Angola, comemora hoje os 45 anos da independência: - Nesse dia andava eu naufragado há 22 dias numa piroga no Golfo da Guiné - "Estive a ouvir a rádio até altas horas, até quase de manhã: “hoje é dia 11 em terra..." - Declarava eu para o meu diário de bordo: um pequeno gravador guardado num caixote de plástico, igual aos do lixo , cujo registo ainda conservo e pode ser ouvido
Mas o naufrágio de Angola, este, pelos vistos, ainda
se prolonga até aos dias de hoje – Depois de uma fratricida guerra civil. entre
filhos do mesmo país, além dos vários anos de uma guerra colonial, que tantas
vidas acabaria por ceifar de parte a parte. - Por Jorge
Trabulo Marques - Jornalista, navegador solitário e investigador -
Recorda a
imprensa, que “aproclamação da
Independência foi feita em três locais diferentes de
norte a sul do país, sinal da divisão que já na altura se sentia em Angola e
que iria marcar o país nas três décadas seguintes
Em Luanda, era já
noite cerrada quando o líder do MPLA (Movimento Popular de Libertação de
Angola, António Agostinho Neto, que se tornaria o primeiro presidente do país
fez o discurso proclamatório, às 00:00 no Largo da Independência.
A sul, o dirigente
da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), Jonas Savimbi,
fazia declaração idêntica no Huambo (na altura, Nova Lisboa) e no norte, o
chefe da FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola), Holden Roberto,
escolhe a cidade portuária de Ambriz para assinalar o fim do colonialismo
português e o nascimento de um novo país” DN.
Baú onde pude preservar as memórias que me restam
JAMAIS
PODEREI ESQUECER-ME DESSA LONGA NOITE, ANTE A SOLIDÃO DO MAR E DO CÉU
- Até porque, se tratava de uma data em que nasceu a minha saudosa mãe:
ou seja, no dia de S. Martinho
Há 45
anos foi proclamada independência de
Angola: houve festa de arromba, de muita folia, música e diversão pela noite adentro: “Um dia de muita alegria e para mim um dia tão
triste!” –. Desabafava eu para o meu
pequeno gravador, o meu diário de bordo, - Sim, pude testemunhar esse ambiente
de entusiasmo e de grande esperança, algures no Golfo da Guiné, depois da meia
noite epor algumas horas ao correr da madrugada, ao sabor do vento e das correntes, perdido
a bordo de uma frágil piroga; através de um pequeno transístor a pilhas, que pude
preservar num simples contentor do lixo das constantes tempestades e das vagas
que me flagelavam, além de um pequeno gravador onde fazia o registo do diário
de bordo e da máquina fotográfica. Tenho ainda comigo esse registo histórico,
bem como, de resto, as seis cassetes de todo o diário, das quais me venho servindo
para o transcrever
Algures no Golfo da Guiné, 11 de Novembro de 1975
Um dos tubarões pescado
Diário de Bordo1-Já é manhã do 22º dia. Passei uma noite
normal. Estive muitas vezes acordado. Não dormi assim muito mas não choveu.
Estive a ouvir a rádio até altas horas, até quase de manhã, sobre a reportagem
da independência de Angola. Portanto, hoje é dia 11 em terra.
Amanheceu uma manhã bastante agradável: o
mar não está assim muito agitado e o céu não muito encoberto. Apenas umas
nuvens de onde em onde.
Eu disse, ontem, que, quando não se
possuía uma boa vela, um perfeito domínio da embarcação, era preferível
deixá-la à deriva. De facto, cheguei a essa conclusão, mas, atendendo a que
devo estar muito próximo de terra e porque as correntes já não devem ter grande
força, talvez valha a pena pôr à prova os modestos recursos que disponho.
Não podia
deixar de me referir à companhia dos meus fiéis tubarões...continuam!...Isso é
infalível!... A dar aqui as suas voltinha s, a fazer a sua escolta à canoa.
