Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador
Nao deixe de ler a anterior http://canoasdomar.blogspot.com/2011/07/2-sao-tome-e-principe-as-antigas-ilhas.html
LEVADOS PELO ESPÍRITO DE AVENTURA, PELO INSTINTO MIGRADOR DAS
AVES -
que partilhavam a mesma
alegria e abundância da Mãe-Natureza, pelo acaso ou por outras razões que
a razão desconhece e só Neptuno poderia interpretar, sim, ao Mar se fizeram nas
suas pirogas e por lá se fixaram nas suas majestosas Ilhas a que aportaram.
ALGUNS VOLTARAM ÀS TERRAS DE
ORIGEM PARA TRAZEREM AS MULHERES E OS FILHOS.
E a notícia das suas maravilhas, depressa se
espalharia... E, assim, pouco a pouco se foi constituindo um Povo, que se
aventurou pelo oceano a fora, atraído por ilhas que lhe terão parecido os
Jardins do Éden ou os Paraísos mais belos que hão conhecido
.O que ignoravam é que a paz, a
tranquilidade secular, endémica, haveria de vir a ser quebrada,
abruptamente, com a chegada de homens e modos de ser completamente
estranhos e adversos à sua cultura e ao seu pacífico modo de vida. Daí que as chamadas descobertas de 500 anos, dos ditos tempos heróicos, com as naus de guerra, armadas de canhões, partindo ao encontro de gentes indefesas, que, surpreendidas ou se refugiavam na floresta ou acorriam às praias, ignorando, porém, que esse seria o primeiro dia de uma longa e atribulada tragédia.
NÃO CHEGUEI ATRAVESSAR O OCEANO ATLÂNTICO, TAL COMO ESPERAVA MAS CONTINUO ACREDITAR QUE SÃO POSSÍVEIS LONGAS TRAVESSIAS
MESMO ASSIM:
Comprovei que as canoas vão
ao cabo do mundo: naveguei e fui arrastado por centenas de milhas: - Liguei as
ilhas e estabeleci ligações de uma delas ao continente.
Sozinho e ao longo de
sucessivos dias é extremamente arriscado e muito difícil navegar a bordo dessas
frágeis embarcações - E, se eu não fiquei no mar, talvez o deva a um
feliz acaso - mas não estou arrependido, pois safei-me por três vezes.
Os pescadores (nas Ilhas)
aos quais se inculcou o fantasma de que só gente de feitiço é que o tornado
leva a canoa ou que o "gandú" não engole "perna de gente" ,
poderão estar descansados:
Se a tempestade alguma vez
os surpreender e os arrastar para fora do alcance ou do horizonte da sua
querida Ilha, não se importem; deixem-se levar pelo seu ímpeto
Não cruzem os braços e se
deem por vencidos: remem ou velejem, sempre que puderem ou então deixem que a
canoa vogue à flor das ondas, que o mar não quer nada que lhe seja estranho e a
algum ponto da costa, hão de ir parar
Basta que não percam a
calma e se alimentem com a pesca: a carne do peixe mata a fome e o sangue, que
não é salgado, a sede - E a água das chuvas, com um pouco de água do mar, é
ainda melhor
A CANOA SÓ VAI AO FUNDO SE
ESTIVER MUITO CHEIA DE PESCADO OU NÃO FOR DE ÓCÁ. O MAR BRINCA COM O SEU CASCO
E O SEU CASCO DESLIZA E BRINCA COM O MAR.
A vida
só tem sentido em prol da ciência, da arte ou da comunidade - vivida,
sobretudo, sob o signo da espiritualidade. Se não for pautada por um ideal é um
completo vazio. Vale sempre a pena correrem-se os riscos. Mesmo que a morte
seja o maior preço a pagar."Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma
não é pequena."
Por
minha parte, dei o meu contributo. Não procurei remar contra a história mas ir
ao sabor dos ventos que a formaram, ao encontro da sua verdadeira raiz: e,
pelos vistos, o que parecia estar esquecido nos bolorentos arquivos históricos,
veio dar-me razão - através da demonstração das várias viagens que empreendi em
pirogas primitivas.
Claro que me deparei com imensas dificuldades: - duas das três canoas
que usei (embora não tendo mais de 60cm de altura por um metro de largura) eram
compridas e precisavam de mais dois braços. E, os antigos
povoadores, dificilmente teriam partido sozinhos ao seu encontro. Muitas
das pirogas que ainda hoje se constroem nos países que bordejam o Golfo, são
enormes e podem ser remadas por muitos braços de mulheres e homens
Obrigado por viajar comigo ao fundo dos tempos das
maravilhosas ilhas do Golfo da Guiné - Há muito
abordadas e habitadas por povos da costa africana - A própria história dá-nos
algumas pistas e até alguns mapas - O importante é que a sua leitura, não seja
feita da mesma maneira de como o adepto do futebol, que só aceita, como
verdades absolutas, as boas notícias da sua equipa. Isto para já não falar dos
exacerbados nacionalismos do colonialismo.
E o império? Vasto caminho
Conduzirão com carinho
A civilização cristã
Que ninguém sabe o que seja.Fernando Pessoa
A ORIGEM DO POVOAMENTO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE É MUITO MAIS ANTIGA DO QUE AQUELA QUE A EDITADA NOS MANUAIS DO COLONIALISMO
"Continuamos esmagados pelos
Descobrimentos"
"Vasco Graça Moura, poeta e ensaísta
que entre 1988 e 1995 presidiu à Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses, reconhece que continuamos “marcados” pelo que
Portugal foi capaz de fazer a partir do começo do século XV, mas que essa
memória, tantas vezes de olhos fechados à dura realidade do dia-a-dia do país
nessa época e carregada de mitificações, não molda o que somos hoje nem limita
a leitura que fazemos do passado — ajuda, antes, a compreendê-lo .PÚBLICO Série
Mar Português: Continuamos esmagados pelos descobrimentos? - Público **Série
Mar Português: O que (não) fizemos para voltar ao mar -*
"O oceano constitui um local de constantes migrações, não apenas para o plâncton vegetal e animal, que deriva ao sabor das correntes, mas ainda para os animais superiores (peixes, repteis, aves mamíferos), e, como é evidente, para o homem" Cousteau"
"O oceano constitui um local de constantes migrações, não apenas para o plâncton vegetal e animal, que deriva ao sabor das correntes, mas ainda para os animais superiores (peixes, repteis, aves mamíferos), e, como é evidente, para o homem" Cousteau"
DESCOBERTAS PORTUGUESAS - OMISSÕES E
ABSURDOS
(...) "o tope comercial dos descobrimentos, em 1466,
era a Serra Leoa. Comercial. E não de forma alguma geográfico (...) Da Serra
Leoa por diante e até ao Rio Lago, da actual Nigéria, os aspectos da geografia
humana mudavam inteiramente. Entre o Senegal e a Serra Leoa dominava o urbanismo
flúvio-marítimo. Dali por diante, ao contrário, a população encontrava-se
disseminada ao largo do litoral em pequenas aldeias; depois do Cabo das
Palmas e por toda a Costa do Ouro era muito densa, mas fraccionada em unidades
mínimas, que não obedeciam a qualquer organização política, como a dos
mandigas. Enquanto aquele império se desenvolvera numa zona de estepes e
savanas, propícia ao deslocamento de grupos humanos, ao contrário, desde a
Serra Leoa por diante e ao largo de quase todo o Golfo da Guiné a grande
floresta tropical bordava as costas, impondo a
disseminação dos homens, cortando-lhes os movimentos em terra e impelindo-os
para o mar" - Diz o
historiador Jaime Cortesão Volume II - In
"Os Descobrimentos Portugueses
Como de depreenderá, daí a necessidade dos povos da costa do Golfo
da Guiné, se sentirem impelidos a expandir-se através do oceano que tinham à sua frente -
Com o Monte dos Camarões, e florestas densas, intransponíveis, disseminadas com
os tais mil pântanos, mil estuários e mil mangais, só lhes restava demandarem o
mar ao encontro das ilhas. Jaime Zuzarte Cortesão, que,
entre outros feitos e obras valorosas, participou como voluntário do Corpo
Expedicionário, como capitão médico na primeira guerra mundial, onde sofreu
ferimentos graves - Sem dúvida, foi um dos intelectuais mais corajosos e
notáveis do seu tempo.
Ainda
no mesmo estudo, diz, Jaime Cortesão, que, "Só no fundo do Golfo da Guiné, numa região
baixa cortada de rios, lagoas e canais, compreendida entre o Rio Lago e o
Níger, se deparavam de novo as aglomerações de estuário e até o grande
urbanismo.
Desta
sorte, a porção da litoral formada pela Costa da Malagueta. Contígua à Serra
Leoa, e a seguir à Costa do Marfim e a Costa do Ouro estavam compreendidas
entre duas zonas de povoamento e urbanismo flúvio-marítimo, ligadas ao tráfico
de oiro, as quais por via de regra inalterável, supõem o comércio marítimo e
uma cultura geográfica correspondente. E não é crível que os portugueses,
durante o período henriquino, não tivessem recolhido e aproveitado informes de
carácter geográfico por intermédio dos negros que levavam como escravos para
Portugal e depois utilizaram como intérpretes.
Tal
como tem sido escrito, a história dos descobrimentos durante a fase de
transição entre a época de D. Henrique e a D. Afonso V e D. João II
assenta numa série de absurdos". Citação extraída da
leitura das obras de Jaime Cortesão"
“8000
anos atrás, "barco mais antigo conhecido da África" Nigéria: - Canoa descoberta perto da
região do rio Yobe, pelo pastor Fulani, em maio 1987, na Vila Dufuna, ao
escavar um poço. "Madeira quase negra" da canoa, que dizem ser
de mogno Africano. Vários testes de radiocarbono realizados em
laboratórios de universidades de renome na Europa e América indicam que a canoa
tem mais de 8.000 anos de idade, tornando-se assim o mais antigo na África e na
terceira mais antiga do mundo. 8000
years ago africans invented a dufuna canoe in nigeria
A FUGA
DE ESCRAVOS NAS CANOAS – Referida por Gerhard – TAMBÉM COMPROVAM A
POSSIBILIDADE DAS LIGAÇÕES DE CANOAS DO CONTINETE ÀS ILHAS E DESTAS AO
CONTINENTE
Seibert,
numa conferência, em 2009, referia-se aos "escravos
fugidos de São Tomé ou do Príncipe, realizaram em suas canoas pelas
correntes marinhas ligações à ilha de Fernando Pó. Em 1778, o ano da
transição do domínio Português ao da Espanha, um grupo de ex-escravos de
São Tomé e Príncipe viveu no sul de Fernando Pó. (..)Após a abolição da
escravatura em 1875, trabalhadores contratados africanos fugidos respetivamente,
foram frequentemente devolvidos pelas Autoridades espanholas para os seus
senhores em São Tomé e Príncipe. Outros foram simplesmente entregues aos
empregadores locais.
Um
século mais tarde, em 1975, Jorge Trabulo Marques, partiu sozinho desta ilha
numa canoa em uma tentativa de atravessar a Atlântico. Em vez disso, depois de
uma odisseia de 38 dias, ele desembarcou em Fernando Pó. Ele era detido e
interrogado pelas autoridades locais e depois repatriado - Excertos de ]Equatorial
Guinea's External Relations: São Tomé e ..
QUE AS ILHAS DE SÃO
TOMÉ E PRÍNCIPE -E,
TAMBÉM, ANO
BOM – E BIOKO
(EX-FERNÃO DO PÓ)-
SÃO POSSUIDORAS, NÃO DE CINCO SÉCULOS DE POVOAMENTO E COLONIZAÇÃO MAS DE UMA
ORIGEM ANCESTRAL MAIS REMOTA, QUE SE PERDE NA GRANDE JORNADA DA HUMANIDADE.
Existem
mapas antigos que atestam pelo menos os contactos e o conhecimento dessas ilhas
- Demonstrei a possibilidade dessa ligação poder ter sido feita por povos do
litoral africano, através das suas pirogas, antes de quaisquer outros
colonizadores, ali aportarem.
