Conhecia
a existência da sua obra e também do prestígio que o seu nome goza nas letras e
no jornalismo mas ainda não tinha tido o prazer de estar olhos nos olhos
e frente a frente, e, ainda para mais, logo em direto num dos mais apreciados e mediáticos programas de informação e debate de ideias da
televisão de S. Tomé e Príncipe. – Pois, além de escritora é também jornalista
de profissão, nos quadros da TVS
Sem dúvida, uma presença simpática e respeitável, possuidora de um currículo jornalístico de alto gabarito - Conceição Lima esteve 15 anos a viver em Londres, onde se licenciou em Estudos Afro-Portugueses e Brasileiros pelo King"s College, obtendo o grau de mestre em Ciências Políticas e Estudos Africanos pela School of Oriental and African Studies, tendo exercido a atividade de jornalista e produtora dos serviços em Língua Portuguesa da BBC Porém, lá como cá (sim, mas não só, a democracia, dita pluralista, tem destas leituras ou heresias) quando mudam os governos, surge a irresistível tentação dos “saneamentos”. e não se olha ao mérito.
A
confirmarem-se os comentários que lemos no Téla Nón, de que, Cartas na Mesa,
considerado o programa mais visto da televisão de São Tomé e Príncipe, teria
sido suspenso pela atual equipa governativa, tal facto sucederia pela segunda
vez, o que - parece-nos- , seria um erro político. Em
São Tomé e Príncipe há um grave défice de liderança
Mas, oxalá, que o novo Governo, que se diz disposto a apostar
na estabilidade política e social em São Tomé e Príncipe,
dispondo de confortável maioria absoluta, não enverede pela chamada
caça às bruxas, e se afirme como um exemplo de democraticidade, tanto mais que ainda agora viu, em sessão plenária da Assembleia Nacional, a aprovação
das suas linhas programáticas para os próximos 4 anos, sem ter havido qualquer debate –Diz a mesma
noticia que “ a oposição não tossiu sequer no plenário. Nenhum deputado
contestou qualquer ponto do programa de governo, apresentado por Patrice
Trovoada, nem tão pouco sugeriu qualquer melhoria no documento”Programa do Governo aprovado sem debate
São Tomé e Príncipe é uma terra
onde a poesia está na sua paisagem, no azul do mar que a envolve e no rosto das suas gentes: os verdes multicolores
são próprios das ilhas tropicais mas nestas ilhas as suas tonalidades assumem
uma magia especial - O nosso planeta é
vasto mas , além de não haver duas terras com as mesmas singularidades, estas
ilhas têm o condão de se situarem no
meio do Mundo – Nomeadamente, S. Tomé. A Ilha do Príncipe, fica a 150 Km mais a
Norte e é tida como a princesa do Golfo da Guiné. No entanto, quer uma quer
outra, para quem as demande, é amor à primeira vista - Não é por acaso que a poesia ali floresce, até das raízes das árvores que mais tempo se agarram ao solo, mesmo quando o mar as deixa nuas e quase agarradas às rochas.
Raízes (do secular) Micondó de Conceição Lima espalham-se pelo
Brasil
Conceição Lima, que, nas maravilhosas ilhas do equador é mais
conhecida por São de Deus Lima, creio que
em resultado da admiração, do carinho e
da popularidade, que goza no seu país, é o nome mais traduzido da literatura
são-tomense, nomeadamente nas línguas alemã, árabe, francesa, italiana,
galega, espanhola, inglesa, servo-croata, turca e shona.
Autora de três livros de poesia, publicados pela Editorial Caminho, um dos quais, “A Dolorosa Raiz do Micondó’’, acaba de ser lançado pelo Ministério da Educação do Brasil com uma tiragem de 32 mil exemplares.
Autora de três livros de poesia, publicados pela Editorial Caminho, um dos quais, “A Dolorosa Raiz do Micondó’’, acaba de ser lançado pelo Ministério da Educação do Brasil com uma tiragem de 32 mil exemplares.
