
Bom era que,
as afirmações do atual primeiro-ministro, Gabriel Costa, passassem das palavras às ações, porém, o problema, é que, a Ilha, onde ele proferiu o discurso, tem o
nome do apóstolo São Tomé – Ora, como é do conhecimento bíblico, São Tomé, um
dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, era muito cético: (…)quando ele duvida da ressurreição de Jesus e afirma que necessita sentir Suas chagas antes de se convencer. Essa passagem é a origem da expressão "Tomé, o Incrédulo" bem como de diversas tradições populares similares, tal como "Fulano é feito São Tomé: precisa ver para crer". Após ver Jesus vivo, Tomé professa sua fé em Jesus; a partir de então ele é considerado "Tomé, o Crente"
”Disse-lhe
Jesus: Creste, porque me viste? Bem-aventurados os que não viram e creram”- Bom, sem com isto querer meter colherada na política interna
de S. Tomé e Príncipe, sim, longe de me querer envolver nestas controversas,
obviamente que, as palavras dos políticos, em qualquer parte do mundo, valem o
que valem: valem o crédito que merecem e justificam as suas obras. Neste caso,
o que se sabe, é que , até agora, e já lá vão 39 anos, a
maioria das roças e das suas instalações coloniais, ficaram praticamente
irreconhecíveis. E não é crível, que, numa penada, enquanto o diabo esfrega um
olho, o cenário mude de figura.
A REALIDADE NUA E CRUA – NÃO DEIXA MARGEM PARA DÚVIDAS
Sem piedade, o país devorou os recheios das
antigas casas de Patrão das Roças, e assistiu o desmoronamento das mesmas. A
maioria delas foi apoderada por gentes nacionais que preferiram conviver com o
cenário de escombros, parecido com um lugar que sofreu bombardeamento aéreo, do
que agir no sentido da manutenção das casas, de valor arquitectónico e
histórico."
De facto, os santomenses fazem parte de um povo
pacífico incapaz de matar um cachorro à nascença, pois entendem que todos os
bichos têm direito à vida e que cabe à mãe-natureza fazer a seleção natural,
mas os políticos, de modo geral, pelo que me é dado depreender, conquanto não sejam
agressivos, são exímios na demagogia – Falam, falam, mas, pelos vistos, as
obras vão sendo adiadas para o dia de São Nunca – Neste caso, ao jeito da tradição
popular em torno do apóstolo S. Tomé
- Deixando mais dúvidas de que certezas.
Mais ceticismo de que crença. Mais desilusões de que esperanças.

“Todos recordam que as roças eram exploradas por
colonos portugueses que conseguiam melhores proveitos à custa da mão-de-obra
barata dos nossos ancestrais contratados (que de facto eram escravos, visto que
não podiam regressar aos seus países de origem). Em segundo lugar, a maioria
das roças funcionava como um autêntico feudo (Estado dentro do Estado), onde o
patrão detinha todo o poder sobre as pessoas que nele viviam, onde o poder e a
justiça da Metrópole nem do Governador na Colónia não se aplicavam. Nas roças
foram cometidas talvez as maiores injustiças da era colonial. Muita gente
defende o Marco de Fernão Dias e por vezes esquece que o nosso passado também
está marcado em cada pedra das nossas roças. Por outras palavras, cada roça é um monumento
e devia ser preservado como tal.” –17 jul. 2009 Tluquí Sun Deçu:
Porquê que nós sempre persistimos nos mesmo erros?

Palavras que subscrevo inteiramente – pois
conheci essa negra realidade. Mas também poderia estar de acordo com a sua
crítica aos erros que posteriormente se cometeram após a independência E que
são apontados no seguimento do mesmo texto: “volvidos 34 de independência,
após repetidas tentativas de viabilização falhadas com várias empresas e a
famigerada distribuição de terras, os nossos dirigentes e a maioria dos
são-tomenses ainda não perceberam que o modelo das roças é um modelo falhado.
Nós temos de reinventar as roças e adaptá-las à nossa realidade actual.” E,
pelos vistos, era justamente o que deveria ter acontecido: “Não deu os
resultados almejados, a reforma agrária não foi acompanhada da necessária
ruptura e substituição do antigo modo de produção por outro mais moderno” – É o que se conclui noutro
texto de autoria de Maria da Graça do Espírito Santo Costa.
Tenho pena que se tivessem cometido tais erros. Não
me surpreendem: são erros de um jovem país que parte em busca da sua identidade
e da sua afirmação. O colonialismo explorou a terra e o povo durante séculos e
nunca se importou em preparar quadros e apontar-lhe o rumo da sua autodeterminação.
– A Revolução de Abril, cometeu também muitos erros mas não tem propriamente
culpa, pois não fez mais do que pôr cobro a uma situação caduca e
intolerável. Mas como fazer melhor, quando a herança que se tem em mãos, é
consequência do obscurantismo e da opressão?!... Era de prever, que, um
dia, à força do Salazarismo querer tudo, nos ia deixar sem nada – Nos lançaria
para uma enorme crise social e económica e nos deixaria arruinados – Daí que
tenham sido muitos os escolhos, desde que, Portugal e os povos que subjugava,
se abriram a novos rumos na senda de uma saudável convivência, tolerância e
espírito democrático. .