Possibilidade,
essa, sempre omitida na historiografia oficial - Embora vá havendo (à
distância de centenas de milhas) quem diga que, pelo menos uma era
habitada, as outras, desde que se formaram, estiveram à espera das boas
intenções dos colonizadores europeus e à mercê dos mosquitos: "Das
quatro ilhas deste arquipélago equatorial, a única que foi encontrada povoada
foi a de Fernando Pó". -Breve
história das ilhas do Golfo da Guiné
De
resto esta Ilha, admite-se que terá sido a parte mais elevada de uma
extensão do continente, antes do termo da última glaciação - Basta ver as
profundidades naquela zona. A subida dos mares (175m) veio criar aquela e
outras ilhas costeiras dos oceanos, tal como as poderá vir a fazer desaparecer
- sobretudo no Pacífico - devido ao efeito de estufa, criado pelos agentes
poluidores
Leia os pormenores mais adiante
da minha teoria e as várias travessias que empreendi, sozinho, em pirogas
primitivas, sem
quaisquer meios de comunicação com o exterior, munido apenas de uma simples
bússola (mais das vezes guiado pelo sol, pelas estrelas, correntes e ventos
dominantes - e até o voo das aves -
Recuando, tanto quanto possível a esses
primórdios. Em demanda da derradeira origem das Ilhas do Paraíso
Vangelis - Em Homenagem à grande
aventura da Diáspora da Mãe África e ao seu Povo - e, em
particular, àquelas maravilhosas ilhas equatoriais do Golfo da
Guiné, que tão sacrificadas foram pelo longo domínio colonial -
espanhol e portuguêspor muitos braços de mulheres e homens.
.
Canoe, Rivers Province, Nigeria
A GRANDE EPOPEIA AFRICANA NÃO PODE SER IGNORADA
- - O continente africano é o berço da humanidade: foi daí que irradiou o Homo sapiens . Os seus homens e mulheres, povoaram lugares nunca dantes
povoados; atravessaram continentes, criaram civilizações, culturas e formaram
reinos - E, mesmo os que nunca dali partiram para a grande aventura da
Diáspora, tinham os seus costumes, as suas tradições e as suas
hierarquias - Eram livres à sua maneira.
O europeu veio mais tarde para retalhar os espaços geográficos à
mercê das suas conveniências, corromper os próprios comerciantes de
escravos (sim, porque a escravatura, é tão antiga como o homem) ficando
eles com a fatia de leão: para dividiram territórios, humilharem, dominarem e
escravizarem as populações a seu belo prazer, usurpando as suas riquezas
Quantas vezes, oh Deus!... De
vigília à longa e eterna noite, às sombras da mais profunda e sinistra
escuridão, enquanto, lá no alto, algumas estrelas que ora despontavam ora se
sumiam por entre as clareiras que rasgavam o negro céu, pareciam mover-se de
oriente para ocidente mais depressa que as invisíveis correntes que
arrastavam a minha canoa, não sabia para que desconhecido ponto do misterioso
horizonte...
Quando os europeus
demandaram a costa de África, já os africanos, há muito mais tempo,
haviam sulcado o litoral marítimo, subido e descido os rios e ligado as ilhas
limítrofes com as suas pirogas talhadas em enormes troncos de árvores
MAS OUVE QUEM REPARASSE NESSE
FACTO: - Para alguns cartógrafos do século XVII, as pirogas assumiam a mesma
importância que as caravelas - lá tinham as suas razões: ambas dominavam
os mares no Golfo da Guiné -
Jodocus Hondius (1606; 1628 or 1633)...Bertius (1649), mapas onde as canoas não são ignordas
AS CANOAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE SÃO MAIS
PEQUENAS QUE AS DO LITORAL AFRICANO - As ilhas são montanhosas e as roças
também não permitiam o abate de grandes árvores - Mas a ligação dos
primeiros povos foi realizada a partir da costa africana para as ilhas à
vela e a remos. Atualmente, são frequentes as viagens da Nigéria para São Tomé,
com auxílio de motores fora de borda- O regresso é feito à veja e a motor.
VEJA ESTES DOIS EXEMPLARES shippage
5.html - ELDER DEMPSTER MEMORIES.***Praia
de Eleko, Lagos, Nigéria Posteres de Zazzle.pt*******THE
SAMINAKA COMPASS: Nigerian Regattas and Saminaka's African
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - TERRAS
DE PAZ E DE BELEZA - ONDE AINDA NÃO CHEGOU A NOVA CIVILIZAÇÃO DA PIRATARIA -
QUE TEM NO LIBERALISMO SELVAGEM MUNDIAL, O SEU EXPOENTE MÁXIMO.
Ilhas maravilhosas! - Verdadeiros paraísos
verdejantes, orlados de espuma, situados no Equador! Perdidos como frondosas
umbelas de Deus no meio do mundo. Comemoram, no próximo dia 12 de Julho, 36
anos sobre a data da sua independência. Mas o seu passado histórico é bem mais
longínquo, que o apregoado pelos manuais da colonização.
.Não se sabe ao certo, em que ano e
dia ali teriam chegado as primeiras canoas com os primeiros povoadores a bordo
dos grandes troncos escavados das árvores gigantescas, cortadas nas florestas
costeiras africanas, nomeadamente a sul do Gabão e a Norte do Zaire - Canoas
essas, que, aproveitando as correntes e os ventos favoráveis, ali teriam
aportado.
Seguramente, que os intrépidos navegadores
africanos, ter-se-iam dirigido, para essas ilhas, muito antes do homem branco
ter-se deslumbrado com a sua vegetação luxuriante.
(construção da canoa Yoan Gato - que usei na minha última viagem)
Defendo a teoria de que os primeiros
povoadores, aqueles que, pela primeira vez, aportaram nas suas
baías, foram os hábeis navegadores das canoas, vindos da costa africana.
Demonstrei essa possibilidade através das várias
travessias que empreendi - De resto, não será por mero acaso que as canoas
surgem nas cartas do século XVII, com idêntico destaque ao das caravelas
.
Em minha modesta opinião, a história das
descobertas prima mais pela ficção e efabulação de que em dar-nos conta do que
se verdadeiramente se passou. Mas o fenómeno da sublimação foi transversal a
outras potências coloniais.
.Mesmo, acerca do ano e dia da chegada dos
Portugueses, às Ilhas do Golfo da Guiné, há mais dúvidas de que certezas. Era
cómodo fixar uma data e julgo que foi o que sucedeu.
Atualmente, os historiadores não se limitam
às transcrições das versões mais ou menos oficiais, devassam velhos arquivos e
lançam-se, sem preconceitos, numa investigação mais aprofundada - A mentalidade
colonial era contrária a esse tipo de estudo - E já surgem estudos curiosos,
que pelo menos vão de encontro a um passado anterior ao da época colonial...
Abrem a porta a outros horizontes e probabilidades, contrariando versões
intocáveis, como se fossem intangíveis dogmas papais
Entre outros contributo
científicos:
Menzies pretende demonstrar que "os
grandes navegadores europeus dos séculos XV a XVIII – caso de Cristóvão
Colombo, de Vasco da Gama, de Fernão de Magalhães ou de James Cook, por exemplo
– partiram para as suas viagens através do Atlântico ou do Pacífico sabendo de
antemão o que iam encontrar uma vez que estariam munidos de cópias de mapas
chineses ou de mapas que incorporavam os alegados conhecimentos cartográficos
chineses resultantes das navegações patrocinadas por Yongle- In .Revista
Eletrônica RETIRA.
Tabula Rogeriana (1154)..
"O conhecimento da costa africana (lê-se em RECOMENDAÇÕES era uma realidade resultante de algumas expedições realizadas desde tempos remotos.
A primeira por ordem o faraó Necao II
(610-594 A.C.), depois a viagem de Sataspes (480-470 A.C.) até à Guiné
(...)Estas e outras viagens referenciadas não têm cativado o interesse da
historiografia que se mostra renitente em aceitar os relatos contidos nos
textos clássicos."
"A Historiografia dos séculos XVIII e XIX refere que os fenícios projetaram o seu empório comercial na costa ocidental africana. Apenas os portugueses mantiveram a tese de que esta área estava por revelar no início das navegações henriquinas"
"A Historiografia dos séculos XVIII e XIX refere que os fenícios projetaram o seu empório comercial na costa ocidental africana. Apenas os portugueses mantiveram a tese de que esta área estava por revelar no início das navegações henriquinas"
JOÃO DE SANTARÉM E PERO ESCOBAR, Quando partiram já sabiam o que procuravam - Mas, nesse tempo, já as pirogas eram soberanas e cruzavam as águas do Golgo da Guiné - Pelos menos aos cartógrafos do século XVII,
não passava despercebida a sua importância
"Ao mar do cabo de Lopo Gonçalves,
sessenta léguas de caminho ao lés-noroeste deste cabo, está a ilha que se chama
S. Tomé, a qual mandou descobrir o Sereníssimo Rei D. João o Segundo de
Portugal, e a povoou" .Breve história das ilhas do Golfo da Guiné..
AFIRMAR QUE SÓ HÁ 500 ANOS - É quese fizeram as primeiras navegações no Golfo da Guiné, poderia aceitar-se no gtempo em que se dizia que na catequese cristâ que a Eva fora concebida a partir de uma costela de Adão
A notícia de que, naquele imenso Golfo,
existiam ilhas maravilhosas, ter-se-ia espalhado, desde há muitos séculos, ao
longo da costa limítrofe - De há muito que grandes canoas sulcam aquelas águas.
CHEGUEI
AVISTAR AS DUAS ILHAS: Numa das minhas travessias de canoas, num certo dia e a meio de uma tarde na sequência de uma tempestade a Ilha do Principe e de Fernando Pó, tal como pude também ter essa comprovação, avistando, simultaneamente, S. Tomé e a Ilha do Principe, quando fiz a travessia de canoa, entre ambas as ilhas
Ilha de Bioko à vista Meu registo em 1975 |
Ao fundo à esquerda vislumbra-se Bioko, desde a
costa camaronesa - Imagem extraída de um interessante estudo de autoria do
Tenente-coronel João José de Sousa Cruz - Publicado na Revista
Militar ::- As Ilhas do Equador – II Parte
Vivi doze anos em S. Tomé. Num certo dia,
pude fotografar, na Praia das 7 ondas e Praia da Colónia Açoriana, várias
toras que ali deram à costa, com a sigla de empresas madeireiras de Cabinda. E
foi essa observação, que me fez também refletir para o possível povoamento das
ilhas, através das primitivas embarcações, oriundas da costa africana: se uma
tora ali ia parar, era sinal de que as canoas, ali também pudessem facilmente
aportar, levadas por ventos e correntes favoráveis.
Veja-se o caso da ilha da Páscoa (Polinésia) tão
longe dos continentes, e, todavia, quando os europeus, ali chegaram, quão
maravilhados ficaram com as suas estátuas e a sua civilização.
O REINO DE PORTUGAL JÁ SABIA DA EXISTÊNCIA DAS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ - Embora algumas das cartas maritimas não fossem impressas em Portugal, eram fundamentadas em informações que partiam dos nossos navegadores - É o que se depreende desta análise de Luis de Albuquerque
Era habitual: os
humanistas europeus, surpreendidos pelas novidades que as viagens marítimas iam
ano a ano desvendando, pediam para Lisboa informações; e da capital do Reino de
Portugal encontravam resposta quer de portugueses (como neste caso), quer de compatriotas
seus ou de outros estrangeiros que se acotovelavam nas estreitas ruas
lisboetas, atraídos ou enviados para estabelecer negócios; umas vezes reunindo
textos avulsos anteriormente escritos na língua do país; outras vezes através
de cartas, em alguns casos minuciosas, em que se prestam as informações; e
ainda outras passando a uma minuta informativa ou um relato todo um conjunto de
"experiências" pessoalmente vividas. Do primeiro tipo é o caso, bem
conhecido, de Valentim Fernandes, alemão, que juntou várias peças manuscritas
de diversos tipos a pedido do humanista seu compatriota Konrad Peutinger, no
hoje chamado Manuscrito de Valentim Fernandes; no segundo género de
testemunhos, ainda não devidamente estudados, inclui-se um elevado número de
cartas informativas, nomeadamente as do mercador florentino Girolamo Sernigi
datadas de Lisboa (com alusões às viagens de Vasco da Gama e dos Corte-Real), a
de um certo Alexandre Zorzi, veneziano, e dada em Veneza (que relata a alguém
pormenores sobre certas terras alcançadas pelos portugueses, e também sobre
algumas particularidades da sua arte de navegar), a de Lázaro de Nuremberga
(recentemente descoberta e editada cm Praga, que descreve uma viagem de Lisboa
para Goa e faz uma análise da situação dos Portugueses no Oriente, em IS17),
etc.; e, finalmente, no último género, sem dúvida, menos vulgar, deve ser
incluído o texto de Alvise da Ca da Mosto (ou Cadamosto, como nós escrevemos),
que foi impresso logo no início do século XVI (o signatário relata nesse escrito
as duas viagens que fez à costa da Guiné, por meados do século XV).
