A subida dos oceanos, por um lado, devido
ao efeito de estufa causado pelas agressões climatéricas e o consequente
descongelamento dos pólos, por outro, bem como a ocupação desordenada das
áreas litorais, estas as principais causas dos fenómenos atmosféricos extremos
que têm assolado várias regiões do Globo.
No
último sábado e domingo o mar voltou encrespar-se em muitas praias da costa
portuguesa - A Costa da Caparica, uma das mais expostas e vulneráveis aos
efeitos devastadores da agitação marítima, foi de novo assolada por vagas
alterosas - Uma situação que se repete - com redobrada intensidade e
numa crescente ameaça - Sim, até ao dia em que todo o vale
limítrofe, for completamente absorvido pelo mar e se detenha
junto às arribas.
Um
cenário que veio relembrar o drama do princípio de Janeiro. Mas
também de anos anteriores. Desta vez, não houve uma onda gigante mas um
contínuo tropel de ondas enormíssimas, que vieram provocar igualmente muitos
estragos - Abrindo crateras, galgando esporões, que nada serviram de
quebra-mar, insuficientes para não impedirem que a sua fúria
viesse alastrar-se e a estender-se em montões de rolos de espuma
branquejante sobre o principal paredão marginal, provocando
inundações e estragos nalguns dos restaurantes ali situados.
ESPECTÁCULO MARAVILHOSO
E AO MESMO TEMPO PREOCUPANTE E AMEAÇADOR
Contemplar a agitação do mar,
junto à costa, sobretudo para quem se sente em terra firme e protegido, não há outro espetáculo mais atraente e sedutor! - Por isso, muitas foram as pessoas que,
alertadas pelas televisões, quiseram aproveitar a tarde de domingo para
contemplar tão maravilhosas imagens. Mesmo assim quem esquece ou ignora o aspeto
ameaçador e aterrorizador do oceano?...Sobretudo os donos dos
restaurantes que foram lesados pela sua violência - Danificando estruturas e impedindo o seu funcionamento.
RESTAURANTE DE ANTÓNIO
RAMOS(BARBAS) O MAIS AFETADO: FOI COM O DINHEIRO DO PRIMEIRO PRÉMIO DA LOTARIA NACIONAL QUE SE LANÇOU NO RAMO MAS AGORA VÊ COM PREOCUPAÇÃO O FUTURO.
Se não tivesse a carteira profissional de
jornalista, não teria sido fácil. Nomeadamente o acesso pela marginal, que estava sob vigilância das autoridades marítimas. Pois creio que não podia ter encontrado melhor posto de observação e até
testemunhado o momento em que uma onda vem surpreender a popular figura
benfiquista na restauração. Obviamente, também graças à sua compreensão e
gentileza. Tanto assim que a tarde era mais de ansiedade e de preocupação de que
a prestar atenção aos visitantes.
Na verdade, de novo os
restaurantes das praias da Caparica foram os mais prejudicados pelo
mau tempo do último fim-de-semana. Depois da tempestade Hércules, no dia 7
de Janeiro, os ter atingido, quer devido à forte ondulação, quer à
impossibilidade de funcionarem, pelos vistos, uma desgraça nunca
vem só. - O dono do "Barbas"
já nem sabia como deitar contas à vida: "tenho 50 empregados e tenho de
lhe arranjar dinheiro para lhes pagar ao fim do mês"- Declarou-me numa
curta entrevista que gravei em vídeo, junto ao seu restaurante.
Já há algum tempo que não ia à Costa da
Caparica. E quem ali vai, naturalmente que não deixa de ir ver o mar. Escolhi
para pouso o restaurante de António Ramos, que toda a gente conhece por Barbas
e cujo nome associa imediatamente ao seu restaurante.
Sim, ele é dos pioneiros: - As obras de
protecção empurraram-no para outra área mas, durante muitos anos, quem
chegava à Costa da Caparica, não deixava de encarar com o "Barbas"
- restaurante bar e uma discoteca no piso superior .
