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terça-feira, 15 de junho de 2021

Escalada ao Pico Cão Grande, em S. Tomé – Parabéns à equipa norte-americana de Sam Daulton, Remy Franklin, Tyler Rohr e Mike Swartz , que conquistou e documentou a sua escalada, depois da que a minha equipa conquistou, com valorosos santomenses, em Out de 1975, com rudimentar equipamento e parte do percurso em escalada livre


Pico Cão Grande is a needle-shaped peak of volcanic formation, which rises to the south of São Tomé Island, in the Caué district, in the Obô Natural Park of São Tomé. Its summit is 663 m (2,175 ft) above sea level, and it towers some 370 m (1,210 ft) over the surrounding terrain.
The first attempts to climb Pico Cão Grande, led by a Portuguese-Santomean team, took place in 1970-71-72-73-74, with the final ascent being successfully completed, without special technical resources, with very rudimentary equipment, in mid-October 1975 by Jorge Trabulo Marques, Portuguese and the two Santomeans, Cosme Pires dos Santos and Constantino Bragança 

Jorge Trabulo Marques – Jornalista, investigador, antigo navegador solitário de pirogas no Golfo da Guiné - Liderou a primeira escalada do Pico Cão Grande, em Outubro de 1975, sem os recursos técnicos que se agora se oferecem, depois de cinco anos de consecutivas tentativas em escalada livre,  ao estilo dos macacos na floresta

Finalmente, existem belas imagens, que não deixam margem para duvidas, de que a crista verde do imponente pico vertical, Cão Grande, foi alcançada por braços humanos - 

Nunca duvidei que isso, um dia poderia vir a ser repetido, pois hoje há meios técnicos que resolvem todas as dificuldades . que até poderiam permitir lançar lá um cabo, tal como o arpão que é lançado às baleias e garantir uma escalada segura - Sim, quem já se esqueceu da extraordinária proeza do Erik Weihenmayer, o primeiro cego a escalar o EVAREST! https://www.youtube.com/watch?v=YsiC-Zrtlpc&t=19s  - Em todo ocaso, seja de que forma for,  escalar o Pico Cão  Grande, para quem o lograr conseguir, é sempre um desafio de alto risco a merecer aplausos!  - 

 É descrito, no texto do vídeo editado por Jacob Kupterman   que, “no verão de 2018, uma equipa de escalada americana concluiu a subida livre da torre do Pico Cão Grande em São Tomé e Príncipe. A viagem foi documentada por meio de fotos e vídeos. O objetivo da escalada era fazer a primeira subida livre do Nubivagant (“Vagando nas Nuvens”), um percurso de 15 passos e 455m com graduação de 5.13d / O Pico Cão Grande. Pico Cão Grande é uma torre vulcânica na nação insular de São Tomé e Príncipe” .

Reconhecem que primeira escalada foi usando escadas e ganchos em 1975” – Sim, a que liderei, mas apenas, em dois pontos, e sem os recursos que na atualidade são possíveis – Foi mais, usando a velha técnica  dos macacos da floresta; não dispúnhamos nem pitões, nem de capacetes nem das cordas e dos ganchos, com que agora podem fazer as suas habilidades ou tão pouco dos mais elementares meios para acamparmos com o mínimo de proteção e de segurança - Ficávamos por lá encaixados nos buracos e à mercê das contingências do tempo.

FINALMENTE – AS IMAGENS QUE TESTEMUNHAM UMA  BRILHANTE ESCALADA - Um filme primorosamente bem documentado - Comprovaçãoindubitável,  que constato pela primeira vez  - As imagens de  anteriores escaladas, não oferecem os testemunhos desta  - Uma das quais, em 2001, como mais adianto posso documentar, não passou de uma farsa - Escalaram o Pico Cão Pequeno, alegando que estavam na crista do Cão Grande, tendo este uma configuração e uma  crista bem diferente do outro.

É referido,  também pelo autor do video, que, “poucas semanas antes de chegar à ilha, uma primeira subida livre da rota e da torre foi estabelecida por escaladores espanhóis e irmãos Iker e Eneko Pou. Pouco depois das ascensões espanholas de Pico Cão Grande, a equipe norte-americana de Sam Daulton, Remy Franklin, Tyler Rohr e Mike Swartz chegou a São Tomé, também na esperança de libertar Nubivagant. Daulton e Franklin liberaram todos os arremessos, incluindo um empurrão de um dia do arremesso cinco ao cume.

Todos os membros da equipe chegaram ao cume, realizando a primeira ascensão americana da formação. Significado, história e contexto da rota O percurso foi estabelecido e aparafusado em junho de 2016 por Gareth Leah e Tiny Almada. Leah e Almada não completaram uma subida livre; chegaram ao cume da torre, Pico Cão Grande, mas caíram em cada um dos três campos crux 5.13. A dificuldade técnica, a extensão do percurso, a localização remota, o clima tropical e a configuração da selva tornam esta escalada um desafio incomparável. Antes de Leah e Almada subirem a torre em junho de 2016, havia duas subidas conhecidas da torre.