E não vale a pena
explicar pela incúria que nos caracterizaria a nós, Portugueses, ou por
devastadores efeitos de terramotos ou por uma elástica e bem pouco convincente
teoria de sigilo, o desaparecimento desses textos na sua língua original. Um
diário de navegação, por exemplo, era um meio de trabalho posto ao serviço dos
navegadores; andava de mão em mão e nessas várias mãos se "gastava",
sem dele ficar lembrança na maior parte dos casos. O mesmo se pode dizer dos
exemplares da Cartografia; é impensável que quase todos, se não todos os
monumentos cartográficos que nos chegaram, na sua maioria com belas e ricas
iluminuras, e {sublinha-se!) sem a mínima marca dos compassos que os pilotos
usavam para marcar os pontos nas cartas, tivessem sido desenhadas para uso desses
mesmos pilotos; foram antes encomendas de reis ou de grandes senhores, ou para
lhes serem oferecidas, e por isso ficaram em grande parte preservados; as
cartas que se usavam no mar seriam bem mais pobres, e o serviço da pilotagem
envelheceram e se perderam.
A narrativa da navegação
de Lisboa a São Tomé, agora de novo editada em Portugal, constitui uma
excelente fonte de informações sobre aquela ilha. que começara a ser povoada no
final do século XV, e .~ sobre o arquipélago de Cabo Verde
Por isso, as dúvidas que agora
tenho, já não residem tanto em saber se as ilhas já eram ou não conhecidas e
povoadas, antes dos europeus lá chegarem: - mas quem, afinal, entre os
portugueses de há cinco séculos, aportou nas suas tranquilas ou agitadas baías
- mas sempre azuis e límpidas - e ali pôs pé em terra pela primeira vez.
" A
história dos mapas não começou na Grécia Antiga, mas entre os povos de
outros continentes – asiáticos, africanos e americanos (chineses, esquimós,
astecas) – que já estavam acostumados com esta prática".
VEJA ATRAVÉS DESTES
LINKS A QUANTIDADE DE CARTAS ANTIGAS Imagens
de imagens de cartas portulanas......Early
world maps - Wikipedia, the free encyclopedia....imagens
de Antique map áfrica.....Antique
Maps of Africa - Cartographic Documents of African History.. .... .Atlas de São Tomé e Príncipe - Cartografia
antiga.
O mundo não é de ontem nem de hoje. E nem
só de há cinco séculos que o homem se arrojou nas grandes viagens de navegação.
Mesmo que
o povoamento das ilhas do Golfo da Guiné, não fosse feito através de pirogas,
já os navegadores fenícios, cartagineses e árabes, há muito haviam demandado
aqueles mares, pelo que não deixariam de procurar extrair alguns benefícios das
ilhas e deixar lá algumas pessoas.
Porém, muito antes mesmo
dessas viagens, julgo que já os africanos eram os senhores dos mares, costa
africana e ilhas - Atlântico, Mediterrâneo e no Índico - experientes artesãos e
audaciosos mestres na arte de navegar nas suas canoas Formaram verdadeiras
civilizações, que foram retalhadas pela expansão colonial. .A supremacia do
homem branco sobre outras raças, não passa de uma ideia absurda, de um preconceito..
.
Os portugueses foram grandes navegadores - E
talvez dos maiores navegadores daqueles tempos. Um país, tão pequeno e
com tão fracos recursos económicos, ter feito o que fez, foi realmente uma
verdadeira odisseia. Há, pois, que enaltecer a coragem daqueles bravos pilotos
e marinheiros.
Todavia, surge o aspeto negativo: o do
consequente domínio colonial, através das armas, do avanço bélico, sobre povos
pacíficos, tal como o fizerem outros europeus: aproveitando-se de
prévios conhecimentos, seguindo rotas já conhecidas, orientaram as suas
navegações, não propriamente para estabelecerem laços culturais ou de um
pacífico intercâmbio comercial, mas para imporem a sua vontade, o domínio
e a exploração do comércio e das riquezas naturais, com mão-de-obra
escrava.
De facto, a grande lição de que nos podemos
orgulhar é a de que, embora sendo um pequeno país, cruzou mares e expandiu-se
para os vários cantos do mundo. A subjugação de povos e o domínio colonial sobre
os mesmos, não será, com certeza, a nota mais emblemática a recordar. Links a reter..ANTIGOS
IMPÉRIOS AFRICANOS......As
Civilizações Africanas no Mundo Antigo..
Aos estudiosos de África..I........Civilizações
Africanas......civilizações
africanas -
O PASSADO JÁ NÃO PODE SER ALTERADO, REPETIDO OU
MODIFICADO: A ligação histórica, afetiva e cultural de Portugal, é indubitável, com as Ilhas Verdes do Equador, tanto S. Tomé e Principe, como Ano Bom e Bioko, ex-Ferando Pó, - Só que, muito antes dos portugueses, ali terem desembarcado, havia outra realidade que nunca foi dita e persite em ser ignorada
Deve ser
investigada e estudada sem preconceitos ou reservas de qualquer espécie para
melhor compreensão da origem de um pouco e da própria identidade
Os tempos já não se
compadecem, nem com obscurantismos nem com hipocrisias ou submissões mas devem
ser de frontalidade e de esclarecimento. Só compreendendo as
verdadeiras raízes históricas, se alicerça o momento presente e se parte com
coragem e determinação para os desafios do futuro.
Pouco tempo após ter
desembarcado em S. Tomé, em 1963, fiquei logo com a impressão de que as ilhas, eram
possuidoras de uma história muito mais antiga, que a admitida pelo
colonialismo. Aos povos africanos, situados no litoral e a sul de São Tomé, não
teria sido difícil aproveitar a direção dos ventos e das correntes.
Do alto das velhas
muralhas do Fortim
de São Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas
rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em
prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas
distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria
sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso
oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos
esquecidos no tempo!
Oh, e quantas vezes
ali
mesmo, não experimentei as estreitíssimas cascas de noz, navegando em frente ou
embicando na areia da pequena praia ao lado, naqueles meus habituais treinos,
ao Domingo, vindo da Praia Lagarto (ao fundo da descida a caminho do
aeroporto), passando em frente da Baía Ana Chaves, Fortaleza de São Sebastião,
costa da marginal, Praia Pequena e ponta do Forte de São Jerónimo -e, por
vezes, ainda um pouco mais a sul, à Praia do Pantufo.
Dizem que o país vive uma grande
estabilidade económica: é natural. A democracia não se conquista só com a
mudança de um regime, é uma aprendizagem contínua. E o colonialismo - que
promoveu a repressão e o autoritarismo - o que lhes ensinou?!... Quis
unicamente aproveitar-se do cacau e do café, da mão-de-obra escrava
e da sua riqueza natural.
Quase assim procedi: munido de uma simples bússola, sem bóias, meios de comunicação com exterior, encaixado num frágil esquife, quase desprovido de tudo. Recuando, tanto quanto possível, às condições precárias em que foram sulcados os mares pelos antigos povos que ligaram a costa africana às ilhas do Golfo da Guiné
Baleias que se levantavam a
alguns metros e que, só por um golpe de sorte, não a
despedaçavam...Cardumes que chegaram arrastá-la por várias horas, como se fosse
um mero despojo...Bebendo água das chuvas ou do mar, quando faltou a água
potável e os alimentos... - À flor do mar e sempre com o abismo por baixo dos
pés: enfraquecido e esgotado mas nunca desanimado e dado por vencido
São Jerónimo era
geralmente a baliza de chegada e de retorno ... E,
também, muitas vezes ao fim da tarde e pela noite adentro, era o meu local
preferido (até por ficar um pouco isolado e retirado da cidade) para me
familiarizar profundamente com o mar.
Lembrava-me das façanhas dos
pescadores são-tomenses, dos seus antepassados que demandaram as ilhas, dos barcos
negreiros que ali aportaram e também dos nossos marinheiros (antes desse vil
mercado) que por aquelas águas navegaram; imaginava quantos naufrágios e
sofrimentos aqueles mares, já não teriam causado.
Sabia dos muitos perigos que
me podiam esperar - não os desdenhava! - mas entregava-me ao oceano de coração
aberto, possuído de uma enorme paixão, em demanda dos grandes espaços e de uma
infinita liberdade, tal qual as aves migradoras! Olhava-o como se fosse já meu
familiar e meu amigo. Embora sabendo que a sua face, quando acometida de
irascível crueldade, havia sido palco de muitas tragédias, havia engolido
muitos barcos e tragado muitas vidas. Contudo, eu não ia ali apenas movido pelo
prazer da aventura: só por isso, não sei se compensaria... Mas orientado por
razões mais fortes
Havia algo, no fundo de mim, impelido como que por um
pendor sobrenatural inexplicável que me fazia acreditar que, mesmo que
apanhasse alguns sustos, tal como já havia acontecido em anteriores viagens, lá
haveria de sobreviver e de me safar!.
O
mar também é generoso quando quer ... A sorte protege os audazes e acreditava que o
mar haveria de compreender os objetivos pelos quais que norteava o meu espírito
e a minha temeridade.
Quando
Luís de Camões escreveu na estância XII do V Canto de "Os Lusíadas"
"Sempre,
enfim, para o Austro a aguda proa,
No grandíssimo golfão nos metemos,
Deixando a Serra aspérrima Leoa,
Co Cabo a quem das Palmas nome demos.
O grande rio, onde batendo soa
O mar nas praias notas, que ali temos,
Ficou, coa Ilha ilustre, que tomou
O nome dum que o lado a Deus tocou."
No grandíssimo golfão nos metemos,
Deixando a Serra aspérrima Leoa,
Co Cabo a quem das Palmas nome demos.
O grande rio, onde batendo soa
O mar nas praias notas, que ali temos,
Ficou, coa Ilha ilustre, que tomou
O nome dum que o lado a Deus tocou."
"O contributo dos Portugueses para
uma nova visão do Mundo e da Natureza é essencialmente informativo
e empírico (baseado nos sentidos). Como escreveu Pedro Nunes: “os
descobrimentos de costas, ilhas e terras firmes não se fizeram indo a acertar…”
Pois os nossos marinheiros: “…levavam cartas muito particularmente rumadas e
não já as que os antigos levavam"
"Enquanto os
gregos avançavam na área da cartografia, os
romanos estavam ainda num estágio anterior. Utilizando uma forma de
representação primitiva, situavam Roma no centro do Mundo e davam maior
importância ao registo de rotas" (..)Durante
muitos séculos, os mapas foram um privilégio das elites – apenas reis, nobres,
alto clero e grandes navegadores e armadores tinham acesso a esse tipo de
informação. Só com a invenção da imprensa de Gutenberg, em meados do século XV,
os mapas puderam ser mais amplamente utilizados. "
In.
Uma nova visão do Mundo - contributo português
SÓ EM 1485, PORTUGAL ELABOROU A SUA PRIMEIRA CARTA
NÁUTICA - Começaram por ser impresas em oficinas estrangeiras
"As duas
cartas portuguesas mais antigas que se conhecem, datam do século XV: a de
Módena (apresenta a representação da costa Africana até ao rio do Lago) e a de
Pedro Reinel (c.1485, representa a costa africana até à foz do rio Congo).
