Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Há outros dois vídeos editados no Youtube - Veja os linkes no final deste post
O acontecimento cultural da semana, decorreu
na galeria de Arte do Casino Estoril, ao fim da tarde desta última quinta-feira, com o lançamento de “O Comboio das
Mulheres”, editado pela primeira vez em 1996-
O evento foi bastante concorrido e
mediatizado, não só pelo facto de se tratar de uma autora de reconhecido mérito
na comunicação social e na literatura, mas também, por a apresentação da
referida obra ser ilustrada com trabalhos de vários pintores e escultores, de
grande prestigio, que também ali inauguravam uma exposição - ou seja: Alba Simões, António Sem, Bual, Edgardo Xavier, Filomena
Morim, João Feijó, Francisco Relógio, Gustavo Fernandes, Helena Pedro Nunes, Luís
Vieira-Baptista, Manuel Cargaleiro e Rogério Timóteo.
Dignificação de histórias no feminino
“Num escritório onde haja quatro pessoas a trabalhar, três são mulheres e ganham menos. Está na hora de despertarmos e de nos consciencializarmos” – Palavras de Ana Paula Almeida, ditas na sessão do lançamento da reedição de O Comboio das Mulheres - E que vinham de encontro às referências que a imprensa escrevia da sua obra:
"Pode dizer-se que se trata de uma singela
homenagem à Mulher, com maiúscula, concreta, madura, de carne e osso,
sublinhando a necessidade constante da sua luta pela Dignidade e igualdade de
direitos no mundo, mas também por vezes pelo reconhecimento, respeito, carinho
e amor dos que lhe estão mais próximos."
"Presente de forma transversal em algumas das
narrativas está o tema da violência doméstica, o que prova que a mesma já
existia há muitos anos, embora infelizmente nunca como agora tenha estado tanto
na ordem do dia, com números assustadores de vítimas, isto sem falar dos órfãos
que ficam à mercê do destino, da sorte e das situações, como consequência dos
actos tresloucados de alguns progenitores." – In Ana Paula Almeida apresenta "O Comboio das
Mulheres"
HOMENAGEM AO POETA DAVID MOURÃO
FERREIRA
Ana Paula Almeida, dedicou o primeiro conto (que serve de título ao livro), como homenagem ao poeta, escritor e professor David Mourão
Ferreira, de quem foi aluna.
“Penso que ele era um grande amante e muito amado por todas as mulheres" – Estes alguns dos termos com que recordou, na referida sessão, a memória do autor de A Arte de Amar e de um Amor Feliz , um dos grandes poetas contemporâneos do Século XX, autor de mais de duas dezenas de obras de poesia e romance.
“Penso que ele era um grande amante e muito amado por todas as mulheres" – Estes alguns dos termos com que recordou, na referida sessão, a memória do autor de A Arte de Amar e de um Amor Feliz , um dos grandes poetas contemporâneos do Século XX, autor de mais de duas dezenas de obras de poesia e romance.
E, de facto, ao começar a ler-se "O
Comboio das Mulheres", fica-se logo com a ideia de que, há neste
conto, além do tributo pela autora “às pessoas que
nunca morrem pela obra que nos deixam” (e, como é sabido, "Morre
jovem o que os Deuses amam" - e, David Mourão Ferreira, quando nos
deixou ainda tinha muita vida pela frente), sim, existe algo de biográfico, que encaixa
perfeitamente no perfil de David Mourão Ferreira - Que, segundo o que nos
foi dado depreender nas palavras de Ana Paula Almeida, é
inspirado numa viagem a Itália, que, a então aluna, fizera em companhia do seu
estimado professor.
Mas a ficção é isso mesmo: ou a possibilidade de se recriar a realidade ou de a transcender: Neste caso, fazendo-nos meditar e sonhar:
“António Molina era escritor. Poeta e romancista,
iniciado na escrita pelo jornalismo, tinha chegado ao topo da carreira. Onze
dos seus livros foram traduzidos em inúmeros países e Itália era, curiosamente,
o país que mais o solicitava para colóquios, palestras e visitas a
Universidades com departamentos de estudos portugueses.
António tinha 45 anos. Era um homem alto e anguloso, com ombros largos, suficientemente musculado para compor uma bela figura masculina. Tinha um queixo saliente e um nariz proeminente, com um sinal; o cabelo estava já grisalho e duas entradas na testa mostravam que a calvície vinha também a caminho, nesta fase em que António estava a passar por transformações.