O primeiro foi principalmente escalada auxiliar usando escadas e ganchos em 1975. O segundo foi em fevereiro de 1991, quando Naotoshi Agata, Kenichi Moriyama e Yosuke Takahashi estabeleceram uma rota de 18 passos, 400m, 5.10a / A2 subindo o contraforte sudeste. Membros do time Sam Daulton, Remy Franklin, Michael Swartz, Tyler Rohr Filmado e dirigido por: Jacob Kupferman Produzido por: Jack Daulton & Roz Ho Com agradecimentos especiais: The American Alpine Club A face norte Sterling Rope Navetur Outfitters “

 Escrevia eu, em 2012, recordando a proeza alcançada, em 1975,  por mim e pelos jovens São-Tomenses, Pires dos Santos e Constantino Bragança, estas palavras: "Não é que, a conquista do Pico Cão Grande, pela minha equipa, não possa ser igualável! - 

Obviamente que  há recursos técnicos, atualmente, que poderão facilitar a sua ascensão e que nós não dispúnhamos (o nosso equipamento era muito rudimentar e improvisado - No entanto, não tenho a menor dúvida que, quem  se decidir a encarar o desafio, com sucesso,   vai deparar-se com muito trabalho,  com muitos riscos e dificuldades 


 Não é façanha  para se fazer em jeito de turismo, ao estilo "mambo italiano"  – Cujos autores, vieram gabar-se de,  em três dias, terem escalado  dois picos e ainda terem tempo de darem por lá numas passeatas, em comedorias e pernoitas, num hotel  e outras veleidades no Ilhéu das Rolas".


MONSTRUOSO PÁRA-RAIOS - EM DIAS DE TEMPESTADE  - É  de tal  maneira fustigado por faíscas e relâmpagos, que, mais lembra uma Torre Negra, incendiada do Inferno  - A sua forma, quase esférica e pontiaguda, funciona como um portentoso para-raios! - Várias vezes vi esse espetáculo pirotécnico noturno  da Roça Ribeira Peixe, quando ali trabalhava, como empregado de mato - Dizia-se lá: "Olha lá está o Cão Grande a ser bombardeado pela fuzilaria do diabo!!...  - Não tarda a  trovoada a vir por aí abaixo!...

Curiosamente, mais das vezes, as nuvens faziam por lá a descarga e a chuva não atingia o  terreiro da roça, que ficava ali junto ao mar - É, sem dúvida, a zona onde chove mais! - Em São Tomé há cinco microclimas - Que vão desde os 300mm na cidade São Tomé, até aos 5000mm, onde se situa aquele pico.

A Bandeira Portuguesa , antes da Independência
Bandeira de STP na ponte do Caué,  última expedição 
Daí o fascínio que exerce aos olhos de quem o contempla. Mas, sobretudo, o permanente desafio que se revela aos amantes da escalada vertical -  Pessoalmente, pude  viver tais emoções, sentir o grande prazer  – misto de glória, apreensão e receio – com com a minha valorosa equipa de santomenses; Pires dos Santos e Constantino Bragança e dos meus guias: Sebastião e do Chico.

MARAVILHA GEOLÓGICA DO PLANETA TERRA – Única no  género no mundo    - Verdadeiro ex-libris do Sul da Ilha de São Tomé, mas que devia ser também rentabilizado oficialmente    desportivamente, tal como sucede nas escaladas do Evereste, onde só a concessão  da licença,  por cada membro, ascende a 11 mil dólares, além do pagamento aos guias e carregadores, os sherpas costumam ganhar entre 2.000 e 4.000 dólares – E, em S. Tomé, os guias e carregadores, ficam à mercê da generosidade das equipas. E, depois, se acontece um acidente? – Houve aviso prévio ou acompanhamento dos primeiros-socorros?


Sem dúvida, um permanente desafio para os apaixonados de emoções fortes, amantes da natureza, com nervos de aço e de grande autodomínio psicológico na escalada livre às majestosas paredes verticais ,  que  se ergue no coração da floresta equatorial, ao sul  da Ilha de São Tomé

Pois não é apenas um gigantesco falo de pedra basáltica - que chegou a ser batizado de  "Caralhete"  elevando-se acima de 300 m de altura em relação ao solo, por 663 m de  de altitude, acima do nível do mar. é,  indubitavelmente, uma das mais singulares maravilhas  geológicas da terra: não tanto pela altitude mas pela forma e verticalidade. 

