Após a
publicação deste post recebi do Prof. Gerhard Seibert uma mensagem referindo
que não se trata de uma acusação mas de uma crítica. De facto, também é esta a
minha interpretação, as nossas desculpas, mas foi o termo que me surgiu no
momento de editar o título em epígrafe -
Aqui fica o registo, cuja cortesia igualmente muito lhe agradeço.
Obrigado. Acho que não se trata de uma
"polémica", mas apenas de uma simples crítica que eu fiz. Também o
Seibert não acusa o Wilken de não ter devidamente fundamentado a sua afirmação
com a fonte, mas apenas "critica" este autor pela omissão (ou pela
invenção).
A VERDADE NÃO SE FABRICA: OU EXISTE OU NÃO EXISTE - Compete aos historiadores não a deixar cobrir de poeira e trazê-la à superfície.
A VERDADE NÃO SE FABRICA: OU EXISTE OU NÃO EXISTE - Compete aos historiadores não a deixar cobrir de poeira e trazê-la à superfície.
Num anterior e-mail, que o investigador,
Gerhard Seibert, teve igualmente a amabilidade de me enviar, em resposta a um meu comentário sobre este historiador, frisou
o seguinte: O que notei no correr dos
anos é que às vezes historiadores fazem especulações sem fontes ou com poucas
fontes para suportar o seu argumento.
Esta
invenção sobre o encontro Colombo/Caminha em 1493 não inviabiliza o resto do
seu livro. Contudo, sou de opinião que um historiador sério sabe distinguir
entre ficção e história."
Este trabalho vem no seguimento da postagem anterior http://www.odisseiasnosmares.com/2014/12/sao-tome-e-principe-hoje-apresentacao.html
Como em todos trabalhos de investigação, há quem não
se importe de perder horas infinitas em aturadas pesquisas ou laboriosas lucubrações
por amor à causa que abraçou e também há quem ou se aproveite do trabalho
alheio ou pegue nas questões pela rama e da maneira mais fácil, conquanto daí
obtenha proventos e fama. Não pensámos que seja o caso do autor da “História
dos Judeus Portugueses”. de carsten l.
wilke, autor de um vasto currículo e de títulos académicos de alto gabarito
Todavia, tal não significa no entanto, que o seu livro, que ele pretendeu condensar apenas em 200
páginas, quando era suposto que, um tal tema, só por si justificaria uma abordagem mais extensa e aprofundada, sim, pudesse ser isento de justificada crítica. Pelos vistos,
a continuar a não esclarecer certas afirmações, produzidas na citada obra, tal
facto não abona muito a favor do rigor posto na sua elaboração. É. Pelos menos, a
ilação que posso extrair dos pedidos de esclarecimento que lhe foram
apresentados por outro conceituado autor e investigador.
PÚBLICO 20/06/2009 "A
história dos judeus portugueses foi condensada em 250 páginas pelo académico
alemão Carsten L. Wilke.
"Chegaram à Península Ibérica
muito, muito tempo antes de Portugal nascer, ainda no século I, quando a
Lusitânia fazia parte do Império Romano. Conheceram os reinos cristãos
anteriores à invasão muçulmana, foram protegidos pelos primeiros reis de
Portugal até ao édito de expulsão, foram perseguidos como cristãos-novos,
primeiro no continente, depois no Brasil ou na Índia conforme o longo braço da
Inquisição lá foi chegando, começaram a regressar no século XIX mas nunca
voltaram a ser uma minoria importante".Portugal
teria podido proteger muitos dos judeus de origem
O RELATO DE VALENTIM FERNANDES - ÚNICO TESTEMUNHO DO ENVIO DE CRIANÇAS JUDIAS PARA SÃO TOMÉ - A CUJO MANUSCRITO SE REFERIU DETALHADAMENTE GERARD SEIBERT
O ANTROPÓLOGO GERHARD SEIBERT CRITICA Carsten L. Wilke AUTOR DA “HISTÓRIA DOS
JUDEUS PORTUGUESES”, DE NÃO FUNDAMENTAR O ALEGADO ENCONTRO DE ÁLVARO CAMINHA COM O NAVIO DE COLOMBO O RELATO DE VALENTIM FERNANDES - ÚNICO TESTEMUNHO DO ENVIO DE CRIANÇAS JUDIAS PARA SÃO TOMÉ - A CUJO MANUSCRITO SE REFERIU DETALHADAMENTE GERARD SEIBERT
Seibert, Gerhard. 500 years of the manuscript of Valentim Fernandes, a Moravian book printer in Lisbon. In: Beata Elbieta Cieszynska (ed.), Iberian and Slavonic Cultures: Contact and Comparison, págs. 79 a 88, Lisboa:
2007
- Um creterioso trabalho de investigação acerca do autor do único relato das
crianças enviadas para S. Tomé. - Que tivémos oportunidade de consultar através do envio por e-mail
*****
VALENTIM FERNANDES - "Hábil
homem de negócios e humanista de cultura
abrangente, é a Valentim Fernandes que devemos um dos mais importantes testemunhos
sobre os Descobrimentos portugueses: as anotações sistematicamente manuscritas
em 300 páginas, que hoje estão guardadas na Staatsbibliothek München,
designadas por Manuscrito de Valentim Fernandes. Este extenso manuscrito (veja
o artigo neste Caderno) indica para um projecto que Valentim Fernandes não
chegou a poder concretizar: A impressão de uma grande obra sobre as aventurosas
navegações portuguesas, prometendo ser um capital bestseller. – Excerto de Cadernos de Tipografia e Design 13
No
seguimento de uma cordial troca de e-mails que tenho mantido com o professor da Universidade
da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, nomeadamente a partir
da revelação, feita neste site, sobre a eventual descoberta de gravuras rupestres
na costa litoral oeste de S. Tomé, sendo ele um dos mais qualificados estudiosos
das Ilhas Verdes do Equador, e, de minha
parte também um grande apaixonado por estas ilhas e pelo estudo das
origens do seu povoamento, que julgo ser
muito anterior à colonização, quis o acaso, que, ao enviar-lhe um link de um
trabalho publicado, neste site, sobre a escravatura em S. Tomé, onde citei Karsten Wilke, me respondesse o seguinte: “Aquela afirmação que Cristóvão
Colombo cruzou-se no mar com o navio das crianças judias em 1493 parece ser uma
invenção do autor Karsten Wilke. É melhor tirar esta parte do seu site. Karsten
Wilke não fundamenta afirmações
Eu
escrevi três vezes para Karsten Wilke pedindo de me enviar a sua fonte para tal
afirmação. O senhor nunca me respondeu o que me levou a concluir que ele
inventou este encontro no alto mar.”