Trata-se de um portulano representando a Europa Ocidental e parte de África, que
reflete as explorações efetuadas pelo navegador Diogo Cão em 1482-1484, ao
longo da costa africana" In "Uma Nova visão do mundo - contributo
português"
Quando a Escola
de Sagres – foi fundada, já o Infante Dom Henrique havia
recolhido abundante informação de uma grande parte da costa africana: -Convidou
uma elite de sábios na arte de navegar, oriundos dos vários países
mediterrânicos, quando fundou a Escola Náutica, em Sagres - Desde Árabes a
Judeus, Genoveses, Catalães e Marroquinos, com conhecimentos na cosmografia,
astronomia, Geografia, entre outras ciências
A história das descobertas marítimas portuguesas
está empolada de mitos
QUEM POVOOU AS ILHAS DO
GOLFO DA GUINÉ?
Título de dois
artigos, de minha autoria, publicados no extinto Diário Popular (27-12-76
e 4-12-76) depois de várias travessias em pirogas no Golfo da Guiné, com as
quais pretendi demonstrar que as canoas são capazes de fazer grandes viagens e
resistir às maiores tempestades - admitindo, por isso, a possibilidade de as
mesmas terem sido usadas pelos primeiros povoadores das ilhas, oriundos do
litoral africano.
Li o que diz a
versão colonial e os contributos de outros autores, que se têm debruçado
sobre este assunto. Tenho também comigo textos que nunca publiquei. Sempre na perspetiva
de os reunir num livro, juntamente com os relatos das minhas aventuras. A
verdade é que me tenho dispersado com outras atividades e o tempo passa. Daí
ter decidido aproveitar as potencialidades da Internet. É uma via gratuita -
pelo menos por enquanto, e chega a todo lado.
Por isso, o
leitor vai ter que me desculpar se corro o risco de me tornar demasiado
extenso. Ainda não dou o tema por encerrado, mas gostaria de lhe dar alguma
consistência.
Quis, pois,
desta vez, que não ficasse apenas pelo afloramento de um dos principais objetivos
que me levou sozinho (nos anos setenta) a fazer as várias travessias oceânicas
em pirogas.
Porém, se é um
apaixonado pelas coisas do mar e da origem dos povos das Ilhas do Golfo da
Guiné, creio que não vai perder o seu tempo ao acompanhar-me em mais esta
jornada - Agora, não a bordo das frágeis pirogas, onde arrisquei a vida em prol
da ciência e da história, mas à mercê da sua disponibilidade e tranquilidade.
246 Catalan-Estense
Map, 1450-60... - PELOS VISTOS, UM MAPA DESENHADO COM BASE NA COMBINAÇÃO DE MÚLTIPLAS FONTES E INFORMAÇÕES - Principalmente e navegações portuguesas, cujos mapas foram enciomendados ou vendidos
O mapa Catalan-Estense é um dos mapas
anteriores à descoberta das ilhas do Golfo da Guiné. Que tem sido objecto de
vários estudos e interpretações, desde que fora localizado. Old Maps, Expeditions and Exploration
Guardado na Biblioteca Estense - Modena: e reproduzido, pela primeira
vez, por Charles Bourel de La Roncière -na sua obra LA DECOUVERTE DE L'AFRIQUE AU MOYEN AGE..No qual se diz que constam as
ilhas do Gulf Of Guinea, bem como os seus nomes árabes. - Ilha de São Tomé, a Ilha de Asben;
Ilha do Príncipe, Sanam. E, a Ilha de Bioko, ex-Fernão do Pó, a antiga Malicum -
Pormenores mais à frente
De forma circular, com motivos religiosos e
lendários, assim como a influência árabe."(...)" O mapa catalão é
realmente um mapa do mundo construído em torno da carta portulano.
(...)"Interpretado para incluir as terras ainda não descobertas, mas
apenas postuladas"
(...)"África
ocupa a maior parte da metade sul do mapa. O continente termina em
um grande arco, em conformidade com a estrutura circular do mapa, e estendendo
para o leste para formar o limite sul do oceano Índico. (...)O interior do sul
está em branco para salvar a legenda a África. Que começa no rio Nilo, no
Egito, e termina a Gutzola no oeste: inclui toda a terra de Barbaria, e as
terras ao sul. Este esquema e a legenda têm sido interpretadas como implicando
algum conhecimento da extremidade sul da África, e talvez de uma rota possível
a partir do oeste para o Oceano Índico
OUTRA EXPLICAÇÃO
OUTRA EXPLICAÇÃO
No século 14, a área de Catalunha-Valência-Maiorca floresceu como um centro comercial e cultural, onde elementos árabes e judeus se misturavam à cultura cristã. São preservados numerosos mapas elaborados dentro desta escola cartográfica, entre eles o Mapa do Mundo Estense , que reúne as características de um livro-piloto: as linhas de rumo e as bandeiras ou escudos que identificam reinos e cidades; no entanto, percebe-se imediatamente que este mapa não foi criado para uso durante a navegação. Pode ser considerado um paradigma da técnica do designer, extensões lógicas de sua visão além do Mediterrâneo, dentro dos limites do mundo conhecido.- Excerto https://www.moleiro.com/it/atlanti-e-mappe/mappamondo-estense.html
"O grande abismo ocidental, reflecte algum
conhecimento sobre o Golfo da Guiné"(...) – Vale a pena ler todo o texto. Fala-se do Níger, de vários acidentes
geográficos, entre outras alusões àquela região do
Golfo. Refere-se, também que, até Cabo Verde, "a
costa noroeste incorpora alguns detalhes de viagens contemporâneas
Portuguesas" (..) "A partir dessa constatação, o mapa é geralmente
datado de 1450" Sublinhando, por esse facto, que "além, de uma
pequena porção do litoral, o mapa não deve nada à exploração Portuguesa."
O investigador, que faz
esta leitura, elogia a "habilidade
com que os cartógrafos catalães do século XIV empregaram as melhores fontes
contemporâneas para modificar a visão de mundo tradicional" – E
também para omitir ou remover informações antigas, "à espera de provas para obter um
quadro em que se desejavam inserir as últimas descobertas Portuguesas”
- De recordar que
tais mapas são parcos em palavras - expressavam-se mais pelas imagens e
alegorismos - Fontes :#246 TITLE: Catalan-Estense World Map
..- ..Slide #246 Monograph
APÁTRIDAS, COLONIZADOS POR BRANCOS E FILHOS DE UM DEUS MENOR
As Ilhas de São Tomé e
Príncipe, poderiam ter sido as Ilhas do Éden, mas não foram porque, ficaram
virgens, desde que se elevaram dos mares e após a criação do mundo, só, mais
tarde, Deus (o maior) levou para lá os brancos - E, todavia, erguiam-se ali
mesmo em frente ao grande continente africano.
Dizem as teses
cristo-colonialistas que foi o "exemplar" trabalho escravo que tirou
os povos africanos da barbárie - Mas que barbárie?... E deixou-os mais
felizes?!...
E que, os
brancos, encontraram ilhas nunca dantes vistas, que as divindades
celestes prodigalizaram aos que iam com a cruz
numa mão e a espada na outra. - Ou que a Eva (branca, a primeira mulher) foi
criada a partir de uma costela de Adão -
que era também branco e foi o primeiro homem. Ainda
acredita?!.
Será
que a maioria da população portuguesa, vivia
melhor ou estava mais desenvolvida que os povos que escravizámos?... Quando nos
servimos da mão-de-obra escrava?!... Seguramente que não: "Ó glória de mandar! Ó vã cobiça/Desta vaidade a
que chamamos fama!" - Luís de Camões
O
COLONIALISMO OMITIU E SONEGOU A VERDADE HISTÓRICA,
EXPLOROU E ESCRAVIZOU OS POVOS - O colonialismo, tal como foi, é
passado... Porém, compete à história recordá-lo e fazer luz onde ainda
persistem algumas sombras ou penumbras.
....
A MENTALIDADE COLONIAL
- SÓ PELO FACTO DE
SE RECUSAREM A SER ANIMAIS DE CARGA:
"...Que o pobre
"fôrro" tem falta de qualidade de trabalho, tudo o revela (...).Que ele não conhece a gratidão,
nem a sente para com os que o arrancaram da barbárie primitiva e fizeram seu
igual, especialmente quando usa gravata, ficamo-lo sabendo agora."
.
."Eis
porque há forros e forros... E se não enxergarmos distingui-los e tratá-los
conforme a distinção que assim fizermos, corremos o risco de, endémica e
periodicamente, assistirmos à repetição deste «destoar» de S. Tomé"
"....alguém vive em casas iguais
às nossas, diz aos nativos que o
avô deles já aqui estava quando os portugueses chegaram, o que toda a gente
sabe ser falso pois as ilhas eram desertas." (...) "Esse
alguém, é inimigo a enfrentar, sob pena de ter sido inútil o sangue dos mortos!".
“A REAL METRALHA QUE DEUS PÔS À DISPOSIÇÃO” DOS COLONIZADORES
..(...) "Desconhecem o lealismo dos filhos de um
Império, desconhecem os aviões e os navios, e todo um arsenal de história, de
espírito humano e real metralha, que Deus pôs à disposição dos
portugueses" - In FORROS, PRETOS E BRANCOS, 1ª página do
jornal do regime - A VOZ DE SÃO TOMÉ - 12 de Fev. 1953 - Um dos artigos sobre o Massacre do
Batepá Sobre os quais me refiro em ROCEIROS COMANDADOS POR TENENTE-CORONEL SPINOLISTA
Imagem do autor deste site, acompanhado por um
trabalhador santomense num palmar da Roça Rio do Ouro, junto à Praia Fernão
Dias
Ainda pude testemunhar alguns desses
abusos nas grandes plantações de cacau e de café nas roças de São Tomé - onde
trabalhei como empregado de mato.
Por me ter recusado a tratar os
"serviçais" por tu e ao estilo colonial - os escravizados
trabalhadores cabo-verdianos, moçambicanos e santomenses, fui mandado de
castigo para o sul da ilha a contar cacauzeiros abandonos numa área infestada
pela cobra preta, na companhia de outro trabalhador castigado.
Nas roças só se safavam os
feitores gerais, administradores e os donos, que residiam em Lisboa e
raramente lá apareciam - A generalidade dos empregados de mato (já não falando
dos capatazes e pobres trabalhadores), eram simplesmente explorados.
EM DEMANDA DAS
ROTAS DOS ANTIGOS NAVEGADORES DAS PIROGAS NAS SUAS MIGRAÇÕES DA MÃE-ÁFRICA PARA
AS ILHAS DO PARAÍSO -
Há que
realçar a coragem dos marinheiros lusitanos, que se fizeram ao mar apenas
munidos de um mero astrolábio - Não dispunham de sextante, nem de cronómetro ou
sequer de almanaque náutico que lhes possibilitasse algum rigor da navegação -
Não iam completamente às cegas, porém, embora dispondo de alguma informação,
iam à aventura! - Indubitavelmente, foram grandes navegadores aventureiros
Sou português e não descuro os
feitos marítimos dos
meus antepassados. Mas também não quero fazer como a avestruz e meter a
cabeça debaixo da areia. Nem fazer dos compêndios coloniais a bíblia sagrada.
Sem deixar de admirar a coragem dos antigos
navegadores, busco outras interpretações. Eu próprio me desloquei de
canoa, em Dezembro de 1970, desde a Baía Ana de Chaves ao recanto de Anambó Local onde é suposto terem aportado pela primeira
vez, João de Santarém e Pero Escobar - Mas não foi neste local mas sim na Lagoa Azul onde posteriormente vim a encontrar a inscrição do lema do Infante Dom Henrique, que os navegadores portugueses costumavam deixar em pedras ou em troncos de árvores, onde aportavam pela primeira vez.
Curiosamente, confrontando as imagens, vejo que o sítio está agora mais bem conservado do que estava naquela altura,
onde passei uma noite horrível, com as costas sobre lascas e gogos de
todos os tamanhos e feitios (pois ali não existe praia de areia), mesmo quase
sobre a margem onde as ondas vinham bater, embrulhado pelas palmas dos coqueiros
mas constantemente a ser espicaçado e mordido por enormes caranguejos do mar e
da terra, que não me deram um minuto de descanso
Não me deitei no mato, receando as cobras negras.
E, ao alvorecer, perante aquele vetusto e simbólico padrão, rodeado de
palmas, tão belas, sonoras e verdejantes, não me importei de homenagear
os marinheiros de quinhentos, com a bandeira portuguesa.
