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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

AO MAR SOZINHO, GUIADO PELOS ASTROS E PELO INSTINTO DAS AVES

 MEU TRIBUTO POÉTICO AO PINTOR OLAF NORDLIEN (1864-1929)  E À EPOPEIA VIKING   - c

Obra de  Olaf Nordlien - Propriedade do devaneio íntimo  no meu humilde lar
 MEU TRIBUTO AO PINTOR OLAF NORDLIEN E À EPOPEIA VIKING


"Amargo é o vento hoje à noite

Atira os cabelos brancos do oceano

Esta noite não temo os guerreiros ferozes da Noruega

Percorrendo o mar da Irlanda »

Antigo Poema Irlandês

OLAF NORDLIEN  - 1864 - 1929  -  O PINTOR NORUEGUÊS QUE VIVEU OS ÚLTIMOS ANOS DA SUA VIDA NUMA  MODESTA CABANA À  BEIRA MAR E COMPÔS ALGUNS DO SEUS QUADROS INSPIRADO NA SAGA VIKING

Olaf Nordlien - Foi um pintor norueguês do final do século XIX e início do século XX, que viveu, entre 1864 e 1929, tendo passado os últimos anos da sua vida numa cabana à beira mar - Tenho o prazer de possuir uma das suas telas, a primeira destes dois quadros e  de  a poder ter nas mãos e a contemplar .
A BBC já lhe dedicou um extenso e aprofundado documentário,  retirando-o, de algum modo, do esquecimento a que parecia votado. 

É dito que  ele  "pintou principalmente imagens de paisagens e paisagens marítimas puras. Sua obra mostra paisagens de montanhas e árvores predominantemente desertas: Nordlien pintou paisagens com montanhas cobertas de neve, lagos claros e cachoeiras trovejantes inspiradas pela grande natureza escandinava - de vez em quando há pequenas casas que testemunham a existência do homem. Basicamente, a gama de cores dos artistas é guiada pela realidade, com variações de tons mais brilhantes e mais escuros de suas pinturas

Obra de  Olaf Nordlien

Tenho uma profunda admiração  pela saga Vikings - Contam-se fantásticas e varridíssimas  histórias sobre a sua audácia!!.. Quão arrojados não foram esses navegadores!... Em mares tão bravos e frios do Atlântico Norte! - No entanto, eles fizeram longas distâncias, introduzindo novos métodos da navegação, ousaram enfrentar dificuldades inauditas  - Povoaram várias regiões, desde a Europa à América. Contam-se mil histórias, associando-os ao saque e à pirataria nos mares - Bom, essa uma questão algo dúbia. Pois, em boa verdade, não é muita clara a fronteira, onde acaba a realidade e começa o mito ou a  ficção - Diga-se o que disser, eles foram corajosos marinheiros - E, só por esse facto, merecem a minha maior admiração.


POETAS E GUERREIROS  -  É dito que os “vikings recitavam poemas em campos de batalha. Na hora do combate, enquanto alguns treinavam, outros improvisavam versos. Criar estrofes e recitá-las era considerado uma habilidade do homem nórdico e estava presente do café da manhã ao jantar. Qualquer situação era motivo de declamar. O historiador islandês medieval Snorri Sturluson da Edda em Prosa, considerada a maior fonte literária da mitologia nórdica, descreveu episódio na Saga de St. Olaf, datada de 1230, um episódio que ilustra bem esse apreço. Logo antes da batalha de Stiklestad, em 1030, o rei Olaf 2º, da Noruega, pediu ao poeta do reino recitar alguns versos. Foram tão épicos que os sobreviventes agradeceram ao poeta por ter levantado a moral da tropa antes da derrota (o rei foi morto). A poesia eddaica tinha enredos envolventes em estrofes curtas, gravadas em pedras e pedaços de madeira. Os nórdicos tinha um incrível poder de concisão. http://celtic-vikings.blogspot.com/2015/05/guerreiros-poetas.html









A SÓS À FLOR DO MAR
Sozinho perante tão extrema  grandeza marítima, 
tão imensa e misteriosa amplidão 
e ser-se ao mesmo tempo
  extrema fragilidade e ínfima pequenez, 
é, sem dúvida,  coragem, triunfo e arrojo 
às adversidades da  inóspita natureza!...

