"REVOLTA DOS PRETOS EM S. TOMÉ (1595)
SUMÁRIO - Amador, preto revoltado, é preso e enforcado - Excomunhão lançada pelo Bispo ao Governador da Ilha. No anno de I595 um preto da Ilha de S. Thomé, chamado Amador, se levantou com os homens da sua cor, e se proclamou Rei da mesma Ilha, commettendo os excessos que eraõ de esperar d'uma besta feroz; fazendo se lhe uma guerra de extermínio, veio a ser prezo, e enforcado em I 595 (1), com alguns dos seus complices.
Deu occaziaõ a este attentado a desordem e confuzao em que estavaõ os povos da Ilha, por cauza da excomunhão fulminada pelo Bispo Dr. Fr. Francisco de Villanova, contra o Governador D. Fernando de Menezes, em 1594
RELATÓRIO DOS FACTOS OCORRIDOS EM S. TOMÉ, EM 1595 - Tradução da cópia do documento existente nos arquivos do Vaticano - Sujeita a algumas imperfeições, pese o esforço para a colocar em texto neste site. - Hoje o seu busto e uma estátua, concebidos pelo escultot Zémé, está presente no coração da cidade S. Tomé, capital do arquipélago, perpetuam a sua memória
SUMÁRIO-Capitaneados por Amador, que se fizera eleger Rei, dos pretos, amotinados, queimaram a cidade de S. Tomé, abrasaram as igrejas, profanaram os vasos sagrados, mataram um Padre, destruíram os engenhos de açúcar-Presos finalmente os responsáveis, foram duramente justiçados.
(...) Um pouco mais tarde, mais de 4.000 escravos, que seguirão o falso rei, obedeceram a Sua Majestade; Esperando que esse excesso lhes seja perdoado, devido ao Bando enviado pelos Capitães da Ilha, que, em termos do décimo quinto dia, pediram a todos os rebeldes que voltaram, e, como muitos estão desaparecidos, estendo o referido prazo por mais três dias, período em que quase todos se envolveram, porque a força ainda permanece no campo, considerando o grande dano que causaram, que, por calcular, queimaram sessenta posses com seus talentos de abobrinha e com o tempo que ele já havia sido encurralado
Quem era o escravo de um homem gentio chamado Don Fernando, e, nessa mente, criou o referido Negro para Rei, jurando obedecê-lo até a morte: e ele, com sua indústria, reuniu mais de duas mil pessoas para lutar por muitas outras pessoas, quem está sob sua obediência e, como são prejudicados pelas posses e gênios dos zuccari, para fazê-lo obediência, ele ordena que eles queimem sua mente. Onde em três dias queimaram mais de 30 com outras propriedades.
Na sexta-feira seguinte, em 14 de julho de 1595, os negros e seguidores começaram com a bandeira levantada para combater o Ciccà três ou quatro partes com o espírito de queimá-lo, e eram mais de oito mil, mas os terraços lhe responderam com grande coragem, matando mais deles do que 300, sem nutrir nossos mais de três ou quatro. Depois disso, os negros se viraram pesadamente e Cirrà os avisou com muitos espiões nas ruas; (. . )e, ao os negros queimaram todos os bens que encontraram. .
No dia 28 do referido dia (1), devolta o rei a coberto da noite. liderando mais de duas mil e quinhentas pessoas com ele a combater, entre arquebusiers et sagitarij. Com medo da arte, finalmente na manhã seguinte iniciou a escaramuça em cinco ou seis partes com muito ímpeto e durou até meio dia, e mais de quinhentos negros morreram nela e no mesmo dia mais de cem foram enforcados, e na escaramuça morreu um capitão, chefe deles, que era dos apaziguadores do do povo negro, e essa hora começou a lutar contra a cidade pela parte de Santo António, e com tudo o que os seguimos, o rei falso até uma possessão onde ele tem sua força principal
Com tudo isso nosso Senhor foi seguido, até que, em 4 de agosto de 1595, os mesmos cinco negros principais aliviados, pegaram o falso rei Amadore levado e amarrado à cidade de S. Tomé, que, colocado em couro de bode, foi arrastado por um rabo de cavalo para lhe cortarem as mãos, enforcado, esquartejado, e o mandaram colocar em locais públicos.
Dos outros cinco, dois foram aplaudidos, um cortou as mãos, um cortou as mãos, outro foi enforcado e esquartejado por hauer arnazzato que! Ele parecia ser seu mestre acima, e os outros dois permaneceram presos, para pagar suas dívidas
O ANTROPÓLOGO, HISTORIADOR E SOCIÓLOGO ALEMÃO GERHARD SEIBERT, tem razão ao discordar que o rei Amador, líder da grande revolta dos escravos, em 1595, tenha morrido no dia 4 de Janeiro - Afinal, a tradução do documento é bem explicita, como atrás é referido . Ou seja, foi enforcado e escortejado em em 4 de agosto de 1595,
Téla Nón -19-01-2011 – (…) "O investigador não concorda que o Amador tenha morrido no dia 4 de Janeiro, tendo em conta que a revolta liderado por si, iniciou no dia 9 de Julho de 1595 e terminou a 29 de Julho do mesmo ano. Gerhard Seibert, defende a tese de que Amador morreu a 14 de Agosto de 1595.
