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quarta-feira, 25 de junho de 2025

Festas de S. João em S. Tomé - Recordando as festas que duravam cinco dias, organizadas pela comunidade portuguesa, com antigas reminiscências no solsticio do Verão, ao dia maior do ano, de pendor religioso e pagão. - E foi até este o ritual, com que terminou a celebração do solsticio do Verão, em 2014, na minha aldeia. Chãs. de V. N de Foz Côa.




Jorge Trabulo Marques  - Jornalista 
MEMÓRIAS DE UM SÃO JOÃO COM CHEIRO MAIS TROPICAL 
DE QUE A ALHO PÔRRO 

Apesar  de ser a comunidade, mais pequena,  ida do então  Portugal continental,  que residia em STP, nem por isso, os naturais da cidade  do   Porto e arredores, deixavam  de manifestar, por altura das festas de S. João, o bairrismo das suas tradições, com desfiles de arquinhos e balões, enfeites das famosas pontes, da torre dos clérigos e do lendário barco rebelo, música típica a condizer com o espírito sanjoanino, logrando envolver o entusiasmo dos santomenses e muitos dos portugueses, que ali residiam ou  de gerações que ali já haviam nascido







A celebração do Solstício do Verão, de 22 de Junho de 2014,  na minha aldeia, em Chãs, de V. n de Foz Côa,  culminou com uma Festa Sanjoanina no adro da igreja, com boas febras e  sardinha  assada, em 22 de  Junho de 2015  https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2014/06/solsticio-do-verao-celebrado-com-um-por.html



Em Portugal, depois das festas de Santo António, em Lisboa, as festas aos santos populares, prosseguiam no Porto, na invicta cidade e noutros pontos do país. Na minha aldeia, eram também festividades, muto caloroas, com danças à volta de um pinheiro enfeitados e colocado no adro da igreja 

.Sim, as chamadas festas dos santos populares entrocam em oringens  muito antigas - Sobretudo as festas de  S. João.,  celebradas, tanto em Portugal, como em Espanha,  em vários países pelo mundo, todos eles com diferentes tradições.

No entanto, tal como é reconhecido por estudiosos. trata de uma celebração que remonta a tradições antigas e pagãs e cristãs,  relacionadas com o solstício, o dia mais longo do ano. fundamentada em crenças místicas, quer de  pendor religioso, quer da astrologia

Poema de Jorge Vicente, "Equinócio e Solstício" "a juntar-se ao poema "Anjo do Esquecimento" do saudoso poeta Manuel Daniel, como reconhecimento das celebrações que organizo, desde há mais de 20 anos, dos Equinócios e Solstícios, nos calendários solares pré-históricos, alinhados com o nascer e pôr-do-sol do primeiro dia das quatro estações do ano, existentes nos arredores da minha aldeia, em Chãs, concelho de V. N de Foz Côa, no Maciço dos Tambores e da Mancheia

Meu abraço e meu Bem-haja pelo gesto amigo, vindo de um talentoso poeta fozcoense, que tem dedicado muitos e belos poemas a estas terras que o viram nascer e à sua gente Além de poeta, um homem de coragem, antigo paraquedista, que deu grandes voos lá das alturas, arriscando a vida, sobretudo no serviço militar em Angola. 


Arqueoastronomia é o estudo da astronomia praticada por povos pré-históricos, por meio dos seus monumentos construídos pela observação dos astros que deu início à organização dos ciclos e contagem do tempo. Estuda os sítios arqueológicos onde existem construções de interesse da astrologia que foram posicionados usando-se conhecimentos de astronomia entre eles Stonehenge e a posição de algumas esculturas de barro como as pirâmides.

