Olinda Beja é, sem dúvida alguma, uma das mais espantosas musas
do firmamento poético de São Tomé e Príncipe, nascida lá nas bandas do meio do
mundo, onde se avista o cruzeiro do Sul – Toda a sua poesia é como que a expressão genuína das raízes da maravilhosa e luxuriante
Ilha que a viu nascer. Do mar, da terra e dos seus frutos e flores - sabores e perfumes. Ela é tudo isso! A expressão poética das Ilhas e das suas gentes. Com
a genial e rara inspiração de dizer os seus poemas, com a mesma musicalidade
calorosa da voz do seu povo e, simultaneamente, nos revelar a beleza envolvente de um verdadeiro paraíso
terreal - Naturalmente, com os seus espantos, cores, alegrias, ansiedades e sofrimentos – E, estes, muitos foram ao
longo de séculos. Por isso mesmo, é das raras poetas que tem o condão de dizer
o que escreve, tal como o sentiu no instante da sua criação: não só recita,
declama mas canta! – Não sei se haverá, entre os poetas da língua portuguesa,
pessoa capaz de nos proporcionar momentos de tão rara e intensa beleza poética e deslumbrante sensibilidade
interpretativa, como são os oferecidos por Olinda Beja. É o que se pode dizer um espetáculo musical e poético, ao vivo, que não cansa, não enfada, contrariamente a muitas destas sessões. Pois é das tais récitas poéticas, que prende e emudece de encanto a assistência, arrebata e faz levantar em apoteóticos aplausos, quem a ouve. – Sim, porque, a par dos seus extraordinários dotes poéticos e artísticos, também costuma fazer-se acompanhar de um outro talento musical – De Filipe Santo, que, dedilhando, artisticamente, os melhores sons do africanismo são-tomense, lhe empresta ainda mais redobrado sentimento e fulgor. – Foi justamente esse fino repasto musical e poético que mais uma vez pudemos presenciar e do qual tenho o prazer de aqui editar algumas imagens, palavras e vídeos
OLINDA
BEJA – CONVIDADA ESPECIAL NA CELEBRAÇÃO DOS 8 SÉCULOS DA LÍNGUA PORTUGUESA
OPORTUNIDADE
PARA RECORDAR POETAS E ESCRITORES PORTUGUESES
Olinda Beja, não apenas declamou e cantou poemas de sua autoria, como aproveitou para recordar alguns nomes da literatura santomense, tanto poetas (que declamou) como dos escritores mais distintos
Estas
comemorações, tiveram inicio
no dia 5 de maio de 1914, estando o encerramento previsto para o dia 10 de Junho próximo, numa
homenagem a Camões e à literatura em língua portuguesa

Além de contarem com a participação de convidados especiais, assumem carácter de tertúlia, visto serem abertas ao público presente, que foi o que também sucedeu nesta sessão, com a intervenção de algumas
pessoas que ali se encontravam - Designadamente por parte de Maria José Maya, coordenadora destes eventos e presidente Associação da “8 Séculos de Língua
Portuguesa. E ainda por Francisco Queiroz, da Associação Infante D. Henrique, além da invisual Mercedes Mano, que leu em braille o Poema: Para Sempre - Carlos Drummond de Andrade. e por mais duas autoras, cujo nome não nos ocorre.
De
seu nome Mercedes Martins Mano, cega de nascença, nunca viu a luz do dia mas gosta
de sentir a luz da mais bela poesia em braille, de que foi já professora. É uma
habitual frequentadora e participante da leitura de poemas das tertúlias organizadas
pela “Associação 8 séculos de Língua
Portuguesa – Foi justamente o que fez ao escolher o poema “Para sempre de
Carlos Drummond Andrade, na sessão que teve lugar, ao fim da tarde do dia 28 de
Abril, na Casa Fernando Pessoa, dedicada a S. Tomé e Príncipe, inserida no
âmbito das comemorações dos 8 séculos de
língua Portuguesa, que teve como convidada especial Olinda Beja

Lauro
Barbosa da Silva Moreira - Antigo Embaixador brasileiro do CPLP - foi uma das presenças desta tertúlia
poética. Mostrou-se, vivamente impressionado
pelo recital de Olinda Beja, que classificou com um dos mais belos que pôde presenciar.
Disse, que, em 1997, laçou um CD no Brasil
com os poetas da língua portuguesa, no qual incluiu um poema de Caetano da Costa Alegre, lembrando
que, a primeira vez que foi a S. Tomé, numa entrevista que deu a uma estação de
Rádio, ofereceu um desses CD à pessoa que dirigia a rádio, a qual lhe confessou
ter ficado surpreendidíssima por no
Brasil se tivesse gravado um poeta do século IXX de S. Tomé e Príncipe.
Noutra
das visitas que efetuou a estas ilhas teve o prazer de encontrar-se com Alda da
Graça Espírito Santo, que o recebeu em sua casa e da qual recordou momentos
de convívio que ali viveu, tendo aproveitado para declamar um dos seus poemas - "Em torno da minha terra"
COMO
SURGIU A IDEIA DESTAS TERTÚLIAS POÉTICAS:
Numa
entrevista, concedida por Maria José Maya, à revista ESTANTE, a promotora desta
iniciativa, explica como lhe surgiu a ideia das comemorações dos 8
séculos de Língua Portuguesa:

"Olinda
Beja nasceu em Guadalupe, S. Tomé e Príncipe .Criança ainda deixou as ilhas e
passou a viver do outro lado do mar, em terras frias e alcantiladas da Beira
Alta. Um dia resolveu voltar às suas raízes maternas. Chamou-a o som do ossobô,
os rios caudalosos, o canto das aves exóticas, a voz de Sam Lábica, sua mãe…
Derramou então a sua vida dupla entre mar e montanha, Europa/África, em
palavras poéticas, fundas, sentidas, em páginas de livros por onde vai
mitigando uma sede antiga...
As
suas obras têm sido objeto de estudo em várias universidades nomeadamente no
Brasil, Inglaterra, Alemanha, França, África do Sul e nas escolas portuguesas
da Suiça e do Luxemburgo onde, como leitura integral, foram adotadas as
seguintes obras “15 Dias de Regresso”(Romance) e “Pé-de-Perfume”
(Contos). Foi convidada para levar “Um Grão de Café” ao Festival
das Migrações e Culturas ”(13, 14 e 15 de março) no Luxemburgo seguindo daí
para Cabo Verde.
O
seu livro de contos “Histórias da Gravana” - foi
nomeado, entre os finalistas, para o grande Prémio Literário PT 2012..Editora Edições Esgotadas - Olinda Beja
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