Houve quem, em  2001. viesse gabar-se  de ter “ realizzato la prima salita assoluta dell’inviolato monolite di Cao Grande, Fotografaram-se no cume do Pico Cão Pequeno, a simular que estavam na crista do Cão Grande  - As televisões deram destaque ao teatro e foram recebidos como heróis da dança do  país do mambo

Mandaram-me um filme mas  não acrescentaram nada de novo - O Pico Cão Pequeno é inclinado, é mais fácil de escalar. O Cão Grande é uma parede vertical e com vários tetos – E, no lance final de ataque ao cume, de pouco ou quase nada poderão valer os pitons senão a ponta dos dedos e a arte dos macacos na floresta 

O Cão Grande tem uma configuração no cume muito diferente do Cão Pequeno – Ambos são de origem vulcânica mas, nos últimos 50 metros, a rocha do Cão Grande difere muito da rocha do Cão Pequeno e também na sua consistência; muito laminada, devido à erosão e lá em cima, destacam-se os  arbustos, os musgos e não propriamente o capim  – E, devido aos raios das tempestades, ao mínimo sopro de vento ou alteração brusca de temperatura, lasca e desmorona. Corremos grandes riscos por esse facto: nem sequer dispúnhamos de capacetes: uma ocasião uma lasca, só não me abriu a cabeça pela diferença de um dedo – E, a um dos meus companheiros, uma pedra ia-lhe cortando o pulso, que ainda hoje o tem com um enorme inchaço


CONQUISTA DO CUME COM SABOR AMARGO

Em 12 de Outubro, de 1975, a minha equipa, conquistava, finalmente, o tão desejado cume do Pico Cão Grande  - Dois anos sozinho, e, por fim, nos dois anos seguintes, 73 e 75,  com a participação de dois valorosos santomenses, o Cosme Pires dos Santos e o Constantino Bragança, além da valiosa colaboração dos guias e carregadores, do  Sebastião e do Chico, atingia-se a crista de um dos mais difíceis e caprichosos monólitos do planeta. 
Não disponho das imagens desse auspicioso momento – se bem que, para nós, fosse mais de pesadelo de que de alegria, dada a iminência de uma tempestade e de não termos a certeza se regressaríamos vivos ao sopé - , sim, não disponho de nenhuma fotografia desse dia, porque, uns dias depois, deixava S. Tomé a bordo do pesqueiro americano, Hornet, para ser largado, numa frágil piroga,  a sul da Ilha de Ano Bom, na corrente equatorial –  O meu espólio, até ficou bem guardado, só, que, mais tarde, tendo pedido a um comerciante, que mo fosse buscar a casa da minha companheira para fazer o favor de mo trazer para Portugal, quando aqui voltasse de férias, sim, ele foi lá a busca-lo, mas, até hoje, não se dignou entregar-mo.



Os últimos 50 metros do Pico Grande, são, de facto,  de um extremo risco – Quem o fizer, terá, certamente, que  aprender a técnica dos macacos da floresta – a usar mais as pontas dos dedos de que a ter que socorrer-se de pitons, martelos, ganchos, cordas e de outros apetrechos: o efeito erosivo das chuvas copiosas e constantes, naquela zona,  a mais pluviosa da ilha, tem provocado, ao longo dos tempos, que, os  últimos 50 metros,  quase permanentemente envolvidos por um denso nevoeiro ou grossos novelos nuvens, se estejam a esboroar e a desmoronar - E se encontrem, em muitas áreas rochosas da   superfície do gigantesco monólito basáltico, de origem vulcânica,  como arestas laminadas, que cortam como navalhas, suscetíveis de se desprenderem facilmente,  tanto por súbitas alterações de temperatura,  como  por um simples  sopro de vento . Salvo a face exposta a poente, mais lisa e com menos arbustos, todo o restante perímetro do Cão Grande, na zona mais aprumo, e também com alguns tetos, é um permanente risco de vertigem e audácia - o passaporte a um voo para a morte.

Lá do alto, do cume do Cão Grande, não se desprendem as  avalanches de neves das frias regiões, porque,  o clima é equatorial, é quente e húmido, mas há outras ameaças, não menos perigosas - Pedras que se soltam! -   Por exemplo, o Pires dos Santos, ainda hoje tem um pulso, com um enorme inchaço, devido a um pedra que se desprendeu e o atingiu. A mim, só por um dedo é que uma pedra, que me passou a rasar uma orelha, não me abriu a cabeça.   E o Constantino, também não foi poupado de uma pedra, que o ia atirando para o abismo.  

Além das várias tentativas, que foram feitas, nos anos 60 por várias equipas estrangeiras, de que não há registo, sabe-se, no entanto, que, após a independência de S. Tomé e Príncipe, há pelo menos   conhecimento público, de quatro tentativas:

1 – A tentativa de uma expedição francesa, em 1980
2-  A tentativa de uma expedição japonesa , em 1985
3- A tentativa de uma expedição italiana, em 1992

Está na crista do Cão Pequeno  - Não é Cão Grande

4-  A apregoada escalada italiana, a que deram o nome de Via Mambo Italiano, face sul, liderada por Matteo Rivadossi, mas o que esta equipa escalou foi o Pico Cão Grande
DESMONTAGEM DE UMA FARSA

Realizaram um documentário de 40 minutos, que  apresentaram num festival internacional mas, desse documentário apenas mostram um curto vídeo  de paisagens de S, Tomé  - E nenhuma da escalada - Dizem ter escalado os dois picos mas só mostram algumas fotos que dizem ter sido registadas no Pico Cão Grande mas  são do Pico Cão Pequeno

 



Minha escalada ao Pico Cão Grande











A foto em que, Matteo Rivadossi, surge com os braços abertos, o cume não é o do Pico Cão Grande, visto este ser todo coberto de fendas e de arbustos mas do Pico Cão Pequeno – E logo atrás das suas costas a orla marítima - Ora, do Pico Cão Grande, tal imagem fica muito distante. 

