Por Jorge Trabulo Marques -
A descoberta, que julgo ter feito
de eventuais gravuras rupestres em duas pedras,
algures próximo da margem a oeste do litoral, na presença de dois jornalistas
santomenses, e, alguns dias depois, também observadas na companhia do Coronel
Victor Monteiro, Diretor do Gabinete da Presidência da República (a que me referi em Descoberta de gravuras pré-históricas no litoral de São Tomé) vieram despertar
a curiosidade de vários investigadores – Alguns
dos quais já me transmitiram a sua disponibilidade em integrar uma
equipa para um melhor aprofundamento do eventual achado. Mas também foi motivo
para ser questionado sobre o assunto por Gerhard Steibert, com a seguinte pergunta: “À
primeira vista, a ideia que se tratam de "gravuras rupestres"
parece-me uma mera especulação. Como consegue determinar a idade destes
rabiscos?”
- De cujo interessante diálogo resultaria o
envio de várias fotografias sobre eventuais símbolos judaicos em colunas, meio
subterradas, num antigo cemitério de S. Tomé.
Gerhard Seibert - Sem
dúvida, uma figura respeitada e sobejamente conhecida em São Tomé e Príncipe, aliás, internacionalmente,
pois trata-se, com efeito, de um dos estudiosos mais abalizados em
"Estudos Africanos, aspectos socioculturais do desenvolvimento, processos
de aculturação e crioulização, migração, urbanização, movimentos religiosos,
sector informal, etnicidade e identidade - Licenciado em Antropologia Cultural Pela
Universidade de Utreque, Holanda (1991) e Doutorado em Ciências Sociais Pela
Universidade de Leiden, Holanda (1999). De
1999 a 2008, foi Bolseiro de Pós-doutoramento da FCT no Instituto de
Investigação Científica Tropical (IICT) em Lisboa. Desde 2008 E investigador auxiliar do
Centro de Estudos Africanos (CEA) / ISCTE-IUL em Lisboa. E autor do Livro Camaradas,
Clientes e Compadres.Colonialismo, Socialismo e Democratização em
São Tomé e Príncipe (Lisboa: Vega 2001; Versão inglesa: .
Camaradas, Clientes e Cousins Colonialismo, socialismo e da
democracia em São Tomé e Príncipe . Leiden 1999; 2ª edição Actualizada 2006). Publicou Vários Trabalhos Sobre temas
Relacionados com São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Equatorial
e como Relações Brasil - África. -Karl Gerhard Seibert
GRAVURAS DE EVENTUAIS SÍMBOLOS JUDAICOS EM COLUNAS DE UM EXTINTO CEMITÉRIO
De Gerhard Steibert - Caro Jorge - (…) Conforme a imaginação do padre
português (esqueci-me do nome dele) estas gravuras eram estrelas de David
associadas às crianças judias deportadas para S.Tomé por Álvaro de Caminha em
1493.
Contudo, o israelita especialista em judaísmo que
avaliou estas fotos em 2007, afirmou que as gravuras não tinham nada a ver com
símbolos judaicos.
Noutro e-mail posterior - Conforme
informação do padre português antigamente havia neste sítio um cemitério,
anterior ao São João de Vargas. Com outras palavras, as colunas podem ser
bastante recentes.
Não se sabe a datação, porém, a avaliar pelo estado das colunas, é presumível que já tenham mais de um ou mais séculos –
Não se trata da reprodução do hexagrama (ou seja da famosa estrela de Davi) mas de pentagramas, porém, tal não significa que a intenção de quem fez o registo não fosse a de reproduzir símbolos judaicos. Nomeadamente num tempo em que o judaísmo era perseguido, se esbatia e era forçado à conversação pelo cristianismo
Não se trata da reprodução do hexagrama (ou seja da famosa estrela de Davi) mas de pentagramas, porém, tal não significa que a intenção de quem fez o registo não fosse a de reproduzir símbolos judaicos. Nomeadamente num tempo em que o judaísmo era perseguido, se esbatia e era forçado à conversação pelo cristianismo
Até porque, a história do pentagrama surgiu associada a
várias culturas antigas. “O símbolo foi usado no século IV A.C. na Mesopotâmia
como o selo de Salomão e da cidade de Jerusalém, para o povo judeu. Os druidas
pensavam do pentagrama como um símbolo para a divindade, enquanto no século
XII, os cavaleiros templários associavam o símbolo com o cristianismo. O
pentagrama pode ter dado uma mão no projeto das pirâmides, já que para os
egípcios o símbolo era associado ao submundo”.O que a estrela de cinco pontas simboliza?