SENTIA-ME
ARREDADO DE TUDO - O MEU CALENDÁRIO NO MAR ERA DIFERENTE DOS DIAS QUE CORRIAM
EM TERRA
Diário de Bordo2- São mais ou menos oito horas da manhã do 22º dia, ou
seja dia 11 em terra. Realmente experimentei a vela. Andei cerca de uma hora e
tal, mas praticamente já não havia vento. Há uma calmaria muito grande. Tudo
leva a crer que haja trovoada lá para o fim da manhã ou princípio da tarde.
Oxalá que sim; uma trovoadazita até faz bem para acelerar o andamento da canoa,
se não nunca mais saio daqui!... O problema é este: só há vento quando há
trovoadas. O pior é que nessas circunstâncias é difícil navegar, porque há que
ter toda atenção na segurança da canoa. Portanto, neste momento, limito-me a
aguentar os balanços da canoa e o calor, que está já a fazer sentir-se, até que
venha um bocado de vento, que, com certeza, virá acompanhado de alguma trovoada,
que está já a formar-se ali para leste. Aguardemos.
Diário de Bordo3-Quanto
ao meu estado de saúde, doem-me bastante as costas, o pescoço, tenho inúmeras
borbulhas nos braços e nas pernas e a vista muita cansada de olhar para o
horizonte e também dos reflexos do sol. De resto ainda não sinto qualquer
perturbação: mas tenho aqui medicina, uns comprimidos e algumas vitaminas.
Enfim, espero que não surja qualquer complicação no meu estado de saúde.
Estou ouvindo rádio, que uma vezes constitui realmente
o meu passatempo favorito, outras, enfim, é o silêncio, a solidão única coisa
que me agrada.
AO FIM DA MANHÃ, CONFIRMAVAM-SE OS MEUS
RECEIOS - Surge a tempestade: o que eram sinais de velada ameaça, subitamente,
transformam-se num afrontoso pesadelo - O mar!... O mar!... Quando se enfurece,
o mar é sempre igual em qualquer parte.
Diário de Bordo4- Neste momento estou a enfrentar violenta
tempestade! Tive que lançar a âncora flutuante. A canoa correu sérios
riscos!...Nunca estive em tantas dificuldades como agora!… mesmo assim o tempo
acalmou ligeiramente, mas ainda continua a tempestade a sentir-se e arrastar-me
agora de este para oeste!… Está a retardar novamente a minha viagem!... Devem
ser aí umas 11 horas da manhã!…Estava uma manhã estupenda e, de um momento para
o outro, apareceu esta tempestade que ameaça a todo o instante virar a minha
canoa.
Diário de Bordo5-Omau tempo continua a fazer sentir-se!...
Não sei qual o destino onde vou ter!… É difícil neste momento fazer qualquer
prognóstico… É um tornado dos maiores que tenho enfrentado...E o pior foi
encontrar a minha canoa na posição pior de segurança, porque, a canoa, tem uma
posição em que pode enfrentar mais ou menos as tempestades...Tive que lançar a
âncora e um bidão de plástico que força com que a canoa fique ligeiramente de
proa à vaga…De qualquer modo, a situação continua melindrosa!... Agora não
chove mas está a fazer uma grande ventania e o mar está muito cavado!... Estou
a ser arrastado para Sul, portanto, estou a ser retardado!... As perspetivas de
chegar a terra, estão a ser cada vez mais morosas. É realmente uma situação
verdadeiramente dramática!... A canoa esteve há pouco à beira de se virar!...
Só por muita sorte, só por milagre não se virou!...
NESTES MARES, EM QUE OS
DIAS SE REPARTEM POR IGUAL COM AS NOITES, TUDO É SÚBITO E INESPERADO:Uma simples nuvem no horizonte num
claro céu azul e limpo, tanto pode significar o princípio de uma tempestade,
como de uma podre calmaria - Agora, as alterações climáticas estão
profundamente alteradas, em todo o planeta; não sei se, naqueles mares, para
pior ou melhor - Mas há 45 anos, eu vivia ali um longo e tormentoso drama
Ao sabor dos ventos e das correntes e balanceado para todos os
quadrantes.
