintura.
Em 1985 constitui o ‘Grupumus’ (de arte). É membro efectivo da Cooperativa
de Gravura Portuguesa e da Sociedade Nacional de Belas Artes. É cofundadora da
oficina de gravura Grafil/Diferença.
Expõe com regularidade desde 1973/74 em galerias e museus, portugueses e
internacionais, entre os quais Fundação Calouste Gulbenkian - Lisboa, Galeria
Arte e Manifesto - Porto, Jeunne Pinture Portuguese - Centre Georges Pompidou -
Paris, Fundação Calouste Gulbenkian - Paris e Galerie Thuillier - Paris,
Galeria Dedobox - Nice, Galerie La Forge e Embaixada Portuguesa na Bélgica -
Bruxelas, International Biennal Print Exhibit - Tóquio e Osaka, Fundação
Oriente - Macau, Bienal Den Europaischen Grafik e Galeria Hiedelberg - Berlim,
Galeria Rotterstr - Mannhein, Bienal Internacional de Gravura-Cracóvia, Museu
de Arte Brasileira F.A.A.P. - São Paulo e MAC - Museu de Arte Contemporânea - Rio
de Janeiro, entre outras.
Em 2010 realiza a exposição comemorativa dos 35 anos de actividade
artística ‘Invenção da Água’ - Museu da Água, Lisboa e Leiria.
Está representada em museus, colecções e edições de arte. A sua obra é
premiada em Portugal (Museu de Setúbal e Cidades Congéneres, Cooperativa de
Gravura Portuguesa e Edição/Aquisição Banco do Fomento Nacional), no Brasil
(S.E.S.C. Tijuca - Rio de Janeiro), em Espanha (Máximo Ramos - La Corunha).
5/Maio/2013
POSTAGEM SEGUINTE - AINDA DO MÊS DE MAIO
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