.
HÁ QUE DISTINGUIR A EPOPEIA MARÍTIMA DA COLONIZAÇÃO, QUE SUBJUGOU E TIRANIZOU OS POVOS.
Uma coisa é a verdade histórica (e
foi essa que eu procurei através de várias travessias em pirogas e que ainda
hoje questiono), outra,
as omissões ou a que convinha ao Reino..
Todavia, quer os portugueses, nas frágeis
caravelas, quer os primeiros povoadores, nas suas toscas pirogas, foram lobos
do mar e heróis desbravadores à sua maneira.
Também as canoas africanas, à semelhança das
grandes migrações no Pacífico, se fizeram ao mar alto: Fizeram extensas
travessias no Golfo da Guiné, tal como os primitivos navegadores da Polinésia,
considerados os "navegadores supremos da história": que,
velejando em linha, cada uma à distancia da visão da canoa que lhe
seguia atrás, até qualquer delas divisar uma ilha habitável, atravessaram vastas
extensões daquele imenso oceano, colonizaram as mais remotas ilhas, algumas a
milhares de milhas, umas das outras, não dispondo sequer de uma bússola ou de
qualquer outro instrumento náutico
Quase assim procedi: munido de uma simples bússola, sem bóias, meios de comunicação com exterior, encaixado num frágil esquife, quase desprovido de tudo. Recuando, tanto quanto possível, às condições precárias em que foram sulcados os mares pelos antigos povos que ligaram a costa africana às ilhas do Golfo da Guiné
Estes meus olhos têm muito que
contar - Viram
muitas tempestades, noites medonhas, inarráveis!...Manhãs e tardes de ameaça e
assombração!... Mas também se maravilharam com muito
azul do céu e do mar...
..Viveram horas intensas...extraordinárias!....
Fantasmagóricas!...
Dias e dias!... Noites e noites a fio!...Completamente exposto ao sol, à chuva,
aos elementos, às intempéries... Só de uma vez foram
38 dias seguidos, entre Outubro e Novembro de 1975 - mais das vezes passados à deriva, por perda dos
remos principais, que um violento tornado mos roubara - Sim, a minha canoa fora
escavada num casco de árvore - era comprida mas só tinha 60 cm de altura por 1
metro de largura.
Vagueava como se estivesse permanentemente no
interior de um caixão à espera de ser sepultado a qualquer o momento na
profundeza das águas. A minha vida estava sempre suspensa - Depois que perdi a maior parte dos apetrechos e
passaram a ser as correntes e os ventos a comandar os meu destino, havia esperança
(sim, nunca a perdi) mas não podia ter certeza alguma - Não sabia onde
estava nem a que ilha ou ponto da costa podia ir dar. Mas também não sabia, em
absoluto, se lá chegava..
A única novidade nesta
minha última canoa, era um pequeno rebordo e uma pequena ponte de contraplacado para a
proteger das ondas.. Parte do qual vim a sacrificar para improvisar um remo.
Qualquer das duas
canoas que utilizei - à exceção da usada na travessia de São Tomé ao
Príncipe - exigiam, no mínimo, duas pessoas - Muitas das
minhas dificuldades, que enfrentei, teriam sido superadas. Todavia, parti sozinho.
Na viagem
dos 13 dias à Nigéria nem coberta levara... Na travessia de São Tomé ao Príncipe, a canoa era minúscula e ainda mais
frágil de que a generalidade das canoas dos pescadores.. Não tive dinheiro para
comprar uma melhor...O mastro um pau vulgar do mato e as velas, do mesmo pano
que as tradicionais, com sacos de farinha das padarias.
O baú
um vulgar caixote do lixo. Os instrumentos de navegação, apenas a bússola. Não
levava boias. Não podia comunicar com ninguém... Enquanto não se furou, um
simples colchão de praia...Depois passei aninhar-me conforme podia ...Mas
raramente dormia uma noite inteira...O Golfo da Guiné Equatorial - então na
época das chuvas - é turbulento, muito perigoso: ou há calmarias ou
tempestades. Se tivesse alcançado o meio do Atlântico, dificilmente iria
debater-me com tantas adversidades
Sacudido pelas vagas ou, quando deitado no fundo
da canoa (mais das vezes encharcado numa salmoura até aos ossos) ouvindo o
marulhar exasperante de cada impulso sobre o casco.... Não
há palavras... é quase de se ficar louco com aquele baque-baque constante...A
todos os momentos, a todos os instantes...Sempre que sentisse um estrondo
maior, soerguia-me e ia logo apalpar se havia alguma racha...Mas foram os
tubarões, que investiram, que lha fizeram um pouco acima da linha água -
Vinguei-me, porém, da sua ferocidade, pescando alguns enquanto tive linhas e
anzóis
.
Peixes estranhos (talvez vindos das profundidades,
aproveitando-se da escuridão à superfície) vagueavam
por baixo da canoa: não os via mas sentia-os quando se encostavam ou roçavam
sob o bojo e nas trevas mais negras....
CUSTAVA-ME A CRER QUE OS PESCADORES - TÃO EXÍMIOS NAS CANOAS - SENTISSEM ALGUM PAVOR EM PERDER A SUA ILHA DE VISTA
A cada
pescador que eu perguntasse se já tinha ido à Ilha do Príncipe, a resposta era
invariavelmente a mesma: "Quando vem tornado e leva canoa, só gente de
feitiço é que vai lá parar. Vem gandú e come perna de gente" - Achava a
justificação um bocado fatalista:
O
colonialismo foi tremendamente castrador e repressor e contribui para
criar muitos fantasmas nas populações nativas. Pelo visto, os pescadores, estavam em vias de perder a sua
memória ancestral. Se eles eram arrastados, involuntariamente, com a sua canoa
para as costas do Gabão, dos Camarões ou da Ilha do Príncipe, era sinal que as
canoas resistiam e também lá podiam ir voluntariamente.
Este o meu
primeiro desafio: pretende contrariar
esse fatalismo, que
parecia instalar-se na sua mente e nos seus olhos. Mostar-lhes que as suas
canoas - mesmo que o tornado as arrastasse - sendo de madeira do ócá (quase tão
leve como a cortiça), podiam ir dar a qualquer parte - Eu precisava de lhe
fazer essa demonstração.
Quando
comprei a primeira canoa (por 200$00)a um pescador na Praia
do Lagarto, eu justifiquei-me dizendo que queria ir nela ao Príncipe: "Você
não seja louco!" Você, morre no caminho!.... Se você vai fazer isso, eu
digo capitania!"
Não tive
outro remédio senão mudar de praia... Quando, mais tarde, se constou que fizera
essa travessia, passei a ser encarado como feiticeiro - E a ser procurado, por
um dos profissionais - Ele pedia-me que lhes ensinasse os meus segredos - mas
que segredos?...
No pós 25 de Abril, fiz a
travessia à Nigéria. Mesmo
assim, foi à socapa. Porém, quando regressei a S. Tomé, para tentar a travessia
transatlântica - para seguir pela rota dos escravos - felizmente que já o seus
povos eram soberanos, e as ilhas independentes.
Na viagem à Nigéria, ainda
pensei ir acompanhado, por não ter bem a certeza de que seria capaz de
fazer tão extensa travessia. Como dormir?.. (o mínimo que fosse) E ao mesmo
tempo assegurar a navegação e o equilíbrio da canoa, durante os vários dias que
contava demorar; eram questões que então me preocupavam. Pois, a viagem ao
Príncipe, fora apenas de três dias, muito complicada e pouco conclusiva.
Precisava de fazer a ligação ao continente., de reforçar a minha teoria, com um
teste mais arrojado
Ainda no mesmo ano de 1975, tentei a travessia oceânica de São Tomé ao
Brasil. A canoa foi transportada num pesqueiro americano para ser largada um
pouco a sul de Ano Bom, na zona de influência da grande corrente equatorial. O
comandante do barco, no entanto, faltou ao prometido: tentou dissuadir-me a não
fazer a viagem, a abandonar a canoa e a ficar a bordo.
Não podendo navegar para
oeste, vi-me forçado a voltar a São Tomé para tentar a travessia noutra
ocasião - Um violento tornado, logo na primeira noite, quando empreendia o
regresso, (pois não tinha outro alternativa senão aproveitar os ventos e as
correntes para Norte) far-me-ia perder quase tudo. Estava-se na época das
chuvas e era a pior altura para se navegar sozinho no Golfo. Naquele ponto,
estava a 180 Km a sudoeste de S.Tomé e a 350Km a oeste da costa africana
Acabaria por acostar, 38 dias depois, à
ILHA BIOKO
- EX-FERNÃO DE PÓ - a mais setentrional .
Mas só soube, quando fui ter a uma
finca, que era a à ilha de Bioko, Bioko
–ex-Fernão
do Pó
,
Tendo assim realizado a mais
longa travessia entre as ilhas; da ilha mais meridional à
mais setentrional do Golfo da Guiné - Apesar das extremas dificuldades, pude
sobrevir e enfrentar as maiores adversidades, provando, desse modo, que as
pirogas podem resistir às mais violentas tempestades ou situações de mar.
Mesmo assim, julgo que valeu
a pena - Queria prosseguir a experiência de Alain
Bombard- Mostrar
aos náufragos que o maior inimigo não é o mar mas o desespero - E, afinal,
acabei mesmo por lutar como o náufrago que não se rende.
Pretendia reforçar a minha
teoria, sobre as capacidades das pirogas, e, mesmo sozinho, logrei por três vezes navegar
grandes distâncias dentro delas, provando que também as mesmas podiam ter sido
usadas pelos primeiros povoadores das ilhas.
Qual dinheiro, qual riqueza?!... -
Qual vida tranquila, qual quotidiano ocioso e sem sobressaltos! quando se
prossegue um ideal, um objectivo, um sonho! - Não é exibir a vaidade mas
expor com fraqueza a verdade.
Antigos mapas já existiam mas estavam arrumados e
esquecidos em velhos arquivos. Agora, vieram à luz do conhecimento e das novas
tecnologias - Mercê de dedicados investigadores. Eu, porém, continuo a recuar
no tempo, muito para lá da existência de qualquer mapa
(treinos)
A História de São Tomé e Príncipe -das descobertas, diz que as «ilhas
de S. Tomé e Príncipe, foram descobertas, por João de Santarém e Pero
Escobar, entre 1470-71, estavam desabitadas e que começaram a ser
povoadas em 1493 por judeus, aventureiros, colonos portugueses e
escravos
Álvaro Caminha, a quem o rei fizera doação da capitania de S. Tomé, trouxe para a ilha os filhos dos judeus castelhanos que não haviam deixado o reino no prazo fixado. Essas crianças, depois de baptizadas, foram entregues aos donatários, a "fim de que, uma vez tonadas grandes, pudessem contratar casamento e povoar assim aqueles ilhas"» Gastão de Sousa Dias In África Porttentosa
Álvaro Caminha, a quem o rei fizera doação da capitania de S. Tomé, trouxe para a ilha os filhos dos judeus castelhanos que não haviam deixado o reino no prazo fixado. Essas crianças, depois de baptizadas, foram entregues aos donatários, a "fim de que, uma vez tonadas grandes, pudessem contratar casamento e povoar assim aqueles ilhas"» Gastão de Sousa Dias In África Porttentosa
No tocante a Bioko (conhecida até à independência da Guiné Equatorial,
por Fernão de Pó), refere-se que a ilha foi descoberta em 1472 pelo
navegador Português Fernão do Pó, a que deu o nome de Flor Formosa,
tendo mais tarde passado a ser conhecida pelo nome de seu descobridor. A Ilha de Ano Bom (Pagalu) foi descoberta no dia 1 de Janeiro de 1473 e, por isso, ficou conhecida por Ano Bom.
Estes territórios mantiveram-se Portugueses até 1778 altura em que Portugal os cedeu à Espanha os quais em 12 de Outubro de 1968 foram proclamados independentes da Espanha. A língua oficial destes territórios é o Espanhol GUINE EQUATORIAL...
