Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador
A ROÇA SAUDADE: UM SONHO E
UM BERÇO
"A casa onde Almada nasceu, na sede da Roça Saudade – diz
O Padre António Ambrósio – “estava suspensa sobre uma profunda grota, e aberta a
nascente, por uma varanda corrida, ao estilo tropical, para um mar de verdura,
que, depois da primeira quebra, se espraiava, numa ondulação aparentemente
suave, por vários quilómetros de extensão, em forma de leque rendilhado, até ao
mar-oceano.
(…)Por fora, a Saudade era um mimo. O comendador José António Freire Sobral fizera da sede uma estância modelar: além das instalações para habitação e trabalho, das sanzalas e dos secadores, e do hospital de boa construção, a Roça tinha um amplo terreiro, onde, como uma bandeira hasteada, se erguia uma elegante palmeira de 54 metros de altura (Veja-se: Almada Negreiros, História Ethnographica da Ilha de S. Tomé, p.272). Na parte superior do terreiro, em zona mais elevada, situavam-se os jardins, dispostos em socalcos. No meio, sobressaía um artístico caramanchão, todo coberto de buganvílias e trepadeiras. Junto, uma nascente de água puríssima foi aproveitada para construir uma pequena fonte, bem adornada de azulejos pintados e com dois grandes jarrões de porcelana envidraçada, aos lados
Neste post foram entretanto editadas algumas imagens da minha visita à Roça
Saudade, na tarde do dia 22 de Outubro 2014 - Bem como um video
Leia e não deixe de ver a informação mais atualizada dessa minha
peregrinação, referindo a minha surpresa da recuperação da casa onde nasceu
Almada- em hl
Postagens neste blogue de Almada https://canoasdomar.blogspot.com/2013/04/almada-negreiros-comemoracoes-dos-120.html
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"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce." – E assim também renasceu das ruínas a casa onde nasceu Almada Negreiros, na Roça Saudade, em São Tomé, graças à corrida solitária de Joaquim Cabangala Victor, guia turístico, natural de São Tomé. Certo de que a sua ideia podia transformar uns já irreconhecíveis caboucos numa Casa de Artes e Museu, em memória do genial pintor, poeta, romancista e dramaturgo e abraçar um apaixonante projeto de vida.
“Não foi por acaso que o meu sangue veio do sul
se cruzou com o meu sangue que veio do norte
não foi por acaso que o meu sangue que veio do oriente
encontrou o meu sangue que estava no ocidente
não foi por acaso nada do que hoje sou
desde há muitos séculos se sabia
que eu havia de ser aquele onde se juntariam todos os sangues da terra
e por isso me estimaram através da História
ansiosos por este meu resultado que até hoje foi sempre futuro.
se cruzou com o meu sangue que veio do norte
não foi por acaso que o meu sangue que veio do oriente
encontrou o meu sangue que estava no ocidente
não foi por acaso nada do que hoje sou
desde há muitos séculos se sabia
que eu havia de ser aquele onde se juntariam todos os sangues da terra
e por isso me estimaram através da História
ansiosos por este meu resultado que até hoje foi sempre futuro.
VIDEO REGISTADO EM OUTUBRO 2014
Hoje tive duas surpresas - Uma boa: a de que, os 120 anos do nascimento de Almada Negreiros. que se completaram ontem, dia 7 de Abril, começaram a ser assinalados por um conjunto de interessantes eventos culturais em Lisboa.
A má, a de que, ao lembrar-me do seu filho, o arquiteto José Afonso de Almada Negreiros, com quem tive o prazer de conviver e de vir a projetar uma viagem com ele a São Tomé, a fim de o levar a conhecer a roça onde seu pai nasceu, pois bem, querendo saber se ele havia tomado conhecimento desta inciativa, já que o seu nome não era referenciado em nenhuma noticia, pude apurar, que, afinal, falecera no dia 25 de Setembro de 2009 - Tratava-se de uma pessoa afável e discreta, de um excelente arquitecto mas que não era dado a dar nas vistas.
Ao que parece, a sua morte foi ignorada.No entanto, os seus amigos mais chegados, com os quais se encontrava em agradáveis tertúlias, não deixaram de o lembrar, no blogue, "SÓ IMAGENS", com algumas fotos e esta singela menção:
Arquiteto José Afonso de Almada Negreiros - Filho de José de Almada Negreiros e de Sarah Afonso
Imagens registadas no ano de sua morte - em 2009
Imagens registadas no ano de sua morte - em 2009
COMO O TEMPO
PASSA...
- Sim, como o tempo passa!... Penso
que foi justamente no ano em que ele faleceu, que lhe fiz estas
fotografias. Talvez um mês ou dois antes. Mas até parece que foi ontem, que
eu e o meu amigo, o pintor João Neves, tomávamos um café com ele na Calçada
do Combro, na Pastelaria Oreon, com vista a combinar a sua deslocação à
Roça Saudade - Era a terceira vez que falava com ele, depois que o conhecera
nos habituais convívios do Botequim de Natália Correia situado no Largo da Graça, em
Lisboa.