QUER QUE O NOME DO EUSÉBIO SEJA DADA À ROTUNDA
Além disso, a sua
figura também surge frequentemente associada ao Clube da Luz. Não
apenas nos jogos de futebol do Benfica, como também no próprio
restaurante – Autêntico centro tertuliano benfiquista. Desde associados,
dirigentes, treinadores a jogadores. A decoração está a condizer com o vermelho
benquista, há fotos nas paredes e agora até um enorme cartaz no exterior em
memória do Eusébio – Pois, segundo me declarou, tendo-se encontrado naquela
tarde, com os presidentes da Câmara Municipal de Almada e da Junta de Freguesia
da Caparica, quis aproveitar para lhe sugerir que fosse dado o seu nome à rotunda
que fica nas traseiras do seu restaurante, que é também outras das entradas de
acesso.
O Raimundo, velho amigo do "Barbas", acompanhando o pequeno Sebastião, o seu querido neto - Natural da Fonte da Telha, hoje com 67 anos, foi pescador e, depois, nadador-salvador e jogador de futebol do Atlético e do Estoril - Diz que há muitos anos que não via o mar tão bravo.
GASTAM-SE MILHÕES EM VEZ DE CORRIGIR O MAL PELA RAIZ – MAS SE ESSE PAPEL NÃO COUBER AO ESTADO,COM PROGRAMAS ESTRUTURANTES, SERÁ A AVIDEZ DOS INTERESSES IMOBILIÁRIOS A PUGNAR PELA SALVAGUARDA DA NOSSA ZONA LITORAL? - Consta-se que, empresa angolana (já cúmplice noutras sociedades com figuras gradas do regime), estaria de olho em bico numa das mais belas áreas ecológicas da Caparica, para fins imobiliários.
Agitação marítima costeira, sempre
houve e sempre haverá mas as constantes agressões ao meio ambiente, tendem ao
seu agravamento. Não é por acaso que, ainda recentemente, Nova Iorque teve temperaturas
de 50 graus negativos. Onda de frio derruba termômetro a 50°C negativos
O homem em vez de se preocupar com a preservação e defesa do meio ecológico, pelo contrário, atenta contra a sua harmonia. A dissolução da Sociedade CostaPolis, entidade gestora do Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades (Programa Polis) ,na Costa da Caparica, decidida no final de 2013, segundo se diz, veio inviabilizar as várias ações estruturantes em matéria de valorização e requalificação ambiental e urbana, desta área, designadamente as que visavam prevenir o avanço do mar – Pelos vistos, outros interesses se levantam, de cariz particular, que não os da salvaguarda de pessoas e bens, do interesse colectivo.
O homem em vez de se preocupar com a preservação e defesa do meio ecológico, pelo contrário, atenta contra a sua harmonia. A dissolução da Sociedade CostaPolis, entidade gestora do Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades (Programa Polis) ,na Costa da Caparica, decidida no final de 2013, segundo se diz, veio inviabilizar as várias ações estruturantes em matéria de valorização e requalificação ambiental e urbana, desta área, designadamente as que visavam prevenir o avanço do mar – Pelos vistos, outros interesses se levantam, de cariz particular, que não os da salvaguarda de pessoas e bens, do interesse colectivo.
GASTOS 3OO MILHÕES - E O PROBLEMA POR RESOLVER
Os defensores da ideologia liberal não nutrem pelo Estado a menor simpatia ou consideração especial. Na sua perspetiva, os dinheiros públicos apenas servem para tapar os buracos do BPN, do Banif e outras desastradas gestões privadas. E é o que tem sucedido e vai continuar a suceder com a ocupação urbana desordenada do litoral – E, sobretudo, agora que o controlo das áreas, mais sensíveis, passa para o domínio privado.
Noticiava-se
em Dezembro de 2009 que “Entre 1999 e 2006 gastaram-se 100
milhões de euros para fazer frente à erosão e nos próximos quatro anos a
factura vai ser ainda maior. Espera-se até 2013 um investimento de 330 milhões
de euros
.
