Luís de
Raziel - Na dupla personagem de Rasputin II , o Místico - Esta história é complementada
em http://www.vida-e-tempos.com/2011/03/romance-no-sheraton-lisboa-hotel-e-fuga.html
REENCARNANDO A PERSONAGEM DE RASPUSTIN - Uma das figuras mais enigmáticas do último imperador da dinastia Romanov
O
maior milagre de Deus é a existência da vida sob as mais diversas formas, espécies e
cores – Mas os seus mistérios são praticamente insondáveis, obedecem a leis
imutáveis. Mas compete aos seres humanos procurar decifrá-los.E múltiplas são
as vias ou os caminhos. Importa seguir um deles. Ou experimentar vários mas nunca se deixar perder em nenhum deles. Sendo mais
amante da natureza, por esta espelhar a imagem mais fiel do Divino, todavia, na
minha vida, os acasos quiseram que experimentasse outras vidas -
Sim, o termo bruxaria é apenas uma das muitas vias de interpretar o sobrenatural e de o sublimar - Pelos vistos, foi em boa parte esta a experiência que conheci - Não é nem negar Deus (positivo) nem clamar pelo negativo, a que chamam de Diabo: tudo no Universo obedece a leis imutáveis - Pelo menos em quanto não se der o epílogo.
REENCARNANDO A PERSONAGEM DE RASPUSTIN - Uma das figuras mais enigmáticas do último imperador da dinastia Romanov
Exorcismos -Luís de Raziel na pele de Rasputin II - O místico |
RASPUTINI I |
Sim, o termo bruxaria é apenas uma das muitas vias de interpretar o sobrenatural e de o sublimar - Pelos vistos, foi em boa parte esta a experiência que conheci - Não é nem negar Deus (positivo) nem clamar pelo negativo, a que chamam de Diabo: tudo no Universo obedece a leis imutáveis - Pelo menos em quanto não se der o epílogo.
NA PERSONAGEM
DE RASPUTIN – II O MÍSTICO - RECORDANDO DIAS SOLTOS, FELIZES E AMOROSOS – Com francesas, russas, portuguesas
e africanas -
Para harmonizar impulsos
descontrolados ou frustrados de damas, marquesas, burguesas, divorciadas
e
solteironas, tias de Lisboa, Cascais e do Estoril, donas de casa ou sem
profissão definida, algumas candidatas a pintoras, outras lésbicas,
depiladoras e, até, uma delas, com tendências de suicídio - Bem me
esforcei, dormindo com ela numa enorme cama, em que não estava
habituado(ela queria que fosse com ela e o empregado, recusei a três)
mas mesmo tendo-a acarinhado nos meus braços, não evitei esse triste
desenlace; os
filhos do Marquês, que enviuvara (com Roças em S. Tomé) detestavam-na,
pois fora a criada da casa, faziam-lhe a vida negra por ter-se feito ao
pai - Entristeceu-me quando soube da noticia, que li nos jornais.
Era do signo Virgem, mesmo sofrendo imenso era afável e comunicativa - Se a memória não me atraiçoa, atirou-se pela janela; teve morte horrenda - E, afinal, em casa, ate podia ter encontrado um desfecho mais fácil, dado dispor de uma grande coleção de armas de caça e de tiro ao alvo, pois o Sr. Marquês até fora campeão nessa especialidade
Enfim, dir-se-ia ter vivido o que nunca nem imaginei nem desejei, mas o destino tem destas surpresas - Mas poderei dizer que foi um relacionamento humano, mais através de sorrisos e de um alegre e recíproco convívio, visando ir ao encontro de novas experiências, de que propriamente com o fito de obter quaisquer proventos materiais, sem outro intuito que não fosse a descoberta do prazer pelo prazer.
Mesmo assim, como as mulheres, com quem lidava (as parasitas que Elizabeth me apresentava, que chegou a convidar-me para viajar com ela para Los Angeles e ficar hospedado no mesmo hotel onde então o marido era Director-Geral, alegando que era impotente - pois, mas não tive coragem de fazer outro duplo papel), sim, porque estando mais habituadas a receber de que a dar (a que lhe abrissem a carteira) confesso, que, enquanto durou esta comédia, era-me difícil chegar ao fim do mês com alguns trocados na algibeira, visto ir-se quase todo em transportes e em charmes.
No entanto, apraz-me aqui recordar que foram dias maravilhosos de exaltado amor sauna, piscina, diversão, especialmente no Sheraton de Lisboa, com a mulher do ex-Director: a mais charmosa entre as charmosas. Os bons tempos do Botequim de Natália Correia. A fuga da Casa da Amália (hoje museu)por causa da entrevista sobre a primeira relação sexual. A história do homem que chegou a ter uma seita de treze mulheres na Serra de Sintra, aguardando o fim do Mundo, mas que acabaria reduzida a uma.
Escrevem-se romances, com histórias de ficção, para se ir ao encontro da imaginação de muitos leitores. Eu nunca tive a pretensão de ser romancista nos livros, mas de viver a vida, muito além da ficção – Naturalmente, que, buscando a espiritualidade e harmonia, a sublimidade, o conhecimento, a introspeção, a paz e alegria - Quer na amplidão dos imensos espaços marítimos, onde os dois mais belos azuis da Criação se confundem e deslumbram o olhar, sim, quando não há tempestades ou, então, na intimidade com a Natureza – Tenho privilegiado mais este contacto, esse estreito relacionamento, mas o ser humano é um ser social e houve uma altura da minha existência em que os acasos quiseram que experimentasse outras vidas e é justamente uma dessas facetas, que aqui lhe trago.
OS EXTRAORDINÁRIOS BANQUETES NA SUITE DO DIRECTOR GERAL DO HOTEL RITZLISBON - COM A SUA EX-MULHER, NUMA FASE EM QUE O CASAL SE DIVORCIARA. - E AINDA OS BAILES DAS LOUCAS FESTAS NO BAR DO LUXUOSO HOTEL
Era do signo Virgem, mesmo sofrendo imenso era afável e comunicativa - Se a memória não me atraiçoa, atirou-se pela janela; teve morte horrenda - E, afinal, em casa, ate podia ter encontrado um desfecho mais fácil, dado dispor de uma grande coleção de armas de caça e de tiro ao alvo, pois o Sr. Marquês até fora campeão nessa especialidade
RASPUTIN - “Uma das figuras mais enigmáticas que ficou
atrelada à história do último imperador da dinastia Romanov
foi sem dúvida Rasputin. Exercendo uma forte influência sobre
o czar Nicolau II e, principalmente sobre sua esposa, a
czarina Alexandra Feodorovna, o místico mujique é apontado por
alguns historiadores, por exemplo Alain Frerejean, como o homem mais
poderoso da Rússia nos últimos anos da dinastia.
Nascido Grigori
Iefimovitch Novikh, talvez na segunda metade da década de 1860, em um
vilarejo na Sibéria, foi apelidado de Rasputin,
possivelmente em decorrência de suas práticas sexuais na adolescência, já que o
nome tem a mesma raiz que a palavra raspoutny, que significa depravação.
Dentre suas práticas místicas incluíam-se a participação nas reuniões dos khlysty,
membros de uma seita que unia religião e erotismo. Nos cultos realizados em
igrejas abandonadas, homens e mulheres se entregavam a danças, com vestes transparentes, que acabavam quase sempre em
transes https://historiadomundo.uol.com.br/russa/rasputin-o-monge-louco-da-russia.htm
SUPREMA IRONIA - Quem havia de imaginar que, depois de ter sido escravo
(empregado de mato) numa das suas roças, haveria de um dia dormir na sua cama
de bom lenho e de bom tamanho
Enfim, dir-se-ia ter vivido o que nunca nem imaginei nem desejei, mas o destino tem destas surpresas - Mas poderei dizer que foi um relacionamento humano, mais através de sorrisos e de um alegre e recíproco convívio, visando ir ao encontro de novas experiências, de que propriamente com o fito de obter quaisquer proventos materiais, sem outro intuito que não fosse a descoberta do prazer pelo prazer.
Mesmo assim, como as mulheres, com quem lidava (as parasitas que Elizabeth me apresentava, que chegou a convidar-me para viajar com ela para Los Angeles e ficar hospedado no mesmo hotel onde então o marido era Director-Geral, alegando que era impotente - pois, mas não tive coragem de fazer outro duplo papel), sim, porque estando mais habituadas a receber de que a dar (a que lhe abrissem a carteira) confesso, que, enquanto durou esta comédia, era-me difícil chegar ao fim do mês com alguns trocados na algibeira, visto ir-se quase todo em transportes e em charmes.
No entanto, apraz-me aqui recordar que foram dias maravilhosos de exaltado amor sauna, piscina, diversão, especialmente no Sheraton de Lisboa, com a mulher do ex-Director: a mais charmosa entre as charmosas. Os bons tempos do Botequim de Natália Correia. A fuga da Casa da Amália (hoje museu)por causa da entrevista sobre a primeira relação sexual. A história do homem que chegou a ter uma seita de treze mulheres na Serra de Sintra, aguardando o fim do Mundo, mas que acabaria reduzida a uma.
