Jorge Trabulo Marques - Jornalista (e alpinista nos anos 70)
Top do Alpinismo em Portugal, Arrábida anos 70 – Recordado na Associação Desnível, em Cascais
Top do Alpinismo em Portugal, Arrábida anos 70 – Recordado na Associação Desnível, em Cascais
Foi tema de uma interessante palestra por Paulo Alves, o ideólogo e coordenador da primeira “big wall” portuguesa, batizada Via Alampa, situada por cima do Fojo dos Morcegos - Mas também pretexto de um caloroso convívio, com os amantes da mais nobre, arrojada e difícil modalidade desportiva, que responderam ao convite lançado pela Associação Desnível, na Casa da Gruta, em Cascais – Trata-se, sem dúvida, de um feito notável, nos pergaminhos da história do alpinismo em Portugal. Muitos fins de semana de investimento - Em que a técnica mais avançada que havia na Europa, começava da dar os seus passos em Portugal.
A conquista da via Alampa da Arrábida, nome pela qual
passou a ser conhecida pelos seus escaladores Al ( de Al)exandre
Lugtenburg de Garcia); am (de Am)orim –
José Amorim); pa (de Pa)ulo Alves), sim, estes os heróicos alpinistas
portugueses, que lograram escalar uma vereda de 200 metros, de grau de
dificuldade elevadíssimo, ao cabo de sucessivas tentativas, que se arrastaram, entre maio de 1974 e junho de
1979, num tempo em que, o equipamento técnico, longe ainda de atingir o avanço
dos dias de hoje – E, então, ainda muito aquém dos recursos técnicos que
existiam nos países da Europa, onde esta prática desportiva, já havia partido à
descoberta do cume do Evereste e de outros gigantes dos Himalaias
.
ESCALADA, UMA LOUCURA
CALCULADA
“Uma comunhão com os nossos
parceiros e com a Natureza”; “o espírito
de aventura, o contacto com a Natureza, a camaradagem – E sobretudo a aventura!
– Feita de pequenas progressões, de várias tentativas, refere José Amorim - Mas de uma loucura calculada, diz Paulo
Alves -
Geólogo,
desde 1972, alpinista e monitor de escalada desde 1972, membro da direção da
ADA Desníve, o orador da palestra, que, ao longo de mais de uma hora, foi
recordando, não apenas a escalada da famosa Vila Alampa, na Arrábidas, como
também outros arrojados desafios, tanto em Portugal, como no estrangeiro – Além
das palavras, muitas imagens a documentar momentos, verdadeiramente épicos e empolgantes
Primeiro
começou por ser conduzido pela sedução “daquele mar fantástico”, junto à vertigem
das arribas, depois veio o apelo ao
desafio, a tentação de escalar as íngremes veredas . "Desde 71 que ficou aquele bichinho…" Impressionado pelas façanhas e pela "história daquela malta lá fora...ficou aquela ideia
de um hipotético projeto” – De tal modo ambicioso
para os meios disponíveis na época que a abertura da via, com mais de 200
metros, se arrastou entre maio de 1974 e junho de 1979.
Paulo
Alves, viajou para o estrangeiro, de comboio, através dos
bilhetes económicos, que eram proporcionados naquela altura, em viagens por vários países, participou em
cursos de alpinismo, com bons mestres e “passou a saber como é que são as coisas
lá fora”, juntamente com equipas nas grandes escaladas.
E não se pense que é nas
mais altas montanhas da terra, que residem as maiores dificuldades da escalada – Mas
nas grandes paredes vertais, com os seus tetos, que mais lembram palas
fantásticas, que exigem muita agilidade, perícia e muita coragem, nervos de aço e uma serenidade,
a toda a prova, dos praticantes da modalidade – Quantas vezes, em desafios
solitários ou em pequenas equipas, num verdadeiro taco a taco, com as adversidades
impostas pela Natureza, mas, precisamente por isso, porque, quanto mais esta lhes dificulta a escalada ao seu cume, a ascensão, ao trono dos deuses, maior é o entusiasmo, a persistência e a paixão pela conquista da íngreme vereda, da vertiginosa
agulha ou do afilado cume da mais perigosa e inacessível
montanha.
