Jorge Trabulo Marques
O dia 1 de Dezembro é o feriado
civil mais antigo ainda em vigor, desde a segunda metade do século XIX. Foi comemorado também
durante a Primeira República e o Estado
Novo.
Até que, em 2012, o Governo social-democrata
do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho determinou o fim deste feriado a
partir de 2013.
Três anos depois de o
calendário português ter perdido quatro feriados, o Governo liderado por António Costa, veio repor em 5 de Janeiro de 2016, os extintos
feriados nacionais e religiosos,
retirados a 1 de Janeiro de 2013, data em que o calendário português perdia
quatro feriados: dois religiosos e dois civis.
Do lado dos feriados
religiosos, estavam em causa o dia em que se celebra o Corpo de Deus e o 1 de
Novembro, dia de Todos os Santos. Do lado dos feriados civis, o dia 5 de
Outubro, data que assinala a Implantação da República, e o 1.º de Dezembro, que
marca a Restauração da Independência. Todos voltaram a integrar a lista de
feriados
As comemorações do dia 1 de dezembro de 1640, decorreram na Praça dos Restauradores, em Lisboa, com a cerimónia oficial de uma homenagem aos heróis da restauração e um desfile nacional de bandas filarmónicas.
Apraz-me recordar uma das facetas dos portugueses e da sua história: a profunda ligação ao mar e à descoberta de novos mundos ao mundo: dos intrépidos navegadores portugueses em frágeis caravelas.
Lamentável é, ao período das descobertas, ter sucedido o da escravatura - Que,
na verdade, ainda persiste nos dias de hoje, sob a capa de novas roupagens de
exploração e domínio e opressão nos povos africanos.
Sinto-me orgulhoso pela herança da giesta aventureira marítima: de ter
apresentado exposições das minhas aventuras marítimas, entre outros locais, no
Padrão dos Descobrimentos, em Março de 1999, em Lisboa e no Centro Cultural
Português,, em S. Tomé. em 2015. E, naturalmente, em Foz Côa, sede do meu
Concelho, e na cidade da Guarda, a cujo distrito pertenço.
Além da ligação em canoa desde a Baia Ana Chaves, ao Padrão dos Descobrimentos,
em 20 e 21 de Dezembro de 1969, ano em que se iniciavam as comemorações dos 500
anos sobre a descoberta das Ilhas de S. Tomé e Príncipe, sou ainda autor de
três travessias oceânicas em pequenas pirogas primitivas, nos mares do Golfo da
Guiné, com partidas na Ilha de São Tomé, em condições de extrema precaridade:
de S. Tomé ao Principe, em 3 dias; de São Tomé à Nigéria 13 e, por fim, 38 dias
da Ilha de Ano Bom à antiga Ilha de Fernando Pó, que depois da independência
passou a ser conhecida de Ilha de Bioko
Poema que me foi dedicado pela poetiza Agripina Costa Marques, esposa do poeta
António Ramos Rosa * * * * * * * *
É na ampla latitude em que te encontras:
Tu que na vida és ávido.
Tua exigência extrema não tem comum medida
com esquemas intermédios;
não pode acomodar-se à vida por metade.
Tudo ou nada. E a vida se te impõe
em intensidade e risco, na vertingem do abismo:
porque tocas o abismo quando o fruis
em inultrapassável densidade;
quando já nada pode separar-te
dos soltos elementos; a voz da tua voz.
Um só furor; a mesma plenitude.
Uma só descoberta: quanto em ti próprio és
toda a potência cósmica em desmesura.
Na dimensão do excesso a vida em ti se cumpre.
Mareante nostálgico da aventura ancestral,
em gesta solitária ( e os rudimentares aprestos
que te bastam em teu despojamento
- superando-te ante adversas forças)
ao recriares em ti o “mundo novo”
buscas ainda do instante o último limite.
Agripina Costa Marques
12.08.94
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