São questões do foro muito pessoal e íntimo, referentes ao período em
que assumi outras
personagens na minha vida, mas entendendo
que é uma experiência,
interessante, que deve ser
partilhada e repartida: -
Escrevem-se romances, com histórias de ficção, para se ir ao encontro da imaginação de muitos leitores. Eu nunca tive a pretensão de ser romancista nos livros, mas de viver a vida, muito além da ficção – Naturalmente, que, buscando a espiritualidade e harmonia, a sublimidade, o conhecimento, a introspeção, a paz e alegria - Quer na amplidão dos imensos espaços marítimos, onde os dois mais belos azuis da Criação se confundem e deslumbram o olhar, sim, quando não há tempestades ou, então, na intimidade com a Natureza – Tenho privilegiado mais este contacto, esse estreito relacionamento, mas o ser humano é um ser social e houve uma altura da minha existência em que os acasos quiseram que experimentasse outras vidas e é justamente uma dessas facetas, que aqui lhe trago.
OS EXTRAORDINÁRIOS BANQUETES NA SUITE DO DIRECTOR GERAL DO HOTEL RITZLISBON - COM A SUA EX-MULHER, NUMA FASE EM QUE O CASAL SE DIVORCIARA. - E AINDA OS BAILES DAS LOUCAS FESTAS NO BAR DO LUXUOSO HOTEL
O marido ia
dormir com a amante(e o marido desta) numa suite vulgar (sexo a três) e ela
manteve-se lá. - Era uma russa (gorda e anafada) um bocado teimosa e
autoritária e não arredou pé. Não gostava de mim, porque não era rico, mas
ficava muito curiosa quando a conversa resvalava para a astrologia ou para
certas questões relacionadas com a bruxaria. Queria saber como se vingar do
marido. E não havia vez alguma que não me inquirisse e puxasse a conversa sobre
essa matéria - Uma vez, quando a bethe, foi à casa de banho, chegou a
oferecer-me 100 dólares: "pegue lá mas não lhe diga nada... O cabrão
não tem vergonha de dormir com a amante e com o porco do marido, no Hotel. Eu
já não quero nada com ele mas sinto-me envergonhada por ter sido mulher dele."
- Não aceitei o dinheiro mas prometi comprar-lhe o .Livro de São
Cipriano. "Ah! mas uma amiga já mo comprou... você é que sabe!..."
Acreditava muito na bruxaria. Era anti-comunista (militante) e toda voltada para
a restauração da velha Rússia e da monarquia dos Csar. Dos quais, aliás,
confessava ter ainda alguns laços de sangue.
A russa Ludmila, esposa do então diretor do Hotel Ritz (em vias de divórcio) chegou a comparar-me a Rasputin- Delírios e fantasias megalómanas de mais uma fútil, claro está... Que ainda devia estar com a cabeça enterrada num passado de orgias e luxo imperial.
Mas, no fundo, foi de algum modo a vida para a qual fui atirado num certo período da minha vida, pelo que assumo que Grigori Rasputiné o meu alter ego - Espero é que não acabe como ele, mas já pouco faltou : "Oh, Bethe, ele é o nosso bruxo Rasputin!... É pró que serve!...Vê lá se o convences a fazer o que lhe pedi" - E bethe, responde-lhe: "Ah!, sim, mas eu gosto dele na cama. É a minha vitamina!.." Tinha-me eu acabado de levantar da cadeira, quando ela começava logo com as suas habituais mexeriquices. Era vingativa e obstinada, p'ra burra! - Queria à viva força dar cabo da vida ao ex-companheiro e só me falava disso...
Mas, como ela, havia também outras malucas finas, que me foram apresentadas pela minha amiga... Punham os cornos aos maridos e depois arvoravam-se em vítimas . Se, eu nessa altura, abrisse um consultório, ficava rico... Assim que ela lhes contava que eu havia sido um grande aventureiro do mar e que convivera com vários feiticeiros africanos (aliás, era desta faceta que a bethe, nesses oito anos em que vivemos juntos, gostava de fazer gala, ao apresentar-me às "tias" da alta sociedade, uma vez que eu era um teso, comparado com o nível económico dessa gente), passavam-se da tola... "Explique-me lá... explique-me lá ... preciso que o sr. me faça.... que o meu...E lá tinha eu que as aturar com algumas recomendações e prédicas místicas para se verem livres dos fantasmas dos cornudos. " Afinal, em todas as latitudes e em todas as classe sociais, há mentes supersticiosas e frágeis que necessitam de apoio ou de serem consoladas.
Sheraton - |
Fui amigo pessoal da segunda mulher do Marquês Guy Valle Flôr Brito de Chaves. Que conheci depois da morte de seu marido - O Marquês de Vale Flor foi um grande campeão olímpico de tiro aos pombos, várias vezes medalhado, legando talvez uma das melhores colecções de armas da especialidade. Ainda tive algumas na mão. Ela dizia que não era bem aceite pelos filhos de Guy Vale Flor. Havia sido sua empregada. Era do signo virgem e queixava-se que os herdeiros lhe faziam a vida negra. Ainda dormi várias vezes em sua casa onde vivia também o seu criado - nalgumas das escapulidelas à Babeth. Tinha uma cama de mogno onde podiam caber talvez seis ou mais pessoas lado a lado. Eu preferi, todavia, dormir numa mais pequena, noutro quarto, senão quando ela aceitou que o empregado (seu criado, com quem habitualmente dormia) fosse dormir noutra cama. Mas convivi com ela apenas para a a carinhar e moralizar. Andava muito em baixo e muito desgostosa. O tema habitual era o misticismo e astrologia. Mesmo assim não evitei que mais tarde se suicidasse
.
EXCERTO DA ENTREVISTA EM CASA DE AMÁLIA RODRIGUES - SOBRE A PRIMEIRA RELAÇÃO SEXUAL
Pouco antes de conhecer a Bethe, encontrei-me à saída do Metro dos Anjos, como uma actriz, que começava a fazer carreira de sucesso em França. Foi por volta do meio-dia. Ela ia a descer as escadas e eu a subi-las. Mal olhei para ela(com aquele olhar de lince, que aprendera em criança nos rituais das filhas do Anjo da Luz, no velho solar do Vale Cheiroso - sim, bailo ainda hoje os olhos à velocidade que eu quiser) pediu-me um cigarro. Respondi-lhe que não fumava mas ao mesmo tempo acrescentei que não me importava de lhe comprar um maço de cigarros, na tabacaria, que era logo ao cimo das escadas. Acedeu.
Mais tarde nas Azenhas do Mar |
Ao que ela respondeu:
- Eu não quero falar destes assuntos o meu pai, porque ele só se interessa pela música e não quer saber de mais nada"
- Então e quer que eu lhe arranje aqui trabalho na Fundação?!...
- Sim. Estou disposta aceitar qualquer trabalho
- Muito bem... Venha cá amanhã.... Vou ver o que lhe posso arranjar.
Só que nunca mais lá apareceu. Eu também nunca mais a vi. Há oportunidades que não surgem duas vezes na vida: ela, também não se perdeu.... porque tinha futuro garantido... Eu é que perdi o meu tempo e fiquei a ver navios...
Um
dia a mulher de um destacado político - depois de a entrevistar - e,
porque já me tinha visto com a Bethe, numa anterior entrevista - no
final da gravação (porventura julgando-me algum garanhão, que não era,
obviamente, pois o sexo era apenas um bi-complemento) desconhecendo que
vivíamos juntos, queria que eu lhe desse o meu telefone de casa (ainda
não havia telemóvel). Claro que não deveria ser para que lhe lê-se a
sina, tal como eu gostava de me divertir com as ciganas, ao fundo do
Parque, junto ao Marquês - e também com algumas madames. Mandou-me uns
olhos, tão gulosos, que parecia que me havia de comer. Mas eu, naquela
altura, já estava mais de que comido por outra. E não só... - Há que
reconhecer que a melhor cura para as depressões é um belo coito sexual -
Na imagem, uma das que foi mesmo às fragas das minhas origens.
De facto, carenciadas não faltavam....houvesse disponibilidade... Mas a mais louca de todas foi uma depiladora. Era bissexual. Pouco depois de entrarmos numa discoteca, já estava a fazer marmelada na casa de banho com garotas que engatava. Foi antes do romance com a Bethe. Naquela altura, trabalhava de noite, como assistente de realização. De manhã ia buscar-me e já tinha um opíparo pequeno almoço à minha espera. A princípio ainda mantinha conversas decentes (falávamos de espiritismo) mas depois tornou-se uma obsessiva sexual. Um dia chateei-me - queria depilar-me as pernas e montar-me com um vibrador - chamei-lhe lésbica velha e pôs-me logo a mala fora de casa. Afinal, dispensou-me o que eu ia fazer.
Quando
eu e a Bethe, nos conhecemos, ficámos hospedados, nos primeiros dois
meses, no Sheraton Lisbon Hoteles, onde o marido havia sido o
Director-Geral.
Foi a nossa Lua de Mel. Depois instalámo-nos noutros sítios. A maior parte do tempo foi porém no Estoril.
