(atualização)
Do poeta, escritor e jornalista, Nuno Rebocho, recebi por e-mail esta sugestão que aplaudo
inteiramente: “Espero que a Alda do Espírito Santo e a Maria Margarido também
venham a merecer a mesma distinção.”
São Tomé e Príncipe distingue Francisco José Tenreiro, um dos seus maiores poetas e escritores, com um busto frente à Biblioteca Nacional – A cerimónia decorreu ontem, Sábado e foi presidia pelo Ministro santomense da Cultura, Jorge Bom Jesus.
“A edificação do busto, segundo este governante,
é uma forma dos santomenses renderem homenagem do geógrafo e escritor que
traduziu’ a forma de pensar, expressar e viver do homem santomense’’.
"Na cerimónia que marcou, também, abertura
oficial do ‘’Festival
Gravana 2014’’ e
que conta para os próximos três anos com um patrocínio de uma operadora de
telefonia móvel instalada no país, o Ministro reconheceu que o ‘’
poeta Francisco José Tenreiro, é uma figura que tem e marca, igualmente, o
espaço da negritude e cultural da CPLP’’. Agência Noticiosa STP-PRESS
Foto Renato Sena Santos
Francisco
José Tenreiro, nasceu na Roça Boa Entrada, a 20 de Janeiro de 1921.
Fazia anos no mesmo dia do mês em que eu mais tarde nasci e faleceu na
madrugada de 31 de Dezembro de 1963, dois meses depois de eu ter
desembarcado na sua Ilha de Nome Santo. . Se
fosse vivo, teria 93 anos. Presumo que ainda vivam muitos são-tomenses com a sua idade e
lúcidos.
POENTE - Poema de Francisco José Tenreiro -Foto de Renato Sena Santos
Envolve-se
pudicamente o sol, nos lençóis do mar
e
súbito vem a noite. Muito súbito e muito rápido.
Logo
no céu de cabelos revolta a lua nasce
banhando
de sossego a cidade escaldada
donde
se evolam os fumozinhos da humanidade.
Das
mangueiras nascem morcegos de vigília:
poetas
mamíferos a quem a noite dá asas
acompanhado
de sonhos o poeta das insónias.
E
a cidade adormece para o vício e para o amor!
Os
teus seios deixaram de dar leite
e
tombaram em desalento
como
duas folhas envelhecidas.
Só
as tuas pernas engrossaram
e
os dedos cortados e lascados
se
enraizaram pela Terra
dizendo
ainda que vives.
De
resto, o teu ventre murchou
como
se tivesse sido soprado
pelo
bafo de um vulcão maldito.
De
resto, o teu coração de azeviche
mirrou
e tornou-se padecento
e
a tua pele fina, minha mãe,
ficou
rugosa e feia
como
casca de uma árvore velha.
Os
teus olhos são duas poças de água
procurando
em vão nem tu saberás o quê?
Talvez
os teus tantos filhos
paridos
desse ventre gasto e encarquilhado
e
que vão gritando pelo mundo lágrimas de sangue.
ondulando
à brisa
era
o balbuciar do teu primeiro filho.
e
a nossa primeira irmã
tinha
nos olhos duas luas negras
acendendo
a nossa alegria.
Então,
os teus seios, minha mãe,
tinham
leite escorrendo dos bicos
em
dos rios muito brancos
na
pele cor de ébano."
Ah!
Brancos, negros e mestiços
escaldaram
o teu corpo de sensações
com
o bafo de um vulcão maldito.
E
os teus seios secaram
e
o teu corpo mirrou
e
as pernas engrossaram
enraizando-se
no teu próprio corpo.
E
os teus olhos...
Os
teus olhos perderam brilho
ao
sentirem o chicote
rasgar
as carnes duras dos teus filhos.
Os
teus olhos são poços de água pálida
porque
cheiraste na velha cubata
o
odor intenso de uma aguardente qualquer.
Os
teus olhos tornaram-se vermelhos
quando
brancos, negros e mestiços instigados
pelo
álcool
pelo
chicote
pelo
ódio
se
empenharam em lutas fratricidas
e
se danaram pelo mundo.
E
a ti,
Oh!
mãe dos negros e mestiços e avó dos brancos!
ficou-se
esse jeito
de
te perderes na beira de algum caminho
e
de te sentares de cabeça pendida
cachimbando
e cuspindo para os lados.