De resto, se se confrontarem as cartas ou mapas de S. Tomé, é fácil a identificação daquele contorno. 

Porém, o paradoxal das suas afirmações, assenta também ainda no facto de que, das duas escaladas, que dizem ter realizado, apenas mostram, na galeria de 14 imagens,  6 fotos referidas como sendo do Pico Cão Grande, sendo  as restantes: uma das  quais num caminho deste Pico no  palmar do Caué, três do aspeto geral do Pico Cão Grande, uma delas com vista da estrada, outra panorâmica de uma praia: outra com o carregador; outra  de uma de uma mulher com filho nas costas  - Não mostram nenhuma imagem identificada como sendo do Pico Cão Pequeno 

Na imagem em que aparece a equipa dos alpinistas, que é legendada na galeria de imagens como sendo no Cão Grande, como é que isso é possível se surge o Cão Grande, no horizonte ao fundo?...  - Confrontem-se as duas imagens: a foto em que se vê todo o perfil do Cão Pequeno, com a equipa dos alpinistas a  vitoriarem a suposta conquista do Cão Grande - Atente-se no relevo à direita, no horizonte, se não é o mesmo das duas fotografias


Ao fundo o Cão Grande - compare o perfil lado direito
Noutra imagem do site - que julgo também ser a descida do Cão Pequeno - igualmente identificada como sendo no Cão Grande - Nota-se perfeitamente a inclinação que caracteriza do Pico Cão Pequeno, com menos arbustos  e  menos saliências de que a do Cão Grande 

Veja as imagens em galleria - Odissea naturavventura

ENGANARAM A TELEVISÃO DE S. TOMÉ E PRÍNCIPE, RDP -ÁFRICA, A SUA "PROEZA" TEVE HONRAS DE ABERTURA NOS TELEJORNAIS  - o Líder da escalada, famoso em Itália, até já  teve honras de Una serata con Matteo Rivadossi –

CAO GRANDE spedizione alpinistica che nell’estate 2001 ha realizzato la prima salita assoluta dell’inviolato monolite di Cao Grande, la misteriosa guglia basaltica alta 700 metri simbolo del minuscolo arcipelago africano di Sao Tomé e Principe, per altro già tentatada diverse spedizioni e quella del Cao Paqueno (388m). Il film è stato presentato ai principali festival internazionali. 

 CAO GRANDE spedizione alpinistica che nell’estate 2001 ha realizzato la prima salita assoluta dell’inviolato monolite di Cao Grande, la misteriosa guglia basaltica alta 700 metri simbolo del minuscolo arcipelago africano di Sao Tomé e Principe, per altro già tentatada diverse spedizioni e quella del Cao Paqueno (388m). Il film è stato presentato ai principali festival internazionali.

O Pico Cão Pequeno é inclinado, é mais fácil de escalar. O Cão Grande é uma parede vertical e com vários tetos – E, no lance final de ataque ao cume, de pouco ou quase nada poderão valer os pitons senão a ponta dos dedos e a arte dos macacos na floresta – Cão Grande tem uma configuração no cume muito diferente do Cão Pequeno 



– Ambos são de origem vulcânica mas, nos últimos 50 metros, a rocha do Cão Grande difere muito da
   cor da rocha do Cão Pequeno e também na sua consistência; muito laminada, devido à erosão e lá em cima destaca-se o verde dos arbustos e não propriamente o capim – E, devido aos raios das tempestades, ao mínimo sopro de vento ou alteração brusca de temperatura, lasca e desmorona. Corremos grandes riscos por esse facto: nem sequer dispúnhamos de capacetes: uma ocasião uma lasca, só não me abriu a cabeça pela diferença de um dedo – E, a um dos meus companheiros, uma pedra ia-lhe cortando o pulso, que ainda hoje o tem com um enorme inchaço

Terão que lá voltar e fazer nova encenação mais aprimorada, porque esta é demasiado mamba! - É por isso que a estes escaladores - de famoso  currículo - nunca faltam patrocínios e reportagens televisivas: basta encenar - É fácil e rápido! Até porque ninguém está lá no topo a fazer o reconhecimento da chegada ou cronometrar a escalada.


 TENTADA POR VÁRIAS EQUIPAS - SEM ÊXITO


A escalada já foi tentada por   equipas de várias nacionalidades mas nós fomos os únicos que alcançámos o cume - Em 12 de Outubro, de 1975, a minha equipa, conquistava, finalmente, o tão desejado cume do Pico Cão Grande - Dois anos sozinho, e, por fim, de, 73 a 75, com uma equipa de valorosos santomenses - Constantino Bragança, Cosme Pires dos Santos, e os guias, Sebastião e o Chico - conquistávamos a crista de um dos mais difíceis e caprichosos monólitos do planeta. 