Toda a zona do Golfo da Guiné e costa africana estava cartografada, e, naturalmente, sendo ilhas tão férteis e tão belas, logo que conhecidas, dificilmente deixariam de serem procuradas e povoadas - Levando
povos do litoral, ou, por curiosidade ou por espírito de aventura, a
demandarem-nas, a fixarem nelas, rendidos à variedade e beleza da sua
flora, das suas praias e abundância de frutos . Pois, todas elas,
são possuidoras de muitas espécies endémicas(fauna e flora),
certamente muito mais antigas de que a própria humanidade.São Tomé e Príncipe » Herbário da Universidade de Coimbra .....Espécies de aves endémicas de São Tomé ....Espécies de aves endémicas de São Tomé .
OS VIAJANTES DA BARCA PERDIDA - NA PERSPECTIVA COLONIAL, AS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ FORAM ENCONTRADAS DESERTAS.
Então
como explicam que, durante o longo período da escravatura, apesar de
terem aportado às ilhas, centenas de barcos negreiros de diferentes
partes do litoral de África, todavia, só um desses barcos - e, por sinal
naufragado, iria formar o segundo maior grupo étnico em S. Tomé?... -
Ou seja, teria sido pelo facto de ter ido a bordo alguma espécie de
Moisés Africano?!...
Este tem sido o mote para as mais absurdas especulações: "No
século XVI, um barco de escravos angolanos naufragou perto da ilha, e
muitos deles conseguiram nadar até a costa, formando um grupo étnico à
parte"
.
Sendo
certo e sabido que esse povo sempre procurou o isolamento e foi
refractário a qualquer tipo de miscigenação. - Quando a Administração da
Roça Uba Budo (da Companhia Agrícola Ultramarina) me mandou de castigo
(por me ter recusado a tratar os "serviçais" ao velho estilo da roça) e
me enviou para a Ribeira Peixe, ao sul da Ilha, onde residem algumas
comunidades ancestrais de "angolares", o sermão que me impuseram foi o
de que eles eram uma espécie de bichos de mato: - Enquanto, com os
trabalhadores cabo-verdianos, moçambicanos e santomenses, nós os
empregados de mato éramos incentivados (obrigados) a tratá-los a todos
por tu - mas, com os angolares, devíamos ter mais cuidado.
Porém,
não foi essa impressão com que fiquei: a principio, quase não os
entendia, porque, muito deles, mal sabiam pronunciar uma palavra de
português. Mas não me foi difícil estabelecer o melhor relacionamento.
Os primeiros dois meses, foram ocupados a cumprir o castigo (que me
aplicaram) a contar os cacaueiros velhos(abandonados) numa zona
infestada de cobra preta, acompanhado por um cabo-verdiano que os
marcava com cal à medida que eu os ia anotando num bloco.
Mas depois passei a lidar com eles nas colheitas de cacau e capinagem. E confesso que nunca me senti inseguro. Pelo contrário. Sendo
todos eles pescadores, foi a bordo das suas canoas que estabeleci os
primeiros contactos com esse primitivo meio de navegação.
Eles percebiam bem o que iam fazer: eu e o capataz destinávamos-lhes a área a capinar ou número dos sacos que iam colher ou a quebrar, cumpriam a empreitada
e retornavam às suas praias. O empregado do mato é que só podia voltar
ao terreiro, quase ao pôr-do-sol, mata-bichava e almoçava no mato, quer
chovesse ou fizesse sol. E ali chovia quase todos os dias. Falavam uns
com outros na sua língua (tagarelavam a toda a hora) eu, a maior parte
do dia, de machim na mão, andava silencioso (deslumbrado com a
paisagem) a limpar os troncos desta ou aquela planta de cacau.
Na
roça, o branco(sobretudo o empregado de mato) era obrigado a ter a
samú para lhe fazer a comida, lavar a roupa e dormir com ela na cama -
Depois, de uma santomense, na Roça Uba-budo, ali, o Feitor-Geral, ao
segundo dia, mandou apresentar, à porta do chalé dos empregados de
mato, uma mulher "angolar" para ir ter comigo - Era mais velha 15 anos
de que eu - Passei então a compreender melhor o grau de generosidade e a
personalidade daquela gente. Os
angolares são pacíficos, têm uma individualidade inconfundível, que
nunca me pareceu agressiva mas ciosa; o que não permitiam é que alguém
os amachucasse.E, quem o fizesse, tinha a resposta na hora.
O PASSADO HISTÓRICO DESTE ARQUIPÉLAGO, DIZ-NOS QUE AS POPULAÇÕES NUNCA SE CONFORMARAM COM O OCUPANTE - E havia razões para se oporem: além de se apoderarem das suas terras, ainda as exploravam e escravizavam
QUEM PRIMEIRO COMEÇOU POR MANIFESTAR A SUA INCONFORMIDADE FORAM OS "ANGOLARES"
1511 - "Em
S. Tomé é levantado o auto a Gonçalo Rodrigues, acusado de ter
cometido as piores barbaridades, tais como deitado ao mar crianças de
mama, para preservar em boa saúde e préstimo (sexual e de trabalho) as
mães. O auto não tem consequências de maior."
QUEM PRIMEIRO COMEÇOU POR MANIFESTAR A SUA INCONFORMIDADE FORAM OS "ANGOLARES"
OS "ANGOLARES", comandados por Amador
(que logrou influenciar os escravos das plantações) deferiram
constantes ataques aos colonos, e, com tal violência e estratégia
concertada, que obrigaram a transferir a capital de São Tomé para Santo
António, na Ilha do Príncipe.
REBELARAM-SE, PORQUE ESTAVAM ORGANIZADOS: tinham a sua cultura, raízes muito profundas ao meio, completamente diferente das do ocupante - E o grande herói dessas lutas, tem um nome: indiscutivelmente o Rei Amador!
Há provas históricas de que, Fernão do Pó, também teve o seu rei - O último dessa linha hierarquia (sem ceptro) foi Francisco Malabo Beosá (1896-2001), tendo vivido, entre 1896 e 2001. Cuja descendência remontam ao heroico "Malabo Lopelo Melaka, último rei bubi, que resistiu a invasão espanhola. Os clãs
e localidades bubis tardaram em aceitar a soberania espanhola sobre a
ilha, e até 1912, não foi obtida por meio de repressão a pacificação
total da ilha" Malabo – Wikipédia
O ditador Francisco Macías Nguema (que ainda reinava quando aportei a Bioko (tendo sido deposto, quatro anos depois, por seu sobrinho Teodoro Obiang Nguema Mbasogo),actual
Presidente da Guiné Equatorial , a quem fui levado, da cadeia central,
ao seu gabinete (então Comandante das Policias e das Forças Armadas, o
qual, felizmente, ordenaria a minha libertação), pois bem, foi na fogosa
campanha de 1973, que, Macias, o primeiro presidente da Guiné
Equatorial, além de decretar a substituição dos topónimos de origem
europeia(o que até era compreensível) atribuiu ao nome da capital da então Ilha de Fernão do Pó, o nome de Mablabo em homenagem ao mítico rei Malabo Lopelo Melaka, último rei bubi,
que resistiu a invasão espanhola. Passando a ilha a chamar-se Bioko ,
homenageando desse modo o povo Lubi - Só que não tardaria a persegui-lo e
a dizimá-lo., privilegiando a sua etnia do enclave continental.
(com os pescadores na Praia Gambôa)
De interesse: ... São Tomé e Príncipe - Wikipédia,.......Sao Tomé e Pincipe no coraçao |..........Sobre S. - Missão São Tomé e Príncipe.......As Línguas de S. Tomé e Príncipe1 .......Equador, de Miguel Sousa Tavares .......Viajantes islâmicos descobriram STP........... Investigação alega que ilhas do Golfo da Guiné...............EL REFLEJO DE LAS CANARIAS EN LA CARTOGRAFÍA ANTERIOR AL SIGLO XVI....L'Afrique : découvertes et explorations.....
..
Outros links de interesse.sao tome e principe fotos......Carlos Magno no Equador - A introdução do "Tchiloli" em São Tomé..sao tome e principe clima.............voos sao tome e principe...........São Tomé E Príncipe | Viagem, Turismo, Cultura São Tomé E Príncipe................São Tomé e Príncipe : Música.......hoteis em sao tome e principe...........Rei Amador, história e mito do líder da revolta de escravos em São..
A ORIGEM ANCESTRAL DOS REIS E IMPERADORES NÃO É EXCLUSIVAMENTE EUROPEIA - NEM FOI NO VELHO CONTENTE QUE COMEÇOU - QUANDO O EGIPTO JÁ TINHA IMPERADORES, AINDA QUASE TODA A EUROPA VIVIA PRATICAMENTE NA ERA DA PEDRA.
Todas as ilhas do Golfo eram habitadas e há muito povoadas. Tinham os seus líderes ou réis - Se, Amador, não era rei(no sentido tradicional do termo), isso pouco importa;fora um grande líder!. E os líderes não surgem sem uma aprendizagem de raiz, desinserida do seu meio.
Cronologia: "1586 - Francisco
Figueiredo é o primeiro governador de S. Tomé. Governa sobre a cinza
de incêndios feitos pelos "angolares" (...) Aliados aos escravos das
fazendas, chegaram a fazer fugir para o Brasil donos de herdades."
Os "angolares" rotulados pelo colonialismo
como originários de um naufrágio, "que vindo de Angola deu à costa em
uma praia do sueste da ilha, muito antes de 1574" - Outros defendem
que foi nas Sete Pedras (aliás, dez ilhotas) então, ali, era mesmo
impossível atingir a costa a nado - Quando, afinal, de lá partiram tantos carregamentos - Vindos de vários sítios e das mais diversas etnias - Com certeza que não falavam todos a mesma língua. E porque razão o "angolar" não é um dialecto?...
Se se desse a circunstância de serem provenientes de um simples barco de negreiros (com um índice de moralidade tão alargada), alguma vez seriam capazes de, em tão pouco tempo, se distinguirem dos demais (que também vinham do Congo e de Angola, dos mais diversos lugares da costa) e assumir a liderança?!... -
Mesmo, numa ilha, tão pequena (com uma superfície reduzida a 964 Km, sendo quase 2/3 impenetráveis) - mantiveram-se afastados dos colonos e até do maior grupo étnico?.. - Formando um povo autónomo, com uma identidade própria, que jamais se vergaria ao domínio colonial.
O POVOAMENTO PRIMITIVO DAS ILHAS, DIFICILMENTE PASSARIA DESPERCEBIDO A OUTRAS ETNIAS DO CONTINENTE AFRICANO - PASSADA A NOTICIA, NÃO TARDARIAM A IR NA ESTEIRA OUTROS GRUPOS DE AVENTUREIROS
TANTO OS "ANGOLARES" COMO OS "FORROS" DEVEM TER EM COMUM O MESMO PASSADO ANCESTRAL - EM AMBAS AS ETNIAS, DEVE CORRER SANGUE NAS SUAS VEIAS DOS PRIMEIROS AVENTUREIROS, QUE SE FIZERAM AO MAR.
Além dos "angolares é de admitir a existência de outros grupos étnicos, anteriores à descolonização, que teriam sido completamente desmembrados da sua frágil organização ancestral - Pelo que estou em crer que, entre, os chamados "forros", deverá correr também muito do sangue dos corajosos pioneiros, que ali desembarcaram pela primeira vez - Descendentes dessa gesta heróica, oriundos das praias onde, em tempos recuados, terão partido os seus ancestrais.
A HISTÓRIA É OMISSA - SÓ CONTA A VERSÃO DO COLONIZADOR BRANCO - SEJA COMO FOR, A COSTA AFRICANA, HÁ MUITOS SÉCULOS QUE NÃO ERA UM LITORAL DESCONHECIDO - ASSIM O ATESTAM AS CARTAS QUE PERMANECIAM PERDIDAS NAS PRATELEIRAS DOS ARQUIVOS
OS RELATOS DOS HISTORIADORES SÃO CONTROVERSOS - ALIÁS, NEM PODERIA ESPERAR-SE OUTRA COISA: O
Povo era escravo e analfabeto - Pelo que, só a versão colonial ficava
para a posteridade, a que convinha: a que enaltecia os feitos dos
colonizadores.- Há porém uma certeza incontornável: : AMADOR É HOJE A MAIOR FIGURA HISTÓRICA E LENDÁRIA DAS ILHAS DE S.TOMÉ E PRÍNCIPE – E A VOZ DO POVO, TAL COMO A VOZ DE DEUS, NUNCA SE ENGANA..