Todavia fico profundamente magoado ao ver que, a pujante natureza, tomou conta das instalações das antigas roças. Há quem goste de ver as ruínas cobertas de verdura. Pessoalmente, gostaria que a natureza fosse respeitada, e também não é, nomeadamente no sul, onde as desmatações selvagens têm colocado em risco o seu equilíbrio, e que tudo quanto que foi obra do esforço humano, fosse sabiamente preservado.
É verdade que as administrações das grandes propriedades agrícolas nunca valorizaram a mão-de-obra dos forros, dos filhos da terra. É verdade que nunca foram além de capatazes, excetuando alguns mulatos, filhos dos brancos administradores ou feitores gerais. Mas ao menos que, tais antigas propriedades, fossem minimamente limpas e preservadas. E não é isso que acontece, para prejuízo do povo destas maravilhosas ilhas


"Temos 10 anos para salvar as roças de São Tomé e Príncipe - Dois arquitectos portugueses inventariaram e estudaram 122 das cerca de 150 explorações de café e cacau de São Tomé e Príncipe. O que resta do antigo império colonial português pode ser um dos eixos estruturantes do futuro deste pequeno país.

Tendo como exemplo, o estado de degradação da sede da Sociedade Agrícola Valle Flôr, a maior e mais importante das explorações de cacau e café de São Tomé e Príncipe, citado como “o mais imponente dos escombros que o império colonial português”, afirma-se que, “Se o Apocalipse aconteceu, começou aqui: edificado oitocentista a decompor-se coberto de musgo, humidade e dejectos; depois, sobre os destroços, a vida dos mais de mil são-tomenses que habitam hoje a Rio do Ouro; velhos, adultos, jovens e crianças descendentes de antigos escravos e serviçais angolanos, moçambicanos e cabo-verdianos, homens e mulheres que foram comprados e vendidos ou emigraram e que, durante o século XIX e princípio do século XX, quando São Tomé e Príncipe se tornou no maior produtor mundial de cacau, habitaram estes mesmos espaços, rodeados pelo mesmo pano de fundo de palmeiras e coqueiros
Uma imensa alameda calcetada compõe o eixo a partir do qual este mundo se organizou então e se organiza ainda hoje: na ponta mais baixa da avenida, a antiga casa senhorial, na ponta mais alta, a dominar uma colina, o susto de imponência do antigo hospital, com a enfermaria dos homens de um lado e a das mulheres do outro, ambas, hoje, ocupadas por famílias, tudo corredores vazios e portas fechadas, algumas trancadas a cadeado. A maternidade fica por detrás, depois de um pátio onde a erva nos cresce pela cintura, uma carapaça morta e esvaziada, só tecto e paredes exteriores. A antiga capela também ainda lá está, a dominar do alto as sanzalas, o complexo habitacional originalmente destinado aos trabalhadores comuns” Mais pormenores em Temos 10 anos para salvar as roças de São Tomé e Príncipe
AUTÊNTICOS FEUDOS (UM ESTADO DENTRO DE OUTRO
ESTADO), ONDE TODO O PODER SOBERANO ERA PERMITIDO – ATÉ A CHIBATADA!
MAS A MELHOR HERANÇA QUE SOBEJOU FOI NACIONALIZADA E DESTRUÍDA –