Não disponho das imagens de tão auspicioso momento – se bem que, para nós, fosse mais de pesadelo de que de alegria, dada a iminência de uma tempestade e de não termos a certeza se regressaríamos vivos ao sopé - , sim, não disponho de nenhuma fotografia desse dia, porque, uns dias depois, deixava S. Tomé a bordo do pesqueiro americano, Hornet, para ser largado, numa frágil piroga,  a sul da Ilha de Ano Bom, na corrente equatorial –  O meu espólio, até ficou bem guardado, só, que, mais tarde, tendo pedido a um comerciante, que mo fosse buscar a casa da minha companheira para fazer o favor de mo trazer para Portugal, quando aqui voltasse de férias, sim, ele foi lá a busca-lo, mas, até hoje, não se dignou entregá-lo a quem pertence.

Lá do alto, do cume do Cão Grande, não se desprendem as  avalanches de neves das frias regiões, porque,  o clima é equatorial, é quente e húmido, mas há outras ameaças, não menos perigosas - Pedras que se soltam! -   Por exemplo, o Pires dos Santos, ainda hoje tem um pulso, com um enorme inchaço, devido a um pedra que se desprendeu e o atingiu. A mim, só por um dedo é que uma pedra, que me passou a rasar uma orelha, não me abriu a cabeça.   E o Constantino, também não foi poupado de uma pedra, que o ia atirando para o abismo.  

 ALPINISMO NÃO É PARA ENCENADORES

De facto, o  alpinismo é um dos desportos mais arrojados e nobres, entre as várias modalidades desportivas, por isso mesmo, não só exige preparação técnica adequada, de molde a evitarem-se riscos desnecessários, como também,  qualidades humanas  de elevada craveira  - coragem, equilíbrio mental  e determinação, sentimento de lealdade e companheirismo para com os elementos da equipa, porque, a escalada, é sobretudo, um desporto de equipa. -  mas ao mesmo tempo de um grande desprendimento  e humildade - É dos tais desportos que não encaixa  no perfil dos vaidosos, desonestos ou batoteiros. 




Não se faz uma escalada, para competir seja como quem for. Não se luta contra ninguém, nem para agredir a  própria  Natureza mas para  se ir ao encontro da sua harmonia ou do  que ela tem de mais belo e  aparentemente agreste e desafiador  - Buscar o prazer  da superar o grau  de dificuldades, que a mesma se nos apresente. Não se escala uma parede aprumo   como quem  joga futebol e procura meter um golo na baliza do adversário - Mas há, no entanto, quem ouse fazer escalada, não para melhor conhecer e desafiar as suas próprias capacidades ou pelo gosto que tem pelo contato estreito  com a natureza, mas unicamente para exibir a sua vaidade e comercializar - E, então aí, vale tudo: até a batota, a desonestidade e a mentira.


Junto do Coronel Victor Monteiro
Creio que que terá sido esse o espírito de uma equipa de alpinistas, que, já na primeira década deste século, veio gabar-se, para as televisões, ter sido a primeira e a única a escalar o Pico Cão Grande - Mas não é verdade.   A documentação, que exibem publicamente, além de escassa, é manifestamente contraditória. Dirigi-lhes o convite para  se fazerem representar na minha palestra - ao mesmo tempo pedindo-lhe mais informação - mas nem sequer se dignaram responder.


DUAS MENSAGENS ENVIADAS AO LÍDER DA EQUIPA ITALIANA  - SEM RESPOSTA

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: jorge trabulo Marques >
Data: 5 de novembro de 2015 02:17
Assunto: Matteo Rivadossi e o Pico Cão Grande, em S. Tomé – A primeira escalada não é da sua equipa
Para: ggb@ggb.itmontura@montura.itinfo@odisseanaturavventura.it

Exmo Senhor
Matteo Rivadossi
Chamo-me Jorge Trabulo Marques, sou jornalista e autor da primeira escalada ao Pico Cão Grande,  em S. Tomé, iniciada  em  meados de 1970, e concluída em 12 de Outubro de 1975
Só agora tomei conhecimento, através da galleria - Odissea naturavventura de algumas imagens sobre a expedição que liderou, em 2001, ao Pico Cão Grande e ao Pico Cão Pequeno, cujos picos dizem ter escalado.
Embora tivesse ouvido falar da vossa deslocação a estes picos, no entanto, por mais   buscas que tentasse no motor  da Google, não encontrava a vossa informação, que finalmente pude obter, graças à prestimosa colaboração da Associação de Desportos de Aventura Desnível 

Antes de mais, aproveito para felicitar-vos pela vossa iniciativa, todavia, venho comunicar-vos o seguinte: - Que a primeira escalada ao Pico Cão Grande, não é da vossa autoria, mas da minha equipa, concluída em Outubro de 1975 conforme poderão ver na página do meu site, em (..cão grande em são tomé - a grande escalada ao pico vertical..) E, qualquer pessoa que faça investigação acerca do Cão Grande, imediatamente tem essa  informação disponível desde Fevereiro de 2012, aliás, já exposta uns anos antes noutro site, da qual foram retiradas imagens por vários utilizadores da Internet

Por outro lado, pedia-vos o envio de mais imagens, sobre as duas escaladas que dizem terem sido vencidas pela vossa equipa  - Mostram algumas fotografias, que dizem ter sido feitas no Cão Grande, uma das quais dizendo que é registada no cume deste pico, como assim? Na crista do Cão Grande ou do Cão Pequeno?... Seguramente que, no  Cão Grande, não é.