A referida obra poética, publicada em 2011 no Brasil pela editora
Geração Editorial, de São Paulo e, que, por
ocasião da 2ª Bienal da Feira do Livro de Brasília, que decorreu de 12 a 16 de Abril, já
havia sido selecionada pelo Programa Nacional de Bibliotecas Escolares do
Brasil, num conjunto de mais de 400
títulos», vê agora
confirmado seu lançamento, e, consequentemente, o reforço da visibilidade dos
seus livros no maior país de expressão de língua portuguesa.
Em recentes declarações ao Téla Nón, Conceição
Lima disse estar muito feliz pelo reconhecimento da sua obra e pela projeção
que isso representa da literatura são-tomense. «Saber que contribuo
para elevar o nome e a cultura de São Tomé e Príncipe é muito gratificante e
deixa-me realmente muito feliz», 11 Dez 2014 Livro de poesia de Conceição Lima com tiragem de 32 mil
exemplares no Brasil
Trata-se, com efeito, de “uma obra poética que tem
sido objeto de vários estudos de Mestrado e de doutoramento em
universidades portuguesas e sobretudo brasileiras.” Referência do Téla
Nón quando “A Dolorosa Raiz do Mincondó, começava a dar nas vistas - Já se dizia: "Nesta coletânea de 27 poemas da poetisa são-tomense Conceição Lima, o micondó,
árvore considerada sagrada em diversas regiões da África, simboliza origem,
casa, morada ancestral. A evocação de tais raízes é dolorosa devido a
acontecimentos históricos, como a escravidão e a colonização, que imprimiram
profundas feridas e rupturas na identidade nacional, e na própria poetisa, cujos
antepassados foram trazidos à força para o arquipélago africano e mais tarde
enviados para outras terras como escravos. Íntima, pessoal e sofrida, a poesia
de Conceição Lima é também dotada de um lirismo e esteticismo sublimes,
presenteados aqui pela primeira vez ao público brasileiro. Embora a dor seja
uma constante em seus versos, o sentimento que os perpassa é o da sutil
esperança de que a mesma memória que resgata os fatos traumáticos ajude a fazer
germinar algo novo dos escombros, como o micondó que, com suas profundas raízes
e frondosa copa, fez florescer o alfabeto poético de Conceição Lima.”’ 03/04/2014. Raízes de Micondó de Conceição Lima espalham-se pelo Brasil...3 livros para celebrar o Dia da Consciência Negra
SÃO ASSIM OS POETAS ...
SÃO ASSIM OS POETAS ...
Desde os anos 80 que Maria da Conceição Costa de Deus Lima, descobriu os
caminhos da poesia, contudo, e, como geralmente acontece aos maiores poetas, a
poesia é como voo de ave: voa ou voga,
simplesmente, através dos grandes
espaços ou mares da sensibilidade e da
imaginação, sem, todavia, ter pouso seguro. Vão-se fixando instantes, na
sebenta do dia a dia, sem contudo haver a preocupação de os transformar em
livro ou de lograr um porto de arribação – Em suma, vai-se viajando:
“Os barcos regressam
carregados de cidades e distância
Adormecem os grilos
Uma criança escuta a concavidade de um búzio.
“Os barcos regressam
carregados de cidades e distância
Adormecem os grilos
Uma criança escuta a concavidade de um búzio.
