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quarta-feira, 12 de julho de 2017

São Tomé e Príncipe está em festa e de parabéns - Há 42 anos nasceu uma nação “praticamente do zero” – Palavras do ex-Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, há dois anos, num ambiente que então era mais de união de que discórdia – No seu discurso evocativo do 12 de Julho de 1975 - Hoje as comemorações celebram-se na Cidade da Trindade e com ausência do Primeiro-Ministro Patrice Trovoada


Hoje, o centro da pequena cidade da Trindade, capital do Distrito de Mé Zóchi, o segundo maior do país. está em festa e engalanado para comemorar um dia muito especial -A  celebração dos 42 anos, sobre a data mais marcante da história do Povo Santomense -  

Por isso mesmo, e guardando eu desta maravilhosa terra as mais gratas recordações, sim, do esplendoroso e luxuriante  prodígio  que Deus fez erguer dos fundos dos abismos marítimos e no centro do mundo, tendo-a. pois, como se minha pátria amada se tratasse, aproveito para aqui expressar, na pessoa do seu Presidente Evaristo Carvalho,  os  meus calorosos  parabéns e os votos amigos de  que seja um dia verdadeiramente alegre, festivo e de esperança num futuro melhor, do que aquele que tem vindo a dividir e a ensombrar, social, politica e economicamente a sua tão sacrificada e martirizada  população

ONTEM AINDA SE NÃO SABIA SE O PRIMEIRO-MINISTRO, PATRICE TROVOADA, AUSENTE DO PAIS HÁ UM SEMANA, EM MAIS UMA DAS CENTENAS DE VIAGENS PELO ESTRANGEIRO, ESTARIA PRESENTE - Acabou por não comparecer, receando ser vaiado nas cerimónias, dando mais importância ao casamento de  um familiar, previsto para o dia 14 do corrente mês, admitindo-se que só regresse ao país no próximo dia 21

Tivemos conhecimento  que o ambiente era de pessimismo e descrença, que ainda se caiavam paredes e ultimavam os arranjos para a tradicional celebração comemorativa, que, pela primeira vez, decorrer fora da emblemática  Praça da Independência, em clima de alguma crispação pré-eleitoral, com vista ao escrutínio das eleições autárquicas - Espero, no entanto, que seja um dia mais de união, de solidariedade e de saudável e participativa comunhão num objetivo comum, sim de muita e justificada alegria de que de querelas e divisão.



PALAVRAS PROFERIAS HÁ DOIS ANOS PELO FUNDADOR DA NACIONALIDADE  SANTOMENSE QUE CONTINUAM PERFEITAMENTE ATUAIS 


"O mundo mudou e São Tomé e Príncipe soube acompanhar essa mudança e ser pioneiro em África na transição pacífica e tranquila do monopartidarismo" - Palavras do discurso, proferido,  há dois anos, pelo então Presidente Manuel Pinto da Costa, que aqui volto a reproduzir, dado o alcance e o significado que  as mesmas traduzem

Compatriotas

Há 40 anos começámos a percorrer o caminho que nos trouxe até à actualidade. Ao país que temos e ao país que queremos ter. O que somos e o queremos ser.
Não foi um caminho fácil nem isento de erros mas é preciso sublinhar hoje que partimos praticamente do zero com um legado colonial cujas consequências negativas perduraram durante muitos anos.



Herdámos terras e explorações agrícolas, base da nossa economia, abandonada. Uma a administração pública desmantelada. Um país sem quadros formados, sem recursos financeiros. Tivemos de construir um Estado a partir do nada.

Muita coisa mudou entretanto. O mundo mudou e São Tomé e Príncipe soube acompanhar essa mudança e ser pioneiro em África na transição pacífica e tranquila do monopartidarismo para a democracia multipartidária.


Tivemos 15 anos de regime de partido único. Fizemos a mudança para a democracia pluralista há 25 anos.

Este é um percurso que nos deve orgulhar. É um património da nossa história que devemos valorizar.

Não podemos continuar a viver de saudosismos. Nem de um passado que já não volta nem daquilo que poderíamos ter feito e não fizemos.

Não podemos fazer da nossa história um alibi permanente para a situação em que o país se encontra nem justificação para que São Tomé e Príncipe  não arranque em direcção ao progresso.


Temos de ser capazes de assumir os erros cometidos com humildade porque todos os cometeram e a, partir daí, ultrapassar o passado, encarar com realismo o presente e construir, com esperança, o futuro.
Gostaria, a este propósito, saudando calorosamente nesta ocasião, os povos irmãos de Moçambique, Angola, Cabo-Verde e Guiné Bissau que celebram como nós a independência, recordar e citar palavras recentes do ex-presidente Moçambicano, Armando Guebuza.
Disse este:


“O nosso maior sucesso foi termos adquirido uma identidade, podermos ter as nossas próprias opções e até cometer os nossos próprios erros”…
É na nossa identidade, que começámos a reconstruir nas quatro décadas que levamos de independência que reside a chave para o sucesso de São Tomé e Príncipe, recusando a nacionalização do pessimismo, da crítica destrutiva, do desânimo, da inércia e do isolamento insular que nos empurra constantemente para nós próprios.