Palavras que subscrevo inteiramente – pois
conheci essa negra realidade. Mas também poderia estar de acordo com a sua
crítica aos erros que posteriormente se cometeram após a independência E que
são apontados no seguimento do mesmo texto: “volvidos 34 de independência,
após repetidas tentativas de viabilização falhadas com várias empresas e a
famigerada distribuição de terras, os nossos dirigentes e a maioria dos
são-tomenses ainda não perceberam que o modelo das roças é um modelo falhado.
Nós temos de reinventar as roças e adaptá-las à nossa realidade actual.” E,
pelos vistos, era justamente o que deveria ter acontecido: “Não deu os
resultados almejados, a reforma agrária não foi acompanhada da necessária
ruptura e substituição do antigo modo de produção por outro mais moderno” – É o que se conclui noutro
texto de autoria de Maria da Graça do Espírito Santo Costa.É verdade que as administrações das grandes propriedades agrícolas nunca valorizaram a mão-de-obra dos forros, dos filhos da terra. É verdade que nunca foram além de capatazes, excetuando alguns mulatos, filhos dos brancos administradores ou feitores gerais. Mas ao menos que, tais antigas propriedades, fossem minimamente limpas e preservadas. E não é isso que acontece, para prejuízo do povo destas maravilhosas ilhas
Daí que, ao folhear a obra dos dois arquitetos, confesso que sou mais invadido por um sentimento de tristeza de que pelo encantamento. Já não me refiro às roças onde não estive, mas onde trabalhei, - que deceção! Ver as instalações, naquele estado ruinoso! Onde nem sequer o capim é cortado, e vivem pessoas, é desleixo em demasia! Sim, pergunto: onde estão aqueles belos edifícios do Uba Budo, Ribeira Peixe ou do antiga Roça Rio do Ouro, a que foi dado o nome do herói angolano, Agostinho Neto, com aquele hospital, no topo da avenida, que quase rivalizava com o hospital da cidade! Em que estado estão agora, todas aquelas instalações, desde as antigas senzalas, chalés dos empregados, armazéns de secagem e oficinas?.... Escombros, simplesmente escombros. – E, pelos vistos, o cenário repete-se na Boa Entrada, Água Izé, e tantas outras roças que conheci - Face a essas imagens, que poderei eu confessar senão um profundo sentimento de desencanto e de angústia.
O JORNAL PÚBLICO, AO REFERIR-SE AO LIVRO, FALA DE UM CENÁRIO APOCALÍPTICO – QUE LEVARÁ 10 ANOS PARA SE SALVAR
A imagem seguinte, do lado esquerdo, extraída do livro "As Roças de São Tomé e Príncipe", era um dos mais belos edifícios coloniais - sede da Roça Uba-Budo - Veja-se o aspeto: e dizem que vivem lá algumas famílias. Na imagem, mais à frente, estou eu (1964) de costas para a face esquerda do mesmo edifício, tal como se pode ver pelas colunas - O que era e como está!... A árvore (do perfume) é que agora está gigante e na altura era pequena. Na outra ao lado, estou na sede da Roça Rio do Ouro, actual Agostinho Neto.


"Temos 10 anos para salvar as roças de São Tomé e Príncipe - Dois arquitectos portugueses inventariaram e estudaram 122 das cerca de 150 explorações de café e cacau de São Tomé e Príncipe. O que resta do antigo império colonial português pode ser um dos eixos estruturantes do futuro deste pequeno país.

Tendo como exemplo, o estado de degradação da sede da Sociedade Agrícola Valle Flôr, a maior e mais importante das explorações de cacau e café de São Tomé e Príncipe, citado como “o mais imponente dos escombros que o império colonial português”, afirma-se que, “Se o Apocalipse aconteceu, começou aqui: edificado oitocentista a decompor-se coberto de musgo, humidade e dejectos; depois, sobre os destroços, a vida dos mais de mil são-tomenses que habitam hoje a Rio do Ouro; velhos, adultos, jovens e crianças descendentes de antigos escravos e serviçais angolanos, moçambicanos e cabo-verdianos, homens e mulheres que foram comprados e vendidos ou emigraram e que, durante o século XIX e princípio do século XX, quando São Tomé e Príncipe se tornou no maior produtor mundial de cacau, habitaram estes mesmos espaços, rodeados pelo mesmo pano de fundo de palmeiras e coqueirosEm 1989, no âmbito de um Programa de Ajustamento Estrutural, imposto pelo Fundo Monetário Internacional e financiado pelo Banco Mundial, o governo são-tomense executou um programa de reforma fundiária e privatizou as 14 empresas agrícolas do país, retalhando as suas terras. As casas mantiveram-se na propriedade do Estado mas foram-se degradando.”Casas das roças de São Tomé disputadas num concurso
Outras Noticias: Ébola: São-tomenses aderiram em massa a campanha d