Foi a nossa Lua de Mel. Depois instalámo-nos noutros sítios. A maior parte do tempo foi porém no Estoril.
De
nacionalidade francesa, nascida num bairro judio da antiga colónia de
Marrocos, no território colonizado pela França. Tínhamos uma cocker em
nossa casa e, de volta e meia, costumávamos ir até ao jardim do Casino
Estoril. Foi assim que, ao fim de uma tarde da década de oitenta,
conheci o primo de Muammar Kadafi- Mas sobre o assunto, já me referi na postagem anterior.
Os
pais da Bethe eram judeus - os mais ricos da vila onde nasceu. Tinham
uma rua por conta da família. Mas perderam tudo com a descolonização.
Depois foram refazer a vida e morar para Marselha. Era muito talentosa ,
inteligente e bonita... Foi educada como se fosse uma
princesa.Frequentara escolas de ballet e ascendera a bailarina. Mas não
seguia o judaísmo, não ligava muito às religiões. - Moderna, desinibida,
simpática, comunicativa e ao mesmo tempo uma grande mulher. Tinha no
corpo e no seu espírito, a dualidade de um arcanjo e de um demónio. Não
se sentia aprisionada a conservadorismos do passado e da família
Estava
naturalizada americana, por ter casado com um americano, que fora
Director Geral em vários hotéis do Grupo Sheraton: - na Alemanha,
Espanha, Dinamarca, em cidades de vários países, incluindo a de Lisboa,
donde partira para dirigir Los Angeles Sheraton
Havia
porém algo que já a saturava e era dessa saturação que ela queria
livrar-se. E, Lisboa, voltava a ser, para Bethe, a cidade acolhedora,
onde podia extrair o melhor da vida. Quem viaja, sabe que os imprevistos
são o programa e o programa a excepção.Por isso, há sempre muita
surpresa - o importante é que sejam surpresas boas. Depois de ter ido
para a Califórnia, já tinha aqui voltado algumas vezes. Matava as
saudades, indo até ao Algarve a ter com um amigo, alivia-se do stress de
Los Angeles, pouco tempo depois, fazia as malas e regressava para o Los Angeles Hotels
, onde o marido, além de Director-geral, ocupava também um alto cargo
no concelho de administração da empresa. Num hotel daqueles, o nível da
primeira dama era quase comparável à mulher the mayor of los angeles
Fazia anos (espero que ainda os faça) no dia 27 de Julho. Signo Leão. Ou antes, uma pura leoa: dava-lhe gozo sentir que não passava despercebida aos olhares masculinos e até ser cotejada. Detestava ver as pessoas escarrarem para o chão e achava que era um hábito nosso muito generalizado. Quando ela via alguém fazer isso, até virava a cara e comentava: "lá está aquela (ou aquele) a cantar o hino nacional português".Mais de que uma princesa, era uma autêntica rainha: tanto se sentia bem vestindo uma simples calças de ganga, como envergando a toalete mais luxuosa e cara. Sabia vestir, andar, estar e representar. Era charmosa e tinha classe. Não cultivava o snobismo ou sofisticação forçada. Tal como as suas jóias, quando as ostentava, era um diamante natural e do mais puro brilho e quilate
Falava cinco línguas
fluentemente. Pintava e desenhava e tinha uma linda voz. Perdeu-se um
grande talento para servir um homem da hotelaria. Não é o primeiro caso de
mulheres que são escravas das ambições dos maridos.Mas depois (habituada já à
frivolidade) perdia o tempo a passear a cadela e ir às boutiques.
Fazia isso várias vezes por dia. Sempre que viajava ia carregada com uma série
de malas. A maior parte da roupa nem sequer a chegava a experimentar. Uma
ocasião, no aeroporto, de Nova Iorque, aplicaram-lhe uma multa de 4000 mil
dólares, por as autoridades a tomarem como contrabandista, o que não era o
caso.
Quantas as vezes nos
metíamos num táxi do Estoril para irmos ao Centro Comercial das Amoreiras.
Apetecia-lhe comprar qualquer coisa... era o seu escape. E lá tinha de a
acompanhar. O que me valia é que eu, nessa altura, ainda não trabalhava na
redacção: depois de transmitido o programa radiofónico, podia arranjar registos
onde quisesse. E ela, muitas vezes, até me acompanhou nesses meus trabalhos,
muitos dos quais proporcionados, graças ao seu charme.
Estoril 1985, Francisco
Balsemão, prestando declarações sobre Isabel Torres,
filha do seu grande amigo, César Torres - Ela era ainda muito nova e ele dizia
que ia ser uma grande promessa na pintura - e parece que foi. Ainda tenho o
catálogo e a foto da pintora na inauguração da sua primeira exposição - Os
registos das duas imagens são de autoria da Bethe
Recordo ainda a
entrevista que pude fazer, graças à sua colaboração - Era para serem 15 minutos
e acabaria por me dar uma entrevista de quase uma hora; em casa do Comendador, Arthur Cupertino de Miranda que morava num dos
andares, na Praça de Entre-campos. - Claro que era a sua residência de
trabalho. Porque ele tinha moradias muito ricas e só dele. Quando me mostrei
encantado por um quadro que ele tinha no hall da entrada de casa e lhe disse
que sabia que era um grande coleccionador de arte, o homem desatou a chorar
Falava cinco línguas
fluentemente. Pintava e desenhava e tinha uma linda voz. Perdeu-se um
grande talento para servir um homem da hotelaria. Não é o primeiro caso de
mulheres que são escravas das ambições dos maridos.Mas depois (habituada já à
frivolidade) perdia o tempo a passear a cadela e ir às boutiques.
Fazia isso várias vezes por dia. Sempre que viajava ia carregada com uma série
de malas. A maior parte da roupa nem sequer a chegava a experimentar. Uma
ocasião, no aeroporto, de Nova Iorque, aplicaram-lhe uma multa de 4000 mil
dólares, por as autoridades a tomarem como contrabandista, o que não era o
caso.
Quantas as vezes nos
metíamos num táxi do Estoril para irmos ao Centro Comercial das Amoreiras.
Apetecia-lhe comprar qualquer coisa... era o seu escape. E lá tinha de a
acompanhar. O que me valia é que eu, nessa altura, ainda não trabalhava na
redacção: depois de transmitido o programa radiofónico, podia arranjar registos
onde quisesse. E ela, muitas vezes, até me acompanhou nesses meus trabalhos,
muitos dos quais proporcionados, graças ao seu charme.
Estoril 1985, Francisco
Balsemão, prestando declarações sobre Isabel Torres,
filha do seu grande amigo, César Torres - Ela era ainda muito nova e ele dizia
que ia ser uma grande promessa na pintura - e parece que foi. Ainda tenho o
catálogo e a foto da pintora na inauguração da sua primeira exposição - Os
registos das duas imagens são de autoria da Bethe
Recordo ainda a
entrevista que pude fazer, graças à sua colaboração - Era para serem 15 minutos
e acabaria por me dar uma entrevista de quase uma hora; em casa do Comendador, Arthur Cupertino de Miranda que morava num dos
andares, na Praça de Entre-campos. - Claro que era a sua residência de
trabalho. Porque ele tinha moradias muito ricas e só dele. Quando me mostrei
encantado por um quadro que ele tinha no hall da entrada de casa e lhe disse
que sabia que era um grande coleccionador de arte, o homem desatou a chorar
Ele ouvia já muito mal,
recusava-se a usar a dentadura postiça e quase não se percebia o que dizia. Mas
ainda geria os negócios com uma grande lucidez . Virei-me para a governanta e
perguntei-lhe o que se passava com o Sr. Comendador: "Olhe, nem lhe
fale de arte; o senhor Comendador está muito magoado porque, um dos netos, lhe
roubou uma série de quadros e foi vendê-los a uma leiloeira em
Londres." - Ainda não revi a cassete, mas acho que ele depois se
referiu também a esse desgosto. Passado o impacto, lá retomámos a entrevista de
quase uma hora. Ofereceu-me um livro autografado e a cópia de alguns poemas de
sua autoria. Estou convencido que se não fosse ter simpatizado com a Babethe,
não me teria recebido. Estava já muito velho e também não gostava de dar
entrevistas - como, aliás, fez questão de frisar. Morreu nesse ano
Ele ouvia já muito mal,
recusava-se a usar a dentadura postiça e quase não se percebia o que dizia. Mas
ainda geria os negócios com uma grande lucidez . Virei-me para a governanta e
perguntei-lhe o que se passava com o Sr. Comendador: "Olhe, nem lhe
fale de arte; o senhor Comendador está muito magoado porque, um dos netos, lhe
roubou uma série de quadros e foi vendê-los a uma leiloeira em
Londres." - Ainda não revi a cassete, mas acho que ele depois se
referiu também a esse desgosto. Passado o impacto, lá retomámos a entrevista de
quase uma hora. Ofereceu-me um livro autografado e a cópia de alguns poemas de
sua autoria. Estou convencido que se não fosse ter simpatizado com a Babethe,
não me teria recebido. Estava já muito velho e também não gostava de dar
entrevistas - como, aliás, fez questão de frisar. Morreu nesse ano
Com o Pintor Cargaleiro |
Elizabethe adorava ir aos espectáculos do Salão Preto e Prata - Casino Estoril- aliás, onde éramos geralmente convidados pelo nosso bom Amigo Nuno Lima de Carvalho, director da Galeria de Arte do Casino Estoril .