 E, então, onde estão as fotografias do Cão Pequeno? Ou será que esta escalada não teve  qualquer importância para a vossa equipa?

NO PAPEL É FÁCIL ENCENAR
Além disso, no vídeo que apresentam, publicamente, na Internet, em Cao Grande | AlbatrosFilm. não mostram sequer uma única imagem da vossa escalada?  Pedia-vos, pois, a gentileza do envio de mais documentação fotográfica ou de filmes,   a fim de a puder juntar  à história destes  picos.

In Corriere della Sera
Sei que, Matteo Rivadossi, nascido em Bréscia em 1970, (precisamente no ano em que eu iniciava a minha longa aventura ao Pico Cão Grande), famoso designer em grande empresa de equipamentos de montanhismo,  atual  Presidente do Grupo Caves Brescia",  é possuidor de um notável currículo,  considerado “ entre os espeleólogos mais experientes do mundo, È tra i più preparati speleologi del mondo ma la sua attività sportiva spazia, con altrettanta esperienza e rilevanza di risultati, anche nella pratica del torrentismo e dell’alpinismo nelle sue diverse forme di espressione.”prestigio que, certamente, terá alcançado, sobretudo a partir do relevante destaque, que os media lhe deram, com a escalada ao “pináculo intocado Cão Grande, em São Tomé”.

Precisamente, por esse facto,  tendo em conta tão relevantes méritos, espero ser atendido   no pedido que ora lhe dirijo
Desde já os meus agradecimentos e as melhores saudações
Jorge Trabulo Marques
Jornalista e investigador - Navegador solitário e autor da primeira escalada ao Pico Cão Grande em S. Tomé


Sir Matteo Rivadossi

I have the honor to invite you to participate in my talk of 40 years of climbing Dog Great in St. Thomas, on 25 November at the Conference: 40 Years on the Peak Climbing Great Dog,  Palestra: 40 Anos sobre a Escalada do Pico Cão Grande  which takes place in the Associação Desnível

 

My name is Jorge Trabulo Marques, Portuguese, I'm a journalist and author of the first climb to the Pico Big Dog in St. Thomas, started in mid-1970 and completed on 12 October 1975.
Further to my previous message, I come to renew her request to send me a few more images of your expedition - I wish I had more photographic and documentary information to Pico Big Dog and Little Dog Pico - have consulted the galleria -  galleria - Odissea naturavventura  but are few images.

Also viewing the film inCao Grande | AlbatrosFilm but did not see any of your expedition photo

cordially
Jorge Trabulo Marques
 Exmo Senhor
Matteo Rivadossi


Tenho a honra de  convidá-lo a participar na minha palestra dos 40 anos da escalada Cão Grande, em S. Tomé, no dia 25 de Novembro, na Palestra: 40 Anos sobre a Escalada do Pico Cão Grande. que se realiza na Associação Desnível
Chamo-me Jorge Trabulo Marques, nacionalidade portuguesa, sou jornalista e autor da primeira escalada ao Pico Cão Grande,  em S. Tomé, iniciada  em  meados de 1970, e concluída em 12 de Outubro de 1975.
No seguimento da minha anterior mensagem, venho renovar-lhe o pedido de me enviar mais algumas imagens da vossa expedição – Gostaria de ter mais informação fotográfica e documental ao Pico Cão Grande e ao Pico Cão Pequeno  -  Já consultei a  galleria - galleria - Odissea naturavventura  mas são poucas as imagens

Também já visionei o filme em Cao Grande | AlbatrosFilm  mas não vi nenhuma fotografia da vossa expedição 

Cordialmente
Jorge Trabulo Marques 




CÃO GRANDE É TAMBÉM UM DOS SÍMBOLOS MAIS EMBLEMÁTICOS  DA GEOGRAFIA DE S. TOMÉ 


O que dizia, em 1908,  do Pico Cão Grande e do Pico Cão Pequeno, Ezequiel Campos

O Cão Grande é  uma agulha gigantesca com mais de 350 metros de altura; é uma pedra mais alta que a Torre Eiffel!



Teríamos de multiplicar por 11 a altura do maior obelisco que saiu do Thebas, dando-lhe pouco mais de 200 metros  de diâmetro na base e 80 metros junto ao topo, de arredondar-lhe as arestas, colar-lhe uma trepadeiras nas rugosidades, dar-lhe umas asperezas na base e na superfície cilíndrica, continuar a deixá-lo bem de prumo, e teríamos mais ou menos pronto o Cão Grande. Havíamos de dobrar altura do monumento de Washington, e depois ainda fazê-lo maior, para o colocarmos a par do Cão Grande .


 
Esta agulha é d’uma pedra só! Quantas vezes, olhando para ela ,eu não cismei ao arranco brutal da natureza para assim a adelgaçar através do terreno, e no conjunto de forças  que sobre este e aquela  foram atuando até que a deixaram com a forma que hoje tem. - Quem me diria a mim que havia de vê-la, como enorme para-raios, fustigada pelas faíscas das terríveis tempestades do Sul da Ilha! O topo do monólito tem 673 metros de altitude. Muito mais  alto que  a serra de Sintra; a mais de um terço de altura da nossa Serra da Estrela.

