Enquanto
prossegue a campanha eleitoral, em S. Tomé e Príncipe, engalanando as ruas da
capital das cidades e vilas, de vistosos cartazes de todos os candidatos, com
estes arrastando, nos seus cortejos panfletários e comicieiros, centenas de
simpatizantes e apoiantes, velhos e
jovens, ostentando bandeirinhas, t-charts e bonés, - pelo menos a nível de Manuel Pinto da Costa,
Evaristo Carvalho e Maria das Neves, já que, os dois últimos na lista de votos,
Hélder Barros e Manuel Rosário, dificilmente deverão arrastar grandes
multidões, sim, longe desse bulício, que parece ter quebrado a
habitual monotonia da vida das Ilhas, pelo contrário, em
Portugal, a massa jovem dos emigrantes, não só parece olhar com alguns indiferença, ceticismo ou
desconfiança, todo esse frenesim politico, como, inclusivamente, poder vir a alhear-se, de forma significativa, da sua intervenção cívica nas urnas – Foi, pelo menos, a impressão
que pude recolher na tarde deste último domingo, numa deslocação de reportagem às Galinheiras, Fetais e Lumiar. Claro que não será das zonas mais
habitadas por santomenses, em todo o caso, há também por ali uma expressiva
comunidade
Houve quem criticasse pelo facto de ter havido candidatos que animaram os seus comícios com artistas angolanos - Não me parece que tenha sido má ideia; pelo contrário: - pois não é todos os dias que os santomenses dispõem dessa oportunidade - Sobretudo com artistas de um país irmão O importante é que Angola também faça o mesmo com os músicos santomenses
Houve quem criticasse pelo facto de ter havido candidatos que animaram os seus comícios com artistas angolanos - Não me parece que tenha sido má ideia; pelo contrário: - pois não é todos os dias que os santomenses dispõem dessa oportunidade - Sobretudo com artistas de um país irmão O importante é que Angola também faça o mesmo com os músicos santomenses
Jovens Santomenses em Lisboa
e a vida política em S. Tomé: da indiferença ao protesto
“Campanha é uma coisa de que eu não quero falar; porque falar de campanha é falar de certas coisas: porque, quem está no poder não vai fazer nada; o país está na porcaria, está na merda!” “Não dou nenhuma preferência, porque todos fazem a mesma brincadeira”– Da indiferença ao protesto – De um modo geral foi esta a impressão que registamos, neste último domingo à tarde, nas breves entrevistas a vários jovens santomenses, que vivem nos subúrbios de Lisboa, nomeadamente no Bairro do Lumiar, Fetais e Galinheiras.
José jardineiro – há 11 anos, em Portugal – A vida
não corre bem porque, estamos aqui em
Portugal, nós que somos emigrantes de S. Tomé, nunca somos apoiados em nada –
Mas, depois, quando chega o dia da eleição, querem que a gente vá votar!...
Mas, se não temos apoio, não vale a pena a gente votar Vou
pensar ainda para ver se consigo fazer alguma coisa
Chamo-me Amadeu Sangrado:
neste momento, não sei para quem votar…Mas, com o tempo, vou tentar conhecer os
candidatos para ver o melhor que tenha uma boa influência para o país ou não. Compreendo
que as pessoas, estejam atentas, porque o futuro depende disso
Eu tenho 32 anos. Neste
momento, estou a viver Portugal e estou muito descontente com a realidade, lá em
S. Tomé e com o candidatos atuais, lá em
S. Tomé . E o nosso descontentamento aqui, é acerca dos músicos estrangeiros,
que os políticos, lá em S. Tomé, gastam uma fortuna, com esses cantores
estrageiros, em vez de apostar no que é nosso ! E nós temos bons cantores, lá
em S. Tomé, e mesmo aqui, em Portugal, também temos
Há muitos jovens, que acabam
a formação e chegam a S. Tomé e não tem como encostar! Acaba a vida numa
miséria: quem tem. Encosta, quem não tem vai embora!
Muitas pessoas estão a
passar fome, em S. Tomé ! Mas onde vão buscar esse dinheiro para fazer a
campanha? Aonde?!... Gastam tanto dinheiro na campanha!
