Pico Cão Grande is a needle-shaped peak of volcanic formation, which rises to the south of São Tomé Island, in the Caué district, in the Obô Natural Park of São Tomé. Its summit is 663 m (2,175 ft) above sea level, and it towers some 370 m (1,210 ft) over the surrounding terrain.Finalmente, existem belas imagens, que não deixam margem para duvidas, de que a crista verde do imponente pico vertical, Cão Grande, foi alcançada por braços humanos -
Nunca duvidei que isso, um dia poderia vir a ser repetido, pois hoje há meios técnicos que resolvem todas as dificuldades . que até poderiam permitir lançar lá um cabo, tal como o arpão que é lançado às baleias e garantir uma escalada segura - Sim, quem já se esqueceu da extraordinária proeza do Erik Weihenmayer, o primeiro cego a escalar o EVAREST! https://www.youtube.com/watch?v=YsiC-Zrtlpc&t=19s - Em todo ocaso, seja de que forma for, escalar o Pico Cão Grande, para quem o lograr conseguir, é sempre um desafio de alto risco a merecer aplausos! -
É descrito, no texto do vídeo editado por Jacob Kupterman que, “no verão de 2018, uma equipa de escalada americana concluiu a subida livre da torre do Pico Cão Grande em São Tomé e Príncipe. A viagem foi documentada por meio de fotos e vídeos. O objetivo da escalada era fazer a primeira subida livre do Nubivagant (“Vagando nas Nuvens”), um percurso de 15 passos e 455m com graduação de 5.13d / O Pico Cão Grande. Pico Cão Grande é uma torre vulcânica na nação insular de São Tomé e Príncipe” .
Reconhecem que a “primeira escalada foi usando escadas e ganchos em 1975” – Sim, a que liderei, mas apenas, em dois pontos, e sem os recursos que na atualidade são possíveis – Foi mais, usando a velha técnica dos macacos da floresta; não dispúnhamos nem pitões, nem de capacetes nem das cordas e dos ganchos, com que agora podem fazer as suas habilidades ou tão pouco dos mais elementares meios para acamparmos com o mínimo de proteção e de segurança - Ficávamos por lá encaixados nos buracos e à mercê das contingências do tempo.
FINALMENTE – AS IMAGENS QUE TESTEMUNHAM UMA BRILHANTE ESCALADA - Um filme primorosamente bem documentado - Comprovação, indubitável, que constato pela primeira vez - As imagens de anteriores escaladas, não oferecem os testemunhos desta - Uma das quais, em 2001, como mais adianto posso documentar, não passou de uma farsa - Escalaram o Pico Cão Pequeno, alegando que estavam na crista do Cão Grande, tendo este uma configuração e uma crista bem diferente do outro.
É referido, também pelo autor do video, que, “poucas semanas antes de chegar à ilha, uma primeira subida livre da rota e da torre foi estabelecida por escaladores espanhóis e irmãos Iker e Eneko Pou. Pouco depois das ascensões espanholas de Pico Cão Grande, a equipe norte-americana de Sam Daulton, Remy Franklin, Tyler Rohr e Mike Swartz chegou a São Tomé, também na esperança de libertar Nubivagant. Daulton e Franklin liberaram todos os arremessos, incluindo um empurrão de um dia do arremesso cinco ao cume.
Todos os membros da equipe chegaram ao cume, realizando a primeira ascensão americana da formação. Significado, história e contexto da rota O percurso foi estabelecido e aparafusado em junho de 2016 por Gareth Leah e Tiny Almada. Leah e Almada não completaram uma subida livre; chegaram ao cume da torre, Pico Cão Grande, mas caíram em cada um dos três campos crux 5.13. A dificuldade técnica, a extensão do percurso, a localização remota, o clima tropical e a configuração da selva tornam esta escalada um desafio incomparável. Antes de Leah e Almada subirem a torre em junho de 2016, havia duas subidas conhecidas da torre.