“A forma
atual do Escudo de Davi já aparecia em diversas culturas do extremo oriente há
milhares de anos, só nas últimas centenas de anos que mudou-se para um símbolo
puramente judaico. Este símbolo apareceu primeiramente ligado aos judeus já na
Era do Bronze - no século IV a.C. - num selo judaico achado na cidade de Sidom.
Também aparece em muitas sinagogas antigas na terra de Israel datadas da época
do Segundo Templo e até mesmo em algumas depois de sua destruição pelos
romanos. Não lhe era dado, ao menos aparentemente, um significado tão especial
ou místico, mas ornamental, assim como muitas Estrelas de Davi foram achadas ao
lado de “Escudos de Salomão” (estrelas de cinco pontas ou pentagramas) e,
curiosamente, ao lado de suásticas. Estrela de Davi
Tal como já tive oportunidade de referir, noutro
contexto, a perseguição e morte aos Judeus, em Portugal, que
culminou com a sua expulsão, é ensombrada por vários episódios negros ao longo
dos tempos. - Desde as crianças que foram arrancadas ao colo das mães e
enviadas para S. Tomé, passando pela matança da Páscoa, em Lisboa a outro
não menor morticínio, em Vila Nova de Foz Côa. E, todavia, foram os
judeus, desde cartógrafos, cosmógrafos a banqueiros,
os principais impulsionadores e financiadores das chamadas
descobertas marítimas - Portugal superou as
demais nações europeias - Num tempo em que os ingleses se debatiam em
lutas internas, matando-se à machadada, quase como na pré-história,
os navios portugueses eram já considerados os mais rápidos e melhor
apetrechados, que até os da vizinha Espanha - Refugiados na
Holanda, seria este país a tirar partido - na sua expansão colonial - através
da capacidade de engenho e de ousadia dos cérebros que
acolheu.
Muitos dos judeus,
expulsos de Espanha, fixaram-se no Norte de Portugal, a que, mais tarde vieram
juntar-se outros grupos de famílias judaicas. Não querendo renegar as suas crenças, e por
questões de salvaguarda das suas vidas, demandaram os lugares
mais ignorados ou inóspitos do interior do nosso país
Outros, porém, não logrando refugiar-se,
renegar a sua crença ou pagar as pesadas
coimas, foram expulsos à força. Entre, milhares desses trágicos episódios, conta-se o desterro
de várias centenas de crianças judias, sob o pretexto, de que, separadas das famílias, fosse mais fácil a
sua conversão à fé católica, porém, o principal objetivo era forçar uma
miscigenação com os escravos africanos, na perspetiva de que os seus descentes
(mestiços) mais facilmente branqueassem o povoamento e domínio colonial.
Esse horrendo episódio, bem como a vinda
posterior de mercadores judeus, tem despertado viva curiosidade por parte de
historiadores e estudiosos – Uma das
questões que se tem levando é a de se saber que tipo de influência houve na
cultura santomense e que vestígios físicos judaicos ainda existem – Foi justamente
essa a preocupação que teve o investigador no seu aprofundado estudo: Há Vestígios de Meninos Judeus na Cultura Santomense?-
citado em ESCLAVOS EN SÃO TOMÉ E também noutro exaustivo trabalho
publicado em Seibert,
Karl Gerhard. 500 years of the manuscript of Valentim Fernandes, a Moravian
book printer in Lisbon. In: Beata Elbieta Cieszynska (ed.), Iberian and
Slavonic Cultures Contact and Comparison, págs. 79 a 88, Lisboa: CompaRes 2007
INTERROGAÇÕES QUE PERSISTEM
SOBRE A PRESENÇA JUDAICA E A SUA INFLUÊNCIA NA CULTURA SANTOMENSE
De seguida a reprodução de
alguns dos tópicos abordados na conferência, a que atrás me referi, bem como já em postagens anteriores, que teve lugar em São
Tomé (11-12 Julho de 1995 - Organizada pelo então
embaixador israelita em S.Tomé, a que já me referi em anteriores postagens
Tradução: (…) “O bispo falou-me do cemitério, perto da
catedral, onde foram supostamente encontradas a espada do capitão Álvaro de
Caminha e os túmulos de crianças.