Na celebração do solsticio de 22 de junho 2015, prestamos homenagem ao Sacerdote, que adorava estes montes e o seus calendários solares - 


Nas celebrações de 22 de Junho de 2025  - Desta vez pudemos também contar com a presença do Padre Luciano Moreira, que muito nos sensibilizou, responsável da paróquia de V. de Foz Côa, desde Outubro passado, que leu um belo poema de Dom Manuel dos Santos, ex- Bispo de S. Tomé e Príncipe, que nos honrou com a sua visita,  no Equinócio de Outubro de 2015. 



Celebrações. que. embora não tendo o eco mediático das celebrações no Stonehenge, em Inglaterra, mas, estou certo, que quem já, os presenciou, não trocaria a tranquilidade e a beleza deste local pelo ruído e a confusão onde afluem várias dezenas de milhares de pessoas


terça-feira, 24 de junho de 2025

Mensagem ao Embaixador do Brasil José Carlos de Araújo Leitão - Recordando a entrega da cópia da mensagem, que me salvou do corredor da forca da prisão Black Beach (Playa Negra), Bioko, Guiné Equatorial, em Deze de 1975, destinada a saudar o Povo Brasileiro pelo então MLSTP, meses depois do seu país ter ascendido à independência Graças à intercepção do então comandanteTeodoro Obiang Nguema Mbasogo

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista - 

 Encontro com o Embaixador do Brasil em São Tomé e Príncipe, José Carlos de Araújo Leitão, em 2015, em S. Tomé,  a quem confiei a entrega da mensagem que me salvou do corredor da morte na Guiné Equatorial, em dezembro de 1975 –que era destinada a saudar o povo Brasileiro, na minha tentativa de travessia oceânica de canoa ao Brasil

Quando descobri, José Carlos de Araújo Letão, imediatamente me apercebi que .ele fazia parte de um destino por cumprir - E passou a ser o portador dos sentimentos expressos há mais de quatro décadas por um distinto relator santomense.

Os brasileiros são por natureza calorosos, extrovertidos, alegres  e comunicativos: e fazem-no com naturalidade – Porém, num bom diplomata, há estas qualidades intrínsecas e outras a saber dosear, que a sua missão lhe impõe e sem exageros: o justo uso do sabedoria, da oratória e da inteligência, com sobriedade, simpatia e calor humano – Foram estas as qualidades que me chamaram atenção, desde o primeiro momento que cumprimentei e fotografei, o Embaixador  do Brasil em São Tomé e Príncipe, José Carlos de Araújo Leitão 

Março 2016

Foi no final da celebração do 12 de Julho, na Praça da Independência, em 2015, quando descia da Tribuna de Honra, ao lado da Embaixadora de Portugal, Paula Silva, que horas depois voltaria a reencontrar no almoço comemorativo, que teve lugar nos jardins da Roça Agostinho Neto, antiga Roça Rio do Ouro, da Sociedade Agrícola Vale Flor


Depois disso, deu-me a honra o prazer  de participar na inauguração da minha exposição, Sobreviver no Mar dos Tornados", que apresentei no Centro Cultural Português, com a presença do Ministro da Educação, Cultura e Ciência, Olinto Daio,  entre outras personalidade


Na manhã do dia 4 de Dezembro, quando menos esperava, um carcereiro chegou à porta da minha cela, algemou-me e ordenou-me que o acompanhasse - Senti logo um embate no meu coração, que não deveria ser levado para melhor destino - Mal transpus a cela, sou imediatamente agarrado por outro guarda, tendo à minha frente o Comissário da Cadeia, que já me tinha torturado com infindáveis interrogatórios para me conduzirem ao sítio das execuções.


Sucedeu, porém, que, por um feliz acaso, talvez milagroso (pelos vistos, a sorte protege os audazes), soa o telefone no corredor da morte - Era o então o Comandante Teodoro Obaing Nguema Mbasongo, atual Presidente da República da Guiné Equatorial, sobrinho do todo poderoso, Francisco Macías Nguema, a ordenar ao Comissário da Prisão para ser conduzido à presença, ao gabinete do então supremo comandante das policias e das forças armadas, que me recebeu, inicialmente de forma austera e desconfiada: com estas palavras: " O que se passa contigo?!... Porque te meteste num canuco e o que vieste aqui fazer?!.. Lamento mas tenho que cumprir as ordens de Sua Excelência e tenho de o executar hoje!...