Nós estamos aqui em
Portugal, somos estudantes e o estado santomense, em vez de nos apoiar com
bolsa de estudo, para nós nos podermos formar, que é para o futuro do pais, ter
mais jovens, com capacidade, não apostam! Estamos muito descontentes, com essa
realidade, lá em S. Tomé
TRABALHOU NA CASA DO PRIMEIRO-MINISTRO PATRICE TROVOADA
TRABALHOU NA CASA DO PRIMEIRO-MINISTRO PATRICE TROVOADA
Eu sou o Camilo Afonso Rita: o meu tio,
Cosme Rita, foi ministro em S. Tomé - Eu
não acompanho a politica, porque, para
mim, é uma tristeza.
- Ainda não pensou em quem vai votar? - R: Eu não
penso em nenhum deles, porque, nenhum deles faz nada! Ainda este ano trabalhei
na casa do primeiro-ministro de S. Tomé - Cada um faz a sua vida e não resolve a
vida do Povo!... É complicado!
Laurindo André do Espírito Santo – Eu estou
doente, vim doente! Há 18 anos! Com Hemodiálise – Estou a viver na miséria!... Como é
que vejo a politica, em S. Tomé? - Olha péssima! A gente está aqui, não tem dinheiro
para pagar a casa, nem dinheiro para comer
Sim, em quero um dia regressar a S. Tomé A
política esta mesmo péssima! Ninguém faz nada!
Wilson – Há cinco anos em Portugal –
Natural de Chão Grande, Água Lama Era cozinheiro, atualmente está desempregado - Com muitas saudades de S. Tomé e dos
amigos! Par ver meus familiares! Ainda
não sabe em quem vai votar
EMBAIXADA DE S, TOMÉ E PRÍNCIPE, EM LISBOA - NÃO ACEITA FOTOGRAFIA DE CIDADÃO AO ESTILO DO CABELO DE RENATO SANCHES
EMBAIXADA DE S, TOMÉ E PRÍNCIPE, EM LISBOA - NÃO ACEITA FOTOGRAFIA DE CIDADÃO AO ESTILO DO CABELO DE RENATO SANCHES
Infelizmente, a Embaixada de S. Tomé é
ignorante! O meu amigo foi lá, precisa de documentos e estão-lhe a mandar
cortar o cabelo - O Mauro, há seis anos, em Portugal, precisa de um documento da Embaixada e não lho
passam, porque quem uma fotografia, com outro corte de cabelo – E m relação às
eleições, ainda está na expetativa, ainda não decidiu em quem vai votar; o
Governo não está bom, não.
HÁ, PORÉM, QUEM JÁ SAIBA EM QUEM VAI VOTAR
HÁ, PORÉM, QUEM JÁ SAIBA EM QUEM VAI VOTAR
Wandaley Costa - "Eu sou um cidadão santomense, que estou em
Portugal, há seis anos. Eu vou botar no Sr. Evaristo Carvalho: é um candidato
com quem eu me identifico".
"Eu não conhecendo bem os candidatos, mas
acho que votaria na Maria das Neves; acho que é uma boa vali dar o voto à Maria
das Neves."
"Eu acredito que, S. Tomé, um dia vai
melhorar, acredito! O Pinto da Costa se calhar pode fazer alguma coisa"
O domingo, para mim, começou bem cedo, pois tive que me deslocar ao
aeroporto, a fim de ali arranjar um portador para enviar uma pequena encomenda
a uma pessoa amiga . Aproveitei para
iniciar o registo da
reportagem, mas não fui bem sucedido, em termos de qualidade técnica, já que, o
microfone, ligado à máquina fotográfico, adquirido há uns dias, ao
contrário de outro que possuía, em
vez de ser ser direcional, captava todos os ruídos, tornando algumas declarações inaudíveis.
Da
parte da geração, dos mais velhos, nota-se,
porém, uma maior atenção e consciencialização politica: - Não quer dizer que toda a
agente, venha a dirigir-se às mesas de voto; bem longe disso: haverá sempre,
como é habitual, uma grande abstenção; até
porque, os postos, não estão assim, tão próximos das residências, como nas duas
Ilhas, o que exige algum esforço.
UMA
TARDE SURPREENDENTE E REVELADORA - DE CONVÍVIO E DE
ENCONTROS COM TALENTOSOS JOVENS ARTISTAS DA MÚSICA RAP
A meio da tarde, dirigi-me à zona de Fetais e Galinheiras,
por sugestão de um santomense, dizendo-me que, por aquelas bandas, estavam
previstos vários pequenos comícios –
Apenas deparei, com um de pequeno convívio de apoiantes de Maria das Neves, animado por um grupo
musical, em ambiente alegre e caloroso, mas nem por isso muito
concorrido.