Na primeira
vez, procurei-o para lhe comunicar que ia ser leiloado um importante espólio de
seu pai e de sua mãe, Sarah Affonso, quadros inéditos que ele devia
desconhecer, dado terem sido pintados há muitos anos - Talvez, com ele, ainda
criança. Um amigo meu, havia-me pedido para tratar desse assunto - A esposa,
filha de um casal (português e espanhol) e que mantivera estreitas relações de
amizade com o artista, era herdeira de uma vivenda , em Belém, na zona das
vivendas dos embaixadores e queria vender a casa, o vitral de Almada e várias
obras. A segunda vez, foi para o avisar de que havia deparado com vários
desenhos(falsificados) à venda na Feira da Ladra, como se fossem obras
assinadas por seu pai. Pediram-me 120 contos por cada um. Por fim, já me
ofereciam vários por 5000$00. A imitação da assinatura era perfeita. Mas
vi logo que só podia ser falsificação. Não era o primeiro caso. Também outros
famosos artistas eram ali igualmente pirateados.
O último encontro foi casual e ocorreu na esquina da Calçada do Combro, com a Rua Marchal Saldanha, tendo-o convidado a tomar um café, sugerindo-lhe a possibilidade de o acompanhar numa visita à Ilha de São Tomé, para ali ir conhecer as instalações (já em ruinas) onde seu pai viera à luz do Equador, sugestão que ele aceitou com muito agrado, acrescentando que era um sonho que alimentava há muito tempo. Dia para a dia para nos voltarmos a encontrar e acertar essa viagem (pois deu-me um cartão com a sua morada e o contacto) agora é tarde de mais. Espero que também não seja tarde de mais para mim - Foram 12 anos ali vividos. E, Outubro, de 1975, já vai longe.
As recordações da infância e da adolescência: de Sara Afonso - Mulher de Almada Negreiros e mãe dos seus dois filhos.
«Nasci em Lisboa, minha mãe era
lisboeta, alfacinha, meu pai era minhoto. Por volta dos meus quatro anos fomos
viver para o Minho e só regressámos a Lisboa tinha eu quinze anos feitos.
Aliás, agradeço à mãe não termos ficado no Minho porque, realmente, lá, não
havia futuro para uma rapariga pobre como eu. A vinda para Lisboa foi um
presente que o meu pai deu à minha mãe: era esse o grande sonho dela. Mas não
tenho boas recordações da minha infância. Tenho, sim, recordações do sítio onde
passei a infância. No entanto, foi o norte que me deu as primeiras emoções, os
primeiros deslumbramentos das coisas. Sinto que metade do meu sangue é de
lá.» segredos - sarah affonso.. Sara Affonso, Almada Negreiros
«ALMADA NEGREIROS - 7 de Abril de 1893 a 15 de Junho de 1970
."Esta é a homenagem simples que lhe queremos prestar. José Almada Negreiros faleceu no passado dia 15 de Junho" (1970) ", A Sara Afonso - pintora de grande talento, apresentamos as nossas condolências" - Noticiava a Semana Ilustrada, de Luanda, de que eu era seu correspondente, em São Tomé, dias depois da morte do grande poeta e pintor português - Que, entre outros elementos da sua vida artística, lembrava esta sua expressão: «Há anos que repito afinal a crença da minha infância: se não for por arte, não serei de outro modo». - Hoje pode dizer-se que «foi por arte»; desenhador, pintor, bailarino, vitralista, poeta, romancista, dramaturgo, conferencista, crítico de arte - Almada Negreiros foi, desde 1910, como acentua Jorge de Sena, «uma das mais notáveis figuras da cultura portuguesa, e uma das que mais decisivamente contribuiu para a criação, prestígio e triunfo de uma mentalidade moderna entre nós:
RUÍNAS DO SOLAR DA ROÇA SAUDADE - CASA ONDE NASCEU ALMADA
OPORTUNIDADE PARA SER RECORDADA, TAL COMO, EM CUBA, A "FINCA LA VIGIA" DE ERNEST HEMINGWAY
Mesmo que só existam ruinas, talvez irreconhecíveis. Já o eram, quando ali me desloquei, há mais de 40 anos, nesta altura, dificilmente alguma parede continuará erguida. As chuvas, ali constantes, contribuem para a degradação das habitações.
