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domingo, 1 de janeiro de 2012

ESCRAVATURA DE SÃO TOME E PRÍNCIPE PARA AS AMÉRICAS - BARCO NEGREIRO ATIRA AO MAR DEZENAS DE ESCRAVOS



LANÇADOS AO MAR SEM DÓ NEM  PIEDADE O Zong tinha uma tripulação de 17 homens quando deixaram a África, que era pequena demais para manter as condições sanitárias adequadas no navio. Marinheiros dispostos a risco de doença e de rebeliões de escravos  em navios negreiros eram difíceis de recrutar na Grã-Bretanha e eram mais difíceis para encontrar para um navio capturado dos holandeses ao largo da costa da África.  O Zong estava lotado com  tripulação holandesa, marinheiros desempregados contratados dos assentamentos ao longo da costa Africano. 
O Zong havia tomado em mais de duas vezes o número de pessoas que poderia transportar com segurança, quando partiu de Accra com 442 pessoas escravizadas em 18 de agosto de 1781. 
 (...) Depois de tomar em água potável em São Tomé , a Zong iniciou a sua viagem através do Oceano Atlântico para Jamaica , em 6 de setembro. Em 18 ou 19 de novembro, o navio aproximava-se de Tobago , no Caribe, mas não conseguiu parar lá para reabastecer suas fontes de água. Pormenores em:   Zong massacre - Wikipedia

Contrariamente ao que é dito, no romance de Alberto Vázquez-Figueroa, o barco negreiro não zarpou de S. Tomé mas passou por esta ilha para se abastecer de água - No mais, a versão parece corresponder aos factos referidos por outros autores -

"O caso mais famoso de matança de escravos num navio negreiro deu-se em Setembro de 1781, a bordo do Zong, de Liverpool, que largou de São Tomé com um carregamento de quatrocentos e quarenta escravos e dezasseis tripulantes.Uma calmaria imobilizou o barco , que se viu a braços com uma epidemia que matou sete tripulantes e sessenta negros. A maioria dos sobreviventes ficou tão debilitada pela disenteria que seria duvidoso que alguém desse alguma coisa por eles na Jamaica. Em 29 de Novembro, já à vista das Índias Ocidentais, o capitão Luke Collingwood informou os seus oficias de que só havia duzentos galões de água, o que não chegava até ao fim da viagem. Se os escravos morressem de sede ou de doença, os prejuízos recaíam sobre os armadores do navio e sobre ele. Mas, se fossem deitados ao mar, o seguro pagaria a indemnização legal.



O imediato manifestou o seu total desacordo, afirmando que havia água suficiente e que talvez chovesse.Porém, o capitão Collingwood fez orelhas moucas a todos os pedidos de clemência que lhe fizeram, «mandou apartar centro e trinta e dois escravos e obrigou a tripulação, por turnos, a atirá-los ao mar.O primeiro "fardo", cinquenta e quatro escravos, foi lançado aos tubarões nesse mesmo dia. A 1 de Dezembro foi borda fora mais um grupo de quarenta e dois. Nessa noite choveu bastante e apararam água suficiente para todos até ao porto. Mas o capitão tinha o seu plano estabelecido e, uma semana depois, mais vinte sete negros foram manietados e obrigados a andar em frente, no convés, até caírem ao mar. Dez saltaram de moto próprio, sem necessidade de "auxílio dos marinheiros".



«A 22 de Dezembro, o Zong chegou a Kingston. Luke Collingwood vendeu os seus escravos.Alguns, que ninguém quis comprar, abandonou-os no molhe. Lá morreram de fome e sede. No último dia da sua estada em Kingston mandou a maioria da tripulação para terra. Então, de surpresa, mandou levantar ferro, acusando os marinheiros de deserção. Assim evitava pagar-lhe quase um ano de soldo. Collingwood gabava-se de enganar os compradores dos seus escravos atacados de disenteria, pelo simples processo de mandar o médico tapar os cus dos doentes com estopa".



"Quando chegou a Liverpool, Luke Collingwood reclamou à companhia de seguros trinta libras por cada um dos centro e trinta e dois escravos que tinha mandado deitar ao mar." - Transcrito directamente do livro ÉBANO- De autoria de .Alberto Vázquez-Figueroa



MAS A ESCRAVATURA NÃO ACABOU - E CONTINUA NA ACTUALIDADE SOB OUTRAS FORMAS..