SIMPLESMENTE O MITO OU O REBELDE QUE SE AUTO-PROCLAMOU REI – TRANSPARECE UM FACTO INCONTORNÁVEL: Se o Rei Amador ostentava ou não o ceptro à maneira dos réis colonialistas, tal
como o concebia o ponto de vista e sectário dos historiadores,
súbditos desses mesmos interesses, pois bem, Amador, fora um grande
soldado e comandante.As revoltas não foram inventadas: para existirem,
tinha de haver alguém a comandá-las, a impor a autoridade e a merecer o
respeito e obediência gerais - Ora, tais qualidades, só poderiam advir
de quem conhecia os segredos da floresta e já lá estava há muito mais
tempo
Embora, com forças em maior número de que os ocupantes,
eles, os escravos, comandados por Amador, representavam o lado mais
fraco da barricada - Não dispunha das armas dos invasores (talvez só de
uns arcos de flechas e zangais) mas tinha a seu lado a voz da razão,
uma imensa vontade de libertar o seu povo e os companheiros do mesmo
infortúnio e sob a mesma cruel ameaça e opressão.
De facto, sobre o passado do Rei Amador, correm as mais díspares versões - mas, se formos a ver, o mesmo se passa até com os nomes dos "descobridores das Ilhas.
Para facilitar as coisas, convencionaram-se datas e foram-se buscar
nomes - Sim, convenhamos: alguma vez o colonialismo podia falar de
"descobertas" sem apontar os seus heróis?!...
Porém,
idêntica sorte não tiveram os milhões de mártires, os heróis que foram
brutalmente atirados ao mar ou que morreram sufocados em porões fétidos e
acorrentados. Salvo raras excepções, os pobres dos escravos, eram
simplesmente relegados para a categoria do Zé Ninguém, dos carne para
canhão.
Aliás, tal comportamento também fora extensivo à raia miúda dos colonizadores, sobretudo aos forçados,
que para ali iam desterrados a cumprir as suas penas - há quem diga que
era a opção que lhe restava para escaparem à pena de morte; mas não
creio que todos fossem voluntários – O que passou à posteridade,foram
apenas os nomes dos pilotos das caravelas(e nem todos) ou dos barcos
negreiros, que se notabilizaram e donatários e governadores – Quem é que hoje aponta um dos milhares de nomes da raia miúda sacrificada?
Fosse o negro mais ousado e temerário, continuaria a ser sempre negro e escravo;
aliás, tal mentalidade, ainda ali pude testemunhar, enquanto
empregado da roça e já haviam passado alguns séculos sobre as rebeliões
de Amador - Acho que, o colonialismo em São Tomé e Príncipe, foi das
colónias onde a sua violência mais tempo se perpetuou. Aos escravos
(designados, mais tarde, por serviçais), só restava a fuga para o mato.
O colonialismo, moldado e inspirado pelas cruzadas cristãs (cruz numa das mãos e espada na outra),
manteve a mesma face, cruel, prepotente e abusadora, da mesma forma,
inalterável ao longo dos séculos, tal como, em Roma, se mantiveram os
dogmas do Vaticano.
A PRÓPRIA IGREJA - ATRAVÉS DA COMPANHIA DE JESUS - TAMBÉM (ELA PRÓPRIA) SE DEDICAVA AO MESMO HORRENDO MAS LUCRATIVO NEGÓCIO
BREVE CRONOLOGIA:
1600
- A partir desta data, os Jesuítas , que se tinham estabelecido em
Angola, concentrarão os seu esforços em Luanda, onde fundarão um
colégio.
Paralelamente, envolver-se-ão no comércio de escravos - a Companhia de Jesus dispôs dos seus próprios barcos no Brasil -, alegando que a melhor forma de converter um negro era a sua venda para as plantações da América do Sul, que a Companhia de Jesus igualmente detinha, onde melhor poderiam ser introduzidos na Cristandade.
O ANTROPÓLOGO, HISTORIADOR E SOCIÓLOGO ALEMÃO GERHARD SEIBERT CONSIDERA O REI AMADOR, O LÍDER DA GRANDE REVOLTA DE ESCRAVOS DE 1595, UMA FIGURA EMBLEMÁTICA NA HISTÓRIA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE -
Seibert,
que é doutorado em Ciências Sociais, pela Universidade de Leiden e
possui a licenciatura em Antropologia Cultural, pela Universidade de
Utreque, igualmente na Holanda (entre outros cursos, inclusivamente no
seu país) é um dos mais prestigiados especialistas na sua área, já
publicou vários estudos sobre África, nomeadamente, sobre São Tomé e
Moçambique, é docente na Universidade Nova de Lisboa, tem um vasto
currículo, que pode ser consultado em: Karl Gerhard Seibert
O autor do livro .Camaradas, Clientes e Compadres. Colonialismo, Socialismo e Democratização em São Tomé e Príncipe, pronunciou-se sobre o Rei Amador, na conferência na CACAU, num texto a que deu o título Amador, história e mito do líder da revolta de escravos em São Tomé(1995)
Queixa-se de ter sido mal interpretado - .DEIXÁMOS AQUI OS DOIS LINKS: QUER DA INTERPRETAÇÃO DADA NO ARTIGO PUBLICADO EM .. Téla Nón >> Rei dos Angolares nunca existiu em São Tomé e Príncipe? ....QUER DA REACÇÃO DE GERHARD SEIBGBERT...Téla Nón >> “Infelizmente muito que disse sobre o Rei Amador na conferência na CACAU em 17 de Janeiro não foi reproduzido correctamente
GERHARD SEIBERT, DIZ QUE EXISTE UM DOCUMENTO NO VATICANO, QUE FALA DE AMADOR –
“No
ano de 1595 um preto da ilha de São-Tomé, chamado Amador, se levantou
com os homens da sua cor, e se proclamou Rei da mesma ilha, cometendo os
excessos que eram de esperar de uma besta feroz”.
Numa comunicação que fez, em Janeiro último, proferida na CACAU, Gerhard Sibert,
dá conta de dois documentos, sobre a revolta dos escravos em 1595,
“considerados históricos e fontes primárias, Ambos, na sua opinião,
dizem muito pouco sobre a pessoa de Amador - Eis um excerto do que
transmitiu:
...........
“Não se sabe nada sobre o seu passado nem sobre a sua vida pessoal. Não existe nenhuma gravura ou pintura de Amador. O manuscrito de Rosário Pinto diz apenas que era escravo de Bernardo Vieira, enquanto o documento do Vaticano afirma que o nome do seu dono era Dom Fernando. Segundo Caldeira (2006:73) este nome pode ser uma confusão com o nome do então governador Fernando de Meneses. No início da revolta, Amador auto-proclamou-se “Capitão General de Guerra e Rei nomeado absoluto, com poder de dar liberdades a todos os cativos.”[15] O manuscrito de Rosário Pinto não refere a nenhuma data sobre a morte de Amador, enquanto o documento do Vaticano relata que, depois de ter sido traído e preso, foi executado e esquartejado em 14 de Agosto de 1595.[16]”- O texto completo está acessível em .. Rei Amador, história e mito do líder da revolta de escravos em São
SÓ O FACTO DO NOME DE AMADOR SER REFERENCIADO NO VATICANO, DIZ MUITO - É SINÓNIMO DE QUE NÃO FORA COMPLETAMENTE IGNORADO PELA IGREJA E O PARCEIRO COLONIALISTA - ALGUMA IMPORTÂNCIA TEVE!-
NÃO CONFUNDIR YOAN GATO, COMO AMADOR, DE SEU NOME Bernardo Vieira - Ao qual o colonialismo, terá chamado de Rei Amador, no sentido pejorativo para diminuir a sua memória ou, talvez, como o rei inesperado, vindo do mato, desconhecido dos ocupantes.
Anteriormente, às façanhas do bravo Amador, existiu um não menos valoroso guerreiro - Yoan Gato, porventura nome judaico de Yôḥānān - (em galês é Ioan). Oriundo (creio eu) de mestiçagem das crianças judias, que foram enviadas à força para São Tomé - Estou mais inclinado que tivesse sido ou um desses inconformados seres humanos (já velho e cego, como referem alguns autores) ou então um filho dessa mestiçagem forçada -
Quando Yoan Gato foi morto, se era oriundo das crianças embarcadas naqueles anos, em 1430, teria entre 40 a 50 anos. Ou seja, mesmo diminuído fisicamente, ainda encontrou coragem e forças para se enfrentar os povoadores da cana do açúcar. - E tudo isto, , não muito depois de Álvaro de Caminha, em 1493, ter sido nomeado donatário da ilha de S. Tomé por D. João II -
De recordar que, entre 1492 e 1496, D. João II ordenou o envio de alguns milhares de crianças arrancadas aos seus pais. De tal modo, foi a pretensão do reino em mestiçar e colonizar, que as duas ilhas chegaram a ser apontadas como "um laboratório experimental, no qual se configurou uma miscigenação ético-social jamais vista anteriormente". .DE EXILADOS HISPANO-LUSITANOS À ILHA DE SÃO TOMÉ
NA CRONOLOGIA DA ESCRAVATURA, EXISTE ESTE REGISTO:
1530 - Revolta contra o esclavagismo e os portugueses em S. Tomé. É dirigida por um velho cego (Yoan gato)
1596 - Amador, chefe dos "angolares" de S. Tomé é preso e supliciado á morte. In. Portugal e a Escravatura em África
MELHOR QUALQUER DOCUMENTO COLONIALISTA OU DO VATICANO, É A MEMÓRIA ORAL DE UM POVO - ESSA É INTRÍNSECA, CORRE-LHE NAS SUAS PRÓPRIAS VEIAS.
Em
1964, quando trabalhei na Roça Ribeira Peixe - onde a maioria dos
trabalhadores eram "angolares", recordo-me, muito bem, de como se
referiam à memória do seu rei.
Se
o domínio colonial escravizava aqueles que eram simplesmente
mão-de-obra escrava, carne para canhão, maior violência exerceriam sobre
aqueles que ousam fomentar e comandar as revoltas: basta recordar as
lutas pela independência e os mártires que o regime colonial-fascista
enviou para o Tarrafal.
Ao
Rei Amador (a que alude o dito documento do Vaticano), pois claro,
poupado ao o enforcamento imediato, para não se transformar no herói à
frente dos seus homens, causando ainda novas revoltas, sim, pior do que a morte imediata, só o desterro, a humilhação, para ser escravo do Rei -
.Se dúvidas existisse, e aí está o documento que as desfaz - Para o
deixarem morrer longe da sua ilha, humilhado e num meio que lhe era
estranho e hostil. - De um modo ou de outro, ou em São Tomé ou como criado do reino, em Portugal, foi um mártir.
O COLONIALISMO SEMPRE PROCUROU HUMILHAR E ANIQUILAR OS LÍDERES AFRICANOS – FOI O QUE FEZ TAMBÉM COM Gungunhana
.
"...em
27 de Dezembro de 1895 quando Mouzinho de Albuquerque aprisionou o
régulo Gungunhana, num episódio por demais conhecido em que para o
humilhar mandou o poderoso régulo sentar-se no chão, levando-o preso
para Lourenço Marques e mais tarde para Lisboa"D.Carlos I-33º Rei de Portugal: Acontecimentos no ano de 1896
OS
POVOS AFRICANOS FORAM VÍTIMAS DO COLONIALISMO - MAS TAMBÉM DE LUTAS
TRIBAIS, QUE PERSISTEM NA ACTUALIDADE - TODOS OS HABITANTES DAS ILHAS DO
GOLFO ENTRONCAM NUM PASSADO COMUM - O DA ORIGEM DA SUA GESTA HERÓICA
ATRAVÉS DO GRANDE GOLFO! - Desde a Ilha mais próxima - a de Bioko - até
à mais meridional e afastada do grande continente africano.
Na verdade, basta ir ao fundo da história para ver como os "angolares, ao longo dos tempos, reagiram à ocupação colonial, chegando
a obrigar o invasor a mudar a capital para a Ilha do Príncipe. E não
foi muito depois da ocupação. Tinham o seu rei e a sua organização
social e uma língua não crioula .