António vestia-se sempre elegantemente e não dispensava um cachimbo a condizer com a toilette ... Tinha-os às dezenas. O aroma do "Mayflower" que fumava desde sempre era, na Faculdade, o primeiro sinal de que ele vinha a caminho do Anfiteatro ou que acabara de passar pelo corredor, fazendo vénias e cumprimentos aos alunos que unanimemente gostavam dele e o admiravam." - Excerto do primeiro conto
O Comboio das Mulheres, de Ana Paula Almeida,
visto por Francisco Moita Flores
“É um livro reportagem! É um livro de fotografias!
É um livro de sonho! De mistérios! É um livro sobre mulheres ou são muitos
olhares sobre as mulheres? Eu desconfio, estou convicto, hoje, que este Comboio
das Mulheres, não passa da mesma mulher pela forma poliédrica com que a mulher
e a condição feminina devem ser olhadas. E, aí, a Ana Paula, faz este percurso
de uma forma muito bonita, com muito talento, com contos muito bonitos,
sobretudo o primeiro: sobre as mulheres da sua vida ou as mulheres das quais
ela recebeu o tributo para a sua condição de hoje” Afirmações de Francisco
Moita Flores, acerca da reedição do livro de Ana Paula Almeida, na sessão de
lançamento que decorreu na Galeria de Arte do Casino Estoril, espaço onde a
autora chegara a trabalhar, antes de enveredar pelo jornalismo e pela
literatura. Francisco Moita Flores figura sobejamente conhecida: escritor,
dramaturgo, conferencista, político e comentador, autor de uma vasta e polifacetada obra literária - Homem de televisão, de teatro e cinema, de cujos guiões de ficou a dever o êxito de muitos filmes e telenovelas.
Francisco Moita Flores, aproveitou ainda a ocasião para elogiar Nuno Lima de Carvalho e Mário
Assis Ferreira – Dizendo que conseguiram
transformar um Casino de Sorte e Azar num espaço de cultura de referência no
país.
FOI, EM 1996, QUE UM LINDO SONHO COMEÇOU
Referindo-se ao homem que, durante 28 anos exerceu a liderança
da administração na Estoril-Sol, disse que “nunca é demais sublinhar a
importância deste homem na cultura portuguesa e do contributo que ele deu.
FOI, EM 1996, QUE UM LINDO SONHO COMEÇOU
O Comboio das Mulheres foi o primeiro livro de Ana Paula Almeida, jornalista da SIC desde o momento da sua fundação.
Estava-se em 1996 – Prefaciava a obra, Nuno Lima de Carvalho, Diretor da Galeria de Arte do Casino Estoril, que começava por dizer:
“Para quem se inicia na escrita, o conto é o melhor atalho para entrar no mundo das Letras. Muitos escritores portugueses, antes desconhecidos, escolheram esse percurso, iniciando-se uns, através dessa modalidade e nela permanecendo ao longo da sua carreira literária, optando outros pela escrita do romance, por de mais fôlego e, consequentemente, maior riqueza de recursos e valores literários.”
E, de facto, a avaliar pelo êxito
alcançado, não apenas com esse seu primeiro livro, agora reeditado, mas
pelas obras que se seguiriam - “Códigos de Silêncio” e “Sabes, Meu
Amor”; “Corações Re-partidos”, dir-se-ia que, Ana Paula Almeida, teve um bom
começo e tem sido sempre bem sucedida nos temas e nos géneros que tem desenvolvido:
desde o conto, a crónica ao romance.
Ainda retomando o prefácio de Nuno Lima de Carvalho, que viria igualmente a contemplar a segunda reedição, tomamos a liberdade de aqui transcrevermos mais um excerto de outro passo desse mesmo texto, escrito numa altura em que a jornalista estava também a revelar o seu talento na literatura - Diz o seguinte: "O aparecimento de um novo escritor, como de um músico ou de um pintor, através de um primeiro livro, uma primeira composição, ou um primeiro quadro é sempre uma decisão carregada de interrogações, de alguns medos e angústias, como alguém que está de partida para a primeira longa viagem ou a mãe a quem está para nascer o primeiro filho. A escrita literária, talvez mais do que qualquer outro género de criação artística, é a forma do seu autor se afirmar diferente daqueles com quem trabalha e convive e entrar no registo dos que não morrem para além da morte.