Diário de Bordo6-Sinceramente, o tornado já passou... Está
agora a notar-se a ressaca... Estou bastante afastado da Ilha de Fernando Pó,
muito afastado!...Estou convencido que não vou ter a oportunidade que já
tive...Neste momento, não sei qual a minha posição; estou bastante para Sul!...
Não sei se voltarei a ter a oportunidade que já tive!... Afinal o que me
interessa é terra e eu parece que estou a brincar com o meu destino!... Não
pode ser!... Estou francamente perturbado neste momento!... Vou ver se consigo
conservar o máximo de calma!... Mas já estou saturado... Estou cansado... Estou
com fome!… Estou longe de terra! Agora estou muito mais longe do que já estive!
Mais afastado de terra e fatigado. Não estou desiludido ou
desesperançado. Pelo contrário, sinto-me mais forte e mais habilitado. O mar já
não é aquele lençol líquido rebelde e ondulante, a sua fisionomia está
moribunda e não demorará a quedar-se numa ténue e plácidasuperfície.
Diário de Bordo7-Duas horas já são passadas... Não há
vento. O mar tem uma ligeira ondulação: está mais ou menos calmo... Depois de
um grande susto e de momentos de grande aflição... Porque, de facto, a trovoada
foi violenta e ameaçou a cada momento voltar-me a canoa, não tivesse eu lançado
a âncora flutuante, aliás, que é um sistema que eu improvisei(com um bidão de plástico, amarado a uma corda e à proa
da canoa, na primeira noite em que fui assolado pelo tornado, forçando-a a
ficar de proa à vaga e que me fez perder o remo e o leme e alijar da maior
parte dos alimentos, para evitar ir ao fundo) mas cheguei à conclusão que posso
muito bem dar a terra, à costa de África... Quer dizer...se não houver vento de
sul para norte, não preciso de pôr a vela, porque a corrente me arrasta... Se a
trovoada surgir de sul, ponho a vela e a canoa evolui para noroeste...portanto,
para a costa de África. Cheguei também à conclusão de que, realmente, numa
tempestade, a embarcação não pode ficar completamente à deriva; se ficar com a
vela, furta-se às vagas e não se vira tão facilmente. Claro que a vela tem de
ser pequena, porque, se for grande, pode-se voltar...Por exemplo, neste momento
tenho a vela e a canoa está a evoluir para a noroeste...E é pena não haver um
pouco mais de vento... Portanto, eu posso muito bem ir dar à costa de África,
tanto à Nigéria, como ainda a Fernando Pó. Para ir a Fernando Pó, basta que eu
ponha a vela, quando houver vento de sul para norte; não preciso de remo
sequer; basta prender a vela; prendo-a e então a canoa desliza para nordeste
Neste momento, já estou mais otimista...
Depois daqueles momentos de grande aflição, em que vi quase a canoa virada e
tive que me deitar para um dos lados, porque a canoa esteve mesmo... Havia
vagas grandes, alterosas!…Entretanto, lancei um plástico agarrado à âncora (a âncora flutuante),isso fez força, esticou a corda e
evitou que a canoa se virasse... A canoa, correu realmente o risco de se
virar!... Ora isso não pode acontecer de maneira alguma... Aliás, uma pessoa,
nestas condições, a cabeça tem que estar sempre a pensar!... Sempre a
improvisar... Não podemos cruzar os braços perante o perigo...Temos que ter
sempre ideias novas para fazer face a novas situações... Este é um predicado
muito importante... Pois nunca se pode uma pessoa dar por vencida!...Pode
chatear-se, saturar-se, enfim, desanimar um pouco, mas por vencida nunca se
deve dar!... Eu, apesar de tudo, apesar de já estarem 22 dias passados, aqui
nesta situação, verdadeiramente dramática, muito difícil, eu não me dou por
vencido!... Eu sei que hei-de ir dar a terra, custe o que custar!... A menos
que a canoa se parta, mas isso não há-de acontecer
Livros pouco tempo para os ler
Diário de Bordo - Um pormenor curioso: tem piada que
tive uma manhã bonita, uma manhã de sol!...Estava eu a ler um livro: “A Funda”
de Artur Portela Filho, quando comecei a ver nuvens escuras e a ouvir um
murmúrio, um ruído enorme: vi logo que era vento!... Pois, mal dei aqui uma
arrumadela à canoa, surgiu logo essa trovoada, e de que maneira!
