ACORDO ORTOGRÁFICO - DE NOVO NO BAILADO
DAS CONSOANTES E DAS VOGAIS E DOS ÂNIMOS AZEDOS –
Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Informação e análise
Um
acordo não é a imposição de uma das partes mas a concordância dos vários pontos
de vista e isto já foi amplamente discutido e observado, há 27 anos, em 1990 e anos seguintes - Querem empatar ainda mais tempo?
Estava longe de imaginar que o acordo ortográfico tocasse tão profundamente os sentimentos pessoais Talvez o facto de ter vivido 12 anos em S. Tomé (África) me tivesse dado algum distanciamento sobre a forma de encarar esta questão. Mesmo ainda no tempo em que o regime vigente persistia na teimosia de ser colonialista. – E porquê? Porque me habituei a olhar para Portugal, não como um império colonial mas como uma parcela de uma certa lusofonia ou lusitanidade. Não no sentido intrinsecamente nacionalista mas universalista. Em que, Portugal – para cumprir eficazmente o seu destino, tal como diz a canção – longe de acalentar preconceitos coloniais, mas de humildemente reconhecer as suas fraquezas e as suas virtudes e não arvorar-se o campeão da língua portuguesa.
De volta e meia, aí temos as carpideiras e carpideiros do costume com os seus preconceitos linguísticos, resquícios do tempo colonial ou quiça consequência de alguns recalcamentos xenófobos “O assunto voltou à ordem do dia com alguns representantes da Academia de Ciências a defenderem mudanças no atual acordo. Pais e professores preferem que fique tudo como está.” Pais e professores contra alterações no Acordo Ortográfico - TSF– Pessoalmente, congratulo-me com esta posição
A Academia das Ciências de Lisboa (ACL),
onde o conservadorismo, desde o Salazarismo, sempre fez escola, pelos
vistos, não quer um acordo ortográfico com os demais países de expressão
portuguesa, mas um acordo à medida da mentalidade do antigo império
colonial - do orgulhosamente sós: e vai de propor que se rasgue o
trabalho feito em 1990, amplamente discutido e aprovado e se volte à estaca zero, propondo umas quantas alterações
– Posição essa que já foi interpretada, não propriamente como o
contributo de “um trabalho sério” mas “uma brincadeira com as
palavras da nossa língua”. Academia de Ciências de Lisboa brinca com o acordo
ortográfico
Não
venho aqui, propriamente alongar-me com a polémica, pois a minha opção, há
muito está tomada: como tenho por há hábito estender-me nos meus textos,
gostaria de poupar energias e não ter que premir, no teclado do meu
computador, algumas letras absolutamente desnecessárias. Sou português, nado e
criado numa portuguesíssima aldeia da chamada beira transmontana, mas gostaria
de aproveitar a atualidade do tema para lembrar, aos nossos deputados, eruditos e governantes, que, não só os mirandeses, têm o direito a oficializar o seu
dialeto, há que criar tantos dicionários, como quantas as especificidades
linguísticas do nosso país – sobretudo, não esquecer de reforçar o nome de
Viseu, com duplo ss, de outro modo seria um atentado à memória do corajoso
pastor dos Montes Hermínios, já por si ultrajada por há muito se ter esquecido
e renegado o seu dialeto - Isto para já não falar das diversas metamorfoses linguísticas que sofreram os versos de Camões ou de Pessoa.
Pois há que reconhecer que, sem o contributo do português falado pelas antigas
colónias, o que era, afinal, a nossa língua?!...Naturalmente que menos
enriquecida e conhecida mundialmente. Ora, se se pretende algum
entendimento em termos de ortografia, é indispensável que haja
consensos de parte a parte – E, pelos vistos, fica-se com a impressão, a
avaliar pelas paixões desencadeadas, de que os demais países de expressão
portuguesa é que têm que submeter -se aos nossos caprichos linguísticos ou
nacionalistas
.
Pessoalmente, vejo muitas vantagens em nos aproximarmos
do povo irmão brasileiro. O português falado por uma população de 200 milhões
evolui muito mais de que ser por 10 mil. Os brasileiros são por natureza mais
expansivos e alegres - basta viverem num país tropical. Até na vocalização das
palavras. De forma mais aberta e quase soletrada. Enquanto o nosso falar tende
a ser mais fechado, não é tão sonante. Daí eles próprios não nos entenderem e
chegarem a dobrar os nossos filmes ou telenovelas. A língua não é
estática, evolui, sofre as naturais alterações. E eu creio que só temos a
ganhar se nos unirmos à grande nação brasileira. Pois, se assim não for, se não
houver um acordo, não tarda que o Brasil se distancie de nós e
declare o brasileiro como a sua língua - E depois que importância temos nós, em
termos linguísticos no contexto cultural, económico e linguístico das
nações? - Vamos ficar com o nosso orgulho? - Orgulhosamente sós?!..
