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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Dia Internacional da Liberdade de Imprensa – 3 de Maio - Jornalismo livre e objetivo é uma profissão de alto risco . Há 50 anos fui um dos massacrados por dar voz à liberdade de expressão – 2023 foi o mais mortífero da década para os jornalistas: 140 mortos

                                   Jorge Trabulo Marques - Jornalista Desde 1970 

 O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa tem como objetivos: promover os princípios fundamentais da liberdade de imprensa; combater os ataques feitos aos media e impedir as violações à liberdade de imprensa; lembrar os jornalistas que são vítimas de ataques, capturados, torturados ou a quem são impostas limitações no exercer da sua profissão; prestar homenagem a todos os profissionais que faleceram vítimas de ataques terroristas ou que foram assassinados por organizações terroristas

Meu abraço amigo aos jornalistas  de S. Tomé e Principe - Das maravilhosas ilhas verdes do equador, onde dei os meus primeiros passos,  mas, que, após o 25 de Abril, me haveriam de custar graves dissabores por alguns colonos que se opunham aos novos ventos da liberdade.

Conceição Lima

EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE NINGUÉM É MORTO POR EXPRESSAR A SUA OPINIÃO – É UMA TERRA MARAVILHOSA E PACIFICA – Mas,  em certos periodos governamentais,  "a situação dos profissionais da comunicação social assemelhava-se a de um "país que vive num estado de exceção disfarçado” -  - Palavras do  presidente da Associação dos jornalistas São-tomenses (AJS),Juvenal Rodrigues,

3 de Maio - Dia Internacional da Liberdade de Imprensa – Há 50 anos fui massacrado por alguns colonos de S. Tome por dar voz à liberdade de expressão. Furaram os pneus do meu carro à navalhada, assaltaram-me a casa e dependuraram uma forca à minha porta _ O ano 2023 foi o mais mortífero da década para os jornalistas: 140 mortos

Segundo o relatório anual da organização não governamental Press Emblem Campaign (PEC), trata-se de um aumento anual de mais de 20% em relação a 2022, quando 116 jornalistas foram mortos

O. A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz: “todos os homens são livres e iguais – Mas a liberdade de expressão, mesmo nos denominados regimes democráticos, onde os principais órgãos da comunicação social estão sob a alçada do poder económico, sob o domínio da informação domesticada, não passa senão de uma grande ilusão: - De um descarado colete de forças a permitir um enorme buzinão de uma nota só, sem direito ao contra-ponto ou oposta argumentação.

O 25 de Abril de 1974, restaurou a liberdade e permitiu aos povos africanos colonizados expressarem livremente as suas posições face ao domínio colonial. No entanto, em S. Tomé, o jornalista teve que arrotar-se com intempestivas agressões por parte daqueles que não queriam abdicar dos seus privilégios. Não foi tarefa fácil

Por ter acompanhado, fotografado e divulgado as manifestações, vim a sofrer fortes represálias por alguns colonos. A bem dizer, estou vivo por milagre de Deus .

Fizeram-me a vida bem difícil, com agressões e provocações de vária ordem: tendo-me colocado uma forca pendurada à porta da minha residência, num modesto anexo da Casa Lima & Gama, depois de me a terem assaltado e até o colchão da cama, mo terem esfaqueado, o mesmo fazendo por duas vezes aos pneus do meu carro.

Mas as represálias, não iriam ficar por aqui - Quando os colonos das roças avançam sobre a cidade e invadem o Palácio do Governador, com provocações a Pires Veloso. manifestação essa que podia ter acabado numa tragédia: havia o desejo de pegar em armas e atacar os defensores da Independência Total. Estes depressa galvanizaram as populações e o movimento do pró era imparável. Só se matassem o povo inteiro. Houve quem estivesse quase a perder as estribeiras.

Ao saírem do recinto do palácio, ao verem-me, ali junto à esplanada do Palmar, correm ao meu encontro. Se me apanhassem, naquele momento, estou convencido que me tinham esmagado e linchado. - Mesmo assim ainda levei com uma pedra nas costas e na cabeça. E o que me valeu foi ter subido por umas escadas e me ter refugiado num telhado. À noite foi socorrido por um santomense, o Constantino Bragança, que me levou para sua casa, onde estive escondido quase duas semanas

Constantino Bragança - Recorda neste video o que então se passou e como me acolheu em sua casa

Como não me apanharam lá no seu interior,  deixaram-me à porta  o laço da prometida forca de corda. Pelos vistos, em qualquer parte do mundo, os jornalistas são sempre as primeiras vítimas. É neles que descarregam todos as iras e ódios. Ainda hoje, ao escrever estas linhas, se me toldam os  olhos, tal os maus momentos por que passei. Ao meu modesto carro, por duas vezes, lhe furaram os pneus à navalhada.- Não me importo de ser confrontado com os elementos  da natureza mais hostil, mas ser  atingido pelo ódio humano é mil vezes pior!...Não é medo é um sentimento de profunda tristeza e revolta.Os jornalistas são sempre as primeiras vítimas, os bodes-expiatórios da ira popular, das guerras e conflitos - 

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