Vimos óptimas exposições e conhecemos muita gente das artes: Manuel Cargaleiro, Francisco Relógio, MARTINS CORREIA, Adérita Amor, Alda Espírito Santo; Jorge Amado–- Entre tantas outras figuras . Frequentámos os melhores bares, discotecas e restaurantes. Ela adorava divertir-se: no Banana Power, também por lá passamos várias vezes - Uma das mais famosas discotecas da época, fundada pelo Arquitecto Tomás Taveira
- autor do edifício das Amoreiras, que eu tive o prazer de entrevistar
no seu escritório na Av. da República, do lado do Galeto; aliás na
companhia da Bethe, antes de uma revista o denegrir da forma mais
ignóbil e vil - Discoteca aquela, onde, ela, no tempo em que o marido
foi director-geral do Sheraton Lisbon Hotels, chegara a ser recebida como a rainha da noite
Nas imagens ao lado: - A poetiza Alda do Espírito Santo e Bethe - o escritor Jorge Amado e Bethe, no .TIVOLILISBOA (HOTEL)..
O PRIMEIRO DIA
Já lá vão uns anos... Encontrei-a a passear no Parque Eduardo VII, junto à Estufa Fria, com a sua mais fiel companheira: que viajava sempre consigo para onde quer que fosse. Abordei-a para um curto depoimento num inquérito radiofónico que estava a realizar. - Depois de me responder à pergunta do inquérito, quis saber porque falava tão bem o português, quase sem sotaque. Respondeu-me que estivera quatro anos, com o marido, à frente do Seheraton Lisboa Hotel . E a conversa acabou por se estender para além da entrevista. - Disse-me que tinha ido ao Algarve para depositar uma coroa de flores na campa de um amigo (o amante) que falecera num brutal acidente. Viera da América propositadamente para lhe prestar a sua homenagem.
Com o Pintor Martins Correia |
Notei que andava um bocado deprimida pela perda desse psicólogo. Pessoa também muito estimada no Algarve. A romagem à sepultura e o que lhe descreveram sobre o acidente, que vitimara o grande amigo, deixara-a muito abalada. Mal nos havíamos conhecido, sentimos logo, um pelo outro, uma grande empatia. Como eu já tinha meia dúzia de respostas, dei imediatamente por concluído o inquérito - Ainda me lembro: sobre o tema - homossexualidade. - perguntei-lhe se me queria acompanhar até à minha estação de rádio, situada ali bem perto.
Beth manifestou curiosidade em conhecer o seu funcionamento E lá lhe mostrei os estúdios e a redacção. Por fim, depois de passarmos pelo pequeno bar, onde tomou um chá, e, tendo ficado muito contente com a visita, perguntou-me se logo à noite teria algum programa. Respondi-lhe que nem sequer estava a pensar sair de casa mas, caso desejasse dar uma voltinha para espairecer, teria muito prazer em levá-la ao O Botequim da poetiza Natália Correia - um bar frequentado por intelectuais e onde costumava ir de vez em quando.
Ah,sim!...Obrigado... Parece-me uma boa ideia... Eu já ouvi falar dessa escritora e poetiza, gostava de a conhecer. E
lá fomos: apresentei-a à Natália: Que a recebeu muito bem, no seu jeito
espontâneo, caloroso, teatral mas franco: ".Durante as duas horas e tal
em que ali permanecemos, quem não tirava os olhos da Bethe , era um dos
habituais frequentadores do referido bar. - maestro e professor de
música...Pois o Botequim, por aquela altura, poderia também proporcionar
todo o tipo de personagens para um filme de Pier Paolo Pasolini E
o galo português está presente em todo o lado... Não logrou o que
queria mas, como era maestro e professor de música, contribui para
animar o ambiente, tocou o piano e foi um bom conversador - Aliás, é um
grande meu amigo.
-
Natália Coreia - ao centro da imagem - à saída de um espectáculo do
Casino Estoril - rodeada de amigos e amigas- A Babethe também ali está.
Em 1993, com a morte de Natália Correia, o Botequim
perdeu a sua razão de ser e fechou as portas. Porém, as recordações
eram tantas que era impossível continuar encerrado. Foi reaberto por
várias vezes: serviu de casa à Associação José Afonso,
até esta se mudar para Setúbal; de 2005 a 2007, foi transformado numa
pequena livraria infantil, dedicada ao Pequeno Herói, cujo nome se
inspirou na personagem do único romance infantil escrito por Natália. -
Finalmente, 15 anos após o seu fecho, Alexandra Vidal e Hugo Costa, dois
admiradores e entusiastas pela obra e memória de Natália Correia,
decidiram reabrir o Botequim e transformá-lo no ponto de encontro
intelectual que já foi.
Na
verdade, a Natália era a alma daquele pequeno espaço: animava as
tertúlias e fazia as honras da casa. Ainda guardo alguns registos ali
gravados. Era a grande figura central das tertúlias que ali tiveram
lugar - Corajosa, frontal, polémica, contestatária, cantadeira, musa
inspiradora. Ainda andámos zangado uns tempos: levei lá um casal que
apenas a conhecia da televisão como deputada: "Só me conhecem por ser deputada?!!... Então podem ir dar uma volta.. Devem ter-se enganado na porta". Eu
próprio fiquei escandalizado pela ignorância desse casal de burgueses,
que me pediram que os levasse lá. Mas já não havia nada a fazer. Pois
ela convidou-me a ir também com eles.Ainda bem que a Beth ficou em casa.
Congeminaram-se no Botequim verdadeiras conspirações, várias revoluções politicas e culturais. Eu próprio, graças ao génio imaginativo e criativo de Natália, iria entrevistar várias figuras de relevo,
sobre um tema quente, que, naquela época, era ainda quase tabu:
personalidades, como Afonso Moura Guedes, Ivone Silva, Raul Solnado, Amália Rodrigues - entre outras
Amália Rodrigues no dia do lançamento do
livro, " Uma Estranha Forma de Vida", de autoria de Vítor
Pavão dos Santos, que teve lugar na Adega Machado - O Registo é do autor deste blogue para o qual pousou expressamente,
frente a um antigo quadro da Severa e em pose de fadista - Selando, dessa
forma, artística e gentil, o termo de um período de distanciamento , depois da
fuga precipitada de sua casa. A imagem foi obtida por uma pequena compacta de
bolso. Creio que houve mais uma pessoa que terá aproveitado a oportunidade para
registar a mesma pose. Mas ela voltou-se para mim. Foi já na ponta final da
cerimónia e os repórteres fotográficos já haviam saído. Eu aguardei para o fim,
cauteloso, pois não sabia como ela ia reagir à minha presença:
surpreendentemente foi amistosa: "dê cá um beijinho" e autografou-me
a obra, aliás, também autografada por Vitor Pavão
A entrevista discorria sobre a primeira
relação sexual. A Amália
receber-me-ia em sua casa (aliás, era a terceira vez)na companhia da Maluda e
um restrito grupo de familiares e pessoas amigas. Foi muito amável e ainda lá passei
um grande bocado dessa tarde. Curiosamente, não se falava de outra coisa senão
de sexo. Eu não tive pressa e procurei familiarizar-me no ambiente, que estava
muito descontraído, como se fizesse parte da casa... Quando vi que podia
"atacar", chamei-a a um canto - para junto do lanço das escadas, pois
não queria que fosse importunada pelo grupo ou interrompê-lo na sua animada
cavaqueira, que estava mais próximo da janela: "Então diga lá o
que me quer?!" -pergunta-me ela, visivelmente bem disposta.
Respondi-lhe: "Vamos falar sobre o que
estavam a falar... Umas palavrinhas da Amália...Diga o que quiser sobre o
assunto...E seja sincera como costuma ser e estavam a ser..Eu gosto muito de a
ouvir cantar e também falar". Só que depois tive que sair de lá a
correr... - Quase me ia precipitando ao descer as escadas... ela e a sua
"corte" correram todos atrás de mim. Vieram até à rua... Só
descansei, quando apanhei um táxi... A Maluda era a mais danada e
inconformada...Mal eu dei ares de desandar, correu logo atrás de mim... "És mais
parva do que ele!... Foste logo a falar da tua vida pessoal!..." A sua ira dava em recriminar a Amália
- Porém, embora mais tarde,
num reencontro, com o repórter, por altura do lançamento da sua biografia,
Estranha Forma de Vida, reconhecesse
que não havia razões para ficar preocupada, me autorizasse a divulga-la, mesmo
assim decidi por enquanto não o fazer -
Veja o resto da história na postagem seguinte -A FUGA DA CASA DA AMÁLIA RODRIGUES.... Pois esta já vai muito longa.