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ONTEM OS BARCOS COM PORÕES ATULHADOS DE ESCRAVOS, ATIRADOS IMPIEDOSAMENTE AO SUFOCO E À MORTE HORRÍVEL NAS ÁGUAS DO MAR! - HOJE CAMPOS PEJADOS DE ABANDONO E FOME, ANTE A MAIS INCRÍVEL INDIFERENÇA! - MÃE ÁFRICA BERÇO DA HUMANIDADE! PORQUÊ ESTA TRISTEZA, ESTAS LÁGRIMAS E ESTA FATALIDADE?!......


A escravatura foi a maior das barbaridades ao longo dos tempos. Foi sempre um comportamento cruel e desumano onde quer que se expandisse. Não só em África, como em todas as partes do mundo. Mas houve lugares onde a mesma se transformou num tenebroso interposto comercial - foi o caso da Ilha de são Tomé.

Ilhas tão maravilhosas, como as de São Tomé e Príncipe. De  facto, estes dois belíssimos paraísos verdes, não mereciam que a escravatura, uns milénios ou séculos após o seu primitivo povoamento por povos da costa africana, ali assentasse arraiais. E escravizasse quem já ali  vivia  pacificamente, mas também os muitos milhares de africanos, que, arrebatados das suas aldeias, para ali foram transportados e obrigados a trabalhar à força.  Por outro lado, encontrando-se a Ilha de S. Tomé,  numa situação geográfica privilegiada, em relação ao Golfo e ao Equador, cedo deu lugar a que, a par da escravidão nas suas plantações, se transformasse numa autêntica plataforma de embarque e desembarque de escravos..

 O que se passou ao longo dos cinco séculos de colonização, foram, pois, arbitrariedades sobre arbitrariedades, que ficariam no esquecimento.

Desde o inicio das primeiras plantações da cana do açúcar que a escravatura,  para ali importada,  foi acrescida com constantes navios de escravos.. A terra era fértil e o clima quente e húmido, favoreciam o desenvolvimento da sacarose. O produto poderia não ser da melhor qualidade, dadas as dificuldades da sua conservação, porém, as colheitas eram abundante e a cobiça e ambições ainda maiores. Havendo, por isso,  necessidade de mão-de-obra escrava. E foi o que sucedeu: - com absoluto desprezo para as vidas desses pobres desventurados. Carrada após carrada de porões atulhados de barcos negreiros,que ali aportavam. Uns, para os depositarem, outros para ali depois os transportarem para as Américas

  PRIMEIRA BARBARIDADE DA COLONIZAÇÃO COMEÇOU POR SE ENVIAREM CENTENAS DE CRIANÇAS JUDIAS, ARRANCADAS AOS LARES MATERNOS.

«No ano de 1493, em Torres Vedras, deu el-rei a Álvaro de Caminha, cavaleiro de sua casa, a capitania de ilha de S. Tomé, de juro e de herdade, com cem mil réis de renda cada ano, pagos na casa da Mina. E porque os judeus castelhanos, que de seus reinos se não saíram nos termos limitados os mandou tomar por cativos, segundo a condição da entrada, e lhes tomou os filhos e filhas pequenos, que assim eram cativos, e os mandou tornar todos cristãos, e com dito Álvaro de Caminha os mandou todos à dita Ilha de S. Tomé, para que sendo apartados dos pais e suas doutrinas, e de quem lhes pudesse falar na lei de Moisés, fossem bons cristãos, e também para que crescendo e casando se pudesse com eles povoar a dita ilha, que por esta causa em diante foi em crescimento. Crónica del rei D. João II, de Garcia de Resende, cap.CLXXIX. Em 1522 foi incorporada nos bens da coroa

(actualização - 30-11-2014 CARSTEN WILKE NÃO LOGROU PROVAR AS FONTES, SENDO CONTESTADO PELO INVESTIGADOR GERHARD SEIBERT

Num e-mail que o reputado investigador Gerhard Seibert - teve a amabilidade de nos enviar, disse-nos o seguinte: “Aquela afirmação que Cristóvão Colombo cruzou-se no mar com o navio das crianças judias em 1493 parece ser uma invenção do autor Karsten Wilke.
Eu escrevi três vezes para Karsten Wilke pedindo de me enviar a sua fonte para tal afirmação. O senhor nunca me respondeu o que me levou a concluir que ele inventou este encontro no alto mar.”  