Mas, obviamente, se as ruinas estiverem cobertas de vegetação, que ao menos se limpem e se deixem algumas pedras à mostra - E porque não reconstrui-la?!.. - É que, ali, ergue-se a mais bela e exuberante paisagem do interior da Ilha, com todos os seus encantos e surpresas, com todos os seus múltiplos verdes e espécies tropicais: desde a flora às aves mais belas e exóticas aos canoros cânticos
Com um atelier de desenho e pintura; exposições de obras literárias e artísticas de Almada e do seu avô paterno José António Freire Sobral e do seu pai António Lobo de Almada Negreiros, escritor e jornalista, administrador do concelho de São Tomé, figura de relevo no seu tempo, autor de vários livros - poesia e história das ilhas. Promovendo ali conferências e ofertas de turismo artístico - O cenáro presta-se admiravelmente para breves cursos de pintura de férias. O turismo cultural tem os seus admiradores.
Pelos vistos, o estado em que se encontram atualmente as roças, não será o melhor exemplo. Ao menos que os erros sirvam para alguma coisa. A evocação ao nome de Almada Negreiros, um progressista, o homem do " Manifesto Anti-Dantas - que se recusou a pactuar com o colonialismo e dizer BASTA PUM BASTA! - ultrapassa todas as contradições ou preconceitos.
A sua memória sobrepõe-se a qualquer tipo de ressentimento. Remete-nos à
expressão do artista mais genial e completo no domínio da universalidade e multidisciplinaridade artística. Ou haverá alguém que vá a Cuba e não se lembre
da Finca La Vigía
ou de associar ao seu nome ao Hemingway's Hotel Almada
não atingiu a fama de um Picasso ou de um Hemingway porque nasceu e
cresceu sob a bandeira de Portugal - O império colonial foi mais mito de que
glória. Todavia, cada país tem os seus valores. Saibam é ser valorizados e
aproveitados.
AGORA É A VEZ DE ALMADA SER RECORDADO PELA CIDADE
QUE O ACOLHEU DESDE CRIANÇA - SETE ARTISTAS PARA MARCAR 120 ANOS DE ALMADA NEGREIROS
Refere o
Expresso online que “A inauguração da
exposição é o ponto de partida para a vasta programação que inclui tertúlias,
documentários, exposições, um colóquio internacional, espetáculos, edições
sobre o artista e reedições da obra do autor do "Manifesto
Anti-Dantas", "para lançar um novo olhar sobre o seu legado",
segundo a organização.
Figura destacada da vanguarda da arte
portuguesa, Almada Negreiros explorou vários níveis de expressão artística,
desde as artes plásticas, a poesia e o ensaio, ao romance e à dramaturgia, aos
quais também juntou os textos de intervenção e de humor, o bailado e a crítica
de arte.” – Excerto de Sete artistas para marcar 120 anos de Almada
Negreiros
NASCEU NA ROÇA SAUDADE
O tempo passa e nem se dá conta que passa. Desembarquei, em São Tomé, terra natal de Almada Negreiros, nos finais de 1963.para fazer um estágio na Roça Uba Budo. Uns anos depois, no princípio da década de 70, era correspondente da Revista Semana Ilustrada, de Luanda.
Numa dessas edições dedicadas a São Tomé e Príncipe, realizada pelo chefe de Redação Morão de Campos, foi publicado um desenvolvido artigo das origens de uma das figuras mais destacadas da vanguarda da arte portuguesa Foi, então, pela primeira vez que soube que, Almada Negreiros nascera na Roça Saudade. Tendo como cicerone o Padre António Ambrósio, autor do livro "Almada Negreiros Africano", pude então conhecer as ruínas das antigas instalações onde nascera e vivera até aos 2 anos.
Vou tomar a
liberdade de transcrever alguns excertos do livro de autoria do Padre
António Ambrósio, já falecido, cuja obra teve a amabilidade de ma oferecer.
Ele viveu vários anos na Ilha de São Tomé, onde era muito estimado, tendo-se interessado pelo estudo e
investigação do passado de ambas as Ilhas - É autor de várias obras
- Entre outras. "Almada Negreiros Africano", Editorial Estampa, em 1979, já
em 1972, havia publicado, DA MOEDA E
FAZENDA EM S. TOMÉ - Em 1984, pela editora Livros Horizonte publica,Subsídios para a história de S. Tomé e Príncipe - António Ambrósio
Obra muito
bem compilada e difícil de encontrar - De referir que, António Ambrósio,
depois do 25 de Abril regressou a Portugal, tendo ingressado numa paróquia
de Lisboa. Era possuidor da melhor coleção de livros sobre a história de
São Tomé e Príncipe, bem como a mais importante coleção de moedas e
selos destas ilhas. Tudo isso ardeu no incêndio do Chiado. Vivia num dos
últimos andares, fazendo esquina com os Armazéns do Chiado, e, quando se
apercebeu, mal teve tempo de fugir - Foram anos de uma vida que se perderam,
que o deixaram profundamente triste. Padre Ambrósio, tal como o Monsenhor
Moreira das Neves, que tive o prazer de entrevistar para a Rádio Comercial,
eram dos tais sacerdotes que, a par da sua dedicação às causas da fé e da sua
religião, cultivavam um imenso gosto pela cultura.