Respondi-lhe que era um náufrago e para me soltarem as algemas e lhe mostrar a mensagem do MLSTP, que trazia no bolso atrás das minhas calças - Como estava carimbada, não duvidou da sua autenticidade e, ao sentar-se na sua cadeira de vime(enquanto eu ia permanecendo sempre de pé e à sua frente) me passou a questionar de forma mais descontraída e simpática

A MENSAGEM do MSLTP, QUE ME SALVOU A VIDA - Que se destinava ao povo Brasileiro, assinada por José Fret Lau Chong, ministro da Informação, Justiça e Trabalho …., aproveitando a travessia atlântica do camarada Jorge Trabulo Marques, que servindo-se de uma simples canoa, vai percorrer o mar, de S. Tomé ao Brasil, evocando a rota por que, na era retrógrada, os escravos eram conduzidos para as plantações da cana do açúcar, o povo de S. Tomé e Príncipe, representado pela sua vanguarda revolucionária, o MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE (MLSTP), saúda fraternal e calorosamente, o povo irmão do Brasil" -

EMBAIXADOR JOSÉ CARLOS LEITÃO, FINALMENTE O PORTADOR DA "MENSAGEM DO POVO DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE AO POVO BRASILEIRO" -  QUE NÃO CHEGOU AO DESTINO



Com muita pena minha, não pude atravessar o oceano e a  mensagem que me acompanhava, tomou também comigo outro rumo. No entanto, já me dei por feliz  ao poder fazê-lo 40 anos mais tarde: não em terra brasileira mas num espaço que é como se fosse o de uma casa brasileira, sim, fazendo  a honrosa entrega da mesma mensagem, a uma mui distinta figura,  digno portador, na sua qualidade do mais alto  representante da  Nação Brasileira em S. Tomé e Príncipe -  Pude entregá-la ao Sr. Embaixador . José Carlos de Araújo Leitão, que me recebeu no salão nobre da embaixada do Brasil em S. Tomé 

Em meados de Outubro,  pouco tempo   depois da Independência e após a escalada do Pico Cão Grande, deixaria São Tomé a bordo do pesqueiro Hornet para ser largado numa piroga na Ilha de Ano Bom, 180 Km a sul da linha do Equador, a fim de tentar a travessia atlântica - com uma mensagem  redigida  por José Fret Lau Chong que então desempenhava as funções de ministro da Informação, Justiça e Trabalho – cargo que ocupou entre 1975 e 1976 – a qual dizia, entre outras palavras, o seguinte: 

"Salientamos o espírito aventureiro que preside à iniciativa do Camarada  Jorge Marques, que, depois de uma viagem experimental , e bem sucedida de S. Tomé à Nigéria, também de canoa, propõem-se avançar, desta feita, mais significativamente, programando o percurso S. Tomé- Brasil."
"A recente independência  nacional de S. Tomé e Príncipe, e a consequente libertação do nosso povo do domínio colonial português, reforça a afinidade dum passado histórico comum com o Povo Brasileiro, e daí, a razão de ser de uma irmandade que importa  reviver, sempre que possível, para se reforçar. 