Veja o resto da história na postagem seguinte -A FUGA DA CASA DA AMÁLIA RODRIGUES.... Pois esta já vai muito longa.
Agora quero é falar de Bethe: com ela
adorei ter tudo: a sua companhia , o sexo e muitos convívios e conhecimentos,
que, sem ela, não teria tido essa oportunidade. Foi, sem dúvida, uma grande
companheira e amiga - Foram oito anos que dariam um livro. Não tenciono
escrevê-lo mas quero aqui registar algumas das recordações. Nunca mais nos
vimos. E não compreendo a razão porque nem uma carta mais escreveu. Se for
viva, como espero, desejo que volte a reviver nestas linhas e nas imagens que
aqui tenciono publicar, alguns dos extraordinários dias que passamos juntos.
Babethe
não estava divorciada mas o marido dava-lhe o apoio e toda a liberdade,
o dinheiro que quisesse. Já não partilhavam a cama mas continuavam a
relacionar-se como bons amigos, de um irmão para uma irmã - Um laço de
uma profunda amizade parecia uni-los para o resto da suas vidas - tal
como a sua cadelinha. Aliás, o k. também lhe devia muito. Ela ajudara-o a
ser um grande vencedor. E ele, pelo que depreendi, estava-lhe
reconhecido
Acompanhara-a
ao Botequim apenas por uma questão de cortesia... Longe de me passar
pela cabeça que ia nascer dali uma amizade duradoura e que seria o
princípio de um maravilhoso romance.
No
momento em que nos preparávamos para chamar um táxi, o maestro
convida-nos a ir a um outro bar, já que este ia fechar. Mas ambos
declinámos... Respondi-lhe que achava preferível ir à fábrica dos bolos
da Praça do Chile. Acompanhou-nos até lá, comprámos os bolos e depois
ele foi para sua casa. Quando eu disse à Bethe que também ia fazer o
mesmo, ela perguntou-se se eu não me importava que fosse conhecer a
minha casa. "A minha casa é pequena e muito pobre. Pode ficar para outro dia" - disse. Mas ela insistiu e lá foi comigo.
Pouco
depois sentámo-nos na borda da cama que me parecia ser o sítio mais
adequado para relaxar. A casa e os aposentos modestos. Porém, mal nos
sentámos, abraça-me e dá-me um suculento e apaladado beijo na boca - mas
que coisa mais sumarenta!... Nem os linguados da melhor pescaria!... Só
terminou quando ambos caímos na cama, rendidos a Vénus para o que desse
e viesse. A fome era tanta de parte a parte...
O resto da noite e a madrugada ... foi passado, quase sem despegar... Numa autêntica fornalha ardente...Uma atrás da outra... Fornicar até à exaustão!... Eu também já não comia, desde algum tempo, fruta assim... atirei-me como um leão...Só na tropa, quando eu e mais dois furriéis fizemos sexo com uma prostituta para vermos quem era capaz de se manter mais tempo... Nunca vi um espectáculo sexual mais deprimente. Eu fui o primeiro e, depois de umas três seguidas, despachei-me logo: e também não tinha preconceitos raciais. As minhas companheiras na Ilha sempre foram negras. Como eles não se sentiam à vontade, não havia maneira... E a mulher, coitada, a cada safanão... Imagine-se a música!... . Pagou-se o que ela pediu mas devia ir com as costas bem moídas!... A ideia não foi minha mas aderi... Na tropa cometiam-se(e cometem-se) muitas loucuras...Em São Tomé, onde cumpri o resto do serviço militar, o meio era calmo. Em Angola, nos Comandos, onde estive, aí então, mais do que loucuras, cometiam-se barbaridades... Mas o melhor é nem falar disso... Hoje não participaria naquela cena sexual por dinheiro algum.. Sou outro... Não tenho nada a ver com aquela idade ou já com o papel de Rasputin.
.Por algum tempo, senti-me como que um pequeno príncipe - Não imaginava ir tão longe. - Depois do Sheraton - fomos morar na vivenda Casal Santiago, situada entre as Azenhas do Mar e a . Praia das Maças - onde vivi com a Babeth - dias inesquecíveis - E foi aí que, numa bela tarde, nos encontrámos com Gloria Swanson , na Praia das Maças. A célebre actriz do imortal filme o Crepúsculo dos Deuses, entre tantos outras grandes fitas do cinema - Eu tinha-a fotografado no aeroporto da Portela (imagem ao lado) e registado umas breves declarações para um programa de rádio. Mas a Bethe já a conhecia de Los Angeles. Foram apenas umas curtas palavras de circunstância. Não a quisemos incomodar. Ela ia sentar-se na areia da praia, tal como nós (ficando a curta distância) e o que todos queríamos era sossego, respirar aqueles ares marítimos e ninguém se quis alongar em conversas. E por lá nos estendemos durante quase duas horas. Uma troca de sorrisos e um aceno de despedida a Glória, que preferiu lá continuar.
-
Belos dias de praia e de sol! - Numa vivenda voltada para o mar -
alugada para uns maravilhosos meses - Que dias magníficos, esses! benzo
Deus!
Quando conheci a Bethe, já haviam decorrido 15 anos sobre o meu serviço militar, mas o sexo ainda estava à flor da pele. Reportando-me ainda àquela primeira noite, de facto, além de ser uma mulher bonita e sensual, gemia como uma leoa. Ainda por cima dava uns gritozitos e uns ais que me excitavam ainda mais... Foi preciso mandá-la calar por causa do casal que morava por baixo de mim... Pois sabia que até o ruído da máquina de escrever os incomodava.. Um dia esquecera-me de desligar o rádio ao ir à minha aldeia e, quando regressei, moeram-me a cabeça... Morava e moro no desvão do telhado. Eu também os ouvia, mesmo quando se aliviavam.. e ainda hoje ouço os que agora lá moram...O prédio deixa passar todos os sons...Ainda bem que eu moro voltado para a parte traseira...Livro-me pelo menos do barulho da rua. E não tenho mais ninguém por cima do meu piso. Foi construído por um português, que estivera emigrado no Brasil e trouxera de lá a escola de ganhar muito e gastar pouco nos materiais.
Quando conheci a Bethe, já haviam decorrido 15 anos sobre o meu serviço militar, mas o sexo ainda estava à flor da pele. Reportando-me ainda àquela primeira noite, de facto, além de ser uma mulher bonita e sensual, gemia como uma leoa. Ainda por cima dava uns gritozitos e uns ais que me excitavam ainda mais... Foi preciso mandá-la calar por causa do casal que morava por baixo de mim... Pois sabia que até o ruído da máquina de escrever os incomodava.. Um dia esquecera-me de desligar o rádio ao ir à minha aldeia e, quando regressei, moeram-me a cabeça... Morava e moro no desvão do telhado. Eu também os ouvia, mesmo quando se aliviavam.. e ainda hoje ouço os que agora lá moram...O prédio deixa passar todos os sons...Ainda bem que eu moro voltado para a parte traseira...Livro-me pelo menos do barulho da rua. E não tenho mais ninguém por cima do meu piso. Foi construído por um português, que estivera emigrado no Brasil e trouxera de lá a escola de ganhar muito e gastar pouco nos materiais.
Dispunha
de alguns conhecimentos de massagens e, embalado, aproveitei também
toda a minha técnica de sedução, pondo-a em prática... Peitos, coxas,
vagina...tudo em ebulição...Mais tarde ela queria que eu lhe dissesse
uns quantos calões para melhor cavalgar... E lá tinha eu que me valer da
ladainha do costume. "Gosto
muito da tua bebrazinha... Da tua pechega!...Sua comilona!...Da tua
coisinha fofinha!..Da tua muxinha!...Da tua cona!!!"....Da tua
racha!!...Minha gata safada!!!...Adoro a tua catota!!!...(fugia-me o
palavrão para São Tomé) - Sim!... tu gostas?!... Gostas muito da minha
moxinha?!.... Então mete!...Mete mais!... Aperta!!!!... Diz!!
diz!!...Diz mais palavrinhas dessas !!!"
E lá tinha eu que apelar à imaginação a vários termos da minha aldeia;
de um vernáculo mais ligado às minhas genuínas raízes. - Que me perdoe
mas lembro isto sem ofensa. Bethe, era a mulher mais natural que, até
então, alguma vez conheci - Uma Star!... Tudo quanto vestia lhe ficava
bem: desde o mais trivial vestuário ao mais requintado.. E também não
escondia os apetites... Quando eu a via ser galada (por algum galo
atrevido) e ela se distraia.... Ó Bethe!! não olhes para esse gajo!!!
.Que te fica mal!!!.. Não tolerava a observação: "Não estamos na Rússia!!!... Posso olhar para onde eu quiser!!!..."
Anda
para aí um brasileiro fotógrafo (do actual governo) que se farta de
comer as tias da linha à custa de massagens e de elixires orientais..E
uns aperitivos afrodisíacos. Algumas vão ao requinte de lhe pedirem que
as amarrem e as chicoteie. "O meu cabrão não está cá, põe-me este meu rabo e a minha vagina a vibrar!.."....