Sede insaciável de se ser bafejado pela luz mais clara e pura dos astros!
Voar como ave perdida pelos vastidão infinita dos espaços! 
Errar como um vagabundo pelos mares de todo o mundo!
Instantânea e antiquíssima harmonia! Voluptuoso jorro de energia! 
Lufada fresca, vivo e perene rasto a divindade! 



Levado a sós por genuínos impulsos de aventura,
pensamentos insondáveis, chamamentos 
de bravura ocultos, inimagináveis!
É o aspirar da palavra solar, 
ter por companhia,
o ritmo, a graça, a melodia
o deslumbramento dinâmico do anelado azul,
a vibrátil claridade.
A conjugação de  todas as ânsias reprimidas
na esteira de se  alcançar, num só desejo, numa só vontade,
os limites do inatingível, a margem 
do insuperável e do sobrenatural!

Percorrendo vastas planícies salgadas em turbulentas águas,
deixando para trás preocupações triviais, ódios mesquinhos.
Mesmo que a ousadia  condene a viver um só instante de eternidade,
oh, sim! vale a pena viver o sublime,
correr o risco e a temeridade.
Decifrar  os enigmas do incognoscível
estar ao mesmo tempo dentro e fora da verdade,
dos misteriosos limites que comandam os desígnios 
da morte e da vida.

Navegar sozinho, sem outros meios náuticos de navegação,
com o destino completamente à mercê de um  errático acaso,
ao sabor do imprevisto e do filtro do instinto,
 perdido entre o vento, o olvido 
e as espáduas do esquecimento,
oh! não é temeridade vã, inútil o laço da solidão! 
Mas o desejo porfiado e ardente em decifrar 
os calmos  e febris prodígios do desconhecido, 
a busca incessante do oiro na sua essência,  
no seu estado original, ainda incandescente
a procura dos silêncios visíveis 
dos sons puros na grande imensidão,
no seu estado selvagem, verdadeiramente inocentes!
 Vozes, rumores e murmúrios de todos os tempos
que  soem e repercutam ecos
de invulgar pureza e  libertação!

 Guiado pelos astros e pelo mesmo instinto das aves
- tal foi o meu caso: uma  Bússola
dá uma ajuda mas não indica o lugar.
 Os Vikings  usaram a Bússola Solar Mais nada.
Todavia, dominaram  os mares no seu tempo.
Leituras  satélite por GPS, informações astronómicas, 
a posição exacta a qualquer hora:
a latitude e longitude da  rota.
Instrumentos náuticos, esses, só os grandes barcos, ao largo!
- Vi alguns mas não me viram a mim - Eu não era nada.
Até ia perdido, prisioneiro de um incerto e amargo destino -
E eles, os pilotos sem os instrumentos a bordo?!...O que seria deles?!..
Mesmo assim, talvez se sentissem menos livres
e mais prisioneiros do que eu!..

Ir sozinho para o mar, é partir 
em demanda dos mais ténues rumores e labirintos sagrados!
Saciar a  fome da floração silenciosa, da vagabunda dança de um sopro íntegro  
de fulgor furtivo de sabedoria e pureza. 
É fazer-se ao mar e navegar  sem contrapartidas seguras à partida
e não ter qualquer  certeza de paisagens imaginárias ou reais à chegada!..
É a transparente e claríssima sede de nostalgia dos mais puros céus!
É viajar na senda dos séculos passados, eras volvidas 
ou dos que ainda  hão-vir por  vontade de Deus.


Apelar ao instinto animal (que raramente se engana, tal como o da ave)
É vidência!  Deslumbramento! Itinerário transfigurado.
É trocar o certo pelo incerto
- Sem todavia saber que próximo futuro o aguarda,
a que portos  poderá  arribar,
que enseadas de ilhas frondosas o esperam, 
que  recortes de orlas vai contemplar,
que escolhos vai ter pelo caminho,
que perigos e ameaças
lhe poderão interromper a viagem.

