Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Análise e Informação
Desde Julho passado, que se sabia que, o Embaixador do Brasil
em S. Tomé e Príncipe, José Carlos de Araújo Leitão, ia deixar as
Ilhas Verdes do Equador, para desempenhar idênticas funções na República de
Cabo Verde.
A França encerrou oficialmente a sua embaixada em São Tomé e Príncipe, em Agosto do ano passado, que abrira na década 80, fechando-a agora devido a "questões financeiras", mas não é esta a razão que justifica a saída do Embaixador do Brasil, que transita de STP para Cabo Verde: mas por outros fundamentos: por um lado, porque se trata de um procedimento habitual, na rodagem das comissões diplomáticas, por outro, porque, Carlos Leitão, é tido, de facto, como um dos diplomatas, mais qualificados, que o Brasil tem no continente africano, no entanto, o maior pais da América do Sul, não conseguira eleger nome de brasileiro algum para dirigir uma das Organizações das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), onde – referem noticias - a inabilidade de José Graziano da Silva e Roberto Azevedo, respetivamente, "não lograram o indispensável apoio africano".
Espera-se, agora, que, tal brecha possa vir a ser colmatada por José Carlos Leitão, atendendo às excecionais qualidades diplomáticas e de caloroso comunicador, da serena e credível empatia que infunde nas relações humanas, de profundo conhecedor das questões africanas, pela forma como intensifica e dinamiza as várias ações de cooperação e de diplomacia, ao mesmo tempo de modo sereno mas eficiente.
Para José Carlos Leitão, citado pela Agência Senado, “O diplomata defende que apesar da
crise económica que o país atravessa, o Brasil deve manter a aproximação com a
África. João Carlos Leitão lembrou que Cabo Verde é “parceiro preferencial” do Brasil, tanto por falar a mesma língua como
pelo fato de estar pronto para receber cooperação oriunda do que chamou de
“ilhas de excelência” da administração brasileira.
"Um dos
principais actores dessa cooperação, acrescentou, é o Serviço Nacional da
Indústria (Senai), que construiu um centro de capacitação profissional em Cabo
Verde.
O
embaixador indicado defendeu ainda uma maior presença no país da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).”
Recorda-se que esta declaração de João Carlos Leitão
surge em contraponto com o ministro interino das Relações Exteriores, José
Serra, que decidiu encomendar um estudo para analisar encerramentos de postos
diplomáticos do país abertos em África e no Caribe. http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article119290&ak=1
UMA EXPERIÊNCIA MUITO POSITIVA - COMO PRIMEIRA MISSÃO DIPLOMÁTICA
Março 2016 |
“Um espaço que José Carlos
Leitão, transformou numa referência cultural na cidade de São Tomé.” – Refere o
Jornal Téla Nón ao reportar-se ao citado balanço, que contou com a presença de várias personalidade da vida politica, económica,
social e politica santomense, nomeadamente do Presidente da Assembleia Nacional
José Diogo, vários ministros atual Governo, antigos governantes, quadros de
vários sectores da administração pública e do sector privado.
“A promoção da cultura brasileira
e são-tomense, ganhou maior ímpeto durante a missão do embaixador cessante.
Grupos culturais brasileiros trouxeram aos são-tomenses, as cores da identidade
brasileira e descobriram as marcas da santomensidade. De um lado e do outro, os
dois povos foram se conhecendo mais, as semelhanças e as diferenças impostas
pela história.
