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sábado, 17 de novembro de 2018

Deus não tem rosto nem tem nome - Mas está presente em cada um de nós e em todo o Universo




Deus não tem rosto nem tem nome 
– Mas é presença omnipotente 
em toda a parte – É a face  visível 
ou invisível da fecunda Mãe-Natureza.
O murmúrio ou o sibilar do  sopro do vento,
à superfície dos mares ou na nudez da areia desértica
O diálogo intraduzível e secreto  da terra com a terra 
Que decorre sob a cúpula infinda do Universo
e se expande sem eco e sem resposta 
através da infinidade dos céus 
e do brilho mais tenue dos astros 

Sim, vale a pena que  lhe escutemos  
o silêncio que ilumina o caminho,
os passos do solitário  peregrino
as mínimas e subtis  vibrações  
que ecoam do simples búzio
sobre o brilho de uma praia deserta.



Ó cortês natureza que, em manhãs frias e pálidas
aqui me trazes, junto de um outro acompanhado,
que já fui e agora já não sou – Oh, ensombrada
harmonia! Doces sonhos que à juventude inspiram
mas o correr dos anos, desiludem e desenganam…
Como consolar-me das partidas traçadas pelo destino
senão através do bálsamo da fresca erva que piso e aspiro

 

Em cada batida sinto o rufar da grande imensidade, 
Ó selvagem e claro clamor original do espaço infindo!
Mesmo sem as asas dos pássaros, elevo-me, sinto-me voar
Ó deuses eternos! Meu bálsamo! - Excelsos penhascos meus!






Com o poeta Antonio Ramos Rosa


"Aqui é um lugar neutro o lugar nu. O lugar livre
O lugar incandescente pobre e nulo
Porque não se pode começar no princípio
Aqui nada se disse e por isso está tudo por dizer
E por isso nada se dirá e por isso tudo se dirá"

 - António Ramos Rosa


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