Google Map of São Tomé and Príncipe -
A ROÇA SAUDADE ´É SÓ MEMÓRIA DO PASSADO - MAS QUE VALE A PENA PERSERVAR
Fica a 17
Km de S. Tomé, cidade, voltada a nordeste. Numa das mais belas áreas da Ilha. .
Atualmente, tal como quase todas as roças, é uma miragem do que foi. Faz confronto com as roças S.Nicolau, Nova Moka, Monte Café, Milagrosa,Vista Alegre e algunas pequenas propriedades.
"UM SONHO E UM BERÇO" Texto de António Ambrósio, citando passagens de um dos livros José António Freire Sobral, avô paterno de Almada Negreiros
"A casa onde Almada nasceu, na sede da Roça Saudade, estava suspensa sobre uma profunda grota, e aberta a nascente, por uma varanda corrida, ao estilo tropical, para um mar de verdura, que, depois da primeira quebra, se espraiava, numa ondulação aparentemente suave, por vários quilómetros de extensão, em forma de leque rendilhado, até ao mar-oceano
As dependências
interiores da casa eram amplas e com boa orientação e arranjo. Desse bom gosto
na construção, são, por exemplo, prova significativa, os lindos azulejos que
decoravam a lareira e sala-de-jantar, em instalações, que, ligadas pelo
interior à varanda da residência, formavam, na fachada principal, um ângulo de
entrada deveras acolhedor (A tempo, ainda conseguimos salvar alguns desses
belos azulejos, que possuímos e guardamos como preciosa relíquia). Aqui,
garridas buganvílias subiam pelas paredes brancas, por sobre a porta, janelas e
beirais.
Por fora, a
Saudade era um mimo. O comendador José António Freire Sobral fizera da sede uma
estância modelar: além das instalações para habitação e trabalho, das sanzalas
e dos secadores, e do hospital de boa construção, a Roça tinha um amplo
terreiro, onde, como uma bandeira hasteada, se erguia uma elegante palmeira de
54 metros de altura (Veja-se: Almada Negreiros, História Ethnographica da Ilha
de S. Tomé, p.272). Na parte superior do terreiro, em zona mais elevada,
situavam-se os jardins, dispostos em socalcos. No meio, sobressaía um
artístico caramanchão, todo coberto de buganvílias e trepadeiras. Junto,
uma nascente de água puríssima foi aproveitada para construir uma pequena
fonte, bem adornada de azulejos pintados e com dois grandes
jarrões de porcelana envidraçada, aos lados..
Aliás, as
nascentes de água potável , na Roça Saudade, são óptimas e abundantes. Ali é
feita a captação que abastece a Vila da Trindade. Ali mesmo nasce o rio Água
Grande, que fornece a cidade. E, próximo, mais acima, nasce também o Manuel
Jorge (um dos maiores rios de S. Tomé), que se transforma nas lindíssimas
cascatas de S. Nicolau e do Blu-Blu, e constrói, na sua passagem, as maravilhosas
«pontes que Deus fez»
Mais acima da
Saudade, a caminho do Pico, localizam-se as roças Nova Moka, S. Nicolau e Santa
Maria. Esta última pertencia também a José António Freire Sobral. Era uma
dependência rica, sobretudo, em boas madeiras.
Não há dúvida
que a Roça Saudade, na sua geografia acidentada e vegetação luxuriante, possui
algumas das lindas paisagens da lindíssima Ilha de S. Tomé. Deixemos ao
próprio Almada Negreiros que nos descreve in loco o que era para ele a Roça
Saudade: um sonho, um berço encantado para os seus filhos.
«... A atmosfera
saturada de vapores deixa, pela manhã, nas folhas do arvoredo,
milhões de pérolas de mil cores, que o sol egoísta vem depois roubar para seu
Tesouro. O quadro que então se observa é deveras surpreendente. Como
pequeninas estalactites, pendem das folhas tremulantes, essas gotas de cristal,
que a luz transmuda em cores diversas numas nuances que entontecem e inebriam
docemente. Nos "óbós" (matas), onde a vegetação é mais luxuriante e
compacta que nas plantações, ao entontecimento do "san-niclá" que
assobia, do "ossobó" que parece chorar , da "cécia" que
soluça, do "padé" que trina novas canções de uma alegria ingente.