Ainda retomando o prefácio de Nuno Lima de Carvalho, que viria igualmente a contemplar a segunda reedição, tomamos a liberdade de aqui transcrevermos mais um excerto de outro passo desse mesmo texto, escrito numa altura em que a jornalista estava também a revelar o seu talento na literatura - Diz o seguinte: "O aparecimento de um novo escritor, como de um músico ou de um pintor, através de um primeiro livro, uma primeira composição, ou um primeiro quadro é sempre uma decisão carregada de interrogações, de alguns medos e angústias, como alguém que está de partida para a primeira longa viagem ou a mãe a quem está para nascer o primeiro filho. A escrita literária, talvez mais do que qualquer outro género de criação artística, é a forma do seu autor se afirmar diferente daqueles com quem trabalha e convive e entrar no registo dos que não morrem para além da morte.
Quando a Ana Paula Almeida me pediu, na timidez e
inquietude de quem se interroga se é ou não de experimentar o caminho
fantástico da escrita literária e me confiou centena e meia de páginas de
contos, li nos seus olhos a ansiedade de quem pretende uma resposta muito
rápida e quer saber se por aquele caminho segue bem e "tem pernas para
andar".
Crítico que não sou, a primeira reação foi
recusar, mas logo a obrigação que tantas vezes tenho sentido e praticado de, em
outras Artes, dar a mão a artistas que começam, me levou a aceitar o desafio,
credenciado por hábitos antigos de leitor de muitos livros e, assumindo o papel
sempre ingrato do juiz que se quer imparcial, li e reli os textos desta
profissional da Comunicação, primeiro de uma assentada, logo, com mais vagar e
cuidado, não me tendo sido difícil concluir que os contos apresentados,
especialmente "Sara", "O Delfim" e "O Comboio das
Mulheres" (que rico título para a coletânea!), retinem todos os
ingredientes dos bons escritos de ficção, corretos na estrutura, com acerto na
fluência narrativa, como também no desenho das personagens e da sua maneira de
estar e agir, na construção e desenrolar do enredo e no jeito de prender o
leitor, elementos fundamentais na criação literária convencionalmente designada
por conto. -Excerto do prefácio de autoria de Nuno Lima de Carvalho
Opinião de Marcelo Revelo de
Sousa – “Gostei imenso da facilidade da escrita. Dir-se-ia natural, sem
enfeites nem retoques, nem demasiada reponderação e correcção. Como se de um
filme, de imagens corridas, impressivas, aceleradas se tratasse.
Gostei imenso da capacidade de
ouvir, ver, captar várias histórias e saber encontrar nelas o essencial para
transmitir aos leitores.”
“Ana Paula Almeida é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e foi professora do ensino
secundário, tendo iniciado a carreira de jornalista aos 18 anos, no Diário de
Notícias, tendo posteriormente trabalhado nos jornais O Jornal, Sete, Jornal de
Letras, Jornal de Notícias, Correio da Manhã e A Capital, onde escreveu
sobretudo sobre espetáculos e literatura, e desde a sua criação faz parte da
SIC. Ler mais: http://jregiao-online.webnode.pt/products/ana-paula-almeida-apresenta-o-comboio-das-mulheres/
Abstraia-se do ambiente de fundo,
vindo do público que enche a Galeria de Arte do Casino Estoril, e também
de algum modo da letra, que decilmente a percebe, pois é cantada em italiano e
as condições acústicas também não o facilitam, durante a sessão do lançamento
do livro O Comboio das Mulheres, de autoria de Ana Paula Almeida, que teve
lugar ao fim da tarde do dia 12 de Março, e concentre-se na magnifica voz do
cantor lírico ceciliano, Geovanni D’Amor, que lhe enche a alma de alegres e
inexprimíveis emoções, considerado internacionalmente como um tenor de voz
quente e aveludada e que, há mais de uma década, veio a Portugal para um
concerto, por cá casou e se fixou – Apaixonado pelos fados de Amália, pelas
maravilhas da terra portuguesa. e das suas gentes
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE PINTURA E ESCULTURA.
No duplo acontecimento literário
e artístico, além de termos tido a oportunidade de falar com Ana Paula Almeida, na
sessão de autógrafos (que já conheciamos desde o tempo em que trabalhou
nesta Galeria de Arte), pudemos ainda fazer alguns registos fotográficos
e trocarmos algumas breves impressões com alguns dos pintores, ali presentes, nomeadamente
com Gustavo Fernandes : ….António Sem -…. Luís Vieira Baptista . a pintora Alba Simões , o escultor Rogério Timóteo ...-......---João Feijó
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Francisco Relógio e Artur Bual já não fazem parte
dos vivos. Porém, em sua vida, tivemos o prazer de conviver com ambos. E
sabemos que o tema de "a mulher" era recorrente na sua obra. E também
foi, na década de 80, que pela primeira vez falámos com Manuel Cargaleiro - Além destes pintores, havia
também obras de Edgardo Xavier e de Filomena Morim
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