Antes de ali chegar, graças à colaboração do jovem Santomense , Wanderley Costa - fervoroso apoiante de Evaristo Carvalho, que se prontificou a encaminhar-me por algumas tasquinhas onde podia encontrar santomenses - , penso que a melhor surpresa da tarde, além da prestável generosidade deste jovem, que me serviu de guia, foi a de ter encontrado uma variadíssima diáspora santomense, desde jovens aos mais crescidos – Desde gente desempregada e a viver com extremas dificuldades, a empresários, gente de sucesso – Mas todos de uma grande cordialidade e simpatia, como é apanágio do pacifismo e amabilidade, própria das maravilhosas Ilhas Verdes do Equador
Estive
no restaurante de um santomense. o Café da Judite r também entrei num moderno salão de
um jovem cabeleireiro, em plena atividade, pese o facto de
ser domingo, com vários empregados
a trabalharem a seu lado, que, pelos vistos, fazem parte de um grupo musical, a
que faço referência num dos vídeos, aqui editados – Deste modo, dir-se-ia que foi um
domingo com bonitas surpresas, a começar pelo grupo musical Rapazes da Favela
Rap – “Eles querem S. Tomé, no fundo do Poço” – Dizem os
Rapazes da Favela – Em Eleições
Em S. Tomé - Eleições presidências 2016 – “Eles querem S. Tomé,
no fundo do Poço! “– Palavras dirigidas aos políticos e candidatos,
eivadas de sarcasmo e de humor, ditas ao ritmo harmonioso e cadenciado dos sons
e gestos dos talentosos Rapazes da Favela, na sua expressão RAP,
residentes nos subúrbios de Lisboa – Em que os chamados palavrões
ou expressões, tidas como obscenas ou banais, na cadência surpreendente do
improviso, assumem a graça, o humor, retemperam os gestos de harmoniosa carga
alegre, artística e metafórica
"Eu
não tenho partido/ À pala dos sistemas, eu detesto político!/ Neste momento eu
estou aqui, ativo/ Com os meus amigos/emigrantes africanos/ Neste momento, eu
estou aqui, agradeço a Deus pela vida que eu levo, mentira!/ Neste momento, eu
estou aqui, na tuga, na porcaria!/Se calhar, se eu estivesse em África, também
estaria na mesma porcaria/ Mas, antes demais nada. Eu tenho que explicar/ que
nós temos que nos fazer na “laive”/Senão um gajo está fudido,
aqui, na Tuga/ ou em qualquer parte!/
(…)
Viva S. Tomé/ Mas não vivam os ministros! Que se foda o Patrício Trovoada! A
Maria das Neves! Que se foda o Pinto da Costa!/Eles querem é S. Tomé no
fundo poço! Eles querem S. Tomé, no fundo Poço!
GRANDE REVELAÇÃO DA MÚSICA RAP – ELES VÃO DAR QUE FALAR
Eles
são a grande revelação da música RAP, de expressão santomense, de raiz
genuinamente africana, que se denominam de Rapazes da Favela - ou seja, os RDF:
Uns nascidos em Portugal, outros emigrados, mas todos oriundos das Ilhas Verdes do Equador – Residentes nos bairros periféricos de lisboa, nas zonas mais esquecidas, marginais e problemáticas – Das Galinheiras, Fetais e dos Lumiar – Ivan Mendes, talentoso jovem improvisador, de franzina e baixa estatura física, sem o corpo escultural dos companheiros de batida, que ludicamente o ostentam, ao leu, tal como o Deus o fez, mas é assim: os homens não se medem aos palmos mas pelo que valem e expressam, pelas suas ações e qualidades – É o caso do genial poeta e músico, vocalista e fundador do grupo constituído por vários jovens, alguns estudantes outros jovens-trabalhadores e até desempregados. Nomeadamente, Aylton Pires, Pinto da Costa, Mauro, entre outros
Uns nascidos em Portugal, outros emigrados, mas todos oriundos das Ilhas Verdes do Equador – Residentes nos bairros periféricos de lisboa, nas zonas mais esquecidas, marginais e problemáticas – Das Galinheiras, Fetais e dos Lumiar – Ivan Mendes, talentoso jovem improvisador, de franzina e baixa estatura física, sem o corpo escultural dos companheiros de batida, que ludicamente o ostentam, ao leu, tal como o Deus o fez, mas é assim: os homens não se medem aos palmos mas pelo que valem e expressam, pelas suas ações e qualidades – É o caso do genial poeta e músico, vocalista e fundador do grupo constituído por vários jovens, alguns estudantes outros jovens-trabalhadores e até desempregados. Nomeadamente, Aylton Pires, Pinto da Costa, Mauro, entre outros
Musica,
ritmo e poesia – Palavras de improviso, de pendor poético e humorístico, mas
com forte motivação de protesto e sentido – Os gestos acompanham a
cadência rítmica para lhe reforçarem ainda mais a força da
letra poética, harmoniosa, satírica de denúncia ou protesto ou
simplesmente de matriz lúdica e sensual – Porém, nunca vazia, desprovida ou
fútil de significado: desde apologia paz e à liberdade, ao consumo do álcool,
como fonte de prazer e de aturdido esquecimento das agruras do dia a dia,
aos mais variadíssimos temas do quotidiano de gente pobre, das
favelas, marginalizadas e humilde. .