O presidente do Instituto da Água,
Orlando Borges, explica que o dinheiro, muitos milhões, tem vindo a ser
aplicado, sobretudo na contenção das arribas e no enchimento das praias.
A Costa da Caparica é um dos casos mais conhecidos de intervenção na costa
para evitar o avanço do mar. Os habitantes dizem que com o passar do tempo
muito mudou com o oceano a avançar pelo area Portugal gasta milhões de euros para
travar avanço do
mar
O PIOR ESTÁ PARA VIR
As cidades chinesas estão irrespiráveis –
Os rios e ribeiras que passam junto aos grandes centros urbanos, estão juncados
de detritos e de agentes poluidores. O mesmo se passa noutros países. Tudo em nome da sociedade de
consumo.
Jorge Carmo Vaz, num trabalho que apresentou no Instituto Superior Técnico(Licenciatura em Engenharia Civil 1º Semestre 2006/2007 -Mineralogia e Geologia), o qual teve por tema “A ocupação antrópica e o mau ordenamento do território como condicionantes no caminho para o desenvolvimento sustentável, referindo-se ao então declarado estado de emergência na Costa da Caparica devido ao repentino avanço das águas do mar que “roubaram” mais de 15 metros de terra ao continente, diz que:
Jorge Carmo Vaz, num trabalho que apresentou no Instituto Superior Técnico(Licenciatura em Engenharia Civil 1º Semestre 2006/2007 -Mineralogia e Geologia), o qual teve por tema “A ocupação antrópica e o mau ordenamento do território como condicionantes no caminho para o desenvolvimento sustentável, referindo-se ao então declarado estado de emergência na Costa da Caparica devido ao repentino avanço das águas do mar que “roubaram” mais de 15 metros de terra ao continente, diz que:
“Para
muitos pode ter sido um acontecimento inesperado mas para todos aqueles ligados
à geologia e ambiente não se pode dizer o mesmo” – E apontou como factores “a intensa ocupação antrópica e
fortes pressões relacionadas com o turismo e com a indústria, as quais
perturbam o funcionamento natural destes sistemas."
(…) "A ocupação intensa das praias
trouxe consigo as pessoas e as construções. Em geral as construções
permanentes, bares, restaurantes e parque de estacionamento estão construídos
sobre as chamadas dunas primárias pois todos querem ficar perto do mar."
As dunas são elementos básicos do
litoral arenoso e têm um comportamento dinâmico, conforme a acção dos ventos e
do mar, equilibrando, com os seus deslocamentos, os diversos factores de
agressão natural do meio. Com a ocupação permanente de parte das dunas o
equilíbrio foi rompido".
(…) “Estima-se que, em termos
médios, em Portugal, a erosão costeira actual seja cerca de 10 vezes superior à
que se verificaria naturalmente devido à elevação do nível médio do mar.” (in
As Zonas Costeiras e o Desenvolvimento Sustentável -Prof. João Alveirinho Dias –
Excerto de Tema: Eroso na
costa da Caparica - geomuseu
ALERTAS NÃO FALTAM
"A
costa perdida"
"A zona da Caparica, que foi até há poucos anos “a grande
praia da capital”, o destino balnear preferido de grande parte dos lisboetas,
tem sido notícia pelas piores razões. O troço entre São João da Caparica e a
Costa da Caparica recuou mais de 200 metros entre 1959 e 2007. As causas são
sempre as mesmas e bem conhecidas: desordenamento do território (incluindo,
neste caso, a construção de habitações clandestinas). Nos finais da década de
1950, toda aquela região era uma colina litoral livre de construções. Contudo,
no meio século que se seguiu, sofreu os efeitos da pressão urbanística e
turística (chegam a ser centenas de milhares de pessoas que ali acorrem durante
os fins de semana de verão), com consequente destruição das dunas"
"Batalha sem fim à vista
"Por ignorância ou incúria, ocultou-se que as estruturas
geológicas costeiras não são estáticas e que estão em constante evolução devido
a causas naturais, como as correntes junto à costa, as tempestades, a ação dos
ventos, a subida do nível do mar, as alterações climáticas, a deformação
neotectónica, etc. Além disso, omitiu-se que a ação natural tem vindo a ser
fortemente amplificada, nas últimas décadas, pelos impactos resultantes das
atividades antrópicas, de que são exemplos a urbanização desregrada, o pisoteio
do coberto vegetal dunar, a artificialização das bacias hidrográficas
(sobretudo devido à construção de barragens), as dragagens e explorações de
inertes, a construção de molhes de portos e as intervenções de engenharia
costeira."