01/01/2016 Novo acordo ortográfico é obrigatório a partir de hoje no
Brasil… 23/01/2017 - SIC Notícias | Manifesto contra Acordo Ortográfico diz que
novo … SPA não adopta o novo acordo ortográfico perante as
posições Fev. 2017 Governo rejeita
rever o Acordo Ortográfico - Diário de Notícia
É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a língua, já que uma língua não existe apenas em função de sua ortografia. Vale lembrar que a ortografia é apenas um aspecto superficial da escrita da língua, e que as diferenças entre o Português falado nos diversos países lusófonos subsistirão em questões referentes à pronúncia, vocabulário e gramática. Uma língua muda em função de seus falantes e do tempo, não por meio de Leis ou Acordos. Novo Acordo Ortográfico Descomplicado
Para a maioria dos
alunos do 1º ciclo do ensino básico, estranho é escrever “Egito” ou “ótimo” com
a letra “p” – Escrevia, ontem, o DN, sob o título “Acordo ortográfico é realidade nas
escolas desde 2011/2012” – Este diário, que adotou o acordo com o Globo) refere
que “no que
respeita ao sistema educativo, o acordo Ortográfico há muito que deixou de ser
uma questão em aberto. Nas escolas, a nova grafia é aplicada desde 2011/12. Ou
seja: há dois anos letivos e meio, sendo que para muitos alunos é já a única
forma de escrever em português que conhecem”
ACORDO NÃO É RECEBIDO PACIFICAMENTE: GERA GRANDES PAIXÕES – MAS NÃO SERÁ PELA VIA DOS PRECONCEITOS E DAS CONTRADIÇÕES QUE A LÍNGUA PORTUGUESA PODERÁ CUMPRIR O SEU IDEAL E TORNAR-SE UM IMENSO PORTUGAL
Pois assim não entendem alguns puristas da língua
portuguesa, bem como uns quantos deputados, que se desunham em fazer marcha
atrás – Recusando aceitar algumas normas simplificadoras, já aprovadas pelos
países da lusofonia, no Governo de Cavaco Silva, como se um tal
instrumento pudesse constituir algum atentado linguístico - Vendo, porventura,
em tal acordo, algum insulto que o portuga, passe a usar alguns aspetos
da mesma ortografia do brasuca.
Nós, do continente, mais os madeirenses e os açorianos, sim, estima-se que sejamos aí uns 10 632 482 falantes, nada que se compare aos 200 milhões de habitantes no Brasil, calculados em 2013 todavia, assiste-nos o pleno direito de sermos óptimistas e extraordinariamente activos, com o “p” reforçado, poucos mas orgulhosamente sós, tal como profetizava o botas: Orgulhosamente Sós"
AS PALAVRAS SAEM DA BOCA E TAMBÉM SE COMEM
Sim, é verdade, as palavras
também se comem: há palavras amorosas, gostosas ou odiosas - Por
isso, há, também, muito quem goste de enrolar todas as vogais e consoantes no
céu de boca como quem chupa um gelado de chocolate. Por mim, prefiro soltá-las
e escrevê-las livremente a ter que enrolá-las com todos os adornos
desnecessários
Ecos:Acordo ortográfico - o debate exagerado…Expresso poupa letras e adota acordo ortográfico - Expresso.pt
PESSOA, TAL COMO PENSAVA E ESCREVIA NO SEU TEMPO
“Faz por agir como os outros e pensar differentemente d’elles. Não cuides que há relação entre agir e pensar. Ha opposição. Os maiores homens de acção teem sido perfeitos animaes de intelligência. Os ousados pensadores teem sido incapazes de um gesto ousado ou de um passo fóra do passeio” – Fernando Pessoa.
“Faz por agir como os outros e pensar differentemente d’elles. Não cuides que há relação entre agir e pensar. Ha opposição. Os maiores homens de acção teem sido perfeitos animaes de intelligência. Os ousados pensadores teem sido incapazes de um gesto ousado ou de um passo fóra do passeio” – Fernando Pessoa.
“Quantos géneros de ficções há?” – Perguntava e respondia, Fernando Pessoa - “as que formam a religião e metaphysica, as que formam a moral e os costumes e as que formam a esthética”
…”os maiores poetas da humanidade são também os mais humanos, e porque são os mais humanos são os maus universaes
Sucede, porém, que quanto mais nos approximamos da universalidade mais nos afastamos da particularidade. O poeta que, no seu tempo, mais se approxime da universalidade humana, é, por isso mesmo, o que mais se afasta do espírito d’esse seu tempo, a não ser que nelle haja elementos acessórios que, por si, o approximem do tempo me que vive. Shakespeare, o mais humano e universal dos poetas, não foi comprehendido no seu tempo senão como creador de figuras cómicas.(…)
Resulta de aqui que, quanto maior é o poeta, menos será comprehendido no seu tempo, ou, pelo menos, na sua geração.