E ele não tem meias medidas... Zumba que trezumba!.. Come, goza com a
situação e é bem pago pelo seu trabalho. Não sei como ele tem tempo para
fotografar e atender a tanta tia esfomeada....Sim, é que ele não é um
fotógrafo qualquer. Mas, pronto, dou-lhe os meus parabéns: zela pela
vida. Elas também ficam satisfeitas.. Os maridos bebem demais ou fumam
muito e deves-lhes fugir o tuso da tusa - talvez para o rabo.
O
acto sexual é saudável e, sendo bem feito, pode provocar estados de
elevada sublimidade espiritual. A igreja diz que é pecado fazer sexo que
não seja para ter filhos... É por essa e por outras que os escândalos
de pedofilia se sucedem... Aos 15 anos um padre quis ir-me ò cu. Foi
onde andei a estudar. O tipo ainda era novo: não devia ter mais que uns
23 anos. Era coadjutor.... Fez-se meu amigo e mais dois rapazes...
Morava num quarto contíguo à nossa escola. De volta e meia convidava-nos
a ir lá tomar chã ou chocolate quente com uns bolos. Um dia à noite, depois do jantar, apareceu no pátio da escola e convidou-me a dar um passeio pela quinta.
Às
tantas começa a encostar-se a mim, até que me puxa as calças e tenta
enfiar-me o seu pénis no meu rabo Se eu não desconfiasse, ele tinha-me
atirado para os fetos e descarregado os tomates sobre mim. Ele vinha de
batina e eu já me tinha apercebido que ele estava de pau feito... e,
sempre que ele se encostava, eu tentava desviá-lo .. Quando já me
preparava para fugir, agarrou-me violentamente e pôs-me a mão na boca
para não gritar. .. Mas, felizmente, embora com muita dificuldade, lá o
sacudi e me afastei - Chamei-lhe quantos nomes me vieram à cabeça à
medida que ele se escapava pela bouça.
Não
disse a ninguém... Receando que passasse por paneleiro... Mas também
não foi só por essa razão... Não vale a pena acrescentar mais nada, pois
já falei demais. Se já tinha pouca fé (devido à minha iniciação com as
filhas do anjo da estrela da manhã), então é que a perdi completamente -
Hoje sou pagão, amo a Natureza - É onde eu revejo todas as forças da
criação - O Deus Universal.
Mas
por que raio de conversa eu fui buscar!!!... Porque carga de razão eu
devia agora trazer aquele distante episódio à baila, se uma coisa não
tem nada a ver com a outra?... Quem sabe...talvez reminiscências do
inconsciente, dum trauma, muito profundo, embora distante no tempo, a
virem à tona, quando falo de sexo. Mas, de facto, o melhor é lembrar-me
daquela primeira noite com a Bethe.... Que tão sensual e apaixonante
foi!
Antes
do amanhecer, fui buscar ao armário da cozinha uma garrafa de Vinho do
Porto, onde havia metido uns pedacitos de pau três, que comprara a um
santomense. E então aí é que foram elas... Foi debunda até dizer
chega!... Sabia que as mulheres ficam ainda mais tontas... Tivera essa
experiência com a minha companheira Margarida, em São Tomé... Depois de
beber uns golos de wisque, atirou-se a mim..."Tenho tesão!... Tenho tesão!... Perdeu completamente a estribeira...
Ainda
não era noite e lá tive que interromper o artigo que estava a escrever
para uma revista angolana, de que era correspondente e lhe acalmar os
calores.. O meu amigo curandeiro (vizinho),entre outros segredos,
tinha-me ensinado a dose certa, de como fazer a mistura com wisque ou
com aguardente de macieira e mais umas lasquinhas de cola - a castanha
da coleira. Quem não souber adicionar os ingredientes com peso ou medida
- e ainda há mais um que não revelo - não passa de uma vulgar beberagem
sem qualquer efeito. Ele tinha várias mulheres (oito) e queria estar
sempre em forma e elas disponíveis: mais doces e gostosas de que a jaca
colhida no mato.
Quando
um dia me bateu à porta, era para que eu lhe ensinasse as minhas
magias... Mas o que sucedeu foi o contrário... A minha travessia de
canoa à ilha do Príncipe, sozinho:(mais tarde fizera duas travessias;
não de 3 dias mas de 13 e 38 dias) causara grande impacto nas ilhas: ele
e muitas pessoas da terra achavam que eu tinha poderes sobrenaturais.
Mas eu pouco mais conhecia de que os velhos rituais nocturnos nos
sabattes em que participei em garoto na Quinta do Vale Cheínho - num
solar em ruínas, que ali existe, numa canada fora da minha aldeia.
Também conhecido por Vale Cheiroso - E onde só as bruxas entravam à
noite. Vou lá a qualquer hora sem qualquer receio.
Bom,
mas no tocante ao meu amigo santomense (já faleceu; se a sua alma andar
por aí, entre em comunicação comigo) julgo que fui eu que mais aprendi e
beneficiei com os ensinamentos dele...A magia negra é das mais
ancestrais e enriquecedoras sabedorias que vão passando oralmente. Sendo
bem aplicada tem a força sugestiva da mais bela e impressionante
catedral.
Dizia-me o tal amigo: "o
Sr. (...) tenha garrafa em casa... preparada com a dose certa e já de
molho... Se alguma vez der com alguma «muála» mais fria e que não lhe
abra as pernas....ou se o pau não se lhe endireitar....ataque logo com a
bebida... Foi buscar
o precioso néctar e dei a beber um cálice à Betthe, que o bebeu de uma
só vez. É quando faz melhor efeito. ... Passou-se ainda mais... Creio
que lhe passou a depressão, logo naquela primeira investida...
Provou
e não me largou mais o pau... Ao despedir-se, convidou-me a hospedar-me
com ela no Sheraton Lisboa Hotel, onde fora a dama principal. Ainda
hesitei, pois não estava habituado a tais luxos, mas lá apareci ao fim
do dia, já com alguma fome... Inicialmente apenas movido pelo espírito
de descoberta e de uma fugaz aventura. Nunca forniquei tanto e tão bem
instalado. Uma lua de mel de dois meses num hotel de luxo não é para
todos.
Logo
que me viram acompanhado com ela, os recepcionistas não tiraram os
olhos de nós. Eu queria passar despercebido mas era impossível. Nos
primeiros dias, sentia-me muito notado e não me sentia à vontade... Até
cheguei a ouvir alguns rumores, como estes a duas empregadas: "Olha a
nossa madame já deixou o Sr. K. e arranjou um namorado. Não parece
português... Será que dormem juntos?!... Devem ter-se zangado..
Eu contei à Babethe, disse-lhe que era melhor mudarmos de hotel: "toda
a gente aqui sabe quem tu és... Estão sempre a olhar para nós e não há
necessidade de saberem da tua vida. E o hotel é muito caro. "Oh, não te
importes. Eu tenho um desconto.. O K. paga à administração...E até te
vou apresentar, como amigo, ao Sr. Moura"
- o português que estava abaixo do director-geral. E assim fez:
encontrámos-nos no bar panorâmico do Hotel. Foi muito cordial.
Pareceu-me uma pessoa muito simpática e tolerante. "Só te peço uma
coisa: quando o empregado tocar à campainha para nos levar o jantar (o
almoço era geralmente num dos restaurantes fora do hotel), mete-te na
casa de banho. Não quero que ele te veja".
Eu
achava graça àquela peripécia, sentava-me sobre a sanita. Uma ocasião
até me fotografou com o rolo de papel higiénico na cabeça. Não estava
acostumado a hospedar-me num hotel daquele nível. E logo com a mulher
que ali chegara a ser a figura principal a par do marido. Eu via aquela
história apenas como passageira. Longe de imaginar que seria o começo
para um longo romance. Frequentava a sauna e a piscina. De repente ate
me parecia que estava a viver um conto de fadas ou as mil e uma noites
num qualquer hotel longínquo e exótico.
Depois
arranjamos um apartamento, fomos morar para o fundo da Avenida Infante
Santo, em Lisboa, numa moradia nova (caríssima) que ali foi construída,
numa rua à direita, que vem lá de cima do Palácio das Necessidades. À
porta tínhamos sempre um polícia, pois residia lá o ministro Eurico de
Melo, do governo de Cavaco Silva. Um ano depois mudámos-nos para uma
excelente vivenda, com uma enorme piscina - que então se chamava Casal
Santiago, situada entre a Praia das Maças e as Azenhas do Mar. Sei que
posteriormente foi transformada numa instituição. Tinha três pisos e
vários armazéns. E um amplo terreiro, com horta e pomar. E uma linda
vista sobre o oceano
Nessa
altura, conhecemos, em Sintra, um casal francês, muito simpático. Que
ainda chegou a morar connosco. Era o que restava de uma ceita de 13
mulheres e um homem, a qual se havia instalado numa casa isolada,
algures na serra de Sintra. Os seus membros acreditavam que, o Papa João Paulo II, era comunista, encarnava a vinda do ANTICRISTO-e que o fim do mundo ia acabar em sucessivas explosões atómicas no ano 2000. Thierne defendia que o anterior Papa João Paulo I,
que tivera o mais curto reinado papal (menos de um mês)fora
assassinado, num complô de Bispos do Leste, para instalar no Vaticano,
Karol Woityla. Mostrou-me uma série de fotografias, nas quais
fundamentava os seus argumentos. Fiquei com a impressão de que, pelo
menos a eleição do Papa João Paulo II, foi obra muito preparada... E que
o João Paulo I teria sido mesmo envenenado.