Foto Téla Non - Out- 2016 |
Brasil coopera com São Tomé
e Príncipe em vários domínios. Formação de quadros é um dos destaques, a que se
junta a segurança marítima. Com apoio do Brasil São Tomé e Príncipe criou a sua
primeira unidade de forças especiais anfíbias, os fuzileiros navais." - Excerto do Téla Nón
TRANSIÇÃO PARA CABO VERDE NÃO VAI AFETAR COOPERAÇÃO DO BRASIL COM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Presidente da AN, carlos Diogo e Carlos Leitão - Té-Nón |
“Com vários projetos em
andamento e alguns concluídos, outros ainda em curso e sempre numa perspetiva
de cooperação muito presente”
Destacou as áreas de
cooperação impulsionadas nos últimos anos; a cooperação naval, que considerou de muito importante, ; nomeadamente. os cursos ministrados aos oficias santomenses:
“Eu creio que o Centro Profissional do Brasil de S. Tomé e Príncipe. no Bairro de Stº António, também segue na sua plenitude, com centenas de alunos, já formados, os vários cursos profissionalizantes, com grande sucesso. O projeto artesanato, o projeto capoeira, seguem todos, não vai nada sofrer solução de continuidade porque esteja saindo, de maneira nenhuma: eles estão consolidados e estão em curso
“Eu creio que o Centro Profissional do Brasil de S. Tomé e Príncipe. no Bairro de Stº António, também segue na sua plenitude, com centenas de alunos, já formados, os vários cursos profissionalizantes, com grande sucesso. O projeto artesanato, o projeto capoeira, seguem todos, não vai nada sofrer solução de continuidade porque esteja saindo, de maneira nenhuma: eles estão consolidados e estão em curso
Acabámos de construir, no
bairro do Hospital, um laboratório de diagnóstico de tuberculose, que vai
precisar de ser equipado mas o edifício está praticamente pronto e isso é um avanço muito grande, dentro desse
projeto, de cooperação na área da saúde: sempre com prioridade: não só o combate à tuberculose, mas também no
combate à malária e no combate à Sida"
LEVAR A MENSAGEM A GARCIA - MISSÃO ESPINHOSA, ARRISCADA E DURA - MAS O SONHO COMANDA A VIDA - E ALGUM DIA HAVERIA DE CHEGAR AO DESTINO, FOSSE QUAL FOSSE A VIA ESCOLHIDA - CONQUANTO O PORTADOR FOSSE TEMERÁRIO, DIGNO E SÉRIO: - Quando descobri, José Carlos de Araújo Letão, imediatamente me apercebi que .ele fazia parte de um destino por cumprir - E passou a ser o portador dos sentimentos expressos há quatro décadas por um distinto relator satomense.
Os brasileiros são por natureza calorosos, extrovertidos, alegres e comunicativos: e fazem-no com naturalidade – Porém, num bom diplomata, há estas qualidades intrínsecas e outras a saber dosear, que a sua missão lhe impõe e sem exageros: o justo uso do sabedoria, da oratória e da inteligência, com sobriedade, simpatia e calor humano – Foram estas as qualidades que me chamaram atenção, desde o primeiro momento que cumprimentei e fotografei, o Embaixador do Brasil em São Tomé e Príncipe, José Carlos de Araújo Leitão. – Foi no final da celebração do 12 de Julho, na Praça da Independência, em 2015, quando descia da Tribuna de Honra, ao lado da Embaixadora de Portugal, Paula Silva, que horas depois voltaria a reencontrar no almoço comemorativo, que teve lugar nos jardins da Roça Agostinho Neto, antiga Roça Rio do Ouro, da Sociedade Agrícola Vale Flor
Ministro da Cultura, Olito Daio |
27 de Julho 2015 |
Depois disso, deu-me a honra o prazer de participar na inauguração da minha exposição, Sobreviver no Mar dos Tornados", que apresentei no Centro Cultural Português, com a presença do Ministro da Educação, Cultura e Ciência, Olinto Daio, entre outras personalidades.-
Mas
também voltaria a fotografá-lo noutras
cerimónias publicas, em Fevereiro e Março do corrente ano, nomeadamente por
ocasião dos cumprimentos dos embaixadores ao
então Presidente da Republica Manuel Pinto da Costa – E, em todos os momentos, quer a sua natural forma de exprimir, o
seu à-vontade, a forma de sorrir e de comunicar, fosse qual fosse a cerimónia ou o
evento ou com quem quer se relacionasse, ali estava um digno respeitante do seu
país, um diplomata que não desilustrava a proverbial e calorosa simpatia e
comunicabilidade do povo brasileiro. -
Ciente de que tinha ali um interlocutor, lembrei-me de finalmente poder concretizar um desejo, há muito adiado: a de que pudesse ser ele o portador certo da mensagem que pessoalmente, desde há 41 anos, quis transportar de Canoa de S. Tomé ao Brasil
EMBAIXADOR JOSÉ CARLOS LEITÃO, FINALMENTE O PORTADOR DA "MENSAGEM DO POVO DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE AO POVO BRASILEIRO" - QUE NÃO CHEGOU AO DESTINO
Nas ondas caprichosas e precipitadas do oceano, aos olhos vagabundos de solitários navegantes em noites errantes, impetuosas, trágicas e sombrias ou sob o pálido e longínquo brilho das estrelas, na densa ou desmaiada treva, em redor de quem voga, tudo assume a imagem tumultuosa e deformada do indecifrável, a intrinsica afetação do desconhecido e do imprevisível!... E, foram 38 as longas e eternas noites e mais o período do dia em que a luz ora se abria em esplendor ora se ofuscava sob um teto tumultuoso de cinza ou de chumbo: - Sim, os meus olhos erráticos e vagabundos, assistiram `aos mais inconcebíveis e imprevistos momentos de assombração ou deslumbramento.
