O naufrágio do Costa Concordia, um dos mais graves naufrágios da
história italiana, ocorreu em 13 de janeiro de 2012 . Às 21h45min07s, o
referido cruzeiro atingiu o grupo de rochas conhecido como Scole , próximo à
Ilha de Giglio , na Itália . O navio era propriedade da empresa de navegação
Costa Cruzeiros , do grupo Carnival Corporation & plc , e era comandado por
Francesco Schettino.
O naufrágio causou 32 mortes entre passageiros e tripulantes e, no
julgamento subsequente, o Comandante Schettino foi condenado a 16 anos de
prisão. Esta tragédia detém o recorde do naufrágio do navio de passageiros de
maior tonelagem da história https://it-m-wikipedia-org.translate.goog/wiki/Naufragio_della_Costa_Concordia?_x_tr_sl=it&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-PT&_x_tr_pto=sc
É no mar que se conhecem os mais belos exemplos de coragem e de abnegação. - Os de cobardia, são muito raros. Porque é justamente nesse imenso palco, no meio das suas adversidades, que as fraquezas do homem se transformam em forças, os medos se esbatem e esquecem e só há lugar para a coragem, para que o ser humano transcenda a sua própria natureza. O náufrago, indiferente ao perigo, se solidarize com o infortúnio dos que vivem a mesma tragédia e se irmane no mesmo sentimento de dor, de compaixão, do comum apelo à sobrevivência, sinta que a sua vida se reparte com os que lhe estão próximos, com a sorte daqueles que o mar ameaça tragar. A luta é individual mas o espírito que os une é colectivo!... É como se a dor e angústia perpassasse por um só corpo.E, todavia, quantos sentimentos e aflições se debatem nos mesmos instantes ou momentos de abandono e desespero!...
E, se porventura, a cobardia ensombra e aplaca a lucidez, a
inteligência, a autodisciplina, o equilíbrio mental, altera as
capacidades de decisão, a força de vontade, naquele a quem todos confiam o rumo
do navio, que o conduza a salvo a bom cais ou a porto seguro, oh!
miserável fraqueza humana!.. Quão insensato impropério! Quão horrenda
situação, renegada vilania e cobarde acto!
Oh! a tragédia a regar os cravos dos sacrilégios no mais líquido e
pavoroso Inferno! Ó velas dos antigos veleiros de piratas, corsários rindo de
desdém e ao vento, em mares sombrios e sonoros, em noites de
trevas lívidas e marmóreas! Lançados ao saque, como lobos esfaimados, em épicas
contendas, sobre os convés de caravelas naufragadas, como escombrosos
fantasmas, perdidos, desgovernados e desamparados! Ó selváticos vampiros,
feras cruéis esgrimindo desvairada e sangrenta ferocidade, deixando
para trás o incêndio, o fogo e a morte, em violenta e apressada fuga com
o sangue dos mártires transformado no vil metal de ouro e prata!.. Ó pálida e
mesquinha face dos cobardes e dos egoístas!. De quantas vidas e mortes vos
alheastes!
Quando o curso da viagem é abruptamente interrompido e o naufrágio salta à vista!... Olhai em vosso redor!.. O duelo com o mar é sempre um pitoresco e nobre desafio, o eterno sobressalto nas águas fatais e confusas mas também a sacra oportunidade da alma se elevar e revigorar num suspiro de heroicidade e brilho! Portai-vos como bravos!...
Ó comandante do Francesco
Sachetinno! Que ares infames de cobardia ou de vício vos toldaram o
cérebro?!...Que pérfida comédia foi essa, assombro ou susto de experiente
marinheiro?!...Porque voltaste as costas ao vosso belo navio?!... A pouco mais
de uns escassas dezenas de metros das rochas!... Porque vos retiraste?!...
Porque razão– na hora mais grave e heróica -, vos acobardaste! – E,
abandonaste, em confusa e atribulada salvação, aqueles que acreditaram e
confiavam as suas vidas, em aprazíveis dias de férias e de evasão, no imponente
navio cruzeiro?!