O
céu por cima da minha cabeça está praticamente desnudado. Mas não tem aquele
tom luminoso de um puro azul, que me inspira alegria. Está encoberto por
uma fluidez baça, por uma película levemente brumosa e prateada. Porém, em toda
a periferia do horizonte, notam-se altos cúmulos. Estas nuvens têm aspetos
muito giros mas algo misteriosos e inquietantes que não me inspiram absoluta
tranquilidade. Porventura, reservam-me alguma surpresa desagradável....Vivo
numa verdadeira inconstância de altos e baixos...
Diário de Bordo8-São neste momento perto das quatro horas
da tarde, sensivelmente. Agora há uma paz!... Há um silêncio...O mar está
calmo, sereno!... Um verdadeiro contraste com o mar que há bocado estava..O céu
tenuemente enevoado, o sol mal se faz sentir....Sinto-me absolutamente
desprezado neste momento!
Sinceramente, estou saturado! Saturado,
porque não estou a navegar, a fazer da canoa aquilo que eu quero...Estou à
mercê do mar, dos ventos, das correntes, das trovoadas!... Sou para aqui aquilo
que os ventos e as correntes quiserem!...Estou farto de vislumbrar o horizonte,
em busca da desejada costa africana!... Vejo lá longe Fernando Pó...Se calhar
tenho de ir para lá, porque, senão às tantas, nem para lá nem para outro
lado!...
Sinto ao mesmo tempo uma réstia de esperança...
Há bocado vi que a minha canoa podia-se ter voltado de um momento para o
outro!... Correu sérios riscos!...Eu não perdi a esperança, apesar de
tudo...Tenho tido bastante sorte, também....
Não há ninguém...Nem um barco de pesca,
nem um barco!... Não vejo nada!… Nem aves, tão pouco... Nem peixes!... Apenas
os tubarões, azuis e os martelos, continuam em volta...Mais nada!... A água tem
uma cor escura!...Não sei que dizer mais... Esperar, até quando?!.. Esta
ânsia!... Quando eu posso pisar terra firme?!...Quando?!...
Entretanto,
tenho aqui o meu pequeno aparelho com o qual , quando tenho um bocadinho de
disposição, me vou entretendo a ouvir música (ligoo pequeno rádio, aliás, à Rádio Nacional
de São Tomé)- Neste momento está a dar música .Ouve-se
aqui perfeitamente apesar da distância. Hoje tem estado a transmitir muitos
trechos de música africana. Hoje é o dia da Independência de Angola. Um dia de
festa para muita gente e para mim um dia tão triste!
NEM
SEMPRE O NÁUFRAGO PODE DISPOR DA COMPANHIA DOS SONS DE UM PEQUENO RÁDIO –
ESCUTEI-OS, POR VEZES, ENQUANTO AS PILHAS, NÃO SE GASTARAM, DEFENDENDO DA VIOLÊNCIA DO MAR NO INTERIOR DO MEU BAÚ,UM VULGAR CAIXOTE DO LIXO
E foi
desse modo que pude acompanhar o memorável acontecimento da celebração da
Independência do Povo Angolano. Mas foram também os sons musicais africanos,
esses sons pungentes de sofrimento, de alegria, amor e nostalgia, que falam
sempre ao coração, e até os que escutava de Portugal, através da EN, que ora me
conduziam a estados de paz e de tranquilidade, ora me comoviam, fechando-me ainda mais no
meu silêncio ou rompendo-o, em lágrimas e com as mil dúvidas e interrogações
que então me assolam
Diário de Bordo9 - Aqui...isolado há 22 dias!...