Segundo Seibert, o documento original existente no Vaticano cuja outra copia encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal, revela que “No ano de 1595 um preto da ilha de São-Tomé, chamado Amador, se levantou com os homens da sua cor, e se proclamou Rei da mesma ilha, cometendo os excessos que eram de esperar de uma besta feroz”.
Todas as ilhas do Golfo eram habitadas e há muito povoadas. Tinham os seus líderes ou réis - Se, Amador, não era rei(no sentido tradicional do termo), isso pouco importa; fora um grande líder!. E os líderes não surgem sem uma aprendizagem de raiz, desinserida do seu meio.
Cronologia: "1586 - Francisco Figueiredo é o primeiro governador de S. Tomé. Governa sobre a cinza de incêndios feitos pelos "angolares" (...) Aliados aos escravos das fazendas, chegaram a fazer fugir para o Brasil donos de herdades."
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Nov 2014 |
Os "angolares" rotulados pelo colonialismo como originários de um naufrágio, "que vindo de Angola deu à costa em uma praia do sueste da ilha, muito antes de 1574" - Outros defendem que foi nas Sete Pedras (aliás, dez ilhotas) então, ali, era mesmo impossível atingir a costa a nado - Quando, afinal, de lá partiram tantos carregamentos - Vindos de vários sítios e das mais diversas etnias - Com certeza que não falavam todos a mesma língua. E porque razão o "angolar" não é um dialecto?...
Se se desse a circunstância de serem provenientes de um simples barco de negreiros (com um índice de mortalidade tão alargada), alguma vez seriam capazes de, em tão pouco tempo, se distinguirem dos demais (que também vinham do Congo e de Angola, dos mais diversos lugares da costa) e assumir a liderança?!... -
Mesmo, numa ilha, tão pequena (com uma superfície reduzida a 964 Km, sendo quase 2/3 impenetráveis) - mantiveram-se afastados dos colonos e até do maior grupo étnico?.. - Formando um povo autónomo, com uma identidade própria, que jamais se vergaria ao domínio colonial.
A Ilha de
Bioko, fica relativamente próxima dos Camarões e um pouco mais afastada
da Nigéria- Avista-se perfeitamente do litoral, tanto mais que nele se ergue o
famoso Pico Basile com 3.011 metros de altitude, tem uma área de 2
018 km2 - Teve por nomes Fernando Pó e Fernão do Póo e posteriormente Ilha
Macias Nguema Biyogo.
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Nov. 2014 |
O POVOAMENTO PRIMITIVO DAS ILHAS, dificilmente passaria despercebido aos povos fixados no litoral do Golfo da Guiné, sobretudo desde o Gabão até ao chamado Reino do Congo -
TANTO OS "ANGOLARES" COMO OS "FORROS" , devem ter em comum o mesmo passado ancestral - Em ambas as etnias, deve correr sangue nas suas veias dos primeiros aventureiros, que se fizeram ao mar - Defendo essa possibilidade e demonstrei-a nas travessias que realizei, soninho e em frágeis pirogas, de S. Tomé ao Principe, de S. Tomé à Nigéria e de Ano Bom a Bioko
Além dos "angolares é de admitir a existência de outros grupos étnicos, anteriores à descolonização, que teriam sido completamente desmembrados da sua frágil organização ancestral - Pelo que estou em crer que, entre, os chamados "forros", deverá correr também muito do sangue dos corajosos pioneiros, que ali desembarcaram pela primeira vez - Descendentes dessa gesta heróica, oriundos das praias onde, em tempos recuados, terão partido os seus ancestrais.
A HISTÓRIA É OMISSA - De um modo geral, vai buscar a versão do colonizador - Além disso, muitos dos segredos das descobertas não eram tornados públicos, nomeadamente as cartas marítimas - Assim, o poderão atestar as que, entretanto, vão sendo descobertas NAS PRATELEIRAS DOS ARQUIVOS Se o Rei Amador ostentava ou não o cetro à maneira dos réis colonialistas, tal como o concebia o ponto de vista e sectário dos historiadores, súbditos desses mesmos interesses, pois bem, Amador, fora um grande soldado e comandante. As revoltas não foram inventadas: para existirem, tinha de haver alguém a comandá-las, a impor a autoridade e a merecer o respeito e obediência gerais - Ora, tais qualidades, só poderiam advir de quem conhecia os segredos da floresta e já lá estava há muito mais tempo
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