O primeiro foi principalmente escalada auxiliar usando escadas e ganchos em 1975. O segundo foi em fevereiro de 1991, quando Naotoshi Agata, Kenichi Moriyama e Yosuke Takahashi estabeleceram uma rota de 18 passos, 400m, 5.10a / A2 subindo o contraforte sudeste. Membros do time Sam Daulton, Remy Franklin, Michael Swartz, Tyler Rohr Filmado e dirigido por: Jacob Kupferman Produzido por: Jack Daulton & Roz Ho Com agradecimentos especiais: The American Alpine Club A face norte Sterling Rope Navetur Outfitters “

Escrevia eu, em 2012, recordando a proeza alcançada, em 1975, por mim e pelos jovens São-Tomenses, Pires dos Santos e Constantino Bragança, estas palavras: "Não é que, a conquista do Pico Cão Grande, pela minha equipa, não possa ser igualável! -
Obviamente que há recursos técnicos, atualmente, que poderão facilitar a sua ascensão e que nós não dispúnhamos (o nosso equipamento era muito rudimentar e improvisado - No entanto, não tenho a menor dúvida que, quem se decidir a encarar o desafio, com sucesso, vai deparar-se com muito trabalho, com muitos riscos e dificuldades

Não é façanha para se fazer em jeito de turismo, ao estilo "mambo italiano" – Cujos autores, vieram gabar-se de, em três dias, terem escalado dois picos e ainda terem tempo de darem por lá numas passeatas, em comedorias e pernoitas, num hotel e outras veleidades no Ilhéu das Rolas".
| A Bandeira Portuguesa , antes da Independência |
![]() |
| Bandeira de STP na ponte do Caué, última expedição |
MARAVILHA
GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA – Única no género no mundo - Verdadeiro ex-libris do Sul da Ilha de São
Tomé, mas que devia ser também rentabilizado oficialmente desportivamente, tal como sucede nas escaladas
do Evereste, onde só a concessão da
licença, por cada membro, ascende a 11 mil
dólares, além do pagamento aos guias e carregadores, os sherpas costumam ganhar entre 2.000 e 4.000 dólares – E, em
S. Tomé, os guias e carregadores, ficam à mercê da generosidade das equipas. E,
depois, se acontece um acidente? – Houve aviso prévio ou acompanhamento dos
primeiros-socorros?
Sem
dúvida, um permanente desafio para os apaixonados de emoções fortes, amantes da
natureza, com nervos de aço e de grande autodomínio psicológico na escalada livre às majestosas
paredes verticais , que se
ergue no coração da floresta equatorial, ao sul da Ilha de São Tomé
Pois não é apenas um gigantesco falo de pedra basáltica - que chegou a ser
batizado de "Caralhete" elevando-se
acima de 300 m de altura em relação ao solo, por 663 m de de altitude,
acima do nível do mar. é, indubitavelmente, uma das mais
singulares maravilhas geológicas da terra: não tanto pela altitude mas
pela forma e verticalidade.
Houve quem, em 2001. viesse gabar-se de ter “ realizzato la prima salita assoluta dell’inviolato monolite di Cao Grande, Fotografaram-se no cume do Pico Cão Pequeno, a simular que estavam na crista do Cão Grande - As televisões deram destaque ao teatro e foram recebidos como heróis da dança do país do mambo
Mandaram-me um filme mas não acrescentaram nada de novo - O Pico Cão Pequeno é inclinado, é mais fácil de escalar. O Cão Grande é uma parede vertical e com vários tetos – E, no lance final de ataque ao cume, de pouco ou quase nada poderão valer os pitons senão a ponta dos dedos e a arte dos macacos na floresta
O Cão Grande tem uma configuração no cume muito diferente do Cão Pequeno – Ambos são de origem vulcânica mas, nos últimos 50 metros, a rocha do Cão Grande difere muito da rocha do Cão Pequeno e também na sua consistência; muito laminada, devido à erosão e lá em cima, destacam-se os arbustos, os musgos e não propriamente o capim – E, devido aos raios das tempestades, ao mínimo sopro de vento ou alteração brusca de temperatura, lasca e desmorona. Corremos grandes riscos por esse facto: nem sequer dispúnhamos de capacetes: uma ocasião uma lasca, só não me abriu a cabeça pela diferença de um dedo – E, a um dos meus companheiros, uma pedra ia-lhe cortando o pulso, que ainda hoje o tem com um enorme inchaço

Os últimos 50 metros do Pico Grande, são, de facto, de um extremo risco – Quem o fizer, terá, certamente, que aprender a técnica dos macacos da floresta – a usar mais as pontas dos dedos de que a ter que socorrer-se de pitons, martelos, ganchos, cordas e de outros apetrechos: o efeito erosivo das chuvas copiosas e constantes, naquela zona, a mais pluviosa da ilha, tem provocado, ao longo dos tempos, que, os últimos 50 metros, quase permanentemente envolvidos por um denso nevoeiro ou grossos novelos nuvens, se estejam a esboroar e a desmoronar - E se encontrem, em muitas áreas rochosas da superfície do gigantesco monólito basáltico, de origem vulcânica, como arestas laminadas, que cortam como navalhas, suscetíveis de se desprenderem facilmente, tanto por súbitas alterações de temperatura, como por um simples sopro de vento . Salvo a face exposta a poente, mais lisa e com menos arbustos, todo o restante perímetro do Cão Grande, na zona mais aprumo, e também com alguns tetos, é um permanente risco de vertigem e audácia - o passaporte a um voo para a morte.
