Jorge Trabulo Marques - Jornalista
O Adeus à Atriz Carmem Dolores – O Adeus à Atriz -Entrevista há 33 anos “Os dias de Rádio foram muito agradáveis “- “Todas as Idades têm o seu encanto” - Declarou-me - Morreu, em Lisboa, na segunda-feira, aos 96 anos.
Na
entrevista, que me concedeu, amavelmente em sua casa, tinha acabado de chegar
da APOIART, de uma reunião sobre o projeto da Casa do Artista, de que viria a
ser cofundadora, inaugurada anos depois, a 5 de Maio 1999, por um grupo de
atores, tendo como primeiras finalidades a residência para artistas e o Teatro
Armando Cortez.
Recordou-me
vários aspetos da sua vida, nos tempos dos folhetins radiofónicos, assim como
na séries de Televisão, nas peças de teatro e no cinema, do seu gosto pela
escrita e pela leitura
“Comecei a ler
desde muito nova; o meu pai era jornalista, e havia sempre em casa, imensos
livros, imensos jornais e revistas, e lia muito: comecei a interessar-me por
tudo. E lembro- de aos 13 anos, eu li toda a obra de Dostoiévski
Falou-me do
projeto da Casa do Artista, de que viria a ser a cofundadora, de um sonho muito
antigo dos atores e que viria a ser concretizado em 5 de Maio de 1999 – E do
que pensava da Velhice, quando, um dia atingisse esse período da vida,
respondeu-me que todas a idades têm o seu encanto, conquanto haja a saúde: “Não
me assusta a velhice: se a pessoa tiver saúde até ao fim, acho que a velhice
não se fará sentir. Não me assusta muito a velhice. Mas, por exemplo, na minha
profissão, pois, se continuar a tralhar. Se continuar haver papéis para todas
as idade, por isso, não me assusta muito
Falou-me da
sua participação no filme da Badalada do Cães, que tinha sido realizado no ano
anterior por José Fonseca e Costa, baseado na obra original de Cardoso Pires
Á pergunta
se gostava mais de fazer teatro ou cinema, respondeu-me que, ultimamente vinha
fazendo mais teatro de que cinema,
Ultimamente
dediquei-me mais ao teatro de que ao cinema, e também porque é muito difícil
fazer
No principio
da minha carreira, fiz muito cinema, mas depois dediquei-me mais ao teatro. E
também porque é muito difícil de fazer uma vida paralela, como atriz de teatro
e atriz de cinema, acabei por estar muitos anos sem fazer cinema. Fiz um filme
de António Macedo, há uns anos, e, o ano passado, a Balada da Praia dos Cães, de
José Cardoso Pires, uma realização de José Fonseca e Gosta; gostei imenso! E
apetece-me imenso voltar a fazer cinema!
Entre o
Teatro e o cinema, se tivesse que optar?
Essa é uma
pergunta muito difícil: eu gosto muito de teatro mas o teatro é muito
cansativo… Quando se faz teatro, com continuidade, esse compromisso diário, não
é que me canse ou assuste a monotonia, porque nunca é igual: é isso que o
teatro tem de vivo de atual e de atuante.
Falou-me do
livro, que tinha escrito, de memórias, “ O Retrato Inacabado” quando residiu em
Paris, com o seu marido
Disse-me que
gosta muito de escrever; tenho necessidade confiar ao papel muitas coisas que
não digo – Não escreve poesia, mas quando era rapariguinha, teve uma tendência
para escrever poesia, mas depois achei que não valia a pena, porque não era boa
a escrever
Estas
algumas das questões, de que me falou, na entrevista de 20 minutos que
amavelmente me concedeu, cuja audição recomendo
Em julho de 2018, a atriz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, no âmbito de uma homenagem no Teatro da Trindade à atriz, que incluiu a estreia da peça "Carmen", inspirada nas suas memórias, e o batismo da sala principal com o seu nome.
O grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, o prémio Sophia de Carreira, da Academia Portuguesa de Cinema, e o Prémio António Quadros de Teatro constam também do palmarés da atriz.- Lusa
Traços
Biográficos – “Iniciou o seu percurso na rádio, como declamadora e atriz e aos
19 anos estreou-se no cinema em "Amor de Perdição" (1943), adaptação
de António Lopes Ribeiro do romance de Camilo Castelo Branco. Entrou também nos
filmes "Um Homem às Direitas" (1945), de Jorge Brum do Canto",
"A Vizinha do Lado" (1945), também de António Lopes Ribeiro, e
"Camões" (1946), de José Leitão de Barros.
Estreou-se
nos palcos no Teatro da Trindade, na capital portuguesa, em 1945, integrada na
Companhia Os Comediantes de Lisboa, na peça “Electra, a mensageira dos deuses”,
de Jean Giraudoux, encenada por Francisco Ribeiro (Ribeirinho).
Em 1951
passou para o palco do Teatro Nacional D. Maria II, sob a direção de Amélia Rey
Colaço, e participou em várias peças, entre as quais "Frei Luís de
Sousa", de Almeida Garret
Nascida em
Lisboa, a 22 de abril de 1924, Carmen Dolores teve uma carreira de mais de 60
anos com um percurso que passou pela maioria dos palcos portugueses, companhias
independentes, cinema, rádio e televisão.
Iniciou o
seu percurso na rádio, como declamadora e atriz e aos 19 anos estreou-se no
cinema em "Amor de Perdição" (1943), adaptação de António Lopes
Ribeiro do romance de Camilo Castelo Branco. Entrou também nos filmes "Um
Homem às Direitas" (1945), de Jorge Brum do Canto", "A Vizinha
do Lado" (1945), também de António Lopes Ribeiro, e "Camões"
(1946), de José Leitão de Barros.
Estreou-se
nos palcos no Teatro da Trindade, na capital portuguesa, em 1945, integrada na
Companhia Os Comediantes de Lisboa, na peça “Electra, a mensageira dos deuses”,
de Jean Giraudoux, encenada por Francisco Ribeiro (Ribeirinho).
Em 1951
passou para o palco do Teatro Nacional D. Maria II, sob a direção de Amélia Rey
Colaço, e participou em várias peças, entre as quais "Frei Luís de
Sousa", de Almeida Garrett.
Foi uma das
fundadoras do Teatro Moderno de Lisboa e participou num projeto que levou à
cena novas encenações de peças de autores consagrados como Fiódor Dostoiévski,
William Shakespeare, August Strindberg ou José Cardoso Pires.
Na década de
80 trabalhou no cinema com José Fonseca e Costa, em "A Mulher do
Próximo" (1988) e "Balada da Praia dos Cães" (1987).
Em 1998, de
novo no teatro, foi dirigida por Diogo Infante em Jardim Zoológico de Cristal
de Tennessee Williams, no Teatro Nacional.
Teve também
vários papéis em televisão em telenovelas como "Passerelle", "A
Banqueira do Povo" e "A Lenda da Garça".
“Copenhaga”,
no Teatro Aberto, com encenação de João Lourenço, foi a peça com que, em 2005,
se despediu dos palcos após uma carreira de 60 anos.
Em julho de
2018, a atriz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa, com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, no âmbito de uma
homenagem no Teatro da Trindade à atriz, que incluiu a estreia da peça
“Carmen”, inspirada nas suas memórias, e o batismo da sala principal com o seu
nome.
Carmen
Dolores foi ainda distinguida com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante
D. Henrique, atribuído pelo Presidente da República Jorge Sampaio, com a
Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, o prémio Sophia de Carreira, da
Academia Portuguesa de Cinema, e o Prémio António Quadros de Teatro, entre
outros galardões. https://mag.sapo.pt/.../art.../morreu-a-atriz-carmen-dolores
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