ONTEM DECORREU O DIA NACIONAL DAS FORÇAS ARMADAS - HÁ 44 ANOS - PODIA TER SIDO UM 2º BANHO DE SANGUE POR COLONOS APÓS INVADIREM O PALÁCIO DO GOVERNO E INSULTAREM O GOVERNADOR – MAL
ME VIRAM NAS IMEDIAÇÕES, UMA AUTÊNTICA MULTIDÃO DESATOU A CORRER ATRÁS DE MIM
.. SE ME APANHASSEM, TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!... - Em toda a parte os jornalistas são sempre as primeiras vitimas da ira popular, da intolerância e do ódio - Em todos as guerras e conflitos - Mas não só.
Um total de 110 jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2015, informou a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira (29), destacando que a maioria foi vitimada por causa de seu trabalho em países supostamente pacíficos.Mais de 100 jornalistas foram mortos em 2015,....Os países onde mais morreram jornalistas em 2015 -.....Dois jornalistas mortos a tiro em direto nos EUA.................Brasil registra o maior número de jornalistas assassinados ....
.. SE ME APANHASSEM, TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!... - Em toda a parte os jornalistas são sempre as primeiras vitimas da ira popular, da intolerância e do ódio - Em todos as guerras e conflitos - Mas não só.
Um total de 110 jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2015, informou a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira (29), destacando que a maioria foi vitimada por causa de seu trabalho em países supostamente pacíficos.Mais de 100 jornalistas foram mortos em 2015,....Os países onde mais morreram jornalistas em 2015 -.....Dois jornalistas mortos a tiro em direto nos EUA.................Brasil registra o maior número de jornalistas assassinados ....
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Naturalmente que
não posso culpabilizar a generalidade dos colonos portugueses pelas
suas atitudes intempestivas: - os brancos foram apanhados de surpresa pelo
desenrolar dos acontecimentos e andavam muito nervosos, receando pelo seu
futuro. Ninguém os molestou fisicamente - E a única vida que se
perdeu, até foi a de um santomense, com uma bala da tropa: o acidente ocorreu
a 6 de Setembro: Rodrigues Pinta de 59 anos, estivador, conhecido por
Giovani, foi morto "por uma bala perdida" durante uma manifestação
acalorada no Bairro do Riboque -
Nesse mesmo dia, .Paulo Ferreira, um soldado de 23 anos da Companhia de Caçadores de S. Tomé e Príncipe, morreu num brutal acidente de viação, quando a sua unidade regressava da roça de Santa Catarina.
Os jornalistas são sempre as primeiras
vítimas. os bodes-expiatórios da ira popular, das guerras e conflitos - Em S.
Tomé, só não me lincharam, talvez por milagre - Mas não foi da população nativa
que partiram as agressões e ameaças. Aliás, foi no seio desta que eu fui
protegido
Por duas vezes todos os pneus à navalhada |
39 anos depois |
Nesse mesmo dia, .Paulo Ferreira, um soldado de 23 anos da Companhia de Caçadores de S. Tomé e Príncipe, morreu num brutal acidente de viação, quando a sua unidade regressava da roça de Santa Catarina.
As constantes
manifestações populares, reclamando a independência, causavam-lhes alguma
instabilidade. Ora, nestas coisas, como geralmente acontece, nos conflitos, os
jornalistas são sempre as maiores vítimas, o bode expiatório da situação
- Enquanto em Angola, havia uma guerrilha declarada, que ceifava já milhares de
vidas de parte a parte, em S. Tomé, a luta era diferente - O povo é por natureza
pacífico. Em São Tomé e Príncipe, não existia criminalidade, senão
esporadicamente e mais do foro passional - Apesar da população ter sido tão sacrificada ao longo dos séculos,
à exceção das revoltas do "angolares" (etnia, dedicada especialmente
à pesca), os maiores problemas, com que a colonização portuguesa nas
ilhas, se teve de bater, foi com os corsários franceses e holandeses.
Por conseguinte, quando o Povo Santomense, teve oportunidade
de sair à rua e se manifestar, exigindo abertamente a independência,
fê-lo calorosamente, mas sem atos de violência - No entanto, para os colonos,
tais manifestações eram entendidas, como uma ameaça à sua continuidade nas
Ilhas. De certo modo, é verdade - as roças, principal fonte da exploração
colonial, nunca serviram o povo santomense mas os donos dessas grandes
propriedades, que viviam refasteladamente em Lisboa: os chamados turistas da
Gravana, que só ali iam a dar umas passeatas e a banquetear-se em lautas jantaradas
- Salvo o administrador, o chefe de escritórios e o feitor-geral, em cada
roça, o resto, tanto empregados brancos, como trabalhadores, não passavam de
escravos: pessoalmente, passei por esse dura experiência.
ESPALHARAM-SE
POR TODAS AS RUAS - O QUE ME VALEU FOI TER DESCOBERTO A ESCADA DE UMA
PORTA ABERTA E REFUGIAR-ME NO TELHADO DESSE PRÉDIO
MESMO ASSIM,
QUANDO CORRIA À SUA FRENTE, AINDA LEVEI COM UMA PEDRA NA CABEÇA e outra nas
costas - Depois de descarregarem toda a ira e ódio na minha modesta viatura,
furando-lhe os quatro pneus à navalhada, arrombara-me a casa, partiram-me tudo:
escaqueiraram-me a máquina de escrever, onde nem sequer ficou um simples copo
inteiro para beber água - Não satisfeitos com a malvadez, deixaram uma forca
pendurada na porta, e, na parede ao lado, uma cruz desenhada e a
inscrição: " a morte sanciona cada traidor".
TIVE QUE ME
REFUGIAR, EM CASA DE UM SANTOMENSE: dos pais do Constantino Bragança, que,
tendo assistido à perseguição, se deslocou à noite ao local para me colher no
seu modesto casebre, algures no mato: Sr. Jorge! Pode descer, que os brancos
foram todos para o quartel da Polícia Militar e do Cinema Império e venha para
a minha casa"
A minha casa ficou irreconhecível, num monte de destroços. Como não me apanharam
lá no seu interior, deixaram-me à porta o laço da prometida forca de corda. Pelos
vistos, em qualquer parte do mundo, os jornalistas são sempre as primeiras
vítimas. É neles que descarregam todos as iras e ódios. Ainda hoje, ao escrever
estas linhas, se me toldam os olhos, tal os maus momentos por que passei.
Ao meu modesto carro, por duas vezes, lhe furaram os pneus à navalhada.- Não me
importo de ser confrontado com os elementos da natureza mais hostil, mas
ser atingido pelo ódio humano é mil vezes pior!...Não é medo é um
sentimento de profunda tristeza e revolta.
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