Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Francisco José Tenreiro, considerado o mais
importante intelectual santomense do sec. XX e o fundador da santomensidade
literária,, vai ser tema de um álbum na coleção Mestres da Língua Portuguesa, com textos de Jorge Chichorro Rodrigues e Ilustrações de Henrique Gabriel - O lançamento da obra está prevista para o próximo Verão
Poeta e ensaísta, foi voz da mestiçagem, da negritude e da africanidade, e deu expressão ao homem negro global e à 'nova' África. É uma das figuras de maior destaque na cultura e na história de São Tomé e Príncipe no século XX.
Francisco José Tenreiro nasceu na ilha de São Tomé a 20 de Janeiro de 1921, filho de um administrador português e de uma africana. Partiu ainda muito novo da calmaria ‘leve-leve’ são-tomense rumo a Lisboa, onde se tornou homem. Formou-se em 1961 como geógrafo na Universidade de Lisboa e trabalhou como professor no Instituto de Ciências Sociais e Política Ultramarina. Foi ainda deputado de São Tomé e Príncipe na Assembleia Nacional Portuguesa, mas foi na poesia que se realizou e imortalizou.
Os anos 1960 eram de ímpetos de luta pela liberdade, e em países como EUA e França levantavam-se vozes intelectuais negras, não só pelos seus direitos, mas pela identidade dos povos africanos. Tenreiro queria exprimir esta nova África, a fusão das culturas nativas, mostrar um homem negro global. Os seus trabalhos, ensaios na maioria, nas áreas da geografia, sociologia e história, foram publicados por diversos jornais e revistas.
A sua primeira obra, ‘Ilha de Nome Santo’, foi publicada em 1942 e nela Tenreiro apela ao respeito de todas as raças: “nasci do negro e do branco / e quem olhar para mim / é como se olhasse / para um tabuleiro de xadrez” (…) “E tenho no peito uma alma grande, / uma alma feita de adição”. Em 1953, em conjunto com o angolano Mário de Andrade, volta a arriscar na ousadia e publica em Lisboa ‘Poesia Negra de Expressão Portuguesa’ – uma antologia de textos de novos intelectuais africanos. Era a assumpção da ‘Africanidade’. Em 1961 publica o primeiro ensaio, ‘A Ilha de São Tomé’, onde refuta a ideia de escravidão no arquipélago durante o século XVI. no ano seguinte dá por concluído o segundo livro de poemas, ‘Coração em África’, que já não viu ser publicado, por ter falecido em 1963. https://ensina.rtp.pt/artigo/francisco-tenreiro/
Ler poemas em http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/s_tome_princepe/francisco_jose_tenreiro.htmlJorge Chichorro Rodrigues, nome literário de Jorge Manuel da Silva Costa Rodrigues. Nascido no dia 19 de março de 1958, no bairro típico da Graça, em Lisboa, passou a infância e a juventude a circular de terra em terra, devido à profissão do Pai. A falta de raízes foi compensada pelo conhecimento, quando ainda jovem, da diversidade do seu pequeno país: esteve no Minho, nos Açores, no Douro Litoral, na Estremadura, até «desaguar» em Oeiras, onde terminou o ensino secundário, cumpriu parte do serviço militar, e onde atualmente vive.
Licenciou-se
no I.S.L.A. em Tradutor-Intérprete, esteve em África e no Brasil a ensinar
Português e Inglês, além de ter exercido outras atividades, como a de guia
turístico (em Foz do Iguaçu, Paraná, e em São Paulo). Regressado a Portugal,
reinseriu-se no ensino público, fez uma nova licenciatura, em Línguas e
Literaturas Modernas, variante Estudos Portugueses, na Universidade Autónoma de
Lisboa, e depois defendeu, na Universidade Aberta, a dissertação de mestrado Da
Comunidade Luso-Brasileira à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
A vivência em diferentes territórios de língua portuguesa, espalhados pelos dois lados do Atlântico, tem vindo a inspirar a sua obra, que se confunde em parte com a sua vida. Tem como modelos Camões, Pessoa e Agostinho da Silva, tendo conhecido este último pessoalmente. O seu lema é a abertura ao mundo, com respeito pela melhor tradição portuguesa, baseada no humanismo cristão e no universalismo, na curiosidade em conhecer as mais diversas culturas e as mais diferentes humanidades.
Além de vários livros publicados, do ensaio ao romance, passando pela poesia, traduziu do Francês A Grande Epopeia dos Celtas, de Jean Markale, entre outras obras, e tem artigos publicados sobre a comunidade lusófona em diferentes meios de comunicação social, nomeadamente no Diário de Notícias. Tem uma entrada sobre a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) no Dicionário Temático da Lusofonia, publicado pela Texto Editora. Tem um poema da sua autoria incluído numa antologia de poemas de homenagem a Timor-Leste, publicada em 2002 pela Universitária Editora.
Tem feito a revisão de alguns livros, nomeadamente d' Os Templários na formação de Portugal, de Paulo Alexandre Loução, publicado pela Ésquilo. https://www.jorgechichorrorodrigues.com/autor
Henrique Gabriel, é natural de Vila Cova de Alva Concelho de Arganil -Frequentou o Curso Complementar de Artes Plásticas da A.R.C.A.
Em 1979, inicia, em Coimbra, a actividade profissional como ilustrador e desenhador gráfico nas Oficinas Gráficas da Gesteco.
Em 1980, expõe pela primeira vez na Exposição Colectiva do MAC - Movimento Artístico de Coimbra.
No mesmo ano muda-se para Lisboa onde continua a actividade de Ilustrador e Desenhador Gráfico em várias editoras e agências de publicidade desenvolvendo imagens gráficas para inumeras empresas nacionais e multinacionais.
Em 1997, percorre a pé o Caminho Francês de Santiago onde criou uma forte relação de amizade com Jaime Sprícigo (Brasil) e com Santiago Navarro (Galiza) com quem caminha vários dias.
Após o regresso pinta um retrato a óleo de Santiago Navarro. É o regresso à actividade artística.
1998 . Abandona definitivamente a actividade Gráfica e Publicitária e dedica-se a tempo inteiro às Artes Plásticas. Volta a expôr em 2001 no Centro Galego de Lisboa com a exposição temática: Caminho de Santiago. Mais pormenores em http://hgabriel-arte.blogspot.com/search/label/9%20.%20BIOGRAFIA
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