Ciosos dos seus costume, não se vergaram aos ocupantes da terra, procurando preservar a sua identidade.
Ciosos dos seus costume, não se vergaram aos ocupantes da terra, procurando preservar a sua identidade.
Nunca
aceitaram, com bons olhos que o branco pudesse servir-se da suas
jovens mulheres. Conheci o administrador de uma das principais roças
que, de quinze em quinze dias, tinha uma menina (ainda menor) à
disposição para lhe tirar o "cabaço". Fazia-o sem o menor pudor e
vergonha.
Os "angolares" vivem sobretudo da pesca, nas suas aldeias situadas junto à orla marítima. No meu ponto de vista, eles são os descendentes dos primeiros povoadores da Ilha de São Tomé. Se bem que seja de admitir, como atrás referi, que outras etnias, em vez de uma, igualmente se estabelecessem em São Tomé e nas restantes ilhas, através das suas canoas, sulcando o braço do golfo, que separa as ilhas do continente africano - Por exemplo, no Príncipe, prevalece a etnia Moncó. Em ambas as ilhas, existem também os "tongas", filhos dos serviçais com o forros, ali nascidos - Mas não é de pôr de lado a hipótese do colonialismo ter varrido com as tradições e o passado de outros grupos étnicos.
Os "angolares" vivem sobretudo da pesca, nas suas aldeias situadas junto à orla marítima. No meu ponto de vista, eles são os descendentes dos primeiros povoadores da Ilha de São Tomé. Se bem que seja de admitir, como atrás referi, que outras etnias, em vez de uma, igualmente se estabelecessem em São Tomé e nas restantes ilhas, através das suas canoas, sulcando o braço do golfo, que separa as ilhas do continente africano - Por exemplo, no Príncipe, prevalece a etnia Moncó. Em ambas as ilhas, existem também os "tongas", filhos dos serviçais com o forros, ali nascidos - Mas não é de pôr de lado a hipótese do colonialismo ter varrido com as tradições e o passado de outros grupos étnicos.
Ano Bom a
ilha mais meridional do Golfo da Guiné, há muitos traços comuns
(anatómicos e da própria língua) com o Forro de São Tomé - Na Ilha de
Bioko (ex Fernão de Pó), Durante o chamado "reinado do terror", o ditador Francisco Macías Nguema "liderou quase um genocídio da minoria bubi do país, que formavam a maioria na ilha de Bioko e trouxe muitos habitantes de suas próprias tribos, os Fangs para Malabo"
Em
São Tomé, resistiram os "Angolares" - O que não significa que, entre
os Forros e Mocós, não haja, ainda hoje, muitos descendentes dos
primitivos povoadores da canoas, não
exclusivamente originários dos navios negreiros, vindos das sucessivas
levas de escravos para as plantações, que depois sofreram a aculturação
(entre as várias proveniências) e até a mestiçagem dos colonos. A
história colonial pretendeu associar a origem dos "Angolares" a um
hipotético naufrágio de um barco negreiro, ao largo das Sete Pedras, ao
sul de São Tomé. Mas isso é uma criação absolutamente fantasista e
destituída de qualquer fundamento histórico.
E,
em ambas as ilhas, existem os "tongas", filhos dos serviçais com o
forros, ali nascidos - Não é, pois, de excluir a hipótese do
colonialismo ter varrido com as tradições e o passado de outros grupos étnicos - Retalhou regiões e dividiu etnias para reinar.
Sei muito bem como é aquele mar, quando ali estive como empregado de mato na Ribeira Peixe.
Aquela zona ao sul é muito batida pelo vento. Mar geralmente encapelado
e onde abundam muitos tubarões brancos, que são extremamente perigosos -
mas não só esses. A nado não teriam quaisquer hipóteses de salvação. E
as Sete Pedras (onde os tais compêndios dizem que naufragou o barco
negreiro) ainda ficam razoavelmente afastadas.
E,
depois, onde é que estava a resistência? de pessoas sub-alimentadas,
que eram transportadas, como animais, acorrentadas, em porões fedorentos
e atestados, onde mal poderiam respirar?.. - Veja nesta postagem A MATANÇA DOS ESCRAVOS
o que, um piloto inglês, fez a um grupo de escravos, que haviam partido
de São Tomé para as Américas - mandou-os atirar ao mar! - Sem dó nem
piedade
Claro, que os navegadores portugueses, quando desembaraçaram, lá para os lados de Ponta Figo, no recanto de uma pequena enseada Anambó, a noroeste da ilha, despida de areia fina, pedregosa, repleta de gogos e ladeada por luxuriante floresta cerrada, dificilmente iam ser recebidos de braços abertos -
Claro, que os navegadores portugueses, quando desembaraçaram, lá para os lados de Ponta Figo, no recanto de uma pequena enseada Anambó, a noroeste da ilha, despida de areia fina, pedregosa, repleta de gogos e ladeada por luxuriante floresta cerrada, dificilmente iam ser recebidos de braços abertos -
Compreende-se
que, ninguém que ali vivesse embrenhado por detrás do denso arvoredo,
num sossego talvez milenar e verdadeiramente paradisíaco, se disporia a
dar as boas-vindas ou tão pouco a mostrar-se a estranhos! - Que talvez
lhes parecessem verdadeiros extra-terrestres.
INVESTIGAÇÃO GENÉTICA DE "FORROS" "ANGOLARES" – DEVIA SER TOMADA EM CONSIDERARÃO MAS NÃO É TRABALHO FÁCIL
Diz
um estudo (já elaborado em 2007) pelo Laboratório de Genética Humana da
Universidade da Madeira (Portugal), que, o perfil genético nos forros e
angolares, etnias mais importantes em São Tomé e Príncipe.
Nos forros, a
mais antiga etnia, a ascendência europeia é de 17,7 por cento, enquanto
nos angolares, composta por descendentes de escravos da costa oeste
africana e com maior poder, é de 8,2 por cento., uma vez que segundo a
investigadora estes são muito resistentes ao cruzamento com outras
populações, sendo os forros mais abertos.
Rita
Gonçalves explicou que os "angolares" são muito resistentes ao
cruzamento com outras populações, sendo os forros mais abertos
EVIDÊNCIAS INDISCUTÍVEIS
Das costas dos Camarões e até da Nigéria avista-se a Ilha Bioko , da República da Guiné Equatorial, antiga Ilha Fernão de Pó., que tem o Pico Basilé (anteriormente chamado Pico de Santa Isabel),
com 3011m de altitude, com continuação na dorsal que se estende pelo
continente, que faz parte da Linha vulcânica dos Camarões, .onde
desponta o famoso Monte Camaroes, com uma altitude de 4.095 m acima do
nível médio do mar . Aliás, todas as Ilhas Golfo da Guiné .são de origem
vulcânica e estendem-se no mesmo enfiamento, com cerca de 2000 km de
comprimento, incluindo o Monte Camarões, no continente..
......
A
ilha de Boko, situada na plataforma continental (baía Bonny ou de
Biafra, Golfo da Guiné , fica a 32 Km da costa de Camarões, a uma
distância relativamente curta, logo, pois, facilmente, avistável
Havendo mesmo quem defenda que esta ilha "estivesse
ligada a África na última era glacial (há cerca de 10 mil anos), o que
explica o facto de a sua flora ser muito similar à do continente "Tomé e Príncipe - Fauna e Flora.
A
ser verdade, significaria que o povoamento, nessa ilha, poderia
confundir-se com as movimentações de antigos grupos étnicos nessa
região. Porém, outros estudiosos, actualmente, já aceitam,(o que aliás
se infere na própria cartografia antiga) que
a"colonização humana da ilha vem dos séculos V-VI, aproximadamente, de
pequenos embarques a partir de vários pontos ao longo da costa do golfo" - Ou seja, desde que os cartagineses ali teriam chegado, na célebre expedição ao longo da costa da África por Hanno no final do século VI aC
Mapa de Giovanni Leardo world map, 1448, 34.7 X 31.2 cm - Ver pormenores e o mapa mais ampliado em The Leardo World Maps DATE: 1442 -1453 .
Outra maravilha de mapa antigo, em:. Borgia World Map DATE: 1410 - 1458 .......Slide #237 Monograph. .Mostrar-lhe-ei outros mapas ainda mais antigos, noutro passo deste post
É minha convicção de que o início do povoamento (em todas as ilhas) nada tem a ver com navegações exteriores à própria África - Tenho essa ideia desde há 40 anos.As canoas vão a todo o lado. O
Golfo da Guiné há muito que era percorrido por enormes canoas. As que
eu vi na costa nigeriana, maravilharam-me: pela sua perfeição e
tamanho.
Nas
zonas costeiras tropicais ou equatoriais constroem-se pirogas em
grandes troncos de árvores que nada ficam a dever, em segurança, aos
veleiros da actualidade. O alemão Hannes Lindemann -nos anos 50, atravessou o Atlântico, de Las Palmas
às Antilhas (Saint-Coix), a bordo de uma piroga construída na
Libéria.E, na Idade Média, deu à costa espanhola, "um homem vermelho e
estranho" num "tronco de árvore", que se supõem ter sido o primeiro
homem a fazer a travessia sozinho de América para o velho continente. O
facto é referido por Jean Merrien no seu livro "Os Navegadores Solitários"
OS VOOS DAS MIGRAÇÕES DAS AVES E O AVISTAMENTO DAS ILHAS OU DA COSTA
O primeiro sinal, a quem está no alto mar, de que se aproxima de terra é-lhe dado pelas aves. Há
aves que passam a vida nos mares e só se aproximam do litoral, quando
vão nidificar. Pousam nos destroços e flutuam sobre as ondas: algumas
chegaram a pernoitar na minha canoa. Há outras, porém, que vão de manhã e
regressam ao fim do dia. E percorrem grandes distâncias.
(com os pescadores na Praia Gambôa)
Constatei esse facto na aproximação à Ilha do Príncipe:
foi a direcção dos seus voos que me deu a primeira indicação, que me
estaria aproximar de terra - Naturalmente, que as populações que vivem
junto às áreas costeiras - e então em zonas onde o equilíbrio ecológico
não tenha sido ofendido ou quebrado o elo e a tranquilidade com
natureza, mais se dão conta desse fenómeno. Julgo que essas observações
não passaram despercebidas aos antigos povos daquela região: ou para se
dirigirem a terra ou para saberem onde é que se erguiam as ilhas.
Por outro lado, da Ilha de Bioko, depois de um tornado, quando o céu fica limpo e dos pontos altos, avista -se a Ilha do Príncipe. E, igualmente, das partes mais altas desta ilha, e com tempo limpo, a Ilha de São Tomé. De resto, as ilhas elevam-se como presépios erguidos aos céus. O que significa que a sua existência, acabaria por ser do conhecimento das populações autóctones ribeirinhas
.
As ilhas sempre exerceram, em todos os povos, um natural e irresistível fascínio. Não
se julgue que os africanos, lá por viverem em perfeita comunhão com a
natureza e o seu meio, eram seres inferiores e que iam ficar insensíveis
à sua majestosa atracção e encanto. A pensar-se assim, seria pois, mais
um preconceito, igual a tantos outros, com que os europeus (usando a
força das armas) os escravizaram ao longo de quase cinco séculos
De interesse: ... São Tomé e Príncipe - Wikipédia,.......Sao Tomé e Pincipe no coraçao |..........Sobre S. - Missão São Tomé e Príncipe.......As Línguas de S. Tomé e Príncipe1 .......Equador, de Miguel Sousa Tavares .......Viajantes islâmicos descobriram STP........... Investigação alega que ilhas do Golfo da Guiné...............EL REFLEJO DE LAS CANARIAS EN LA CARTOGRAFÍA ANTERIOR AL SIGLO XVI....L'Afrique : découvertes et explorations.....
..
Outros links de interesse.sao tome e principe fotos......Carlos Magno no Equador - A introdução do "Tchiloli" em São Tomé..sao tome e principe clima.............voos sao tome e principe...........São Tomé E Príncipe | Viagem, Turismo, Cultura São Tomé E Príncipe................São Tomé e Príncipe : Música.......hoteis em sao tome e principe...........Rei Amador, história e mito do líder da revolta de escravos em São..
Nenhum comentário :
Postar um comentário