| Está na crista do Cão Pequeno - Não é Cão Grande |
| Minha escalada ao Pico Cão Grande |
A foto em que, Matteo Rivadossi, surge com os braços abertos, o cume não é o do Pico Cão Grande, visto este ser todo coberto de fendas e de arbustos mas do Pico Cão Pequeno – E logo atrás das suas costas a orla marítima - Ora, do Pico Cão Grande, tal imagem fica muito distante.
De resto, se se confrontarem as cartas ou mapas de S. Tomé, é fácil a identificação daquele contorno.
| Ao fundo o Cão Grande - compare o perfil lado direito |
Veja as imagens em galleria - Odissea naturavventura
–O Pico Cão Pequeno é inclinado, é mais fácil de escalar. O Cão Grande é uma parede vertical e com vários tetos – E, no lance final de ataque ao cume, de pouco ou quase nada poderão valer os pitons senão a ponta dos dedos e a arte dos macacos na floresta – Cão Grande tem uma configuração no cume muito diferente do Cão Pequeno
– Ambos são de origem vulcânica mas, nos últimos 50 metros, a rocha do Cão Grande difere muito da cor da rocha do Cão Pequeno e também na sua consistência; muito laminada, devido à erosão e lá em cima destaca-se o verde dos arbustos e não propriamente o capim – E, devido aos raios das tempestades, ao mínimo sopro de vento ou alteração brusca de temperatura, lasca e desmorona. Corremos grandes riscos por esse facto: nem sequer dispúnhamos de capacetes: uma ocasião uma lasca, só não me abriu a cabeça pela diferença de um dedo – E, a um dos meus companheiros, uma pedra ia-lhe cortando o pulso, que ainda hoje o tem com um enorme inchaço
TENTADA POR VÁRIAS EQUIPAS - SEM ÊXITO
A escalada já foi tentada por equipas de várias nacionalidades mas nós fomos os únicos que alcançámos o cume - Em 12 de Outubro, de 1975, a minha equipa, conquistava, finalmente, o tão desejado cume do Pico Cão Grande - Dois anos sozinho, e, por fim, de, 73 a 75, com uma equipa de valorosos santomenses - Constantino Bragança, Cosme Pires dos Santos, e os guias, Sebastião e o Chico - conquistávamos a crista de um dos mais difíceis e caprichosos monólitos do planeta.
Não disponho das imagens de tão auspicioso momento – se bem que, para nós, fosse mais de pesadelo de que de alegria, dada a iminência de uma tempestade e de não termos a certeza se regressaríamos vivos ao sopé - , sim, não disponho de nenhuma fotografia desse dia, porque, uns dias depois, deixava S. Tomé a bordo do pesqueiro americano, Hornet, para ser largado, numa frágil piroga, a sul da Ilha de Ano Bom, na corrente equatorial – O meu espólio, até ficou bem guardado, só, que, mais tarde, tendo pedido a um comerciante, que mo fosse buscar a casa da minha companheira para fazer o favor de mo trazer para Portugal, quando aqui voltasse de férias, sim, ele foi lá a busca-lo, mas, até hoje, não se dignou entregá-lo a quem pertence.
