Deportação para São Tomé - Preso 12 vezes,
cumprindo um total de cerca de três anos de cadeia, Mário Soares foi deportado
sem julgamento para a ilha de São Tomé, em 1968, após divulgar a um jornalista
do Sunday Telegraph um caso de prostituição que envolvia membros do Governo e
homens de negócios próximos do regime de Salazar, conhecido como Ballet Rose.
Esta deportação desperta a atenção da comunicação social internacional Mário
Soares – Wikipédia
"Durante oito meses de exílio em São Tomé, em 1968,
Mário Soares viveu vigiado permanentemente pela polícia política do Estado
Novo, que manteve os são-tomenses à distância de tal forma que poucos se
lembram da sua presença.
Expresso - Mário Saores em S. Tomé |
Depois de ter sido várias vezes detido pelas suas
atividades contra o regime, Soares foi acusado de ter passado informações para
um jornalista inglês sobre o então denominado escândalo "Ballet
Rose", uma rede de prostituição que envolvia figuras do Estado Novo.-
Proprietário
de algumas canoas de pesca com motor e cerca de uma centena de cabeças
de gado, Fernando de Angolares chegou mesmo a fornecer alimentos a
Soares e a outros deportados por razões políticas.http://www.independenciaslusa.info/fotos-poucos-recordam-soares-em-sao-tome-e-a-culpa-e-da-pide/
Nós vamos também prestar-lhe o nosso tributo e de forma muito singular: - Fomos ao nosso vasto arquivo de repórter da Rádio Comercial, e, dentro os muitos registos, sonoros que guardamos, em cassetes, decidimos recuperar as palavras que proferiu na visita que efetuou, em tempo de Natal, a uma cadeia, no seu 1º mandato presidencial, acompanhado do então Ministro da Justiça, Fernando Nogueira, do XI Governo Constitucional, liderado por Cavaco Silva para ali mostrar aos presos, que, não obstante estarem a cumprir pena e terem cometido atos que são criticáveis e alguns e alguns deles atos criminosos, são pessoas humanas,
à sua chegada, declarou aos jornalistas: - "Eu venho aqui, justamente nesta quadra de Natal, em que, todas as pessoas, sentem um pouco mais a fraternidade que é devida a todos os homens, dizer que eles são pessoas humanas, afirmarmos isso e falar com eles para sentirem que são estimados e que são portugueses, como os outros
De seguida, a Direção da cadeia, acompanhou o Presidente Mário Soares, ao refeitório dos guardas prisionais, onde estavam apenas alguns presos para amostra - Mas o Presidente da República, fez questão de logo dizer que o propósito da sua visita era para ser partilhada com aqueles que estavam privados da liberdade e pediu que o encaminhassem aos refeitório dos presos.
Declarando: é muito agradável estar aqui convosco mas eu não vim aqui para estar convosco: não quero que me levem a mal isso mas eu vim para estar com os presos hoje porque me pareceu, que, nesta fase especial, que é a fase do Natal, em que os valores da família e da pessoa humana, são particularmente celebrados, eu queria fazer sentir aos presos comuns que estão em cumprimento de pena, que o Presidente da República também tem a ver com eles; que são pessoas humanas, dignas do nosso respeito e do nosso carinho, eu queria trazer-lhe uma palavra de simpatia e de esperança para o futuro deles, sobretudo Mas estão a aqui relativamente poucos, estão só alguns , eles vão participar convosco, e se estivessem de acordo depois desta saudação que estou a fazer, eu, com o Sr. Ministro iríamos assistir ali à refeição dos que lá estão encerrados .
Pouco
depois, foi então encaminhado para o refeitório dos presos, onde, após
voltar a justificar os motivos porque decidira fazer a vista,
confessou-lhes:
Estão
no cumprimento de pena mas não obstante terem cometido atos que a
sociedade julgou não lícitos não quer dizer que não tenham direito, como
todos os outros cidadãos portugueses, a serem bem tratados, a serem
acarinhados e a serem como rendidos Eu tenho muito gosto em vos dizer
isso, porque tenho, como talvez alguns de vocês saibam, uma experiência
que é, embora por razões diferentes da vossa, semelhante à vossa:
porque também sei o que é estar preso, sei o que é estar fora da
família e sei o que é passar o natal numa prisão e o ano novo. Por
isso mesmo é que eu quis vir aqui para vos dizer que tenho por vocês
estima, consideração e respeito e que espero, que, depois, com bom
comportamento na cadeia, possam ser abreviadas as vossas penas para
voltarem de nove para a liberdade e para serem cidadãos uteis e
respeitados por todos
Mário Soares no vale do Côa - Estivemos lá nesse dia |
Mário Soares, faleceu às 15:28, de um sábado dia 7 de Janeiro de 2017 no Hospital da Cruz Vermelha, um mês depois de ter completado 92 anos, onde estava internado desde o dia 13 de Dezembro, "na presença constante dos filhos. Foram declarados 3 dias de luto nacional. O Governo decretou três dias de luto nacional, o funeral realiza-se na terça-feira
CONHECI MÁRIO SOARES EM S. TOMÉ - Em Portugal, tive o prazer de lhe fazer algumas breves entrevistas, como repórter da RDP-Rádio Comercial. que guardo, assim como à sua esposa. - Conheci-o pela primeira vez em S. Tomé - Mas não se pense que ele teve ali a vida facilitada: quem lhe valeu foi o seu amigo Sr. Aprígio Malveiro, que era secretário da CM e que lhe deu alojamento nos primeiros tempos e o protegeu da vigilância dos PIDEs, que andavam quase sempre como cachorros atrás dele, a seguir-lhe os passos.. E também a amizade que tinha com o administrador da Roça Água Izé, da CUF.
Em S. Tomé, vi-o várias vezes a passear sozinho -a caminho do Tribunal. quando me ia sentar na esplanada do Café Baía - na foz do Água Grande - Um PIDE (da policia politica colonial) que estava ali numa mesa ao meu lado: comentou: lá vai aquele sacana! que há-de ser Presidente quando as galinhas tiverem dentes. Enganou-se: o PIDE deixou de ser PIDE e ele foi Presidente. E também o vi várias vezes nas sessões de cinema das quintas-feiras no cinema Império - Troquei com ele umas breves palavras na Roça do Sr. Eng. Salustino Graça, na Trindade. -
Era furriel Miliciano e tinha ido comprar ananases para a cantina do quartel. Estava ele com o filho João e o Sr. Eng - Às tantas, na altura em que estava a pesar os ananases, vira-se ele para mim: então Sr. ;Militar: gosta de S. Tomé? Mas antes que eu respondesse, apressa-se o João com esta pergunta: pai: sabes que diferença há entre um ananás e um Abacaxis: quem responde é então o Sr. Engº., que era realmente uma sumidade na cultura do ananás tendo ali uma das mais belas plantações da ilha- Foi ele, que, ali, noutra das minhas deslocações me vendeu vários pés desta planta para cultivar na agro-pecuária do quartel, que estava a meu cargo, onde também, fiz algumas plantações de bananeiras
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