Jorge Trabulo Marques - Jornalista - AFINAL, QUEM MATOU
AMILCAR CABRAL?
Culpou-se o exército
português e a PIDE, não é que vontade não falasse ao regime colonial, e, pelos
vistos, até chegou a desencadear operações nesse sentido, mas, afinal, os
maiores inimigos do fundador do PAIGC, estavam no interior das suas próprias
fileiras. E, de facto, se dúvidas existiam acerca da origem do assassinato
de Amílcar Cabral, na altura em que o atentado se deu, agora, volvidas
mais de quatro décadas, tais interrogações vieram a dissipar-se completamente.
Bastaria atentar na série de mortes fratricidas ocorridas no seio da classe
política guineense – Tal como já alguém referiu, por altura dos 40 anos sobre a
morte de Amílcar Cabral, “O pai da Guiné-Bissau não assistiria ao seu
nascimento como Nação e desde então os seus ideais têm sido muitas vezes
traídos, numa multiplicidade de mortes póstumas “ A segunda morte de Amílcar
Cabral ocorreu com o golpe de Estado em que Nino Vieira depôs o então
presidente Luís Cabral (meio-irmão de Amílcar) e pôs fim ao grande projecto de
fazer da Guiné-Bissau e de Cabo Verde um único país capaz de resistir às
pressões dos vizinhos Senegal e Guiné-Conacri. Seria a primeira de muitas mortes
póstumas. Quarenta
anos após a morte de Amílcar Cabral o que resta
MAIS LENDAS
DE QUE CERTEZAS – MAS, PARA TOMAZ MEDEIROS, O ASSASSINO TEM UM NOME
“Há muita
lenda acerca da morte de Amílcar Cabral: Amílcar não foi morto por ser bandido
ou por ser traficante de droga: Amílcar Cabral foi morto por ser um homem
politico por certas etnias que lutavam contra Amílcar Cabral – Diz Tomaz
Medeiro, em declarações à nossa reportagem, no final da cerimónia, quando
o quisemos inquerir a respeito do seu último livro "A verdadeira morte de
Amílcar Cabral - Mudar de Vida – – Livro editado em Lisboa, em 2012, no
auditório da Fundação Pro Dignitat, depois reeditado em Março de 2014 . A
citada obra não aponta nomes, deixando apenas pistas ou caminhos, mais
abertos à reflexão de que um libelo acusatório. Afirmando então: "não
vale a pena procurar assassinos, mas sim estudar a filosofia política de
Amílcar Cabral, que punha em causa os interesses das potências ocidentais, os
verdadeiros mentores da morte de Cabral" assassinado em Conacri dia 20
Janeiro de 1973, a escassos 6 meses da proclamação da independência da
Guiné-Bissau.
Entretanto, reeditado em 2014, uma análise à obra refere, que, “no centro deste trabalho está a contradição de uma política que se quer revolucionária sem assentar no proletariado”, frisando que “na Guiné, mais ainda do que em Angola ou Moçambique, era inevitável a marca de classe pequeno-burguesa no movimento. As fábricas existentes no país contavam-se pelos dedos e quase não havia trabalho assalariado no campo. A exploração colonial não tinha o rosto das grandes plantações de café ou de algodão, e sim o da manipulação dos preços da mancarra (amendoim). E esse rosto tinha contornos menos nítidos e mais difíceis de identificar “A verdadeira morte de Amílcar Cabral - Mudar de Vida –
Entretanto, reeditado em 2014, uma análise à obra refere, que, “no centro deste trabalho está a contradição de uma política que se quer revolucionária sem assentar no proletariado”, frisando que “na Guiné, mais ainda do que em Angola ou Moçambique, era inevitável a marca de classe pequeno-burguesa no movimento. As fábricas existentes no país contavam-se pelos dedos e quase não havia trabalho assalariado no campo. A exploração colonial não tinha o rosto das grandes plantações de café ou de algodão, e sim o da manipulação dos preços da mancarra (amendoim). E esse rosto tinha contornos menos nítidos e mais difíceis de identificar “A verdadeira morte de Amílcar Cabral - Mudar de Vida –
QUEM COM FERROS MATA, COM FERROS MORRE - TOMAZ MEDEIROS ACUSA NINO VIERA DE TER SIDO O MANDANTE DO ASSINIO DE AMILCAR CABRAL
Nino Vieira |
Amilcar Cabral |
Tomaz Medeiros, o poeta santomense, antigo médico e general do MPLA, no período da guerrilha, acusa Nino Vieira pelo assassínio da morte de Amílcar Cabral
De seu nome,
António Alves Tomaz Ribeiro, filho de José Tomaz Alves de Medeiros
e de Polónia Tomaz de Almeida, nasceu em S. Tomé no dia 5 de Novembro, de 1931.
Terminada a instrução primária, aos 13 anos, e, tal como a generalidade dos
santomenses, como os seus pais, não tinham possibilidades económicas,
começou a trabalhar numa barbearia, como vendedor de jornais e vendedor de
carvão, depois numa loja comercial.