Assim, aproveitando a travessia  atlântica do camarada Jorge Trabulo Marques, que servindo-se de uma simples canoa, vai percorrer  o mar, de S. Tomé ao Brasil, evocando a rota por que, na era retrógrada, os escravos eram conduzidos  para as plantações  da cana do açúcar, o povo de S. Tomé e Príncipe, representado pela sua vanguarda revolucionária,  o MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE (MLSTP), saúda fraternal e calorosamente, o povo irmão do Brasil" - Excerto


Em Novembro de 2014 - Junto à residência   de José Fret Lau Chong para lhe oferecer a cópia da mensagem que, de algum modo, me salvou de ser enforcado na famigerada cadeia black Beack, a mando do então ditador Francisco Macías Nguema por suspeita de espionagem

Nas ondas caprichosas e precipitadas do oceano, aos olhos vagabundos de solitários navegantes em noites errantes, impetuosas, trágicas e sombrias ou sob o pálido  e longínquo brilho das estrelas, na densa ou desmaiada treva,  em redor de quem voga, tudo assume a imagem tumultuosa e deformada do indecifrável, a intrínseca afetação  do desconhecido e do imprevisível!... E, foram 38 as  longas e eternas noites e mais o período  do dia em que a luz ora se abria em esplendor ora se ofuscava sob um teto tumultuoso de cinza ou de chumbo: - Sim, os meus olhos erráticos e vagabundos, assistiram `aos mais inconcebíveis e imprevistos momentos de  assombração ou deslumbramento.


E não eram apenas os meus olhos o testemunho dessa  constante e horrível errância  mas o que perpassava de dentro para fora ou de fora para dentro do meu coração..
Não vou aqui descrever o que vivi em duas linhas, senão recordar que, imponderáveis e vicissitudes,  de ordem vária, me fizeram rumar a Norte e não navegar a   Oeste, ao longo da grande corrente equatorial: este era realmente o rumo que pretendia tomar, ou seja, ligar continente a continente,  mas tive que me fazer a Norte: largando da ilha meridional, à que fica quase coladinha à margem setentrional do Golfo da Guiné

Não vês, como está o mar?!... Vais morrer!!.. Fica connosco!..

A canoa "Yon Gato" foi carregada a bordo do pesqueiro Hornet, em meados de Outubro,  de 1975, ao largo da Baía Ana de Chaves para ser largada na corrente equatorial - Porém, contrariamente ao prometido, ao fundear junto à Ilha de Ano Bom (Guiné Equatorial) com o pesqueiro envolvido por enorme agitação noturna, varrido de  proa à popa,  pelas já habituais  tempestades da época das chuvas, que o assolaram nas anteriores noites, o comandante chama-me à câmara de comando para desistir  do meu propósito e coloca-me num dilema:  ou fico a trabalhar a bordo ou tenho que ser largado com a canoa. De resto, este era também  o aviso e a  vontade expressa da  tripulação: "Jorge! Não vês, como está o mar?!... Vais morrer!!.. Fica connosco!.." Não tendo aceite a sua proposta, obriga-me assinar um termo de responsabilidade, antes de arrear a canoa ao mar.

Face à impossibilidade de tomar a rota para oeste, tento o regresso a S. Tomé - Depois de um dia de navegação rumo a Norte, perfeitamente normal, à noite um violento tornado faz-me perder a maior parte dos apetrechos, incluindo o remo e os  mantimentos. 

 DEPOIS DE 38 DIAS DE  NAUFRÁGIO, NOS CORREDORES DA MORTE

 
Ao cabo de 38 penosos dias, ao sabor das vagas, num simples madeiro escavado, acabo por acostar à Ilha de Bioko (ex-Fernando Pó), onde sou tomado por espião e encarcerado numa cela da Cadeia Central para ser executado, já que este era o destino de quem ali era condenado: entrar vivo e sair cadáver.

  Felizmente, é a mensagem, autenticada pelo MLSTP, que havia sido escrita para saudar o Povo Brasileiro - admitindo que pudesse fazer a travessia até ao Brasil - que    me vai salvar a vida. Mesmo assim, dada a  persistente desconfiança do então Presidente Macias, que nem depois de  enviar o seu barbeiro pessoal (o santomense, Sr. Bandeira) se convencera, nem da veracidade da referida mensagem, nem dos meus argumentos,   quem  acaba por ordenar a minha soltura é o seu sobrinho, o então comandante das Policias e das Forças Armadas, o atual Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, a quem fico a dever a vida