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terça-feira, 9 de novembro de 2021

Presidente Carlos Vila Nova - “As alterações climáticas em São Tomé e Príncipe já provocaram a perda de cerca de 4% de território com a subida das águas do mar” – As queimadas a norte e as desflorestação a sul, vão alterando também o clima em S. Tomé, com menos chuvas - Alerta que não pode ser ignorado – Somos testemunha dessa ameaça: do que era a Ilha de S. Tomé, há 46 anos e das áreas, agora submersas.


JORGE TRABULO MARQUES - Jornalista


O Presidente da República Democrática de STP, numa entrevista à DW, dias antes  de participar na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia, a decorrer entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, com a participação de vários líderes mundiais, reconheceu que tem "uma importância acrescida" para São Tomé e Príncipe, apesar de não ser um país poluidor

Efeitos das alterações climáticas -  Tendo declarado que, “o arquipélago, formado por duas ilhas principais, sofre sobremaneira os efeitos das alterações climáticas. "Como consequência, registamos com desagrado a diminuição do espaço terrestre do país. Perdemos cerca de 4% do território nacional com a subida das águas do mar. E isto é muito preocupante. Acontece connosco e acontece com os outros países", lembrou.

NÃO SE PODE FICAR INDIFERENTE  ESTA DESFLORESTAÇÃO  DESMEDIDA - Justiça trava devastação da zona sul de S.Tomé -  Mas será que travou mesmo?

SECAS PROVOCADAS PELA GRAVANA ESTÃO A DEIXAR NO DESESPERO ALGUMAS DAS POPULAÇÕES MAIS ISOLADAS -

Tal como já  tive oportunidade alertar,  de nada poderão valer as ajudas monetárias se  a desflorestação e as queimadas prosseguirem – Esse panorama persiste e agrava-se a cada dia que passa. Em queimadas, a noroeste e, em desmatação, selvagem a sul. 

Algumas das praias poderão desaparecer até ao fim do século –O aquecimento global, atividade vulcânica dos Camarões, exploração dos carbonetos, as principais causas de uma catástrofe à vista e de imprevisíveis consequências.  Mas, a desflorestação em S. Tomé, além de propiciar alterações climatéricas na Ilha, também pode contribuir para o agravar destes riscos



Já conhecia a desflorestação através de vídeos e de fotografias - Porém, longe de imaginar que a sua dimensão  fosse tão  extensiva - Pelo que me foi dado observar,  a área devastada, ao sul da ilha de S. Tomé,  pareceu-me duplicar ou mesmo triplicar os tais 4000 hectares que  foram concessionados  pelo Estado santomense a um grupo privado Vi que existem graves ameaças ambientais, tanto à beira mar como no interior. 


Por exemplo, onde está o recife (ilha), que se situava frente à praia lagarto, que  há 46 anos ficava completamente descoberto? - Sim, no qual os pescadores iam buscar o isco  para a sua pescaria e os veraneantes  se estendiam ao sol. Não só não descobri os menores sinais desse recife espalmado, como, ainda bem pior: vi uma baía, quase  sem margem, com a maré cheia a invadir a estrada e, nalgumas áreas,  com mais cascalho de que areal.  

Bem diferente daquela que fora uma das mais aprazíveis praias – Ornada de coqueiros, por um extenso e suave areal, junto à qual surgiam inúmeros caranguejos verdes, vindos das tocas que esburacavam no mato para capturarem as suas presas.  Eram tantos a atravessarem a estrada, que havia quem se divertisse a esmagá-los com os pneus do carro, sobretudo à noite. Agora, o que se descobre é uma curta língua de cascalho, que entretanto o asfalto vai protegendo, comida pelo avanço do mar, alguns troncos de esguios coqueiros e de outras árvores, que ameaçam ser arrancados a todo o momento, devido às investidas das ondas na própria estrada, também já esta, de onde em onde, bastante comida e esventrada. 


Orlas costeiras comidas pelo mar, colocando em risco habitações, caminhos ou estradas. Então, na estrada das Neves, depois da Lagoa Azul, por mais paredões que ali se façam – e vimos que havia importantes obras em curso – não tarda, que o troço existente, acabe  por ficar submerso e de se tornar intransitável. E se torne necessário  romper as veredas e fazê-la noutras curvas de nível, mais alto. O pior é a insegurança para  as pequenas comunidades  piscatórias, que vivem as suas vidas, intimamente com o mar,  junto de encostas, tão abrutas, e ao mesmo tempo já tão ameaçadas pelo avanço das águas,  as quais, não tendo  outra alternativa onde se alojar, só restará a possibilidade de virem a  transformar-se em aves.  Pois, mas é gente que vive com um pé em terra e outro no mar – E, este, além de ser adverso, lá fora, nas fainas do seu dia, agora, ainda por cima, lhes ameaça o próprio lar, a humilde cubata de madeira.  Antevê-se, pois,  um futuro algo incerto e inseguro. 

A caminho do sul, ao chegar-se à Ribeira Afonso, até há  porcos que, na fase da maré-vazia,  tranquilamente invadem a margem do escasso areal negro que resta para se  refastelarem de marisco, contudo, um observador mais atento, nota que, uns metros mais ao nível do arruamento,  facilmente se apercebe que já  nem as obras de proteção,  igualmente ali levadas a cabo,  poderão  assegurar que as canoas, ali empoleiradas, deixem de ser  arrastadas por um temporal mais agressivo. 



SECAS PROVOCADAS PELA GRAVANA ESTÃO A DEIXAR NO DESESPERO ALGUMAS DAS POPULAÇÕES MAIS ISOLADAS - Repetimos o alerta que, por várias vezes, aqui fizemos 



Tal como é referido por especialistas, mesmo até por estudos realizados há mais de cem anos ( o caso deste breve texto)  na extensão da Ilha de São Tomé  há uma diversidade enorme de climas: enquanto se registam 11 graus centígrados desagradáveis no Pico nas manhãs da gravana ou das chuvas, a cidade derrete-se a 28 ou 33 graus á sombra; enquanto o nordeste da Ilha se mirra na gravana  seca e ventosa, chove diluvialmente  em S. Miguel


Mesmo dentro da altitude da cultura cachoeira, até 800 metros, há uma diversidade enorme de condições atmosféricas, como se vê pela época da maturação do cacau , tão diferente do norte da Ilha para os Angolares, por exemplo, e pela distribuição da colheita no decorrer do ano. Não se faz bem ideia de quantas modalidades o clima apresenta ao longo da Ilha" 


Esses são os fatores inerentes ao relevo  geográfico, porém, o mau é que a esses fatores naturais, se vieram associar as agressões climáticas  - 



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