 

Largar tudo - os horários, a família, os amigos, 
a tranquilidade de um lar - e partir 
mar fora numa frágil piroga
ou até em barcos maiores e bem equipados, 
singrando o ondulante manto líquido, 
trocando o certo pelo incerto, o desconhecido,
não receando os revés da ousadia e  a má sorte,
não temendo as partidas da omnipresente imagem da morte,
alheio a tudo: às inesperadas variações dos ventos,
à dança e contra-dança de correntes poderosas
súbitos vendavais, "súbitas trovoadas temerosas!"


Navegar sobre as ondas encapeladas,
ir de velas enfunadas, é sentir a alma rubra!
Alheia aos perigo que rondam por toda a parte,
subindo ou imergindo 
dos insondáveis abismos! 
 Navegar à flor das águas agitadas é ter  por companhia
a menos de um palmo ou da grossura de uma tábua,
a cova funda e horrível da mais funesta e imensa sepultura
Deixar, enfim, que o mar e o vento cumpram a sua palavra!
Não pensar em horários nem perder tempo em coisas banais
Ser sonho ousado que se cumpra e nada mais!

Jorge Trabulo Marques 


A terra natal dos Vikings era a   Noruega,Islândia , Suécia e Dinamarca. - Uma das figuras que ainda hoje mais admiro, naqueles países, é o noruguês Thor Heyerdahl - Já expliquei (noutro post) as razões pelas quais ele influenciou as minhas travessias, -  porém,  volto aqui a reproduzir a breve nota.



CÉLEBRE EXPEDIÇÃO DE THOR HEYERDAHL – KON-TIKI - INCENDIARAM A MINHA IMAGINAÇÃO. - Thor Heyerdahl é uma das minhas referências e um dos meus míticos heróis .

Os relatos da expedição do norueguês Thor Heyerdahl no seu livro "A Expedição Kon-Tiki -, verdadeiro clássico da literatura de viagens , exerceu em mim um profundo fascínio .Não apenas pelo ousado espírito de aventura, mas sobretudo pelo realismo e consistência científica, com que pretendeu demonstrar as suas investigações.
Numa jangada de pau-de-balsa, reprodução exacta às das jangadas índias feitas na América do Sul desde os tempos da pré-história, Heyerdahl partiu de Callao, no Perú, com uma equipa composta por seis homens para as ilhas Tuamotu da Polinésia , percorrendo mais de 8000 Km, ao longo de três meses.


"Quando os primeiros europeus se aventuraram a atravessar o maior dos oceanos, descobriram com espanto que, exactamente no meio dele, existiam ilhotas montanhosas e recifes de coral liso, em geral, segregados uns dos outros e do mundo por vastas áreas de mar. Cada uma destas ilhas já era habitada por povos que aí haviam aportado antes dos europeus"
"Sabemos, com absoluta certeza, que a primeira raça Polinésia deve ter vindo em alguma época, espontaneamente ou não, ao sabor das águas ou com a força das velas de uma embarcação qualquer, até essas ilhas longínquas" diz o autor da Kon-Tiki, no seu livro
"(...) "De onde podiam ter vindo essas levas tardias de emigrantes?" (...) Falavam uma língua que nenhum outro povo compreendia” (...) Como e quanto teriam erguido as suas pirâmides e estátuas?!. Do livro A Expedição Kon-Tiki  
Estas foram as questões que levaram Heyerdahl a organizar a célebre expedição Kon-tiki, . Com esta expedição buscava provar que as ilhas do Pacífico poderiam ter sido povoadas a partir da América do Sul. Fez um estudo das correntes marítimas e dos ventos dominantes e de alguns aspectos culturais similares, concluindo que o povoamento da Polinésia só poderia ter sido feito a partir do leste, contrariamente à clássica teoria que defendia as migrações a partir do sul da Àsia, uma vez que, as 5000 milhas que supostamente teriam que navegar, sendo contra as correntes, constituiriam uma façanha pouco provável
.

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