Existem motivos mais que suficientes para acreditar que, apesar dos erros cometidos, apesar da pobreza que ainda não vencemos, das carências estruturais que persistem, que valeu a pena e somos capazes de conquistar um futuro de progresso, desenvolvimento e justiça social.
Podíamos ter feito melhor? Podíamos.
Podíamos ter cometido menos erros? Podíamos.
Podíamos ter alcançado melhores resultados? Podíamos.
Mas é valorizando o que conseguimos enquanto povo apesar de todas as dificuldades que enfrentámos que podemos potenciar o que há de melhor em nós e o país, não tenhamos dúvidas, precisa do melhor de nós. De todos nós, sem exclusões de qualquer natureza. 


Alcançámos progressos significativos em áreas fundamentais para o desenvolvimento como a saúde e educação onde estamos à beira de conseguir cumprir em vários domínios os objectivos do milénio definidos pelas Nações Unidas.

Temos uma democracia estabilizada e com provas dadas de maturidade.

Um governo com todas as condições políticas para garantir a tão almejada estabilidade até 2018.
Temos um capital humano jovem, generoso e com vontade de participar no desenvolvimento do país com potencialidades enormes se devidamente aproveitadas.
Somos um povo que apesar das desigualdades tem sabido manter a paz e coesão social.
Estes são também traços da nossa identidade que todos os que ocupam os centros de decisão têm de ter a capacidade de mobilizar e potenciar para desenvolver as mais-valias da posição geoestratégica do país no golfo da Guiné com um mercado ao seu alcance de mais de 300 milhões de consumidores.


Dizia eu há 3 anos que é preciso, neste mundo global, competitivo e vivido em tempo real devido aos avanços tecnológicos no domínio da comunicação, construir pontes para o exterior, preservando a imagem de um país que é, seguramente, a sua principal marca.

Hoje queria acrescentar que temos de saber também e ao mesmo tempo construir pontes entre nós próprios, independentemente das diferenças, num permanente diálogo construtivo e gerador de consensos estratégicos que permitam ao país construir um futuro melhor, o futuro com que todos sonhamos desde que conquistámos a independência.

O diálogo nunca será uma causa perdida nem falhada porque sem diálogo não há democracia nem coesão social.

Mesmo que os resultados fiquem aquém das expectativas o diálogo será sempre um instrumento fundamental para unir as diferenças, enriquecer a diversidade e encontrar caminhos comuns que mobilizem as energias da nação para vencer os desafios do século XXI.


Compatriotas


Hoje, 12 de Julho, é o dia de todos os Santomenses e é a todos que me dirijo.
Mas permitam-me algumas palavras em especial  de solidariedade para os mais desfavorecidos.  Aos que diariamente vivem o flagelo da pobreza, da sobrevivência, da incerteza sobre o dia de amanhã.

A nossa independência só será total e completa, como diz o nosso hino, quando erradicarmos a pobreza

Este é um combate que iniciámos há 40 anos e que temos de fazer com o mesmo espirito com que lutámos pela autodeterminação.

E para o conseguirmos é preciso como então, união entre todos os Santomenses, sejam quais forem as suas origens, credos ou convicções políticas.

Empenhemo-nos de novo, com o entusiasmo das grandes causas como foi a causa da independência, na criação de condições para que todos, sem excepção, vivam com dignidade.

Apostando, rumo ao progresso, nos recursos que temos ao nosso dispor sem ficar à espera daqueles que ainda não temos, na nossa agricultura, no mar e na pesca, na educação, na saúde, na prestação dos serviços, na atracção de investimento produtivo, no aprofundamento da cooperação com os nossos parceiros, no estreitamento do envolvimento e ligação à diáspora.

Esta é uma aposta de todos e que só pode ser ganha com união entre todos.
Numa conjuntura externa adversa de crise económica internacional persistente e numa altura em que a crise na zona euro decorrente dos últimos acontecimentos na Grécia aumenta o grau de incerteza quanto ao futuro temos de saber só unidos estaremos preparados para ultrapassar todas as dificuldades.

Permitam-me a este propósito que recorde as palavras que proferi em 1975 na emissão especial radiofónica feita no dia da independência. 

“ Estou firmemente em crer que todo o nosso povo estará connosco, que todo o nosso povo tem a consciência desse momento e nós conseguiremos com ele construir uma pátria nova. Uma pátria onde todos os homens de São Tomé e Príncipe serão felizes”

Quarenta anos depois este tem de continuar e continuará a ser o nosso grande propósito." ------------------- Discurso na íntegra do Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da costa 


Há 41 anos começámos a construir um caminho que escolhemos para São Tomé e Príncipe como nação livre e independente", afirmou Pinto da Costa, que apelou às novas gerações para não esquecerem a data que assinala a saída do poder colonial português.

Hoje, disse, "é também um dia que devemos viver com união, apesar das diferenças, para que todos possamos ser livres".

"É o dia da independência, o dia mais importante da nossa história enquanto povo, o dia em que conquistámos a liberdade e tomamos o destino nas nossas mãos. Esta será para sempre uma data inesquecível e por todos deve ser celebrada", discursou Manuel Pinto da Costa, numa cerimónia em que não esteve presente o primeiro-ministro, com quem tem sido difícil a relação.

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