De facto, o alpinismo é um dos desportos mais arrojados e nobres, entre as várias modalidades desportivas, por isso mesmo, não só exige preparação técnica adequada, de molde a evitarem-se riscos desnecessários, como também, qualidades humanas de elevada craveira - coragem, equilíbrio mental e determinação, sentimento de lealdade e companheirismo para com os elementos da equipa, porque, a escalada, é sobretudo, um desporto de equipa. - mas ao mesmo tempo de um grande desprendimento e humildade - É dos tais desportos que não encaixa no perfil dos vaidosos, desonestos ou batoteiros. | Junto do Coronel Victor Monteiro |
De: jorge trabulo Marques >
Data: 5 de novembro de 2015 02:17
Assunto: Matteo Rivadossi e o Pico Cão Grande, em S. Tomé – A primeira escalada não é da sua equipa
Para: ggb@ggb.it, montura@montura.it, info@odisseanaturavventura.it
Antes de mais, aproveito para felicitar-vos pela vossa iniciativa, todavia, venho comunicar-vos o seguinte: - Que a primeira escalada ao Pico Cão Grande, não é da vossa autoria, mas da minha equipa, concluída em Outubro de 1975 conforme poderão ver na página do meu site, em (..cão grande em são tomé - a grande escalada ao pico vertical..) E, qualquer pessoa que faça investigação acerca do Cão Grande, imediatamente tem essa informação disponível desde Fevereiro de 2012, aliás, já exposta uns anos antes noutro site, da qual foram retiradas imagens por vários utilizadores da Internet| NO PAPEL É FÁCIL ENCENAR |
| In Corriere della Sera |
I have the honor to invite you to participate in my talk of 40 years of climbing Dog Great in St. Thomas, on 25 November at the Conference: 40 Years on the Peak Climbing Great Dog, Palestra: 40 Anos sobre a Escalada do Pico Cão Grande which takes place in the Associação Desnível

My name is Jorge Trabulo Marques, Portuguese, I'm a journalist and author of the first climb to the Pico Big Dog in St. Thomas, started in mid-1970 and completed on 12 October 1975.Also viewing the film inCao Grande | AlbatrosFilm but did not see any of your expedition photo
Tenho a honra de convidá-lo a participar na minha palestra dos 40 anos da escalada Cão Grande, em S. Tomé, no dia 25 de Novembro, na Palestra: 40 Anos sobre a Escalada do Pico Cão Grande. que se realiza na Associação Desnível
No seguimento da minha anterior mensagem, venho renovar-lhe o pedido de me enviar mais algumas imagens da vossa expedição – Gostaria de ter mais informação fotográfica e documental ao Pico Cão Grande e ao Pico Cão Pequeno - Já consultei a galleria - galleria - Odissea naturavventura mas são poucas as imagensTambém já visionei o filme em Cao Grande | AlbatrosFilm mas não vi nenhuma fotografia da vossa expedição
O Cão Grande é uma agulha gigantesca com mais de 350 metros de altura; é uma pedra mais alta que a Torre Eiffel!Teríamos de multiplicar por 11 a altura do maior obelisco que saiu do Thebas, dando-lhe pouco mais de 200 metros de diâmetro na base e 80 metros junto ao topo, de arredondar-lhe as arestas, colar-lhe uma trepadeiras nas rugosidades, dar-lhe umas asperezas na base e na superfície cilíndrica, continuar a deixá-lo bem de prumo, e teríamos mais ou menos pronto o Cão Grande. Havíamos de dobrar altura do monumento de Washington, e depois ainda fazê-lo maior, para o colocarmos a par do Cão Grande .
![]() |
João Alves - Cão Pequeno, São Tomé, Fevereiro 2003 |
ESCALADO TRÊS MESES DEPOIS DA INDEPENDÊNCIA DE S. TOMÉ E PRÍNCIPE - CINCO ANOS DEPOIS DA PRIMEIRA ESCALADA
Eis algumas linhas do que cheguei a escrever na revista Semana Ilustrada, de Luanda, da qual era correspondente (…) A nossa maior dificuldade, não é a altura. Tão pouco a rocha ser ou não mais perpendicular, mas a ausência de fendas em certas faces deste pico para a colocação dos necessários apoios que nos permitam prosseguir. E, numa rocha vulcânica como a do Cão Grande, a perfuração é impraticável, a menos com auxílio de fortes berbequins elétricos (manuais, nem pensar, era toda a vida) o que, além de ser pouco desportivo, é ainda demasiado embaraço, senão mesmo inacessível .
