(atualização)
De Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Ao Povo pacífico e generoso de São
Tomé e Príncipe, ao seu Presidente e seus Governantes, os meus sinceros votos
de um Feliz Natal e que o Novo Ano 2016, traga o melhor progresso e
prosperidade às gentes destas maravilhosas Ilhas
O presépio natalício,
vulgarmente conhecido pelo “Passo”, é uma das referências culturais mais
antigas da Ilha de São Tomé.
Já não são as
mesmas cabaninhas, de antigamente: simples mas de não menos recorte artístico e
singular beleza, tecidas pelos dedos das crianças, feitas com pauzinhos
cortados de andala com o machim (das folhas de palmeiras) e vergas de canas de bambu,
enfeitadas com algumas flores da floresta, imitando pequenas ermidas ou a
igreja da Sé, construídas junto às modestas cubatas à beira da estrada,
sobretudo à medida que se deixava a cidade, a capital e se penetrava no
interior da Ilha, alumiadas por tochas de óleo de palma em pedaços de mamão,
iluminando a Noite de Natal - Que se prolongavam durante a quadra
natalícia
- Sim, os
tais presépios genuínos do Povo que eu conheci nos anos 60 e 70 e cantados por
Alda da Graça Espírito Santo, - Naquele seu lindo poema, "Natal na
Ilha", a par da celebração do dia “dá chinja” da festa
da família na Quarta-feira de cinzas. Os costumes, como em qualquer lado,
vão-se alterando e ajustando aos novos tempos. Porém, vale a pena recuar
a essa memória com algumas imagens que pude recuperar em artigos por mim
publicados na S.I.
NATAL NA ILHA
Ao cair da tarde, pelas estradas da Ilha
Cabaninhas de andala
Tecidas por dedinhos de garotos,
É a nota tocante do Natal.
Uma tocha de mamão
É o luzeiro no caminho
Alumiar o “passo”.
Mas o exotismo dos trópicos
Descendo pelo calendário dos festejos
Faz do “Dá chinja” a festa da família.
Quarta-feira de cinzas
É cara ao coração da nossa gente,
Onde se sente a ausência dos finados.
Na hora do “angu”,
Do clássico calulú de Peixe
Todos se juntam,
Nas roças, nas grutas, nos ermos mais perdidos,
Em redor da mãe velhinha,
Da avó da carapinha branqueada
Na tradição festiva do “Bocado”.
P’las mãos dessa velhinha solene
todos, todos, recebem p’la mesma colher
Numa
união feliz e africana
A
primeira colherada
Do
menú familiar.
E
só então, a refeição começa.
A
toda a hora pelo dia fora.
Vem
chegando gente
Pró
sagrado “Bocado”
Do
avô extinto do ano que passou
E
da filha arrancada à vida
em
plena mocidade.
Cinzas….
Natal…
Exotismo
dos trópicos?
- Uma pergunta e uma resposta que pairam nos ares
- Uma pergunta e uma resposta que pairam nos ares
Alda Graça do Espírito Santo
Nasceu a 30 de abril de 1936 , na cidade de São Tomé, capital do
Arquipélago de São Tomé e Príncipe, Alda Neves da Graça do Espírito Santo.
Filha de uma professora primária e de um funcionário dos Correios, ainda nova
faz seus primeiros estudos em São Tomé. 1940:
Em meados de 1940, muda-se com a família para o norte de Portugal, anos depois
a família muda-se para Lisboa onde Alda inicia seus estudos universitários. 1950: No início dessa década,
morando em Lisboa com a família, Alda Espírito Santo faz contato com alguns dos
importantes escritores e intelectuais que viriam a ser os futuros dirigentes
dos movimentos de independência das colônias portuguesas de África, como
Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, Francisco José
Tenreiro, entre outros. A casa de sua família, no número 37 da Rua Actor Vale,
funciona como local de encontros do CEA (Centro de Estudos Africanos). Os
encontros regulares na casa de Alda promoviam palestras sobre temas diversos
como Linguística, História e também sobre a consciência cultural e política
acerca do colonialismo, do assimilacionismo e da defesa do colonizado. Na mesma
época, Alda Espírito Santo frequenta a CEI (Casa dos Estudantes do Império).
Algum tempo depois, abandona o curso universitário por razões políticas e também
financeiras. 1953: Em
janeiro, regressa a São Tomé e Príncipe, onde atua como professora e
jornalista. Nesse mesmo ano, escreve o poema “Trindade” que denuncia o massacre
ocorrido em 5 de fevereiro em Trindade (São Tomé e Príncipe). 1975: Após a independência de
São Tomé e Príncipe, ocorrida em 12 de junho, Alda Espírito Santo ocupa vários
cargos sucessivos no governo da jovem nação, entre os quais os de Ministra da
Educação e Cultura, Ministra da Informação e Cultura, Presidente da Assembleia
Nacional e Secretária Geral da União Nacional de Escritores e Artistas de São
Tomé e Príncipe. Nesse ano, em novembro, compõe a letra do Hino Nacional de São
Tomé e Príncipe, intitulado “Independência Total”. 1976: Publica um livro de
poemas intitulado O jogral das Ilhas. 1978:
Publica o livro de poemas É nosso o solo sagrado da terra, que reúne uma
coletânea dos poemas produzidos por Alda entre os anos de 1950- 1970. 2010: Em 9 de março em Luanda
(Angola), falece a poetisa Alda Espírito Santo por complicações na saúde. O
governo santomense decreta luto oficial de 5 dias. Vidas Lusófonas - Alda Espirito Santo
Combatente da luta pela
independência nacional, poetisa, considerada expoente máximo do nacionalismo
são-tomense, pós independência. Alda Graça, morreu em Angola para onde foi
evacuada desde a última semana por razões de saúde. Morreu na terra dos seus
compatriotas de luta pela independência nacional, como Mário Pinto de Andrade.
Um dos nomes de Angola que Alda Graça muitas vezes citou nas suas intervenções
públicas. – Excerto deAlda Graça do Espírito Santo
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