Neste vídeo, gravado já quase sobre os cumprimentos de despedida, além de outros registos circunstanciais, incisivamente de Paulo Alves, José Amorim, apresentamos as as declarações de Rogério Paulo, Presidente da Associação de Desportos de Aventura Desnível, que sublinha a importância desta palestra, tal como a anterior, no passado dia 25, sobre a conquista do Cão Grande, e outras que ainda se projetam realizar, como oportunidade para o registo do acervo histórico das escaladas que marcaram um período áureo dos alpinistas portugueses.
AS PRINCIPAIS VIAS DE ESCALADAS, EM
PORTUGAL
“O Penedo da Amizade, assim denominado por
se encontrar dentro dos terrenos de uma antiga quinta com o mesmo nome, é uma
enorme parede de granito que sobressai da paisagem verdejante, ponteada por
blocos rochosos, quando se olha para o Castelo dos Mouros, da Vila Velha de
Sintra.
Este local, bem conhecido dos amantes da
escalada, proporciona uma excepcional vista sobre a Vila Velha e os seus
monumentos, a encosta Norte da serra e o Atlântico.” Penedo da Amizade [Sintra] –
“Na região Norte do país destacam-se os
picos de granito do Parque Nacional da Peneda-Gerês, um local de referência
para qualquer alpinista. No entanto, há mais
As
falésias de xisto em Nossa Senhora do Salto, a leste do Porto; O afloramento de granito de Cántaro Magro
(500 m) na Serra da Estrela;
Penhascos de calcário de Reguengo do Fetal, perto de Fátima; Paredes de rocha de Penedo da Amizade, perto do Castelo dos Mouros de Sintra; Rocha
da Pena no Algarve.” Alpinismo e escalada em Portugal
Alpinismo
"O termo "montanhismo" – diz a Federação
de Campismo e Montanismo de Portugal, é utilizado para designar a actividade
que consiste na escalada/ascensão de montanhas. O acto de subir montanhas
remonta às origens do Homem mas é usual considerar que o montanhismo começa a ser
praticado com as primeiras ascensões sistemáticas nos Alpes (séc. XVIII)
confundindo-se com a própria origem do alpinismo. Apesar dos termos montanhismo
e alpinismo, na verdade, significarem exactamente o mesmo, podemos considerar
que esses termos se referem a actividades com motivações semelhantes mas
praticadas em ambientes algo distintos. Desta forma, considerar-se-á que o
montanhismo se pratica em meios de baixa e média montanha e que o alpinismo se
restringe a regiões de alta montanha. Para sermos mais exactos, podemos referir
que o alpinismo se pratica em ambientes que exijam aclimatação (portanto em
alta montanha) e/ou onde existam glaciares (em alta montanha ou em altas
latitudes). A actividade de escalar e/ou ascender altas montanhas ou efectuar
travessias em áreas de alta montanha (ou altas latitudes) é, no contexto
explanado, frequentemente designada por "alpinismo".
A conquista dos mais altos cumes
desenvolveu-se paralelamente nos Pirenéus (originando o pireneismo) e,
posteriormente, estendeu-se aos Himalaias (dando origem ao himalaismo), aos
Andes (criando o andinismo) e às mais altas montanhas dos diversos continentes.
O objectivo do alpinismo (e do
montanhismo) centra-se, pois, no cume. Atingir o ponto culminante de uma
determinada montanha ou o topo de uma parede (ou falésia). Para tal, é
frequente recorrer a técnicas de escalada, daí confundir-se intimamente com
essa actividade que não é mais do que uma das suas disciplinas base, a par da
marcha, esqui ou campismo/bivaque de montanha. O montanhismo (e o alpinismo por
maioria de razões) diferencia-se do pedestrianismo pela sua dificuldade
acrescida e diferença notória de objectivos. Ao contrário do pedestrianismo, o
alpinismo (tal como o montanhismo) pode-se praticar fora de trilhos ou caminhos
e em ambientes verticais onde é necessário utilizar técnicas e equipamentos de
escalada. E, como já foi expresso, o montanhismo poder-se-á diferenciar do
alpinismo, que implica geralmente maiores dificuldades, por estar associado a
alta montanha, ou seja, terrenos glaciares e/ou altitudes que obriguem a
aclimatação. Alpinismo - FCMP -
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