Meu Deus! O mar às vezes é tão belo! Tão maravilhoso!...Outras vezes...Há uma
solidão!... Eu não sei já o que sou, afinal! O que sou, afinal, eu?!...Sinto
fome!…A alimentação tenho-a racionado!.. A água, há bocado, devido a atenção
que tinha que manter, descuidei-me!.. Agora só tenho um bocadinho... Vou-me
remediar e terei que beber água do mar...Meu Deus!...Até quando?!...
Construção da Cobertura da canoa
O
tornado deixara-me muito cansado e enfraquecido. Na noite anterior mal pegara
no sono. À medida que se aproximava o fim da tarde - e ali, o sol ia pôr-se às
cinco e meia - sentia-me invadido por uma profunda tristeza. E, nesse dia,
chorei. Não direi que me sentisse derrotado mas estava muito triste. Muito
abatido...É verdade que, no dia anterior, chegara a ter no horizonte a Ilha de
Fernando Pó. Mas estava ainda longe, porque, se estivesse muito perto, não
conseguiria distinguir se era uma linha da costa ou uma ilha. Pois a ilha ainda
é grande. Mas deu para ver que era realmente Fernando Pó – a Ilha de
Bioko. Mas, a verdade seja dita, eu não desejava ir lá parar: receava que fosse
preso; o regime era intolerante. Infelizmente foi para onde acabei por
aportar.
Entretanto,
até lá, os tornados, haveriam de me balancear para os vários quadrantes do
horizonte, sem todavia me arrastarem para qualquer recanto da costa. - Num fim
de um dia de grande abatimento e solidão mas que, ao contrário de outros dias,
me deu para exteriorizar longamente os meus sentimentos para o pequeno
gravador. E até para verter as minhas lágrimas.Agora já com o
pequeno rádio desligado:
Diário de Bordo10 - Mas, oh mar!... Foste tu que me
chamaste, afinal?!... Ou eu que sou louco?!.. O que foi afinal?!...Eu sinto
qualquer coisa em mim!!... Qualquer coisa em mim!!...Não sei!.. Oh Deus!...
Porque é que estou aqui, afinal?!...Mar!... Vastidão! Vastidão!... Só
vastidão!!... Silêncio!...Lonjura!!... Só mar!... Mar!... Mar!... Mais
nada!...Absolutamente mais nada!!!... Só mar!...Mar!...Eu e a minha canoa!...
Só mar!mar!...
Oh mar! Fala!...Fala!!... Diz-me se posso
chegar a terra!!....Quando?!... Hoje?!.. Amanhã?!...Nunca?!... Responde! Oh
mar!....Agora tudo calmo!... (já não se ouvem os sons do pequeno rádio, que
desliguei) Daqui a bocado, outra vez... Outra luta!.. Não me dá tréguas...Umas
vezes assim, sereno!.. Outras tempestuoso!...Mas que será isto?!...
Fim de tarde!... Fim de tarde!... Quando a
terra chegará?!...Perdido!.. Aqui!...Nesta vastidão! Nesta vastidão!!... Só
mar, mais nada!... Absolutamente, mais nada!!... Agora, nem aves!...
Silêncio!... Silêncio!... Onde estão as gentes, onde estão as pessoas?!... Onde
estão os milhares de habitantes da terra?!... Onde estão os pesqueiros?!...Os
barcos, onde estão?!... Sou eu que estou no mundo apenas!...
QUANDO A DESEJADA
COSTA DE ÁFRICA?
Ó meu Deus!
Ajudai-me! Ajudai-me!... Continuai alimentar a minha esperança!... Apenas uma
coisa eu sinto!... O meu peito, o meu coração está livre de tudo! Ninguém
me incomoda!...Ninguém me chateia, me pede satisfações!... Não tenho que dar
satisfações a ninguém!... É a única vantagem que tenho... De resto...é o
silêncio!... Silêncio!... Silêncio, apenas!... Silêncio!... (as lágrimas
toldam-me de novo meus olhos)
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