-
Na imagem - Tyere e sua companheira, a única mulher com que ficou - de entre as doze que formaram a ceita
Porém,
a ceita foi-se desmembrando: pelo que me apercebi: Thierne não era só
místico, também gostava de ser armar em cavalão. Ele,sim, é que era um
verdadeiro Rasputin disfarçado de apóstolo!... Quem o visse: com aquele
ar saudável, sorridente, irradiando simpatia, sempre bem disposto, alto,
bem constituído, com as suas grandes barbas ruivas e cabeleira longa e
loura, camisa branca sem colarinho, com um visual aparentemente normal
mas cuidado à imagem que pretendia mostrar, não teria dificuldades em
imaginá-lo a figura de um profeta, o Cristo ressuscitado e dos novos
tempos....Porém, não passou de mais um impostor: a sua compulsão sexual
iria criar-lhe alguns atritos com as demais mulheres, que foram
convencidas a verem nele - não o boi cobridor - mas o enviado da
palavra, o pastor iluminado...Porém, os seus constantes assédios, iriam
contribuir para a debandada da pequena irmandade. À excepção da sua
mulher.
O seu maior medo não era o fim do mundo mas que lhe faltassem
mulheres... Quem tudo quer, tudo perde. Dizia-se descendente de uma
família de sangue azul e usava um anel brasonado. Assumia-se também como
pintor, tendo-me oferecido dois quadros. Mas também se dedicava à
música.
.
A
Bethe, viajava duas a três vezes por ano a Los Angeles, onde, como já
referi, o marido era o director-geral do Sheratin Los Angeles: um dos
hotéis mais famosos da Califórnia, frequentado por actores e outras
celebridades. Por várias vezes insistiu comigo para que acompanhasse,
alegando que o K. não ia levar a mal. Mas nunca aceitei o convite por
julgar que ia sentir algum incomodo ao ver-me junto dela com o marido.
Embora ela não se importasse. Mas eu acreditava que o marido era uma
excelente pessoa, que a adorava imenso (notava nos telefonemas que lhe
fazia quase todos os dias) e tinha por ela um grande amor: não merecia
essa afronta
Pintora Adérita Amor no Casino do Estoril- com pessoas amigas - entre as quais as Bethe
A
Bethe confessava-me que ficava preocupada e tinha pena dele, por saber
que ela lhe fazia muita falta, quando não estavam juntos, mas que já não
podia aguentar mais as pressões da vida social do Hotel...Sentia-se
esgotada..."Estou
farta de representar...Não passo de uma boneca!... De ter que andar
constantemente a mudar de toalete, de festa em festa... Estou
saturada... Preciso da minha liberdade... Quero fazer o que me
apetece... Longe, somos bons amigos, mas, juntos, passamos o tempo a
guerrear-nos... Fico logo nervosa!.. Perco o humor e já não sou a mesma.
Redobro a dose de comprimidos para me acalmar e conseguir dormir. E o
Karl já não me dá nem carinhos nem sexo"
"Ele
toma os seus remédios, deita-se e adormece...nem uns carinhos... E
agora parece-me que só se excita com as prostitutas... Uma vez levou uma
para a nossa suite... Senti-me tão afrontada e ultrajada
que corri para a janela e parti os vidros....cortei-me toda... Ele
evitou que eu saltasse lá de cima do último andar.... mas eu já não me
importava de cair morta na rua; não queria saber da vida para nada" - Desabafou
com os olhos rasos de lágrimas...e, logo de seguida, abraça-me e
beija-me.... E eu, comovido, também a abraço e também a beijo. Ao mesmo
tempo que, por entre soluços, desabava ainda: " Se não fosses tu eu já me tinha suicidado! Tu és a vitamina do meu corpo e da minha alma"
Não
tinha a menor dúvida... E foi mais por esse facto que não sentia
coragem de a deixar... Pois, constava que fora justamente esse tipo de
vida, desgastante, que a tornava por vezes absorvente..Mas ela tinha uma
grande auto-estima. E só desejava o amor e a felicidade. E não
cultivava inimizades. A sua presença causava geralmente uma empatia
sedutora, muito simpática. Ela lidou com muita gente e sabia que a
declarada amizade da maior parte das amigas é forjada nas aparências e
no cinismo. E nos meios sociais mais altos ainda é pior. Mesmo assim,
esquecia rapidamente essas falsas aparências e era alegre e optimista.
Apercebia-se facilmente dos ciumes e da inveja mas continuava na sua;
fazia de contas que o problema era da pessoa ciumenta e invejosa e não
era seu.... Deparava com muitas dessas pessoas no seu dia a dia. Agora,
imagine-se o que não é sob apressão e as exigências de um ambiente como é o dos grandes hotéis!...
No
entanto, embora tivesses ciente de que a vida num hotel também não é um
mar de rosas, custava-.me a compreender as razões pelas quais a Bethe
queria romper com esse mundo. Podendo ela viver num ambiente, tão
cosmopolita e luxuoso! - Voltando as costas à famosa e mítica cidade de
Los Angeles, e, aliás, com os estúdios, ali bem perto, a verdadeira meca
do cinema , tão próxima e tão ao alcance dos seus olhos
Conviveu
com os nomes mais famosos do cinema e da música. Mostrou-me as
fotografias com as grandes estrelas de de Hollywood - aliás, muitas
cenas de grandes filmes, e até filmes de publicidade, foram ali
realizados.Tinha por hábito passar muito tempo na piscina do hotel ou na
praia. Adorava o bronzeamento natural. Houve um escritor americano,
célebre, que se hospedara num dos hotéis da cadeia Sheraton, onde também
o marido fora director-geral, escrevia e dormia, fazendo dali a sua
casa. Um dia fotografou-lhe as pernas e pôs a imagem na capa de um dos
seus livros - É um enorme volume. Ela tinha de facto umas pernas
sensuais e um corpo jeitoso, pois fora bailarina.
Houve
quem a classificasse como a desestabilizadora de Cascais. Por fazer
perder a cabeça aos maridos. Não era que ela se metesse com eles , eram
eles que não tiravam os olhos dela, quando éramos convidados para as
festas ou para jantar em suas casas. E deixavam de prestar atenção às
esposas. E esses episódios por vezes causavam alguns sarilhos
domésticos.
Uma
ocasião estávamos num fila para comprarmos uns hambúrgueres, num dos
bares das esplanadas da praia do Estoril. À nossa frente encontrava-se
um casal. O marido de volta e meia virava-se para trás e olhava
fixamente para a Bethe. Mas os olhos da Bethe fitavam eram os
hambúrgueres, que fumegavam na grelha e estava impaciente, pois parecia
que nunca mais chegava a nossa vez
Nisto,
ao passar por nós, o dito casal, o cheiro atiça-lhe ainda mais o
apetite: ao mesmo tempo que olha para o tabuleiro, relança um olhar
sobre o sujeito:, algo sôfrego: não dele, que até já era cinquentão, mas
aos hambúrgueres: como se os desejasse logo levar à boca e mastigar.
Então não é que, acto contínuo, o marido coloca o tabuleiro nas mãos da
Bethe: "Pegue
lá madame!.. É muito simpática e não merece que esteja tanto tempo na
fila. Tenho o prazer de lhe oferecer estes dois hambúrgueres!. Coma-os à
sua vontade... Não se incomode que eu fico na fila e já compro outros.
Bom,
estragou a noite à mulher... E que culpa tinha ela?... Ficou passada da
cabeça. Não gostou do gesto do marido. Depois, como se não bastasse,
foi sentar-se ali à nossa frente, não tirando os olhos da nossa mesa e
deixando de prestar a menor atenção à esposa. A qual, de tão nervosa, já
nem sequer tocou nos hambúrgueres. Ficara com uma autêntica cara de
pau. Não conseguia disfarçar o azedume que lhe ruíam os ciúmes. Quando
ele se levantava, ela ia logo atrás dele. Só lhe faltava o rolo da massa
Claro
que as outras pessoas estavam à margem do que se desenrolava com as
peripécias daquele casal. Por sua vez, a Bethe também nada se importava.
Ia-se apercebendo perfeitamente da comédia, ou não tivesse passado
muitos anos da sua vida no ambiente dos mais famosos hotéis. Além disso,
já estava habituada a esse tipo de desestabilizações.
Uma
das suas maiores amigas era a Ludmila mulher do Director do Hotel Ritz.
Ele era francês e ela russa. Mas acabaram por não se dar bem: ele tinha
gostos que ela não apreciava - Depois foi instalar-se na suite da
amante com o marido desta. Ele há gostos para tudo. A Ludmila era um
bocado mais requintada e cínica, o oposto da Bethe Não engraçava lá
muito comigo: não porque eu fosse antipático para com ela, mas porque eu
não tinha a carteira recheada dos seus amigos. E se não lhe falasse de
astrologia ou de bruxaria, então é que nem devia olhar para mim.