Mas
os teus filhos não morreram, negra velha,
que
eu oiço um rio de almas reluzentes
cantando:
nós não nascemos um dia sem sol!
Que
um rio vem correndo e cantando
desde
St. Louis e Mississípi
ao
som dos quissanjes numa noite africana
às
noites longas dos cargueiros em Post-Said
à
luz nevoenta de algum botequim de cais inglês
até
onde haja um peito negro tatuado e ferido.
Conheço,
sim, o cansaço do nosso corpo.
E
se um dia não puderes mais
fecha
os olhos e encosta o ouvido à terra.
Ui!
ouvirás no ressoar de um tambor ao longe
o
canto altivo e sereno dos teus filhos.
Nós,
minha mãe
Não
nascemos um dia sem sol! - Da
obra poética de Francisco José Tenreiro, 1967
A BELEZA PROPORCIONA SENTIMENTOS DE PAZ DE AMOR E DE HARMONIA- E QUEM NASCE NAS PARADISÍACAS ILHAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, É JA MEIO CAMINHO ANDADO PARA SER-SE POETA - Mas para os que emigram é cada vez mais difícil o retorno.
O local ideal para aperfeiçoar a arte da calma”, sugere o canal de viagens da CNN. Para a CNN, São Tomé e Príncipe é um dos dez «destinos de sonho# de 2014 .
ILHAS MARAVILHOSAS - MAS CONTINUAM A SER UMA MIRAGEM À MAIORIA DAS BOLSAS
Fotos de paisagens de Renato Sena Santos
ILHAS MARAVILHOSAS - MAS CONTINUAM A SER UMA MIRAGEM À MAIORIA DAS BOLSAS
Fotos de paisagens de Renato Sena Santos
Pena é que seja o local idílico só para os turistas mais endinheirados – Os preços da hotelaria são caríssimos, contudo, a vida das famílias santomenses de baixa renda tornou-se insustentável.
- - equivalente a cerca de 40 euros, contra os 800 mil dobras
"São Tomé - «Bicabala» é o termo do crioulo são-tomense para definir a tarefa diária de cada cidadão para sobreviver no dia-a-dia, ou seja, a «lei do desenrasca». Raros são os salários que são suficientes por si mesmo para uma família"
Seja por que razão for, embora os preços fiquem muito áquem do desejável, é de saudar: "Grupo
Pestana, STP Airways e TAP promovem S. Tomé A proposta passa por
pacotes com voos e alojamento nas unidades do Grupo Pestana em S. Tomé, a
preços convidativos Mais
voos
por menos
dinheiro é o que propõem as companhias aéreas STP Airways e TAP Air Portugal» que se juntaram ao Grupo Pestana para promover S.Tomé - Pormenores
em Grupo Pestana, STP
Airways e TAP
promovem S. Tomé e ...
POR QUE RAZÃO SE PENSA UNICAMENTE NOS TURISTAS E NÃO HÁ PROMOÇÕES ESPECIAIS PARA OS SANTOMENSES DA DIÁSPORA? -SIM, DE MODO A PODEREM MATAR SAUDADES DA SUA TERRA, REGRESSAREM OU IREM AO ENCONTRO DE FAMILIARES E AMIGOS
- - equivalente a cerca de 40 euros, contra os 800 mil dobras
"São Tomé - «Bicabala» é o termo do crioulo são-tomense para definir a tarefa diária de cada cidadão para sobreviver no dia-a-dia, ou seja, a «lei do desenrasca». Raros são os salários que são suficientes por si mesmo para uma família"
«Mais voos por menos dinheiro é o que propõem as companhias aéreas STP
Airways e TAP Air Portugal» que se juntaram ao Grupo Pestana para promover S.
Tomé.
POR QUE RAZÃO SE PENSA UNICAMENTE NOS TURISTAS E NÃO HÁ PROMOÇÕES ESPECIAIS PARA OS SANTOMENSES DA DIÁSPORA? -SIM, DE MODO A PODEREM MATAR SAUDADES DA SUA TERRA, REGRESSAREM OU IREM AO ENCONTRO DE FAMILIARES E AMIGOS
De facto, viajar para São Tomé e Príncipe continua a ser mais caro que viajar para China
ou para qualquer país da América latina – E, então, para os
santomenses, que queiram “voar” para o exterior, autêntica miragem
E
quem sentir o apelo irresistível de ali voltar ou, simplesmente, for atraído
pelo seu fascínio, terá que estar atento às chamadas viagens promocionais,
através de Internet, que podem incluir ou não estadia. Todavia,
mesmo pagando apenas os voos, há outros destinos mais longínquos e mais
baratos - Por isso, é uma questão que merece aprofundada reflexão por parte das
companhias aéreas e operadores turísticos.