«A Natureza gigante , sugestiva, nova, eleva a alma menos contemplativa. Há um não se quê de misterioso e de sobrenatural em tudo isto, que se vê e não se descreve com facilidade. Altas serras cortadas a pique, em perfeitas paralelas, tapetadas d'alto abaixo de alguns fetos gigantes e outros muitos arbustos coloridos, apertam em baixo, onde a vista a custo alcança, as águas sussurrantes dos riachos que vão correndo para o mar. Mais ali, o leito desses riachos estorce-se, apertado por alterosas montanhas, que parece terem-se confundido numa luta titânica, e o veio das águas brancas lá vai ser penteado, apertado aqui para despenhar-se com fracasso numa esplêndida cascata; mais livre acolá, marulhando uns sons que só se podem sentir. Cruzam-se, em todas as direcções, dezenas destes regatos, alguns muito caudalosos, correndo todos, como que a custo, entre a massa compacta do arvoredo que encobre o solo.
«As árvores
colossais, erguidas como sentinelas no cimo dos outeiros alterosos, parece que
levantam os braços seculares sobre o formidável exército que as rodeia, para
regerem a orquestração divinal produzida pelo vento que as açoita.
«De repente,
formam-se os mais densos nevoeiros que temos visto. Estas árvores gigantes
tomam, por efeito da conhecida ilusão de óptica, as proporções mais fantásticas
que pode imaginar-se, infundindo ao mesmo tempo um sagrado respeito
contemplativo e uma fortíssima comoção emocionante. Dissipam-se, numa marcha vertiginosa,
esses nevoeiros, como a desfazer-se, a diluir-se em fumo branco, abrindo aqui e
ali clareiras luminosas onde o sol vai fixar o seu olhar em brasa.
«A constituição física do solo, extraordinariamente acidentada, começa a manifestar-se à medida que os nevoeiros vão correndo: abrem-se os vales profundíssimos; brilham, como fachas de prata luzente, os regatos tortuosos; descobre-se as cristas dos ramos piramidais; a ilha inteira, como uma noiva cândida, parece despir-se do seu véu de tule pardacento. O pacífico mar do Equador, lá está em baixo, com a sua orlazinha branca de espumas, em roda da ilha, e parece juntar-se, mais além, ao céu de anil...
«Num momento,
porém, tolda-se o Céu de nuvens negras; o horizonte estreito desaparece e a
chuva começa a cair impetuosamente. O estrondo dos trovões, ecoando pelos
vales, infunde um respeito aterrador. Em poucas horas, as águas dos rios
crescem espantosamente, arrastando árvores enormes na corrente possante e
levando-as, num arrastar estrugidor e forte. O mar enfurece-se, como a
desenfiar a tempestade que se desenvolve. E, rapidamente, surge outra vez o
sol, rútilo, faiscante, apresentando agora a ilha como que emergida do
Oceano, que brama por todos os lados. Branquejam as casinhas das roças: há
veios de água das levadas fora do leito, pelas plantações aninhadas entre
os "obós" altaneiros; aqui e ali , as povoações
aparecem como que esmagadas pelo arvoredo que cai sobre elas. E a
tempestade finda.
«Com esta pasmosa
rapidez se formam e dissipam aqui as tempestades....
«O aspecto da lha
enxaminada da zona alta é indescritivelmente belo.
«...Subindo pelas
encostas de Macambrará até Santa Maria, onde existem grandes plantações
de "cinchonas" bem desenvolvidas, presencia-se , dessa
altitude de 1400 metros sobre o nível do mar, um espectáculo soberbo.
«Em muitas
ocasiões a chuva cai torrencialmente , mais abaixo, nos terrenos de S. Nicolau,
Minho, Saudade, etc...
«Quando a
tempestade chove, o ribombo do trovão ali, dá a ideia de uma convulsão
geológica, fazendo estremecer, num eco prolongado , o ponto em que nos
achamos...
«A uns cem metros
mais acima está a Lagoa Amélia, uma das maiores crateras de vulcões extintos
que conhecemos»
«Por toda a parte,
os rios vão formando cascatas e pequenos lagos lindíssimos e, nalguns
pontos, as chamadas pelos naturais "pontes que Deus Fez".
«A mais bonita
dessas pontes que conhecemos é a que existe na Roça Saudade, a 17 km da
capital da Província. Estas pontes são o resultado do embate das águas contra
mossas de basalto, onde cavaram arcos caprichosíssimos. A de que tratamos
eleva-se na forma quase perfeita de um arco de volta abatida , sobre uma
cascata que, em baixo, forma um pequeno lago. Na parte
superior do arco, ergue-se um renque de árvores colossais cobertas de
trepadeiras, e a vegetação dos lados parece sufocar aquela obra esplêndida da
natureza»
“Pelo directo conhecimento que
temos da Ilha de S. Tomé e da Roça Saudade, dos fenómenos geográficos e
climatéricos do Equador, do seu admirável efeito visual, sobretudo quando
presenciados do alto daquelas paragens , podemos afirmar que a imaginação
poética do jovem Almada Negreiros não excedeu, nesta descrição,
os limites normais que a beleza objectiva naturalmente impõe.
São mesmo assim, belos, em S.