E não eram apenas os meus olhos o testemunho dessa constante e horrível errância mas o que perpassava de dentro para fora ou de fora para dentro do meu coração..
Não vou aqui descrever o que vivi em duas linhas, senão recordar que, imponderáveis e vicissitudes, de ordem vária, me fizeram rumar a Norte e não navegar a Oeste, ao longo da grande corrente equatorial: este era realmente o rumo que pretendia tomar, ou seja, ligar continente a continente, mas tive que me fazer a Norte: largando da ilha meridional, à que fica quase coladinha à margem setentrional do Golfo da Guiné
E não eram apenas os meus olhos o testemunho dessa constante e horrível errância mas o que perpassava de dentro para fora ou de fora para dentro do meu coração..
Não vou aqui descrever o que vivi em duas linhas, senão recordar que, imponderáveis e vicissitudes, de ordem vária, me fizeram rumar a Norte e não navegar a Oeste, ao longo da grande corrente equatorial: este era realmente o rumo que pretendia tomar, ou seja, ligar continente a continente, mas tive que me fazer a Norte: largando da ilha meridional, à que fica quase coladinha à margem setentrional do Golfo da Guiné
Com muita pena minha, não pude atravessar o oceano e a mensagem que me acompanhava, tomou também comigo outro rumo. No entanto, já me dei por feliz ao podê-lo fazer 40 anos.mais tarde: não em terra brasileira mas num espaço que é como se fosse o de uma casa brasileira, sim, fazendo a honrosa entrega da mesma mensagem, a uma mui distinta figura, digno portador, na sua qualidade do mais alto representante da Nação Brasileira em S. Tomé e Príncipe - Pude entregá-la ao Sr. Embaixador . José Carlos de Araújo Leitão, que me recebeu no salão nobre da embaixada do Brasil em S. Tomé
Em meados de Outubro, pouco tempo depois da Independência e após a escalada
do Pico Cão Grande, deixaria São Tomé a bordo do pesqueiro Hornet para ser
largado numa piroga na Ilha de Ano Bom, 180 Km a sul da linha do Equador, a fim
de tentar a travessia atlântica - com uma mensagem redigida por José Fret Lau Chong que então desempenhava as funções de ministro
da Informação, Justiça e Trabalho – cargo que ocupou entre 1975 e 1976 – a qual dizia, entre outras palavras, o
seguinte:
"Salientamos
o espírito aventureiro que preside à iniciativa do Camarada Jorge
Marques, que, depois de uma viagem experimental , e bem sucedida de S. Tomé à
Nigéria, também de canoa, propõem-se avançar, desta feita, mais significativamente,
programando o percurso S. Tomé- Brasil."
"A
recente independência nacional de S. Tomé e Príncipe, e a consequente
libertação do nosso povo do domínio colonial português, reforça a afinidade dum
passado histórico comum com o Povo Brasileiro, e daí, a razão de ser de uma
irmandade que importa reviver, sempre que possível, para se
reforçar.
Assim, aproveitando a travessia atlântica do camarada Jorge Trabulo Marques, que servindo-se de uma simples canoa, vai percorrer o mar, de S. Tomé ao Brasil, evocando a rota por que, na era retrógrada, os escravos eram conduzidos para as plantações da cana do açúcar, o povo de S. Tomé e Príncipe, representado pela sua vanguarda revolucionária, o MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE (MLSTP), saúda fraternal e calorosamente, o povo irmão do Brasil" - Excerto
Em Novembro de 2014 - Junto à residência de José Fret Lau Chong para lhe oferecer a cópia da mensagem que, de algum modo, me salvou de ser enforcado na famigerada cadeia black Beack, a mando do então ditador Francisco Macías Nguema , por suspeita de espionagem
Cooperação da
marinha brasileira – Em ações de importante
apoio importante
Primeiro Pelotão de fuzileiros de STP na cerimónia de abertura |
O
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de STP, Brigadeiro Justino Lima,
ressaltou que: "O Brasil tem sido um grande parceiro de São Tomé e
Príncipe no quadro das reformas das Forças Armadas. Ajuda-nos a confrontar o problema
da pirataria marítima e também capacita os nossos militares, que poderão ser
chamados um dia para responder a uma solicitação no quadro do apoio
internacional".
O
curso terá duração de 4 meses e a primeira turma é composta por 30 militares
das Forças Armadas, da Guarda Costeira e da Guarda Presidencial daquele país
africano. Dois oficiais e sete praças da MB foram designados para aplicar o
curso..
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