Porém, nada disso lhe interessava, a sua vocação era outra: destinos ousados o aguardavam. Então os seus pais mandaram-no para Nova Lisboa, Huambo, onde fez o primeiro ciclo liceal, após o que, três anos mais tarde, parte para a capital do Império para concluir os dois anos que lhe faltavam e inscreve-se na Faculdade de Medicina -
De nada lhe valeu: como estava ligado à atividade politica, foi denunciado pela PIDE e por uma organização da extrema direita, como sendo um dos estudantes comunistas mais perigosos em Portugal, o que lhe valeu um mandato de captura – Para não ser preso, fugiu para Moscovo, onde cursa medicina, trabalha como locutor na Rádio de Moscovo, é Secretário-geral dos Estudantes Africanos na Europa, Secretário-Geral dos Estudantes Africanos na União Soviética, colaborador da Academia das Ciências e investigador numa biblioteca.
Porém, nada disso lhe interessava, a sua vocação era outra: destinos ousados o aguardavam. Então os seus pais mandaram-no para Nova Lisboa, Huambo, onde fez o primeiro ciclo liceal, após o que, três anos mais tarde, parte para a capital do Império para concluir os dois anos que lhe faltavam e inscreve-se na Faculdade de Medicina -
De nada lhe valeu: como estava ligado à atividade politica, foi denunciado pela PIDE e por uma organização da extrema direita, como sendo um dos estudantes comunistas mais perigosos em Portugal, o que lhe valeu um mandato de captura – Para não ser preso, fugiu para Moscovo, onde cursa medicina, trabalha como locutor na Rádio de Moscovo, é Secretário-geral dos Estudantes Africanos na Europa, Secretário-Geral dos Estudantes Africanos na União Soviética, colaborador da Academia das Ciências e investigador numa biblioteca.
Três anos depois
parte para Crimeia onde conclui o curso de medicina . Não sendo obrigatório o
exercício da profissão para os estrangeiros, paralelamente faz a cadeira
de latim e vários cursos de formação política: o Curso de Academia
política, o de História do Partido, de Marxismo Leninismo e o Curso de
Medicina Militar - Volta ao continente africano, a Brazzaville, onde o
MPLA tinha a sua sede. Dali parte para Cabinda onde é médico militar e dos
refugiados, professor de instrução revolucionária, tendo chegado à patente de
General – Oportunidade de alto combatente que lhe deu a possibilidade de privar
com todos os líderes históricos dos movimentos de libertação: desde
Agostinho Neto, Amilcar Cabral, Ângelo Cabral, Francisco Tenreiro,
Fernando de Sousa, Marcelino dos Santos, Eduardo Mondlane - Reconhece que
a sua relação, com S. Tomé e Príncipe, era muito estreita, porque, naquela
altura, os elementos envolvidos na guerrilha, não tinham possibilidade de
viajar, tendo ido lá apenas duas vezes mas em viagens muito curtas.
Os valores mais importantes não são as coisas mas as pessoas, disse a Embaixadora de Cuba, em Portugal, ao recordar o papel de Cuba nos movimentos de libertação do colonialismo. Cuba enviou médicos para África, para mais de 40 países – E ainda quando estes faltavam às suas populações - “As coisas boas se devem repetir e as coisas más também se devem também lembrar para que nunca mais aconteçam. Essa história de África, com Cuba, é uma história linda e recíproca”. – Por isso mesmo, a homenagem era de reconhecimento à solidariedade da revolução cubana para com a libertação e independência os países africanos, sob o domínio colonial, razão pela qual – depois da embaixadora ali proferir, também uma intervenção muito calorosa, receber um excelente quadro artístico, oferecido pela direção da Casa Internacional de STP, para que fosse entregue ao grande comandante líder histórico, Fidel Castro
Na breve entrevista que me concedeu na Casa Internacional de S. Tomé e Príncipe, acerca do debate-homenagem ao papel de Cuba nas independências e consolidação de África, ele conta-nos alguns dos passos da odisseia da sua vida, intensa, de grande generosidade, dedicação e risco – Sim, de forma muito sumária, já que a sua vida, daria muitos livros – Além dos que ele já escreveu, desde a poesia, ao romance e aos textos de intervenção
Clike para ouvir a entrevista, depois de alguns sons da música santomense
"Ir a São Tomé!... Sentir o cheiro da terra, sem poder palpá-la, sem poder vê-la!... É muito triste!... Preferia morrer!..."
