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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Carmen Dolores – Entrevista há 33 anos O Adeus à Atriz - “Os dias de Rádio foram muito agradáveis “- “Todas as Idades têm o seu encanto” - Declarou-me em sua casa.

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista 


O Adeus à Atriz Carmem Dolores –  O Adeus à Atriz -Entrevista há 33 anos “Os dias de Rádio foram muito agradáveis “- “Todas as Idades têm o seu encanto” - Declarou-me - Morreu, em Lisboa, na segunda-feira, aos 96 anos. 



Na entrevista, que me concedeu, amavelmente em sua casa, tinha acabado de chegar da APOIART, de uma reunião sobre o projeto da Casa do Artista, de que viria a ser cofundadora, inaugurada anos depois, a 5 de Maio 1999, por um grupo de atores, tendo como primeiras finalidades a residência para artistas e o Teatro Armando Cortez.

Recordou-me vários aspetos da sua vida, nos tempos dos folhetins radiofónicos, assim como na séries de Televisão, nas peças de teatro e no cinema, do seu gosto pela escrita e pela leitura

“Comecei a ler desde muito nova; o meu pai era jornalista, e havia sempre em casa, imensos livros, imensos jornais e revistas, e lia muito: comecei a interessar-me por tudo. E lembro- de aos 13 anos, eu li toda a obra de Dostoiévski

Falou-me do projeto da Casa do Artista, de que viria a ser a cofundadora, de um sonho muito antigo dos atores e que viria a ser concretizado em 5 de Maio de 1999 – E do que pensava da Velhice, quando, um dia atingisse esse período da vida, respondeu-me que todas a idades têm o seu encanto, conquanto haja a saúde: “Não me assusta a velhice: se a pessoa tiver saúde até ao fim, acho que a velhice não se fará sentir. Não me assusta muito a velhice. Mas, por exemplo, na minha profissão, pois, se continuar a tralhar. Se continuar haver papéis para todas as idade, por isso, não me assusta muito

Falou-me da sua participação no filme da Badalada do Cães, que tinha sido realizado no ano anterior por José Fonseca e Costa, baseado na obra original de Cardoso Pires

Á pergunta se gostava mais de fazer teatro ou cinema, respondeu-me que, ultimamente vinha fazendo mais teatro de que cinema,

Ultimamente dediquei-me mais ao teatro de que ao cinema, e também porque é muito difícil fazer

No principio da minha carreira, fiz muito cinema, mas depois dediquei-me mais ao teatro. E também porque é muito difícil de fazer uma vida paralela, como atriz de teatro e atriz de cinema, acabei por estar muitos anos sem fazer cinema. Fiz um filme de António Macedo, há uns anos, e, o ano passado, a Balada da Praia dos Cães, de José Cardoso Pires, uma realização de José Fonseca e Gosta; gostei imenso! E apetece-me imenso voltar a fazer cinema!

Entre o Teatro e o cinema, se tivesse que optar?

Essa é uma pergunta muito difícil: eu gosto muito de teatro mas o teatro é muito cansativo… Quando se faz teatro, com continuidade, esse compromisso diário, não é que me canse ou assuste a monotonia, porque nunca é igual: é isso que o teatro tem de vivo de atual e de atuante.

Falou-me do livro, que tinha escrito, de memórias, “ O Retrato Inacabado” quando residiu em Paris, com o seu marido

Disse-me que gosta muito de escrever; tenho necessidade confiar ao papel muitas coisas que não digo – Não escreve poesia, mas quando era rapariguinha, teve uma tendência para escrever poesia, mas depois achei que não valia a pena, porque não era boa a escrever

Estas algumas das questões, de que me falou, na entrevista de 20 minutos que amavelmente me concedeu, cuja audição recomendo

Em julho de 2018, a atriz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, no âmbito de uma homenagem no Teatro da Trindade à atriz, que incluiu a estreia da peça "Carmen", inspirada nas suas memórias, e o batismo da sala principal com o seu nome.

O grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, o prémio Sophia de Carreira, da Academia Portuguesa de Cinema, e o Prémio António Quadros de Teatro constam também do palmarés da atriz.- Lusa

Traços Biográficos – “Iniciou o seu percurso na rádio, como declamadora e atriz e aos 19 anos estreou-se no cinema em "Amor de Perdição" (1943), adaptação de António Lopes Ribeiro do romance de Camilo Castelo Branco. Entrou também nos filmes "Um Homem às Direitas" (1945), de Jorge Brum do Canto", "A Vizinha do Lado" (1945), também de António Lopes Ribeiro, e "Camões" (1946), de José Leitão de Barros.

Estreou-se nos palcos no Teatro da Trindade, na capital portuguesa, em 1945, integrada na Companhia Os Comediantes de Lisboa, na peça “Electra, a mensageira dos deuses”, de Jean Giraudoux, encenada por Francisco Ribeiro (Ribeirinho).

Em 1951 passou para o palco do Teatro Nacional D. Maria II, sob a direção de Amélia Rey Colaço, e participou em várias peças, entre as quais "Frei Luís de Sousa", de Almeida Garret

Nascida em Lisboa, a 22 de abril de 1924, Carmen Dolores teve uma carreira de mais de 60 anos com um percurso que passou pela maioria dos palcos portugueses, companhias independentes, cinema, rádio e televisão.

Iniciou o seu percurso na rádio, como declamadora e atriz e aos 19 anos estreou-se no cinema em "Amor de Perdição" (1943), adaptação de António Lopes Ribeiro do romance de Camilo Castelo Branco. Entrou também nos filmes "Um Homem às Direitas" (1945), de Jorge Brum do Canto", "A Vizinha do Lado" (1945), também de António Lopes Ribeiro, e "Camões" (1946), de José Leitão de Barros.

Estreou-se nos palcos no Teatro da Trindade, na capital portuguesa, em 1945, integrada na Companhia Os Comediantes de Lisboa, na peça “Electra, a mensageira dos deuses”, de Jean Giraudoux, encenada por Francisco Ribeiro (Ribeirinho).

Em 1951 passou para o palco do Teatro Nacional D. Maria II, sob a direção de Amélia Rey Colaço, e participou em várias peças, entre as quais "Frei Luís de Sousa", de Almeida Garrett.

Foi uma das fundadoras do Teatro Moderno de Lisboa e participou num projeto que levou à cena novas encenações de peças de autores consagrados como Fiódor Dostoiévski, William Shakespeare, August Strindberg ou José Cardoso Pires.

Na década de 80 trabalhou no cinema com José Fonseca e Costa, em "A Mulher do Próximo" (1988) e "Balada da Praia dos Cães" (1987).

Em 1998, de novo no teatro, foi dirigida por Diogo Infante em Jardim Zoológico de Cristal de Tennessee Williams, no Teatro Nacional.

Teve também vários papéis em televisão em telenovelas como "Passerelle", "A Banqueira do Povo" e "A Lenda da Garça".

“Copenhaga”, no Teatro Aberto, com encenação de João Lourenço, foi a peça com que, em 2005, se despediu dos palcos após uma carreira de 60 anos.

Em julho de 2018, a atriz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, no âmbito de uma homenagem no Teatro da Trindade à atriz, que incluiu a estreia da peça “Carmen”, inspirada nas suas memórias, e o batismo da sala principal com o seu nome.

Carmen Dolores foi ainda distinguida com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído pelo Presidente da República Jorge Sampaio, com a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, o prémio Sophia de Carreira, da Academia Portuguesa de Cinema, e o Prémio António Quadros de Teatro, entre outros galardões. https://mag.sapo.pt/.../art.../morreu-a-atriz-carmen-dolores

 


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