Esta
é a versão de Carsten Wilke, autor de História Carsten
Wilke publica síntese de 20 séculos
Cristóvão
Colombo e as crianças judias deportadas para São Tomé, em 1493
Fonte: Carsten
Wilke - Lisboa: Edições Dom Quixote 2009, pp. 60/61.aotome :
Message: Cristovão Colombo e as crianças judias..
Caro Jorge,
Veja incluído a resposta que Cartsten Wilke me
enviou em 4 de Janeiro de 2011. Ele escreveu que no livro de bordo de Colombo
havia uma nota que tinha relacionada com Álvaro de Caminha. Ele prometeu-me
enviar a sua fonte concreta depois do seu regresso a Budapeste. Contudo, apesar
de várias reclamações minha, o Wilke nunca me respondeu
Sehr geehrter Herr Wilke,
im letzten Jahr habe ich hier mit Interesse Ihr
Buch "História dos Judeus
Portugueses" gelesen. Darin schreiben Sie
u.a. auch, dass 1493 Álvaro de
Caminha, der die von ihren Eltern mit Gewalt
getrennten jüdischen Kinder
mit nach São Tomé nahm, sich auf dem Weg dorthin
auf hoher See mit
Kolumbus gekreuzt hat. Da mich die Geschichte der
jüdischen Kinder in São
Tomé seit langem interessiert, habe ich diese für
mich bisher unbekannte
Episode mit besonderer Aufmerksamkeit zur Kenntnis
genommen. Ich habe
jedoch in der portugiesischen Ausgabe Ihres Buches
dazu keine Quellenangabe
gefunden. Daher möchte ich Sie bitten mir
mitzuteilen, wo Sie diese
interessante Information gefunden haben. Vielen
Dank.
Mit freundlichen Grüssen
Sehr geehrter Herr Seibert,
ich freue mich über Ihr Interesse an meinem Buch.
Einem Wunsch der Verlegerin zufolge, der an einem eher
populärwissenschaftlichen Werk gelegen war, habe ich nur wörtliche
Zitate mit Fußnoten belegt. Wenn ich mich recht entsinne, macht
Kolumbus in seinem Bordbuch eine Anspielung, die ich auf Álvaro de Caminhas
Schiffe bezogen habe. Ich bin gegenwärtig auf einer Reise in Heidelberg und
kann die Stelle leider nicht aus dem Gedächtnis liefern. Ich werde Ihrer Frage
aber nachgehen, wenn ich wieder zurück in Budapest bin.
Mit freundlichen Grüßen
Carsten Wilke
De entre outras mensagens que, Gerhard Seibert, teve a cortesia de mr enviar,
diz que “Não
citaria o número de 2000 crianças judias deportadas sem muitos pontos de
interrogação. Muito provavelmente eram menos. Várias fontes históricas sobre
esta tragédia dão números diferentes. Veja a p. 85 do meu texto sobre esta
questão no livro em anexo.
De facto, existe apenas
uma única fonte que se refere a 2.000 crianças deportadas. Contudo ninguém
nunca perguntou de quantos barcos Caminha precisava para transportar tantas
pessoas. O próprio Caminha fala no seu testamento de 1499 de um total de mil
pessoas que o acompanharam em 1493!
Para compreender melhor esta questão não deixe de ler o post anterior
SOBRE O MESMO ASSUNTO - Já referido no post anterior
(…) Tradução – “Quantos navios chegaram com o capitão? Crianças - 2000 ou menos - estavam em um ou mais navios,
juntamente com gradientes, padres, soldados e marinheiros. Padre Pinto escreve: "2.000 e 1.400 morreram
dificuldades de viagem". Este ponto deve ser esclarecido, tal como exigido pela
questão dos transportes: Como foram enviados 2.000 crianças acompanhadas pelos
soldados, padres e prisioneiros libertados em uma viagem por mar? “Qual foi a idade das crianças? (…)
Como foram enviados 2.000 crianças acompanhadas pelos
soldados, padres e prisioneiros libertados em uma viagem por mar?
Álvaro de Caminha relata ter comida para 1.000
pessoas. Dr. Gerhard Seibert estimou que havia um total de 1.000 pessoas ou menos. - ESCLAVOS EN SÃO TOMÉ………. lTraduzir esta página
Para compreender melhor esta questão não deixe de ler o post anterior
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