Tomé , como autor os descreve na sua obra- "A poesia dos obós- As
paisagens e fenómenos atmosféricos - As tempestades - As regiões alpinas -
Acima das nuvens - Os vulcões extintos - A cascata e as "pontes que Deus
fez".»
Na sua extraordinária beleza, a
Roça Saudade, era verdadeiramente "um sonho", hoje... um sonho
desfeito.
Efectivamente. de sede e da casa
cheia de arte e bom gosto, onde José Almada Negreiros nasceu, não restam
, hoje, mais de que ruínas e alguns vestígios das raras belezas de
outrora.
Quando o patriarca José António
Freire Sobral deixou S. Tomé, por volta de 1897, passou a administração da Roça
ao filho primogénito Joaquim Freire Sobral. Este ainda enriqueceu a sede com
novos encantos. A Saudade teve então, desde 1895 a 1918, talvez o seu apogeu.
Porém, tendo-lhe falecido a esposa e feitas as partilhas da herança paterna,
Joaquim Freire Sobral abandonou também S. Tomé. A Saudade entrou em
rápido declínio. Mais tarde foui vendida á Roça Santa Margarida da qual,
presentemente, é uma dependência.
Entretanto, as instalações ruíram
e a casa, em completo abandono, está hoje quase irreconhecível. Em 1970
fotografámos as ruínas, incluindo a fachada principal, logo demolida. É
pena que da bela instância e do prédio histórico, apenas restem, hoje,
insignificantes vestígios e mal acautelados.
Ainda entre os escombros, à beira
dos caminhos, por toda a parte brotam plantas e flores as mais raras.
Eis, hoje, a saudade..
"FILHO
DE S. TOMÉ E NETO DE ANGOLA" - Texto transcrito directamente do texto introdutório do livro: ALMADA NEGREIROS AFRICANO
José de Almada Negreiros nasceu em São Tomé na Roça
Saudade, freguesia da Trindade, às 3 hora da manhã do dia 7 de Abril de 1893.
Da terra da sua naturalidade foi arrancado, na tenra idade
de 2 anos, e transportado para Lisboa, em 23 de Abril de 1895, passando a viver
em Cascais, em casa dos avós e tios maternos, da família Freire Sobral.
A mãe, Elvira Freire Sobral, morreu na Ilha de S. Tomé, ano
e meio depois, a 29 de Dezembro de 1896. O pai, António Lobo de Almada
Negreiros, zeloso funcionário e escritor fecundo, sendo Administrador do
Concelho, continuou em S. Tomé, totalmente devotado à administração colonial.
Deixou finalmente a Ilha de S. Tomé, a 22 de Dezembro de 1899, e seguiu
para Paris, quase sem passar por Lisboa.
O mesmo vapor Loanda levou o pai e filho para a Europa.
José de Almada Negreiros, na idade dos 3 anos e meio,
ficou órfão de mãe. Com o pai ausente em S. Tomé, a criança começou a
receber a primeira educação em casa dos avós e tios maternos, em Cascais. Mais
tarde, Almada escreveu algures: «É sempre preferível um tio ou uma tia a um
casal de tios um estranho para substituir os pais. Um cordão umbilical não se
falsifica. Ou há ou não há» (Nome de guerra, VII - Obras completas, 2 p.33)
Ao pequeno José não deve ter ficado lembrança da mãe, Elvira Freire Sobral. O facto da orfandade, porém, marcou-o para sempre. Do pai, António Lobo, apenas recebeu duas ou três visitas rápidas, durante a infância em Cascais. Em 1910, pai e filho encontram-se em Paris. Mas Almada nunca viveu em família com o pai par receber dele, pessoalmente, educação. Todavia, a influência paterna existe na formação de Almada, positivamente.
Estes dados biográficos da infância de Almada Negreiros são de suma importância para se compreender a psicologia e a obra do artista poeta-pintor. Grave nos parece, por isso, que, em uma obra base de cultura e consulta - a Enciclopédia Luso-Brasileira - se afirme que Almada nasceu em Lisboa, e se faça caso omisso da sua filiação e da sua origem africana. Ainda mais lacónica, a este respeito, a Enciclopédia Verbo.
Ao pequeno José não deve ter ficado lembrança da mãe, Elvira Freire Sobral. O facto da orfandade, porém, marcou-o para sempre. Do pai, António Lobo, apenas recebeu duas ou três visitas rápidas, durante a infância em Cascais. Em 1910, pai e filho encontram-se em Paris. Mas Almada nunca viveu em família com o pai par receber dele, pessoalmente, educação. Todavia, a influência paterna existe na formação de Almada, positivamente.