A bem da nossa ”civilização christã”
“A fé que originariamente expandimos foi, não a christã em geral , mas a catholica em particular. Desde logo se deve concluir que a expansão do catholicismo continua a ser uma das nossas missões imperiais.
Sucede, porém, que nem nas circumstancias geraes da Europa, nem nas nossas em particular, são as mesmas do que quando fizemos, e sobretudo quando iniciámos, os nossos descobrimentos e conquistas. Naquelle tempo , primeiro na generalidade da Europa, depois na particularidade , não só nossa mas da maioria dos paizes, catholiscismo e chistianismo estavam consubstanciados , e com elles consubstanciada a rêde de actividades a que chamamos civilização. Uma missão civilizacional podia pois considerar-se como naturalmente incluente (incluindo) uma dilatação do catholicismo.
EPITAPHIO
Christãos! Aqui já no pó da sepultura
Uma jovem filha da melancholia
O seu viver foi repleto de amargura
Seu rir foi pranto, dor sua alegria.
Quando eu me sento á janela
Pelo vidros qu’a neve embassa
Julgo ver imagem d’ella
Que já não passa, não passa.
OS ENIGMAS DO UNIVERSO – POR ERNTESTO HAERCHEL - Excertos extraídos diretamente do livro, traduzido para a língua portuguesa em 1926
Escrevia Ernst Haeckel , (traduzido no linguarejar do seu tempo), que a “A origem e a primeira apparição do individuo humano tanto o corpo como a alma – passavam ainda, no começo do século XIX, por ser segredos absolutos. (….) Mas a physicologia de então, desviava decididamente estes dados empíricos, que se podiam immediatamente demonstrar com a ajuda do microscópio- e atinha-se firmemente ao dogma tradicional da preformação embryonária
(…) Leibnitz aplicou muito logicamente a esta teoria do encaixe á alma humana; denegou-lhe um desenvolvimento verdadeiro.(…) Assim eu pretendo que as almas, que hão de vir a ser um dia alma, estavam presentes no esperma, assim como as de outras espécies; que ellas existiram sempre, sob a forma de corpos organisados, nos antepassados até Adão, isto é desde o começo das coisas”. Idéas analogas persistiram , tanto na biologia como na philosophia, até por 1830, epocha em que a reforma da embryologia por Baer lhes deu o golpe mortal. Mas no domínio da psychologia souberam manter-se, mesmo até aos nossos dias, não representam senão um grupo d’essas numerosas e estranhas idéas mysticas que ainda hoje se encontram na ontogenia da alma.
MYTHOLOGIA DA ORIGEM DA ALMA – As informações precisas que adquirimos n’nestes últimos anos pela ethnologia comparada , relativamente á maneira como se formaram os diversos mythos nos antigos povos civilisados e nos povos primitivos actuaes, são também de um grande interesse para a psichogenia
(…) enviamos os leitores para a excellente obra de A. Svoboda: as formas da crença (1887). Do ponto de visto do seu contheudo scientifico ou poético, os mythos psychogeneticos pódem ser classificados, de maneira seguinte, em cinco grupos: 1 Mytho da metempsychose: a alma existia antes no corpo d’um outro animal e não faz senão passa d’este para o corpo do homem; os sacerdotes egypceios, por exemplo, affirmavam que a alma depois da morte do corpo, errava atravez de todas as especies animaes e, depois de três mil annos, reentrava num corpo humano.
(…) enviamos os leitores para a excellente obra de A. Svoboda: as formas da crença (1887). Do ponto de visto do seu contheudo scientifico ou poético, os mythos psychogeneticos pódem ser classificados, de maneira seguinte, em cinco grupos: 1 Mytho da metempsychose: a alma existia antes no corpo d’um outro animal e não faz senão passa d’este para o corpo do homem; os sacerdotes egypceios, por exemplo, affirmavam que a alma depois da morte do corpo, errava atravez de todas as especies animaes e, depois de três mil annos, reentrava num corpo humano.
(…) O germen feminino, o óvulo, e o crepusculo fecundante masculino, o espermatozoide , são simples cellulas . Estas cellulas vivas poussuem uma somma de propriedades physiologicas que reunimos sob o termo d´alma cellular .
(…) Quando duas especies de cellulas, em consequencia da cópula , veem a encontrar-se, ou quando são postas em contacto por uma fecundação artificial (por exemplo nos peixes) attrahem-se reciprocamente e abraçam-se estreitamente. A causa d’esta attracção cellular é de natureza chimica … _ Excertos do livro “ENGMAS DO UNIVERSO” de Ernesto Haeckel
A
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