É uma bela coluna. Não há menhir, nem chaminé de fábrica para se lhe pôr ao lado.
E para que a Ilha seja verde por toda a parte, até a pedra tem vegetação em grandes manchas.Apresenta-se sempre mais ou menos cilíndrica: é porém das terras do centro da Ilha, a caminho de Vila Verde, que ela é mais regular. De S. José da Praia Grande, do Novo Brasil, isto é, de sudeste da Ilha, apresenta-se com a base um tanto dilatada e com o topo mais adelgaçado.

Vê-se de todo o Sul da Ilha. É muito curioso do Cabbombley, na perspetiva da Praia Grande: são duas pontas de terra por mar  dentro, a coluna levata-se alterosa a projetar-se no mar, como se fosse um farol altíssimo.



João Alves - Cão Pequeno, São Tomé, Fevereiro 2003
O Cão Pequeno – É outra coluna de pedra  levantando-se oblíqua nos montes do Portinho. Tem 390 metros de altitude. Sem as dimensões imponentes e regulares do Cão Grande, não deixa de ser muito interessante: e um óculo de alcance regular nota-lhe uma pequena pedra apoiada no topo. É a marca natural das minhas referências  topográficas. Dista do Cão Grande cerca de 4.160 metros. 



ESCALADO TRÊS MESES DEPOIS DA INDEPENDÊNCIA DE S. TOMÉ E PRÍNCIPE - CINCO ANOS DEPOIS DA PRIMEIRA ESCALADA


Eis algumas linhas do que cheguei a escrever na revista Semana Ilustrada, de Luanda, da qual era correspondente  (…) A nossa maior dificuldade, não é a altura. Tão pouco a rocha ser ou não mais  perpendicular, mas a ausência de fendas em certas faces deste pico para a colocação  dos necessários  apoios que nos permitam prosseguir. E, numa rocha  vulcânica como  a do Cão Grande, a perfuração  é impraticável, a menos com auxílio de fortes berbequins elétricos (manuais, nem pensar, era toda a vida) o que, além de ser pouco desportivo,  é ainda demasiado embaraço, senão mesmo inacessível .

Então qual o processo já utilizado para fazermos os progressos que temos feito? Sim, de facto, que as tais passagens onde as fendas não existem ou pelo menos não se encontram  nos lugares mais convenientes, têm-nos  custado bastante sacrifícios e o recurso a inúmeros processos. Porém,  os quatro anos de tentativas sem conta, das maiores canseiras e de  insucessos sobre insucessos, felizmente para alguma coisa têm servido.  É que o aperfeiçoamento de uma técnica, o emprego de material mais apropriado (não o  melhor, claro), pois todo ele tem sido improvisado por nós e nem sequer com a possibilidade  de adquirirmos o que nos pareça mais útil), é coisa que leva o seu tempo. E a verdade é que, durante este tempo,   nós só tivemos oportunidade de irmos descobrindo o material que nos pareceu o mais adequado e aperfeiçoarmos a nossa técnica. Talvez muitos montanhistas,  estejam longe de supor, como podemos aprender muitas outras coisas quanto à arte de escalar, independentemente, claro, da riquíssima experiência  humana adquirida. E, já agora, a título de curiosidade, sobre o material que temos levado, podemos adiantar que, pequenas passagens houve, que nos ficaram bastante caras, não só em sacrifícios, como mesmo em dinheiro, quantia que, incluindo outras despesas e na sua totalidade, deve ir à vontadinha para além dos 30 contos.

Estas, pois, algumas das razões que, de volta e meia, me atiram para aquela rocha. Rocha esta que ainda não consegui  escalar totalmente, mas que, por esse motivo, de modo algum poderei aceitar como impossível 



Independentemente de qualquer material a que temos recorrido, os nossos pequenos êxitos, os pedaços de rocha sucessivamente conquistados, têm dependido, sobretudo,  mais no nosso querer, da nossa enorme força de vontade e  determinação, digamos assim, e  a um bocado  de sangue frio perante o precipício, que de outros factores que se possam imaginar. Predicados esses que é necessário possuir,  visto os obstáculos  serem de facto enormes e bem variados. 

Desde a rocha escalvada, escorregadia e perpendicular, a faixas a desmoronar em ou as saliências do sexto  grau, verdadeiras plataformas  ou abismos fora da vertical, as quais tem sido, como se depreende, o nosso principal quebra-cabeças. 

Da  última  vez que lá  fomos, foi precisamente uma passagem destas que não nos permitiu o acesso ao cume,  donde ficámos maís ou menos a cerca de vinte e poucos metros. 