Talvez seja o momento de
outra viagem
Na proa, decerto, a decisão da viragem”
Na proa, decerto, a decisão da viragem”
( Com Sofia de Melo Breyner)
Em Fernando Pessoa, quis o acaso que alguém se lembrasse de vasculhar o seu baú e descobrir a herança do seu legado. Outros, porém, às tantas, lá se dão de conta que o que é belo deve ser partilhado. Creio ter sido o caso de Conceição Lima, quando lançou “O útero da Casa”, em 2004” – Veja-se bem o significado da palavra de útero: tão só, o mais íntimo de si, as emoções mais marcantes da sua vida. Pelo menos, algumas das muitas vividas: mesmo “quando eu não sabia que era quem sou/ Quando eu ainda que era já eu” - Mesmo assim, vai-se ao fundo da memória – Mas impossível é transformar todos os sentimentos, em versos – Seria também matar a poesia, pois, o pensar, ou racionalizar demais, como dizia o poeta da Mensagem, torna as pessoas infelizes: é preciso “Sentir como quem olha/ Pensar como quem anda” – No fundo, é o que nos transmite a bela poesia de Conceição Lima
Em Fernando Pessoa, quis o acaso que alguém se lembrasse de vasculhar o seu baú e descobrir a herança do seu legado. Outros, porém, às tantas, lá se dão de conta que o que é belo deve ser partilhado. Creio ter sido o caso de Conceição Lima, quando lançou “O útero da Casa”, em 2004” – Veja-se bem o significado da palavra de útero: tão só, o mais íntimo de si, as emoções mais marcantes da sua vida. Pelo menos, algumas das muitas vividas: mesmo “quando eu não sabia que era quem sou/ Quando eu ainda que era já eu” - Mesmo assim, vai-se ao fundo da memória – Mas impossível é transformar todos os sentimentos, em versos – Seria também matar a poesia, pois, o pensar, ou racionalizar demais, como dizia o poeta da Mensagem, torna as pessoas infelizes: é preciso “Sentir como quem olha/ Pensar como quem anda” – No fundo, é o que nos transmite a bela poesia de Conceição Lima
Três Verdades Contemporâneas
Creio no invisível
Creio na levitação das bruxas
Creio em vampiros
Porque os há.
Creio na levitação das bruxas
Creio em vampiros
Porque os há.
In O Útero da Casa, primeiro livro de Maria da Conceição de Deus Lima, lançado quando ainda residia em Londres e trabalhava para a BBC - Confirmando-se, desde então, “entre as mais interessantes vozes do pós-independência - e do pós-colonial - num universo onde muitas vozes anunciadas não se afirmaram no sistema literário nacional."
"Constituído por 28 poemas, O Útero da Casa demonstra desde o início a força poética de uma
autora comprometida com si mesmo e seu país de origem. Através de “lugares
metonímicos”, no dizer da crítica literária portuguesa Inocência Mata
(prefaciadora da obra), Conceição Lima deslumbra o seu leitor ao construir e
reconstruir os seus lugares de afetividade; o seu país, rico em simbolismos e
lutas, a partir de um “eu feminino”, em que a casa ganha uma dimensão de
amargura e rememoração -Excerto de Conceição Lima e a linguagem-morada
(…) “O
micondó, ou imbondeiro, é uma árvore considerada sagrada por muitos povos
africanos. Espécie de baobá, é conhecida como árvore da vida, devido à sua
incrível longevidade, que chega a 6 mil anos. Portanto, em muitas comunidades,
as gerações passam e as árvores sagradas permanecem, assistindo a tudo. É por
isso que no poema “Sóya” (lenda) Conceição Lima escreve: “Há-de nascer de novo
o micondó — / belo, imperfeito, no centro do quintal”. A árvore é uma
referência ― quase certeza ― de futuro e de esperança.
Toda a
poesia de Conceição Lima é marcada pela realidade de seu país. Observe a
descrição breve e precisa que ela faz de uma cena de trabalho infantil em “O
vendedor”. Do mesmo modo, “A Lenda da Bruxa” apresenta uma personagem de rua, a
velha san Malanzo, tida como feiticeira. Em São Tomé e Príncipe, “san” quer
dizer senhora. “ – Excerto de poesia.net 282 - Conceição Lima - Alguma Poesia
"No livro A dolorosa raiz do micondó, Conceição
Lima, poetisa de São Tomé, reconstitui espaços, paisagens da intimidade e
histórico-sociais por meio da representação lírica de sua memória. O quintal da
infância, a árvore do micondó, dentre outros elementos espaciais e
paisagísticos, ganham contornos simbólicos nessas rememorações, que se espraiam ainda na lembrança de tempos
dolorosos vivenciados em seu país"
SÓYA
Há-de nascer de novo o micondó —
belo, imperfeito, no centro do quintal.