Pese o facto do Governo santomense ter reduzido o preço dos vistos para 20 euros, aplicado aos turistas com o objectivo de incentivar o maior fluxo, com o objetivo de . atingir a meta de 25 mil turistas e 2014, São Tomé e Príncipe: Governo aposta num número de 25 Porém, tal esforço não foi correspondido pelas duas operadoras que fazem voo regulares para estas Ilhas .
ESTEJA ATENTO ÀS PROMOÇÕES DOS VOOS CHARTERES
Os voos charteres são aqueles que lhe poderão proporcionar ofertas mais variadas e com preços mais acessíveis - Há muitas agências por onde escolher. Confronte as várias propostas, pois verificará que há diferenças substanciais - Os melhores hóteis são alugados através de agências - Se viajar sem esse cumpromisso, veja a resposta quenos deram e que pode esperar:
Reservas S. Tomé
De
acordo com o solicitado informamos que esta promoção esta validade, mas
somente acessível através de agencias de viagens em Portugal.
Sem outro assunto de momento, ficarei a sua inteira disposição.
O QUE SE DIZ DO POETA E ESCRITOR
Francisco José Tenreiro nasceu
em São Tomé e Príncipe em 1921 e faleceu em 1963, numa altura em que se
intensificava a Guerra Colonial. Geógrafo por formação, usou a poesia para
exprimir a nova África, já não a dos postais ilustrados e dos povos, plantas e
animais exóticos, mas a de um novo tempo, marcado pela fusão de culturas
nativas.
Veio para Lisboa ainda bastante novo, numa
altura em que nos Estados Unidos e na França se ouviam as novas vozes dos
intelectuais negros a reclamarem os direitos e a proclamarem a identidade dos
povos africanos. Tenreiro enquadra-se nesta corrente. Também ele viveu para
exaltar a cultura da sua terra natal, se bem que não renegando certos valores
adquiridos com a colonização. Por isso, mais do que o poeta da negritude,
assume uma postura de defesa de todas as minorias étnicas, como é visível no
poema “Negro de Todo o Mundo”. A sua poesia exalta o homem africano na
sua globalidade, ou seja, a diáspora africana que se propagou por todos os
cantos do mundo.
(...) Considerado o primeiro poeta da Negritude de língua
portuguesa, Ilha de Nome Santo é, porém, poesia eminentemente insular,
não obstante os “3 poemas soltos - Excerto de
Francisco
José Tenreiro - Lusofonia -
Francisco José Tenreiro (Francisco José de
Vasques Tenreiro) nasceu em 1921, em São Tomé e Príncipe, e faleceu em
1963, numa altura em que se intensificava a Guerra Colonial. Mestiço. Desde
muito novo em Lisboa, aqui fez todos os seus estudos. Diplomado pela Antiga
Escola Superior Colonial, colaborador do Centro de Estudos Geográficos, estudos
e investigações na Escola de Ciências Económicas e Políticas, de Londres,
Assistente de Geografia na faculdade de Letras. Depois, assumindo, novos
compromissos políticos, aceita tornar-se deputado por São Tomé e Príncipe à
Assembleia Nacional . Em 1961 doutorou-se pela Faculdade de Letras de
Lisboa e foi professor catedrático do Instituto Superior de
Ciências Sociais e Política Ultramarina. Desde cedo e ainda estudante
universitário, ao mesmo tempo que abraça o neorrealismo, desempenhou papel
activo na divulgação e doutrinação dos problemas da negritude sendo
autor do primeiro livro marcado pela negritude escrito em português: Ilha
de Nome Santo, integrado na colecção Novo Cancioneiro. Por vários jornais e
revistas, incluindo a Mensagem (CEI) tem colaboração poética, crítica e
ensaística, literária, e ainda de geografia e sociologia africana - Autor
de numerosa bibliografia africa - Excerto do
livro No Reino de Caliban, antologia panorâmica da poesia de expressão
portuguesa - Angola e Sao Tomé e Príncipe - por Manuel
Ferreira
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