Oh! Quem me dera viajar até aos distantes mares do sul e ouvir o comandante a gritar da ponte: canoa ao mar!!...Ouvir de novo a mesma ordem:: A canoa estorva! O barco tem que pescar!!... Ou fica a bordo a trabalhar ou meta-se já dentro dela e borda fora!!.. – Eu optei por ir para o mar abraçado à minha frágil piroga!.. Preferia naufragar – como, de resto, à noite o destino, em alteroso mar bravio, atiçado pela violência de inesperado tornado, assim mo reservava – mas jamais (eu que a comandava, eu que era seu fiel marinheiro) a abandonaria solitária à mercê da fúria dos ventos tempestuosos, das misteriosas correntes e das enormes vagas!
embora já bastante acostumados
perfilavam-se volvidos e concentrados
além da escotilha!.. Todos viam,
com assombrosa nitidez, através
as constantes investidas do mar
medonho, ameaçador, convulsivo!
Fustigando o barco, que balançava
da proa à popa, ao convés - varrido!
Via-se e ouvia-se, em cada negra vaga
que os relâmpagos a espaços iluminavam,
o revolto remoinho, o tumulto enegrecido
e pálido que se erguia, o turbilhão violáceo
das águas a rebentar e a estrondear!...
- Sim, não nego, não desdigo tudo isso!
O temor daquela pavorosa imagem!
A noite era povoada de escombros
e de assombro! - Também o meu coração!
Tudo aquilo, me infundia estranho medo,
causava-me alguma inquietude e apreensão,
Não te vai faltar nada! – Não vês como bravo está o mar?!...
fazer dos seus humores, calmarias ou tempestades, o meu desafio,
confiar nos caprichos e ditames do destino da boa ou da má sorte!
Por isso, na manhã seguinte, mal o sol equatorial raiou a despontar,
como que emergindo do fundo do vasto manto azul circular: à voz
de "canoa ao mar"! Lá fui sozinho à minha vida, rumo ao Norte!
Desiludido por não ter sido largado um pouco mais a sul e a oeste,
lá parti, de regresso a São Tomé, pelo desconhecido oceano a fora!
Partira de São Tomé, a bordo do pesqueiro americano Hornet para ser largado na grande corrente Equatorial, rumo ao Brasil,evocando antiga rota dos escravos - e, na verdade, pouco mais faltavam que umas escassas milhas para o ponto desejado - Porém, aqui o comandante, embora faltando à palavra, não fora cobarde: quisera demover-me da ousada aventura, oferecendo-me trabalho a bordo; era prudente e cauteloso, receava que o frágil madeiro escavado, não suportasse as investidas do mar.E as três noites que passei a bordo foram horríveis, escotilhas fechadas, ninguém podia ir ao convés, ondas a varrerem-no de ponta a ponta ! - "Você vai morrer!... Fique connosco a trabalhar!"..Diziam-me alguns dos marinheiros, que vinham a espreitar ao meu lado o vendaval da noite cerrada!.. .Estava-se em plena época das chuvas, o mesmo cenário iria repetir-se na noite seguinte.
Em parte, tinha alguma razão - mas apenas pelo facto de ir sozinho e a canoa necessitar de mais braços.Mesmo assim, lutei e sobrevivi durante 38 longos e atribulados dias. Pois, o que há de mais perigoso, mortífero e assustador, não é o mar largo! São as áreas costeiras - Eu sabia, que, afastado dos tornados e calmarias do grande Golfo da Guiné, não teria tantas dificuldades! - A bem dizer, foi o que aconteceu ao Costa Concórdia: aproximou-se demasiado da costa, o pedregulho podia não constar na carta náutica mas estava lá - E os escolhos não se vêm à vista desarmada e, quando o sonar, o equipamento do navio, dá por ela, já é tarde: a imprudência paga-se cara. Lá diz o velho ditado: "o que há de perigoso no mar é a terra" - E foi sempre o que eu mais receei: pois não podia prever onde chegava, em que ponto iria aportar, a que horas da noite ou do dia me poderia aproximar de chão firme. A simples bússola não bastava.
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