"Eu sou um combatente” É assim como ainda hoje se classifica Tomaz Medeiros, autor de várias obras contra o colonialismo, de poesia e prosa em prospetos, autor do romance “O Pseudo-socialismo em Angola e uma novela, dedicada ao mesmo tema a S. Tomé e Príncipe. A sua última obra, foi publicada em 1012, com o título A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral
A impossibilidade de contemplar a luz do dia, é um drama terrível para qualquer ser humano – sobretudo para quem a perdeu na curva na vida - Mas especialmente para um poeta, e também o era, desde que cegou por completo, o antigo combatente que andou pelas densas florestas do Norte de Angola – Sim, era o drama de Tomás Medeiros, nascido em S. Tomé, em 05-11- 1931 que, além de um extraordinário escritor e poeta, era também uma das mais importantes figuras histórias, na luta de Libertação de Angola
ELE FOI GENERAL EM CABINDA - PRIVOU COM COM OS LÍDERES HISTÓRICOS DE TODOS OS MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO
Tomaz Medeiros, que a PIDE chegara a classificar como o estudante comunista mais perigoso, quando desempenhou a coordenação de estudantes africanos, uma corrente anticolonial à frente da Casa de Estudantes do Império, tendo sido obrigado a exilar-se nem Moscovo, pôde, desde esses recuados tempos, privar com as mais importantes figuras históricas dos movimentos de libertação, entre as quais as duas figuras mais emblemáticas da Guiné e de Angola, Agostinho Neto e Amílcar Cabral – Com este, nomeadamente, em diversas conferências internacionais – Oportunidade aproveitada para um diálogo, amistoso e aprofundado, entres dois grandes marxistas convictos. Medeiros, porque vinha com sólidas formação de vários cursos de marxismo na Cremeira, e, Cabral, porque era a linha que pretendia impor para uma verdadeira libertação da Guiné e Cabo Verde, sob o jugo colonial.
ANGOLA REJUBILOU COM O LEVANTAMENTO DO EMBARGO A CUBA
“Apesar dos graves problemas, com que o mundo ainda se debate, em várias paragens, há um sinal de esperança com as novas notícias”: a do “ levantamento do embargo a Cuba, que causou enorme júbilo aos angolanos”. Disse Estevão Alberto, conselheiro de imprensa, da Embaixada de Angola, em Portugal Palavras proferidas na Casa Internacional de São Tomé e Príncipe, durante um debate-homenagem ao papel de Cuba nas independências e consolidação de África, bem assim como o reconhecimento ao líder histórico Cubano Fidel Castro e ao seu povo pela atenção e dedicação à África –- Que aproveitou para recordar “aqueles que foram os grandes fundadores desta irmandade histórica, entre Angola e Cuba, Agostinho Neto e o comandante Fidel castro, que muito fizeram para que Angola e Cuba, fossem países amigos, países irmãos, frisando que é para nós, também, gratificante saber que estas figuras são sempre lembradas quando se fala da história de Angola, porque, na verdade, são os pais da irmandade e cooperação bilateral entre os dois povos
Este evento contou com as presenças da Embaixadora de África de Sul Matthews, Embaixadora de Argelia Fatiha, Embaixadora da Venezuela, Katiusca, 1º Secretária da Embaixada da Venezuela, Katiuska, Embaixadora de Cuba, Johana, pela Embaixadora da Guine Bissau Carlos Balde. Por Estevão Alberto que esteve em representação do seu embaixador de Angola – E ainda por representantes de Timo-Leste, de Moçambique e Frente Polisário. S.Tomé e Príncipe, representando, em nome da sociedade civil, pela figura do herói nacional de Angola Tomaz Medeiros, nascido em S. Tomé mas cuja vida, a partir dos 13 anos, haveria de ficar fortemente ligada ao MPLA, onde chegou ao posto de general. Uma curta intervenção emocionada, muito aplaudida pela assistência e distinguida com um forte abraço pela embaixadora cubana, ali presente,
Os valores mais importantes não são as coisas mas as pessoas, disse a Embaixadora de Cuba, em Portugal, ao recordar o papel de Cuba nos movimentos de libertação do colonialismo. Cuba enviou médicos para África, para mais de 40 países – E ainda quando estes faltavam às suas populações - “As coisas boas se devem repetir e as coisas más também se devem também lembrar para que nunca mais aconteçam. Essa história de África, com Cuba, é uma história linda e recíproca”. – Por isso mesmo, a homenagem era de reconhecimento à solidariedade da revolução cubana para com a libertação e independência os países africanos, sob o domínio colonial, razão pela qual – depois da embaixadora ali proferir, também uma intervenção muito calorosa, receber um excelente quadro artístico, oferecido pela direção da Casa Internacional de STP, para que fosse entregue ao grande comandante líder histórico, Fidel Castro
Entretanto, recebi de Nuno Rebocho – jornalista, escritor,
poeta, organizador de vários eventos de poesia, atualmente a viver em Cabo
verde, que me transmitiu a seguinte opinião: Meu
caro, esta tese corresponde ao que eu, em grande parte, penso. É preciso ver
como a destrinça de classes no seio do PAIGC determinou tudo isso (os
cabo-verdianos, mais cultos, iam para a liderança ou para as universidades do
Leste, enquanto os guineenses iam puxar o gatilho; o crioulo - de origem
cabo-verdiana - era uma espécie de "esperanto", ou
"minderico", para as muitas etnias se entenderem sem o portuga
perceber, etc). Há toda uma série de factos que apontam nesse sentido. Essa
história de Amilcar ter sido morto pela PIDE é um mito que não resiste às
análises e não acreditei nela desde o início. Lembro-me que, então, preso em
Peniche discuti largamente o assunto com o Francisco Martins Rodrigues...
Um
abraço
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