Em Cascais e no Colégio de Campolide
andaram, nas mãos do pequeno José, as obras que o pai António Lobo ia
escrevendo, acerca da Ilha e das gentes de S. Tomé. Em Equatoriaes, leu
muitas vezes o belo soneto que o pai lhe dedicou no dia do seu primeiro
aniversário. Na História Etnográfica da Ilha de S. Tomé (editada em
Lisboa, em 1895), ficou as lindas fotogravuras a cores e o desenho da capa,
pintado, para o efeito, pelo tio Joaquim Sobral, na Roça Saudade.
A criança cedo manifestou vocação
para o desenho e pintura, e precocemente se revelou artista e escritor. Um facto
a registar: José de Almada Negreiros é filho de um extraordinário
escritor e poeta, e tem, pelo lado materno, entre os seus ascendentes
familiares, o tio Joaquim, artista e pintor. Joaquim Sobral será o seu segundo
pai e educador, nos primeiros anos da sua infância.
Estes dados biográficos da infância de Almada Negreiros são de suma importância para se compreender a psicologia e a obra do artista poeta-pintor. Grave nos parece, por isso, que, em uma obra base de cultura e consulta - a Enciclopédia Luso-Brasileira - se afirme que Almada nasceu em Lisboa, e se faça caso omisso da sua filiação e da sua origem africana. Ainda mais lacónica, a este respeito, a Enciclopédia Verbo.
Entretanto, no Arquivo Histórico de S. Tomé
e Príncipe, existem centenas de documentos inéditos referentes a José de
Almada Negreiros e a toda a sua família.
Em 1970, demos a conhecer em primeira mão, o auto do nascimento e baptismo de José na freguesia da Trindade, em S. Tomé.O documento foi autenticado com a reprodução fotográfica. A revelação do importante inédito foi constituiu, geralmente, uma autêntica surpresa. Em 1973, no Diário de Notícias e sob o título «Almada Negreiros Africano: filho de S. Tomé e neto de Angola», demos os documentos essencais, em que, defintivamente, deverá ser enquadrada a origem euro-africana, são-tomense e angolana de Almada Negreiros.
Por esta documentação ficamos a saber que: José Almada Negreiros naceu em África, na Ilha de S. Tomé, a 7 de Abril de 1893. É filho legítimo de António Lobo de Almada Negreiros, europeu, e de Elvira Freire Sobral, mulata africana natural da Ilha de S. Tomé. A mãe são-tomense, por sua vez, era filha ilegítima de José Freire Sobral (européu de Santarém) e de leopondina Almélia de Azevedo (de cor e natural de Benguela).
Daqui se conclui, portanto, que o sangue africano de Almada é de cepa angolana e que lhe é transmitido pela avó materna: «filho de S. Tomé e neto de Angola».
Órfão de mãe desde a primeira infância , José de Almada Negreiros pouco conviveu com os pais em família.Conheceu mal a sua ascendência na árvore geneológica. Sabia do seu nascimento em S. Tomé e da sua legítima filiação.Nunca soube, porém, que a sua origem africano se radicava em Angola, pelo lado materno. Este facto consta, como elemento identificativo , no registo de nascimento da mãe e no auto de casamento dos pais, documentos que ele nunca leu.
De notar que Almada Negreiros dava muita importância á árvore geneológica. Diz ele que «a árvore geneológica, sabida ou ignorada, determina a personalidade e a vocação de cada um». Referindo-se ainda ao assunto e ao conhecimento de que da árvores geneológica podemos ter, afirma no primeiro capitulo de Nome de Guerra:«É completamente impossível conhecer inteira uma árvore geneológica; o que pode é cada um possui-la no seu carácter.A árvore geneológica não funcona como ciência. É mesmo o contrário de ciência: mistério! Um mistério que se espelha só em cada um de nós! Um verdadeiro mistério humano, que ultrapassa a sociedade e a ciência, que respira apenas ar de Arte e de Religião» (Ob.cit,2,p.17)
Em 1970, demos a conhecer em primeira mão, o auto do nascimento e baptismo de José na freguesia da Trindade, em S. Tomé.O documento foi autenticado com a reprodução fotográfica. A revelação do importante inédito foi constituiu, geralmente, uma autêntica surpresa. Em 1973, no Diário de Notícias e sob o título «Almada Negreiros Africano: filho de S. Tomé e neto de Angola», demos os documentos essencais, em que, defintivamente, deverá ser enquadrada a origem euro-africana, são-tomense e angolana de Almada Negreiros.
Por esta documentação ficamos a saber que: José Almada Negreiros naceu em África, na Ilha de S. Tomé, a 7 de Abril de 1893. É filho legítimo de António Lobo de Almada Negreiros, europeu, e de Elvira Freire Sobral, mulata africana natural da Ilha de S. Tomé. A mãe são-tomense, por sua vez, era filha ilegítima de José Freire Sobral (européu de Santarém) e de leopondina Almélia de Azevedo (de cor e natural de Benguela).
Daqui se conclui, portanto, que o sangue africano de Almada é de cepa angolana e que lhe é transmitido pela avó materna: «filho de S. Tomé e neto de Angola».