A espada desapareceu. Quanto sepulturas, exceto um teste de DNA e evidências
arqueológicas, eles permanecem como uma lenda.
(…) Em minhas visitas a São Tomé encontrei vestígios físicos da presença judaica. Na pequena escola paroquial de plantação-Água Izé roça eu encontrei uma grande estrela de David num mosaico do piso da igreja. No Cemitério de São Tomé, em São João da Vargem, construído em 1868, foram localizadas no canto esquerdo duas sepulturas judaicas com inscrições hebraicas Arão Gabai e Abraham Cohen, nascido em Tânger, Marrocos e morreu, respectivamente, em 1871 e 1890.
- Na literatura, bem como costume local fala-se da
influência de crianças judias em folclore e tradições locais. Um dos participantes da
conferência santomense, Professor Lucio Lima Pinto Viegas admite influências nos
costumes locais, presumivelmente deixados pelos judeus na ilha.
Gerhard Seibert examinou se "vestígios dois
Judeus Meninos Ha na Santomense cultura?" Seibert estabeleceu uma
separação entre as crianças judias do século XV, que não podia, por causa de
sua idade e situação precária, deixando uma tradição, e a influência provável
do proprietários plantação-roças e comerciantes judeus chegaram à ilha no
século XIX.
(…) - Pode ser atribuída a pele mais clara ou
parda, a descendentes de crianças judias? Os pesquisadores acreditam que isso é impossível
depois de 25 gerações de cruzamentos.
Os autores Tony Hodges e Malyn Nevitt escreveu em seu
livro São Tomé e Príncipe - que a partir de Plantation Colony para microestado:
"A população da ilha não pode ser definida etnicamente depois de 500 anos
de mistura racial, há 25 gerações" e, em seguida:
(..) Durante a nossa primeira reunião, o bispo Ribas
mencionou costumes judaicos, que Hodges e Nevitt discutiu em seu livro: "Clérigos europeus sempre duvidaram da
sinceridade da fé cristã nos habitantes da ilha ...
(…) houve um bispo de São Tomé, que fugiu em 1621, alegando que o judaísmo era galopante na ilha e ele viu com seus próprios olhos uma meia-noite procissão, carregando um bezerro de ouro .... "
Em uma visita a São Tomé, em 2007, ele foi informado
pelo Dr. Seibert que um padre católico lhe afirmou ter descoberto uma estrela
de David gravado em uma coluna de mármore. Quando enviei a foto, eu percebi que isso é
uma estrela com cinco ângulos agudos, o que é uma inscrição em vez de origem
árabe, enquanto a estrela de David tem seis ângulos iguais. ESCLAVOS EN SÃO TOMÉs…….. Traduzir esta página
GRAVURAS
PARECIDAS ÀS LOCALIZADAS NUMA GRUTA DO MONTE DO FARISEU - EM VILA NOVA DE FOZ CÔA - Em que
também um Rabino nos veio dizer que, símbolo judaico, é somente aquele que
reproduz o hexagrama. Pois, mas no
passado nem sempre foi assim. Além de que nem todos judeus eram letrados –
Sobretudo num período em que a sua crença era fortemente reprimida: para se
lembrarem se se tratava de uma estrela com cinco ou seis pontas. A que me referi noutro site, de que passo a reproduzir alguns excertos
Não é fácil subir as encostas do Monte Fariseu, é o que se
pode dizer um autêntico e penoso calvário bíblico.
Mas vale a pena, já que a magnífica panorâmica compensa todos os esforços.