Ela dizia muitas vezes para a Bethe: "não compreendo porque andas com um pindérico e não arranjas um homens rico ao teu nível!
"- Mesmo assim, eu não dependia inteiramente dela. Gastava todo o meu
ordenado: pois a Bethe, estava mais acostumada a receber, a que o marido
lhe abrisse a carteira, de que a ter que ser ela a pagar. Quando
jantávamos fora de casa, dividíamos a despesa.
A
Ludmila era gorda, desinteressante, egoísta e ainda por cima
gananciosa. Mas lá se governava...os milionários, quando andam com o
cio, costumam ser muito generosos... Estava longe de imaginar como o
putedo se movimentava tão à vontade nos hotéis... Então no Hotel
Sheraton, durante aqueles dois meses em que lá estive hospedado, era um
verdadeiro corropio:não havia dia algum que não me cruzasse com elas ou
nos elevadores ou nos corredores.
E
também por lá nos deparámos com alguns mirones: uma manhã, ao fazermos
sexo no tapete, vejo as pontas de uns sapatos junto à porta.Ela
esquecia-se, que não estava isolada no campo, dava uns gritinhos que se
propagavam certamente ao corredor: "Olha, Bethe... está alguém lá fora a
ver-nos pelo buraco da fechadura" - Ela não teve meias medidas:
levanta-se, veste um roupão e abre a porta de repente, ao mesmo tempo
que o empregado cai de cu no chão. Mas, antes que levasse uns pontapés,
de que já se preparava, ele levantou-se atabalhoadamente e pôs-se logo
andar.
Depois
do divórcio, a Ludmila passou a viver sozinha na suite do
director-geral. Lá no último piso(jugo que o sétimo), fazendo esquina
com a Rua Castilho e Av. Eng. Duarte Pacheco. Um amplo e óptimo aposento
com uma bela panorâmica sobre o Parque Eduardo VII e a cidade. Jantámos
lá várias vezes (ela também jantava em nossa casa), festejámos lá uma
vez o Natal. E, numa passagem do ano, depois de jantarmos, igualmente na
suite, descemos até ao bar, onde passámos grande parte do resto da
noite. Num ambiente a lembrar os grandes bares nova-iorquinos. Óptima
orquestra. Ainda demos uns passos de dança. Cavalheiros de smoking e
elas todas aperaltadas. Era quase tudo estrangeirada - Hoje tenho a
sensação que, embora me divertisse bastante, também foi um tempo fútil.
Em contrapartida, hoje passo mais tempo em minha casa. Talvez para
compensar aquelas noites perdidas.
De
entre os diversos lugares onde residimos, creio que os melhores
momentos foram os que vivemos no Estoril e em Cascais. Outra das amigas
da Bethe, morava na Av. de Portugal. Na vivenda que pertencera a uma
princesa russa. Casara com um médico, de nacionalidade americana. Acho
que ele veio cá passar uns dias de férias e depois apaixonou-se por essa
portuguesa, quase metade da idade dele. Ao fim de um ano, já tinha uma
bébé. O médico era muito rico: possuía uma colecção de quadros
extremamente valiosa, bem como muitas esculturas da América latina e
África, que lhe haviam sido oferecidas pela família do magnata
rockefeller, da qual fora o médico pessoal durante vários anos.
Mas
era também um reputado cientista e investigador. Naquela altura ele
estava empenhado em descobrir uma forma de se fazer a despistagem da
sida numa questão de horas: já que esses estudos ainda estavam muito
atrasados. E a sua investigação até se encontrava já bem avançada.
Infelizmente morreu no seu Mercedes numa das curvas da marginal - Ia
sozinho. Despistou-se e catapultou. O carro ficou irreconhecível. Teve
norte imediata. Foi um grande desgosto para a mulher. A filha já tinha
sete anos. E também nos deixou a nós muito tristes.
Quando
residimos na zona da Praia das Maçãs, as idas ou passagens por Sintra,
eram obrigatórias, pelo que também guardo da sua romântica paisagem e
casario, as melhores recordações. Porém, não há como Cascais e o
Estoril. Claro que cada lugar tem as suas singularidades. E microclimas
distintos. Subir à Serra de Sintra é maravilhoso, há perfumes e verdura
por todo o lado. E passear pela marginal do Estoril ou de Cascais, em
dias de sol, quem não adora?!.. Até uma viagem de comboio, de um extremo
a outro da linha, com partida no Cais do Sodré ou de lá para cá, é
aprazível e relaxante. Mas, na verdade, aquelas duas estâncias
balneares, são fantásticas. Não há poluição que retire o encanto às duas
praias tão maravilhosas.
.Nessas
areias finas, era onde a Bethe mais adorava estender-se sobre a toalha e
apanhar os seus banhos de sol. Vivemos juntos oito anos. À excepção dos
curtos períodos que ia passar a Los Angeles. Depois cada um seguiu a
sua vida. A partir de uma certa altura, eu fartei-me de ser pau de
cabeleira e de sexo: e também de amassajar: era muito exigente.
De volta e meia também tinha as suas crises e ficava horas agarrada ao telefone a falar com o marido... E a fazer queixinhas de mim... A coisa que mais me feria era ela dizer-lhe que eu era um bruxo de um chulo...Quando me apercebia dessa intriga eu ia para minha casa... Mas não tardava que me fosse buscar de táxi.. E ameaçasse suicidar-se se eu a abandonasse... Simulou duas gravidezes para me amarrar... Uma ocasião eu estava a ler e ela já se havia deitado. Nisto começa aos berros: "olha que a minha casa não é nenhum hotel!.. Quando é que te vens deitar?!... Depois dei-me conta que andava atrás de um dentista... Tinha ido lá a uma consulta e embeiçou com o homem... Era casado e já queria deixar a mulher.Vendo que eu já me tinha apercebido através dos telefonemas que lhe fazia, ela sai-se com este desabafo: "gostava de te pedir um favor. A mulher do meu dentista fica muito incomodada quando eu vou lá à consulta: não te importas de ir telefonar lá fora para ver quem é que atende o telefone. Depois desliga ou diz que te enganaste."
A resposta que eu lhe dei, foi esta: Bethe. Vamos ser sinceros. Eu não me importo de te fazer esse favor. E, já agora, quero também aproveitar para te dizer que é também chegada a minha vez de ficar no lugar do K. Ele cansou-se da cama mas ficou teu amigo. Faz sexo com quem quiseres e podemos ser bons amigos. Sim, ficámos amigos, mas, à medida que vi que ela já tinha com quem se entreter, pouco a pouco fui-me afastando e passei a preferir mais o meu modesto sótão de águas furtadas de que os luxos da casas que ela alugava.Não sei onde vive e como tem passado. E sinto pena. Houve naturalmente uma rotura mas ficaram muitas recordações.. Que foram comuns a ambos os corações... E, ao dedicar-lhe este poste, é o mesmo que reviver e ir ao encontro desses maravilhosos momentos..
De volta e meia também tinha as suas crises e ficava horas agarrada ao telefone a falar com o marido... E a fazer queixinhas de mim... A coisa que mais me feria era ela dizer-lhe que eu era um bruxo de um chulo...Quando me apercebia dessa intriga eu ia para minha casa... Mas não tardava que me fosse buscar de táxi.. E ameaçasse suicidar-se se eu a abandonasse... Simulou duas gravidezes para me amarrar... Uma ocasião eu estava a ler e ela já se havia deitado. Nisto começa aos berros: "olha que a minha casa não é nenhum hotel!.. Quando é que te vens deitar?!... Depois dei-me conta que andava atrás de um dentista... Tinha ido lá a uma consulta e embeiçou com o homem... Era casado e já queria deixar a mulher.Vendo que eu já me tinha apercebido através dos telefonemas que lhe fazia, ela sai-se com este desabafo: "gostava de te pedir um favor. A mulher do meu dentista fica muito incomodada quando eu vou lá à consulta: não te importas de ir telefonar lá fora para ver quem é que atende o telefone. Depois desliga ou diz que te enganaste."
A resposta que eu lhe dei, foi esta: Bethe. Vamos ser sinceros. Eu não me importo de te fazer esse favor. E, já agora, quero também aproveitar para te dizer que é também chegada a minha vez de ficar no lugar do K. Ele cansou-se da cama mas ficou teu amigo. Faz sexo com quem quiseres e podemos ser bons amigos. Sim, ficámos amigos, mas, à medida que vi que ela já tinha com quem se entreter, pouco a pouco fui-me afastando e passei a preferir mais o meu modesto sótão de águas furtadas de que os luxos da casas que ela alugava.Não sei onde vive e como tem passado. E sinto pena. Houve naturalmente uma rotura mas ficaram muitas recordações.. Que foram comuns a ambos os corações... E, ao dedicar-lhe este poste, é o mesmo que reviver e ir ao encontro desses maravilhosos momentos..
Nenhum comentário :
Postar um comentário