Órfão de mãe desde a primeira infância , José de Almada Negreiros pouco conviveu com os pais em família.Conheceu mal a sua ascendência na árvore geneológica. Sabia do seu nascimento em S. Tomé e da sua legítima filiação.Nunca soube, porém, que a sua origem africano se radicava em Angola, pelo lado materno. Este facto consta, como elemento identificativo , no registo de nascimento da mãe e no auto de casamento dos pais, documentos que ele nunca leu.
De notar que Almada Negreiros dava muita importância á árvore geneológica. Diz ele que «a árvore geneológica, sabida ou ignorada, determina a personalidade e a vocação de cada um». Referindo-se ainda ao assunto e ao conhecimento de que da árvores geneológica podemos ter, afirma no primeiro capitulo de Nome de Guerra:«É completamente impossível conhecer inteira uma árvore geneológica; o que pode é cada um possui-la no seu carácter.A árvore geneológica não funcona como ciência. É mesmo o contrário de ciência: mistério! Um mistério que se espelha só em cada um de nós! Um verdadeiro mistério humano, que ultrapassa a sociedade e a ciência, que respira apenas ar de Arte e de Religião» (Ob.cit,2,p.17)
Nestas palavras de Almada encontramos,
talvez, a chave da explicação para um dos maiores enigmas da sua obra.
Referimo-nos ao facto de que, havendo dado, teoricamente, tanta importância à
árvore genealógica, e sabendo-se de origem africana, e conhecendo pelo menos a
sua próxima filiação, Almada Negreiros nunca tivesse, como artista
(poeta-pintor), nem sequer uma dedicatória, ou referência directa, aos seus
pais - António Lobo de Almada Negreiros e Elvira freire Sobral - à Ilha de s. Tomé
onde nasceu, à África e aos seus africanos.
Evidentemente que o facto , em Almada, não
pode atribuir-se a um desconhecimento da história e menos à
falta de sentimentos afectivos no seu espírito delicado. Por outro lado, também
não se pode admitir que fosse a dele, uma atitude premeditada e
psicologicamente recalcada. Relacionamos sim o caso com o da orfandade de
Almada Negreiros que, naturalmente, derivou nele para uma ausência do
espírito, para uma espécie de desenraizamento da História. É neste alheamento
que nos parece ver José Almada Negreiros, contemplando absorto e como que
ficando mudo, perante o «mistério» da sua origem africana. Recordemos as suas
palavras acerca da árvore genealógica. «Um mistério que se espelha só em cada
um de nós! Um mistério humano que ultrapassa a sociedade e a ciência»
Esta é uma das interessantes
conclusões que tiramos da consulta aos arquivos. Mas o
leitor, depois de ler as páginas bem documentadas que seguem, tirará
outras, talvez de mais importância ainda, como por exemplo:
- Que a Vida e a Obra de José Almada
Negreiros carece de ser totalmente revista à luz da sua naturalidade africana.
- Que os acontecimentos da primeira infância
de Almada marcaram, indelevelmente a sua psicologia e a sua educação: a
sua vida e a sua obra.
- Que á luz da história da sua vida,
podemos explicar e apreciar melhor alguns traços da figura de
Almada, quase inéditos, como é, por exemplo, em política, o seu espírito
independente e progressista. Verificamos que a sua oposição sistemática à
política portuguesa da época, nasceu nele quase instintivamente, como uma
reacção ao colonialismo africano, ao qual s viu vinculado pelo sangue: O pai
António Lobo, depois de alguns anos que passou em África, foi toda a vida um servidor
e acérrimo defensor da política colonial. Por parte da mãe, o avõ José
António freire Sobral foi um dos mas célebres colonos europeus da África
Portuguesa, no último quartel do século XIX. Diremos tudo, reparando que
o próprio José de Almada Negreiros teve por berço , em S. Tomé, a sede da roça
Saudade, protótipo da exploração colonialista.
Eis, entre outras, uma das facetas, da
riquíssima figura de Almada, que importa registar. Almada recusou-se sempre a
alinhar com o fascismo e o colonialismo. A este respeito, os Textos de
Intervenção, inseridos no volume 6 das Obras Completas, assumem maior
actualidade. Adiante recolhemos alguns excertos. Desde já chamamos atenção
para esses traços autobiográficos
António Ambrósio
Se é um admirador da obra e da personalidade do poeta e pintor Almada
Negreiros, pudendo, não deixe de ler este interessante livro de autoria de um
profundo estudioso sobre uma figura ímpar no panorama artístico português do século XX - Verdadeiro artista multifacetado (multidiscipliar) que se dedicou fundamentalmente às artes
plásticas (desenho, pintura e escultura) e à escrita, romance, poesia, ensaio e
dramaturgias, ocupando uma posição central na primeira geração de
modernistas portugueses
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