Jorge Trabulo Marques
São Tomé - Roça Uba-Budo vendida à Rússia
e escorraça empresa santomense - Fui lá empregado de mato em finais 63-
Trabalhada desde há 40 anos por técnicos nacionais. Uma das mais importantes
roças do país, com uma área de 2.460 hectares. Onde se produzem
todas as culturas tropicais, Possuidora de minerais raros e até de
petróleo. Em 1953 produziu 394 toneladas de cacau, 9 de café, 296 de
coconote, 94 de copra e 219 de óleo de palma

Considero um erro entregarem-se as principais riquezas naturais totalmente à mercê da gula estrageira. Em vez de, pelo menos, se promoverem parcerias com empresas formadas por técnicos ou empresários nacionais - Situação que vem acontecendo em toda a África e não só. Fenómeno que vem gerando maior desemprego e um desenvolvimento mais ilusório de que substancial.
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Foi noticiado pelo jornal Téla Nón. que, Deodato Tiny, engenheiro agrónomo acompanhado pelos filhos foi a Uba Budo Praia testemunhar o fim de mais de 40 anos de trabalho na roça onde trabalhou desde a década de 80 do século XX.
Deodato Tiny é o
sócio-gerente da empresa de capital santomense, criada há 23 anos, a SAN UBA
BUDO. Em maio de 2024 a sociedade que foi criada por quadros nacionais,
nomeadamente 3 engenheiros agrónomos e 2 economistas recebeu uma ordem do
ex-ministro da Agricultura Abel Bom Jesus para abandonar a roça. «Fomos escorraçados. Deram-nos 15 dias para sair daqui. Nem nos
permitiram tratar do cacau que tinha sido colhido», confirmou
Deodato Tiny.
Preservar o património
histórico colonial da empresa foi um dos nossos compromissos. De todo
património colonial de Uba Budo e suas 10 dependências só este continua
intacto. Foi um trabalho difícil», alertou.
Esta fotografia, foi registada no mesmo dia e quase ao lado, quando me postei junto a um velho cacaueiro, lembrando-me dos tempos em que por ali andava de machim na mão, subindo e descendo grotas mais íngremes de que as encostas ou ladeia da minha aldeia - Ouço o testemunho neste vídeo - De um antigo trabalhador na Roça Uba-Budo
PASSADO HISTÓRICO DA ROÇA UBA-BUDO - José Ferreira do Amaral,, foi o fundador destA propriedade, que a despovoou e plantou, primeiro de café e depois de cacau, tendo depois também adquirido as roças Rosário e Vale Carmo, e no Norte de Ilha a Roça Bindá . :
Após o seu falecimento, ocorrido em 1916, formou-se, então, a Companhia Agrícola Ultramarina. que também já adquiriu as Roças Coimbra, para ligar S. João ao Valle Carmo é Rosário e a Roça Guegue que | ficou ligada à Uba Budo
A Rça Uba-Budo é do tipo grande propriedade, com uma área de 2.460º hectares toda cultivada. A sua principal cultura ainda é hoje o cacau. Se bem que as oleaginosas se estejam a desenvolver cada vez mais .
A Roça Uba-Budo possui optimas construções de alvenaria, incluindo as do pessoal africano.um bom hospital, e as suas plantações cuidadas e tem progredido.
Esta propriedade é servida por 34 quilómetros e de via férrea e por uma rede de estradas de 110 Km: a totalidade da via férrea Km e a rede estradas é de 300Km
DESEMPREGO E EMIGRAÇÃO -
18% da população de STP vive no estrangeiro cerca de 40 mil, e a metade abandonou o país em 2023 - Refere estudo do Banco Mundial que pretende ajudar o país a definir estratégias que garantam um modelo migratório sustentável, diz que «actualmente pelo menos 18% da população de São Tomé e Príncipe reside no estrangeiro, totalizando aproximadamente 39.773 santomenses».
O relatório acrescenta que nos últimos 5 anos «as saídas do país aumentaram em 106%». 2023 se destaca como sendo o ano de maior êxodo para o estrangeiro. «Só em 2023, 24.156 pessoas deixaram o território nacional», precisa o estudo do Banco Mundial.
Os jovens dos 18 aos 35 anos são os que mais emigram, correspondendo a 72% da população emigrada. 30% dos santomenses que abandonaram o país frequentaram o ensino superior, 40% possuem o ensino secundário, e 25% não completaram o ensino básico..
Portugal continua a ser o principal destino devido aos laços históricos e culturais e ao recente acordo de mobilidade da CPLP. O relatório refere que Portugal absorveu 51,7% dos cerca de 40 mil emigrantes santomenses. Angola recebeu 17,2%, Gabão 16,4%, Cabo Verde 4,5%, e a Guiné Equatorial 4,5%.
A DIFÍCIL VIDA NAS ROÇAS – DO MEU TEMPO E AINDA DE AGORA -Para a maioria dos que ainda nelas resistem - sobretudo, de origem cabo-verdiana, com o coração ruído de saudades das suas queridas ilhas, a situação, em que se encontram, atualmente, não é ainda a mlhor. Mas verdade é que, para quem ali trabalhou, como eu, esses enormes feudos coloniais, trazem também lembranças de febres palustres e rosários de humilhações, de muitos sacrifícios e adversidades
Trabalhei nesses feudos e conheci bem a dureza da vida, nessas grandes propriedades, quer para os chamados serviçais, quer para os nativos que ali iam fazer os mesmos trabalhos, mas também para os empregados de mato, que eram igualmente escravizados, mal pagos e que apenas tinham direito à chamada graciosa, de quatro em quatro anos
No meu tempo, a vida por lá também era bem dura e penosa, tanto para os empregados de mato, tal o meu caso, como para os escravizados trabalhadores .Quer chovesse ou fizesse sol, o trabalho não se suspendia e tinha de começar muitos antes dos seus raios raiarem por entre a floresta ou lá no horizonte do fundo do mar.
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