António Guterres, no penúltimo dia da COP30. disse aos jornalistas que países e negociadores devem fazer prevalecer a ciência lembrando que antes de qualquer lucro vêm as pessoas; ele defendeu triplicar financiamento para adaptação e mitigação focada na eliminação de combustíveis fósseis; presidente do Brasil, Lula da Silva, diz que mapa para transição precisa ser levado a sério.
Secretário-geral da ONU discursou em Belém, apelando a compromissos concretos e mais ambiciosos no financiamento e também no abandono dos combustíveis fósseis.
Cúpula dos Povos foi aberta oficialmente a 12 de novembro em Belém (PA), reunindo cerca de 1,3 mil movimentos sociais, redes e organizações populares para criticar a falta de participação popular na COP30 e apoiar a Palestina. O evento, que decorreu até 16 de novembro na Universidade Federal do Pará, nas margens do Rio Guamá, destacou a insatisfação com a ineficiência das medidas dos governos para conter o aquecimento global.
O que está a falhar é a vontade política de tomar as decisões necessárias. Por favor, negoceiem de boa-fé para atingir um compromisso ambicioso. A nossa única linha vermelha deverão ser os 1,5 graus centígrados. Sejam corajosos, sigam a ciência e coloquem as pessoas antes do lucro”, apelou num discurso no recinto da COP30, que decorre em Belém, no Brasil. Na visão de Guterres, o resultado justo terá de ser “concreto em termos do financiamento à adaptação, credível nos cortes de emissões e suportável em termos de finanças”.
Primeiro, o financiamento. No que diz respeito à adaptação, Guterres defende que os fundos comprometidos para este fim tripliquem até 2030, e que seja atingido um equilíbrio entre este investimento e aquele em mitigação.
No que diz respeito ao já criado Fundo de Perdas e Danos, denuncia que está “quase vazio” e apelou a que fosse capitalizado e de mais fácil acesso. “Eu apelo a todos os financiadores: parceiros bilaterais, fundos climáticos e bancos de desenvolvimento multilaterais que se cheguem à frente e previnam tragédias“, rematou, para depois acrescentar: “Nada disto é possível sem financiamento que seja previsível, acessível e garantido.
Precisamos de um caminho credível para concretizar o objetivo de financiamento de Baku [300 mil milhões de dólares anuais de fontes públicas e 1,3 biliões de fontes públicas e privadas]”.
Em segundo lugar, endereçou os cortes de emissões. Guterres alertou que os planos climáticos submetidos pelas Partes (as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas) apontam para um aquecimento acima dos 2 graus centígrados: “É uma sentença de morte para muitos. Os planos nacionais têm de ser o chão, não o tecto“.
Neste âmbito, apontou as energias renováveis como solução, e apelou à criação de uma Coligação Global de Redes, Armazenamento e Eletrificação, ao mesmo tempo que apoiou a coligação que tem vindo a reivindicar um guia para o abandono dos combustíveis fósseis. Terminou com o desejo de reverter a desflorestação até 2030.
Guterres “à espera” dos EUA No final do discurso, em resposta aos jornalistas sobre a mensagem a deixar a Donald Trump e se via a possibilidade que os EUA, entrando nas negociações, tivessem alguma influencia positiva, Guterres foi sucinto: “Estou à sua espera” e “a esperança é a última a morrer”.
De acordo com a Bloomberg, apesar de os EUA se terem retirado do Acordo de Paris, e terem a saída “oficial” marcada para 27 de janeiro do próximo ano, e não ter inscrito nenhum delegado para tomar parte nas negociações, ainda pode enviar representantes a qualquer momento. Isto porque, neste momento, os EUA ainda são parte do acordo de Paris e da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC, em inglês) https://eco.sapo.pt/2025/11/20/a-espera-dos-eua-na-cop-guterres-faz-acusacao-geral-o-que-esta-a-falhar-e-a-vontade-politica

Nenhum comentário :
Postar um comentário