"Hoje, já não se consegue esconder aquilo que está à frente
dos olhos de toda a gente: os fenómenos naturais e as intervenções humanas têm
vindo a acelerar a erosão costeira, que acontece sempre que o mar avança sobre
terra (galgamentos, inundações, instabilidade das arribas e movimentos de
vertentes)."
Com a proteção natural fragilizada, a investida do mar
tornou-se difícil de conter. Só não piorou porque desde 2007 se fez a
alimentação regular e artificial de areia, além de obras de reparação e
manutenção de esporões e de estruturas aderentes (vulgarmente conhecidas por
“paredões”). São tantas as obras que, hoje, vista do céu em voo de gaivota, a
orla costeira faz lembrar os dentes de um pente.
Todavia, a “Costa” é apenas a ponta do icebergue, porquanto existem muitos outros casos de risco para as populações de norte a sul, e alguns deles bem mais alarmantes. Os mais graves já exigiram, nos últimos anos, intervenções de emergência – Excerto . A costa perdida - Super Interessante
Todavia, a “Costa” é apenas a ponta do icebergue, porquanto existem muitos outros casos de risco para as populações de norte a sul, e alguns deles bem mais alarmantes. Os mais graves já exigiram, nos últimos anos, intervenções de emergência – Excerto . A costa perdida - Super Interessante
VÃO DESAPARECER 15 METROS DE AREAL NOS PRÓXIMOS 45 ANOS
Outro estudo refere
que “ A subida do nível do
mar é um assunto incontornável em cidades como a Costa de Caparica onde o recuo
da linha da linha de Costa se faz sentir com cada vez mais intensidade. Como já
aqui fiz referência, os nossos decision makers, após décadas de
erros, continuam a aplicar o seu modelo de (sub) desenvolvimento como se este
problema fosse ficção. Pois bem, um novo estudoreferente à
subida do nível do mar em Portugal e Espanha, concluíu o seguinte:
"O estudo realizado por especialistas da Universidade de Cantábria para o Ministério do Ambiente espanhol aponta para que o aumento do nível do mar faça desaparecer, em média, 15 metros de areal nas praias do país vizinho nos próximos 45 anos.Desde o ano 2000 têm sido feitos estudos em Portugal sobre o efeito das alterações climáticas na costa portuguesa. Os resultados foram semelhantes aos agora revelados para Espanha.O nível das águas do mar está a subir devido ao degelo dos glaciares e ao aumento da temperatura que faz dilatar a camada superficial dos oceanos.Os especialistas dizem que vai continuar a haver um recuo das praias na costa da Península Ibérica. Perante o avanço do mar, a solução é uma menor pressão humana na orla costeira.Uma das medidas recomendadas é a redução da quantidade de construções em zonas costeiras, através do cumprimento da lei de costas espanhola que impede a construção nos primeiros cem metros do litoral.Por isso, o documento da Universidade de Cantábria recomenda que seja introduzido o factor das alterações climáticas no planeamento e ordenamento do território."
Os efeitos do aquecimento
global, mudanças climáticas e degelo dos glaciares são relativamente
imprevisíveis e de dúbia interpretação. Contudo, é inegável que o recuo da linha
de Costa está intrínsecamente ligado, pelo menos parcialmente, a estes
factores- Excertos de .Caparica Futurista: A SUBIDA DO NÍVEL MÉDIO
DO MAR
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