À meia-noite, quando as bruxas
povoarem okás milenários
e o kukuku piar pela última vez
na junção dos caminhos.
Sobre as cinzas, contra o vento
bailarão ao amanhecer
ervas e fetos e uma flor de sangue.
Rebentos de milho hão-de nutrir
as gengivas dos velhos
e não mais sonharão as crianças
com gatos pretos e águas turvas
porque a força do marapião
terá voltado para confrontar o mal.
Lianas abraçarão na curva do rio
a insónia dos mortos
quando a primeira mulher
lavar as tranças no leito ressuscitado.
Reabitaremos a casa, nossa intacta morada.
In . A Dolorosa Raíz do Mincondó - 2006
Há-de nascer de novo o micondó —
belo, imperfeito, no centro do quintal.
À meia-noite, quando as bruxas
povoarem okás milenários
e o kukuku piar pela última vez
na junção dos caminhos.
Sobre as cinzas, contra o vento
bailarão ao amanhecer
ervas e fetos e uma flor de sangue.
Rebentos de milho hão-de nutrir
as gengivas dos velhos
e não mais sonharão as crianças
com gatos pretos e águas turvas
porque a força do marapião
terá voltado para confrontar o mal.
Lianas abraçarão na curva do rio
a insónia dos mortos
quando a primeira mulher
lavar as tranças no leito ressuscitado.
Reabitaremos a casa, nossa intacta morada.
In . A Dolorosa Raíz do Mincondó - 2006
Conceição Lima e Alda da Graça Espírito Santo - inagem extraída da Web
“O país de Akendengué” (em homenagem ao músico, poeta e filosofo pan-africanista Pierre Akendengué.)metaforiza a África e retalha a vivencia poética de Conceição Lima desde a adolescência até ao presente. É também um espaço de recolha e de contactos abreviados e através de versos com aqueles a autora apelidou de fantasmas elementares da história política e cultural africana. – In Voz da América – Excerto de Conceição Lima publica livro de poesia em homenagem ao É o terceiro livro de Conceição Lima depois do “Utero da Casa” e “A dolorosa Raiz do Micondó
“O país de Akendengué” (em homenagem ao músico, poeta e filosofo pan-africanista Pierre Akendengué.)metaforiza a África e retalha a vivencia poética de Conceição Lima desde a adolescência até ao presente. É também um espaço de recolha e de contactos abreviados e através de versos com aqueles a autora apelidou de fantasmas elementares da história política e cultural africana. – In Voz da América – Excerto de Conceição Lima publica livro de poesia em homenagem ao É o terceiro livro de Conceição Lima depois do “Utero da Casa” e “A dolorosa Raiz do Micondó
"Conceição
Lima nasceu em Santana, na ilha de São Tomé, em 1961. Estudou jornalismo em
Portugal. Em São Tomé e Príncipe trabalhou e exerceu cargos de direcção na
rádio, televisão e na imprensa escrita. É licenciada em Estudos
Afro-Portugueses e Brasileiros pelo King’s College de Londres e mestre em
Estudos Africanos, com especialização em Governos e Políticas em África, pela
School of Oriental and African Studies (SOAS), de Londres. Foi durante vários
anos jornalista e produtora dos Serviços de Língua Portuguesa da BBC.
Presentemente é jornalista da TVS, Televisão São-Tomense. Tem
poemas dispersos em jornais, revistas e antologias de vários países. Publicou
na Caminho O Útero da Casa e A Dolorosa Raiz do Micondó."
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