E nada mais penoso é para um montanhista do que, depois  de subir uma rocha em quase toda a sua extensão (sobretudo com as características  como as do Cão Grande) vencer inúmeras dificuldades e obstáculos, sujeitar-se a constantes  riscos e, por fim, já muito pertinho da sua crista, por um imperativo de força maior, ser obrigado a regressar, quando pensava que afinal já nada lhe impediria, para de novo ter de lá voltar, pelos mesmos caminhos, conhecer  as mesmas dificuldades  e obstáculos, experimentar  a sensação dos mesmos riscos, e, depois de ter estado tão pertinho, do cume das suas ambições, dizíamos,  sofrer a amarga decepção de aguardar o prazer dessa efémera vitória ( sim, porque ao fim ao cabo de efémera  se trata) para outra oportunidade. 

A maioria dos desportos, quaisquer que sejam, implicam competição. No caso do alpinismo, os princípios são bem outros: numa escalada, da segurança de um depende a do companheiro ou· de todos os elementos que compõem a expedição. Porque a pratica do alpinismo é forçosamente perigoso e todo o cuidado que se põe  é pouco. Por isso, agora foi a rocha que não nos deixou passar, mas, noutras vezes, tem sido o mau tempo ou um de nós adoecer: - sabemos que, numa circunstância difícil - por mais perto que esteja o cume ambicionado - , é preferível voltar e continuar noutra ocasião, Foi o que fizemos da última vez. Para a próxima, creio que iremos mais bem apetrechados e talvez até com um pouco mais de coragem.

Entretanto, seguindo um ritual montanístico, para garantirmos a nossa presença num pedaço de rocha onde nunca ninguém  foi, temos levado connosco a bandeira nacional para a fincarmos no  ponto cimeiro deste pico. Como este objectivo tem estado demorado, já é a terceira bandeira  que levamos. Devido às intempéries,  foram-se desfazendo e tiveram sucessivamente de ser substituídas. Esperamos que à terceira seja de vez: a  ser desfraldada  no topo do Cão Grande.

CONQUISTA DO CUME COM SABOR AMARGO

Em 12 de Outubro, de 1975, a minha equipa, conquistava, finalmente, o tão desejado cume do Pico Cão Grande  - Dois anos sozinho, e, por fim, nos dois anos seguintes, 73 e 75,  com a participação de dois valorosos santomenses, o Cosme Pires dos Santos e o Constantino Bragança, além da valiosa colaboração dos guias e carregadores, do  Sebastião e do Chico, atingia-se a crista de um dos mais difíceis e caprichosos monólitos do planeta. 


Não disponho das imagens desse auspicioso momento – se bem que, para nós, fosse mais de pesadelo de que de alegria, dada a iminência de uma tempestade e de não termos a certeza se regressaríamos vivos ao sopé - , sim, não disponho de nenhuma fotografia desse dia, porque, uns dias depois, deixava S. Tomé a bordo do pesqueiro americano, Hornet, para ser largado, numa frágil piroga,  a sul da Ilha de Ano Bom, na corrente equatorial –  O meu espólio, até ficou bem guardado, só, que, mais tarde, tendo pedido a um comerciante, que mo fosse buscar a casa da minha companheira para fazer o favor de mo trazer para Portugal, quando aqui voltasse de férias, sim, ele foi lá a busca-lo, mas, até hoje, não se dignou entregar-mo.


  LONGO PESADELO DE 38 DIAS À DERIVA 

Transportado no referido pesqueiro, o comandante, querendo  demover-me da minha aventura, e depois de eu ter  recusado o trabalho a bordo,  deixa-me a Norte desta ilha – Impossibilitado de atingir a corrente que me levaria para oeste, decidi o regresso a S. Tomé, aproveitando a direção dos ventos alíseos e das correntes,  que ali convergiam, ainda unicamente  para Norte do Golfo da Guiné.  




Porém, nesse mesmo dia, já noite escura, um violento tornado, faz-me perder o leme, os remos principais, e, para evitar que a canoa se afundasse,  arranquei as duas varas dos mastros, enrolei as velas e coloquei-os de través, sendo obrigado a alijar-me  da maior parte dos viveres e a lançar  ao mar os quatro bidões de água, um dos quais meio de água, mas bem arrolhado e preso a uma corda para fazer de âncora flutuante e  forçar a canoa a ficar de proa à vaga e não de lado, evitando ser voltada  – Mesmo assim,  arrastada e fustigada  por vagas alterosas,  sob o estrondo de  fortíssimos  trovões e o rasgar de sinistros relâmpagos, as longas horas noturnas, da tão pesada e dramática tormenta, foram  verdadeiramente infernais   - Ao amanhecer, já não se  ouvia a sinistra orquestra, porém, o mau tempo prolongar-se-ia por várias dias seguidos e com o horizonte, continuamente cerrado por neblinas ou densas nuvens.  Vindo, pois,  a conhecer uma longa e penosa deriva de 38 dias, até acostar a uma remota baía da Ilha de Bioko, Guiné Equatorial, onde acabaria por ser detido e encarcerado por suspeita de espionagem. 

O meu espólio, até ficou bem guardado, só, que, mais tarde, tendo pedido a um comerciante, que mo fosse buscar a casa da minha companheira para fazer o favor de mo trazer para Portugal, quando voltasse de férias a Portugal, sim,  realmente ele foi lá a busca-lo, mas até hoje não se dignou entregar-mo.
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