E nada mais penoso é para um montanhista do que, depois de subir uma rocha em quase toda a sua extensão (sobretudo com as características como as do Cão Grande) vencer inúmeras dificuldades e obstáculos, sujeitar-se a constantes riscos e, por fim, já muito pertinho da sua crista, por um imperativo de força maior, ser obrigado a regressar, quando pensava que afinal já nada lhe impediria, para de novo ter de lá voltar, pelos mesmos caminhos, conhecer as mesmas dificuldades e obstáculos, experimentar a sensação dos mesmos riscos, e, depois de ter estado tão pertinho, do cume das suas ambições, dizíamos, sofrer a amarga decepção de aguardar o prazer dessa efémera vitória ( sim, porque ao fim ao cabo de efémera se trata) para outra oportunidade.
A maioria dos desportos, quaisquer que sejam, implicam competição. No caso do alpinismo, os princípios são bem outros: numa escalada, da segurança de um depende a do companheiro ou· de todos os elementos que compõem a expedição. Porque a pratica do alpinismo é forçosamente perigoso e todo o cuidado que se põe é pouco. Por isso, agora foi a rocha que não nos deixou passar, mas, noutras vezes, tem sido o mau tempo ou um de nós adoecer: - sabemos que, numa circunstância difícil - por mais perto que esteja o cume ambicionado - , é preferível voltar e continuar noutra ocasião, Foi o que fizemos da última vez. Para a próxima, creio que iremos mais bem apetrechados e talvez até com um pouco mais de coragem.
Entretanto, seguindo um ritual montanístico, para garantirmos a nossa presença num pedaço de rocha onde nunca ninguém foi, temos levado connosco a bandeira nacional para a fincarmos no ponto cimeiro deste pico. Como este objectivo tem estado demorado, já é a terceira bandeira que levamos. Devido às intempéries, foram-se desfazendo e tiveram sucessivamente de ser substituídas. Esperamos que à terceira seja de vez: a ser desfraldada no topo do Cão Grande.Não disponho das imagens desse auspicioso momento – se bem que, para nós, fosse mais de pesadelo de que de alegria, dada a iminência de uma tempestade e de não termos a certeza se regressaríamos vivos ao sopé - , sim, não disponho de nenhuma fotografia desse dia, porque, uns dias depois, deixava S. Tomé a bordo do pesqueiro americano, Hornet, para ser largado, numa frágil piroga, a sul da Ilha de Ano Bom, na corrente equatorial – O meu espólio, até ficou bem guardado, só, que, mais tarde, tendo pedido a um comerciante, que mo fosse buscar a casa da minha companheira para fazer o favor de mo trazer para Portugal, quando aqui voltasse de férias, sim, ele foi lá a busca-lo, mas, até hoje, não se dignou entregar-mo.
Transportado no referido pesqueiro, o comandante, querendo demover-me da minha aventura, e depois de eu ter recusado o trabalho a bordo, deixa-me a Norte desta ilha – Impossibilitado de atingir a corrente que me levaria para oeste, decidi o regresso a S. Tomé, aproveitando a direção dos ventos alíseos e das correntes, que ali convergiam, ainda unicamente para Norte do Golfo da Guiné. 

Porém, nesse mesmo dia, já noite escura, um violento tornado, faz-me perder o leme, os remos principais, e, para evitar que a canoa se afundasse, arranquei as duas varas dos mastros, enrolei as velas e coloquei-os de través, sendo obrigado a alijar-me da maior parte dos viveres e a lançar ao mar os quatro bidões de água, um dos quais meio de água, mas bem arrolhado e preso a uma corda para fazer de âncora flutuante e forçar a canoa a ficar de proa à vaga e não de lado, evitando ser voltada – Mesmo assim, arrastada e fustigada por vagas alterosas, sob o estrondo de fortíssimos trovões e o rasgar de sinistros relâmpagos, as longas horas noturnas, da tão pesada e dramática tormenta, foram verdadeiramente infernais - Ao amanhecer, já não se ouvia a sinistra orquestra, porém, o mau tempo prolongar-se-ia por várias dias seguidos e com o horizonte, continuamente cerrado por neblinas ou densas nuvens. Vindo, pois, a conhecer uma longa e penosa deriva de 38 dias, até acostar a uma remota baía da Ilha de Bioko, Guiné Equatorial, onde acabaria por ser detido e encarcerado por suspeita de espionagem.