A face voltada a poente é a mais suave - e vai lá qualquer pessoa - as voltadas para os Piscos e Côa, são a pique, caracterizadas por acastelamentos xistosos, formando uma autêntica barreira acastelada
Mas vale a pena, já que a magnífica panorâmica compensa todos os esforços.
A face voltada a poente é a mais suave - e vai lá qualquer pessoa - as voltadas para os Piscos e Côa, são a pique, caracterizadas por acastelamentos xistosos, formando uma autêntica barreira acastelada
Amite-se que o vertiginoso monte teria sido palco da heroica
resistência dos "filhos de Israel", que viviam em Vila Nova de Foz
Côa, no principio do século IXX – Atualmente é
propriedade dos donos da quinta da Canameira (que vem reclamando a expansão da vinha,)
e é também onde se situam dois dos mais importantes núcleos das
gravuras do Côa, o núcleo do Fariseu (Muxagata.) e
o da Ribeira de Pisco -
Consta teria sido o reduto de residência dos judeus que
puderam escapar-se ao selvático massacre de 1808, que se saldou por
centenas de mortes. - Fariseu é nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C" "mas a que fora dada conotação pejorativa por força do ódio cultivado por quem não professava a mesma religião
De lembrar que, fariseus, era também a forma pejorativa como eram chamados os judeus em Foz Côa
(mesmo já cristianizados); pois assim o traduz esta quadra (mais tarde)
na guerra civil entre Liberais e absolutistas - "Os Marçais andam na guerra,/ Revoltaram-se os judeus,/ Deitaram-lhe fogo às casas,/ Renegados fariseus!"
DUAS GRAVURAS NA MESMA GRUTA QUE PODERÃO INDICIAR
TEREM SIDO DESENHADAS POR JUDEUS QUE SE REFUGIARAM NO FARISEU PARA ESCAPAREM AO
MASSACRE DE 1808
(atualização) Referia eu, ao
editar este post, que numa das grutas, do Monte do Fariseu, e onde é
quase necessário fazer escalada, existe a Estrela de
David gravada, que fotografara, há uns anos, conjuntamente
com Adriano Ferreira, na sequência das pesquisas que fizemos em conjunto
nas veredas deste monte.
Rabino Eliezer Shai Di Martino, teve a amabilidade de me comunicar
por e-mail de que “A única imagem que vejo na tal gruta é a dum
Pentáculo e não dum Maguen David que tem seis pontas.” Sim, numa análise
mais atenta, também constato tratar-se de um pentáculo - Todavia, a questão não
pode ficar por esta interpretação, pois existe lá outra, como explicarei
adiante
DESCOBERTA NOVA GRAVURA NA MESMA GRUTA - Estive lá, na gruta o ano passado, por altura do Verão, juntamente com o jovem Dr. Luís Pereira, filho do meu amigo, Abílio Pereira, ambos entusiastas pelo estudo das origens judaicas em Foz Côa, constatei que o chão (onde eu supunha estar a referida gravura)se encontrava coberto de pedras.
Ao
voltar lá de novo (21-04/2014), além da gravura (acima editada) acabei
por localizar outra gravura, que, de facto, não é no chão: - ambas se
encontram igualmente nas faces da mesma gruta.
O desenho desta última gravura, agora por mim descoberta, é mais dificil de analisar - Parece-me que não é fácil de saber se se trata também de um pentagrama ou de um hexograma - Conto voltar ao assunto, numa das próximas postagens e com novas fotografias.
Seja como for, há que admitir que, a maioria das pessoas que se refugiaram no cume e grutas do Monte do Fariseu, em 1808, eram homens simples, iletrados, ainda com o anátema da origem judaica mas já cristãos-novos, forçados há muito assumir o cristianismo, tendo talvez apenas uma noção vaga do símbolo judaico. Desenhar a estrela com cinco ou com seis pontas, não é a mesma coisa e têm hoje simbologias muito especificas mas quase se confundem - Em qualquer dos casos, é uma estrela: uma é a de Salomão e a outra de David
Mais pormenores em Os Marçais e o Massacre dos Judeus, em Foz Côa, em ...
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