Como é sabido, o rap tem a sua origem na
Jamaica, dos anos 60, na altura em que passaram a ser instaladas colunas de
som, animando as festas populares das ruas e salões dos bairros mais pobres,
onde os vários artistas anónimos, passaram a revelar o seu talento e
qualidade de rebeldia coreográfica, num misto de mímica, de melodia e de
improvisação poética, cujo temática, de inspiração interventiva, social e
politica, abordava também as violência que dos bairros, a chamada revolução do
sexo e da droga - No entanto, embora a origem do Rap, tenha essa fonte
história, as suas formas de expressão, têm evoluído de acordo com o
estilo e o génio de carta artista – E, na verdade, em minha opinião, constato
neste surpreendente e talentoso grupo denominado RDF – Rapazes da Favela, no
qual auguro êxito assegurado, quando uma televisão lhe der a oportunidade de os
convidar à ribalta.
….
Neste momento, eu estou aqui a gozar um pouquito de liberdade de expressão/ à
descida, por rimas progressivas/ Quem não curta a bota, que se foda, tem
partida!/Neste momento, eu estou aqui, na via, sem bazofaria!/Acabei há modo de
beber uma sangria!/ Mas isso, não me faz feliz!/ (… ) Sou uma africano de raiz
/ Quero simplesmente viver em paz ao lado dos meus rapazes! – Numa imprevisão
poética que nem a avaria momentânea da caixa de sons, faz quebrar.
Banda Leguelá, - Música Santomense África em Lisboa com temas antigos e modernos
- Banda Leguelá - As condições do registo não permitiram a melhor acústica, em todo o caso aqui fica um brevíssimo vídeo, com um dos elementos fundadores do grupo – Gravado num fim de tarde deste último domingo, de alegre diversão, da comunidade santomense, em Fetais-de-Baixo -
Trata-se, com efeito, de um dos mais jovens grupos musicais, de música típica santomense, formados na capital portuguesa, com músicos oriundos dos mais lendários grupos das maravilhosas Ilhas de S. Tomé e Príncipe - grupo recém-formado por Leonildo Barros, extraordinário guitarrista do mítico grupo África Negra e o único membro da formação original que reside em Portugal há largos anos. Leonildo recrutou para a banda mais um guitarrista, um baixista, um baterista, um percussionista e dois vocalistas, numa tipologia de formação clássica análoga aos grandes reis da rumba são-tomense, aos quais vão beber a principal influência musical.
S.
Tomé – Diáspora santomense, em Lisboa, dos mais velhos, atenta à
vida social e politica do seu país
A vida dos santomenses, em Portugal, atualmente, não é fácil, aliás, tanto para emigrantes como para os que aqui nasceram, em todo o caso, sentem-se perfeitamente integrados, muitos conhecendo também o desemprego, no entanto, há também muitos santomenses, não só trabalhando nos diversos sectores de atividade, como na qualidade de gestores e empresários, que, além de não quebrarem o vínculo com o seu país, seguem com atenção, através da rádio e televisão, a realidade politica e social, ao contrário dos mais jovens – Foi o que procurámos saber, em tempo de campanha para as presidenciais, a realizar no dia 17 deste mês. – Fizemos mais entrevistas, porém, devido às deficientes condições técnicas de gravação, com demasiado ruído de fundo, optamos por não as editar
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