Esta é a versão de Carsten Wilke, autor de  História Carsten Wilke publica síntese de 20 séculos 

Cristóvão Colombo e as crianças judias deportadas para São Tomé, em 1493 


"Aqueles de entre os judeus espanhóis que, por impedimentos, indigência ou medo ficaram retidos em Portugal tornaram-se «cativos do rei» no final do mês de 1493....Entretanto, durante dois anos e meio, uma grande parte dos judeus vivendo em Portugal foi baixada à servidão e colocada nas casas da aristocracia. Essa degradação não terá talvez implicado a perda total da sua personalidade jurídica, mas fez perder aos pais o direito sobre os filhos com menos de oito anos, que lhes foram arrancados por ordem real e baptizados...D.João II havia dado essas crianças escravas de presente ao capitão Álvaro de Caminha, senhor da ilha africana de São Tomé. Aquando da sua segunda viagem em Outubro de 1493, Cristovão Colombo cruzou-se no mar com os navios em que se encontravam deportados esses jovens, que deviam povoar a colónia. As fontes judaicas afirmam que a maioria dessas crianças sucumbiu: umas no decurso do trajecto, Outras por causa do clima da ilha tropical."


Fonte: Carsten WilkeLisboa: Edições Dom Quixote 2009, pp. 60/61.aotome : Message: Cristovão Colombo e as crianças judias..


"Quando as crianças foram colocadas nos navios, na presença do Rei, os seus choros e gritos eram terríveis. Quem nunca viu nem ouviu os choros e gritos dessas mulheres jamais chegará a entender o que significa desconsolo ou preocupação - Vale a pena ler o resto em O 'PROGRAMA DE DEPORTAÇÃO' DE EXILADOS HISPANO-LUSITANOS À ILHA DE SÃO TOMÉ (1492-1496).

 DE CANOA PELA ROTA DOS ESCRAVOS..
No dia em que fui largado ao mar, do pesqueiro Hornet, junto à Ilha de Ano Bom, mal imaginava que iria viver uma das mais dramáticas situações de sobrevivência, por náufragos nas vastas superfícies oceânicas. O meu objectivo era a travessia do Atlântico, pela corrente equatorial, seguindo a antiga rota dos escravos. Pretendia evocar esses tempos ignominiosos e lembrar ao mundo que a escravatura, ainda não tinha acabado – Continuava (e continua) a existir sob várias formas. Pretendia, igualmente, reforçar a minha teoria, já testada em duas viagens marítimas anteriores, que as canoas eram capazes de fazer longas viagens e de terem servido de transporte para os primeiros povoadores das ilhas de Ano Bom, São Tomé e Príncipe Bioko ( a ex-Fernão Pó) . Com a posterior divulgação de antigos mapas, entretanto localizados em velhos museus e bibliotecas, ficou-se a saber que, antes dos europeus, ali terem desembarcado, as ilhas já tinham nomes e constavam nalguns desses mapas.



Lívidos de angústia,
esmagados pelo terror,
esfomeados e esfarrapados,
sedentos de compaixão e de amor,
e, ainda por cima, oh! pobres desgraçados,
acorrentados e lançados vivos ao mar!...

Acreditai  irmãos!..Se nesta mesma hora -  ainda de escombros! -,
o vosso espírito vagueia por este odioso mar de assombro,
e me estais vendo e ouvindo, acreditai-me que as lágrimas
que agora choro, são também as vossas!
- É ainda o eco alarmante,
claro e nítido, incessante,
daquela hora grave - maldita !
Que vos roubou as vidas!

 Vindo dos insondáveis espaços!
Vindo do fundo das trevas! Vindo do tumulto do mar!
Vindo do fundo dos abismos e da superfície
lívida e contorcidas das águas!

Ainda reverberando em ecos de estranha violência!
Bramindo fatídicos sons de álgida insensível crueza.
Errando e ecoando por um céu denso, raiado e negro,
que se desfaz em húmida fuligem,
em novelos de denso fumo
e parda nuvem negra!... 





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