Além de uma certa precariedade, que, nestas ilhas afeta o exercício provisional de jornalista, – claro que o fenómeno dos ordenados baixos
é transversal a outras profissões - , tem-se assistido a alguma instabilidade,
já que, a mudança de poder, acaba também por interferir, não apenas nos lugares
de chefias, como naqueles que estão na primeira linha da noticia ou da
reportagem.
JORNALISTAS MAL PAGOS E,, SEMPRE QUE O
GOVERNO MUDA, COM O CREDO NA BOCA.
Ordenados, que mal dão para as despesas do vestuário ou para alimentação, é o
equipamento e as condições das redações (especialmente nos sites particulares,
onde as dificuldades são ainda maiores, exercendo a atividade praticamente por
carolice), sim, é também iminência
do chuto que pode suceder quando menos se espera – Infelizmente, há
noticias desses exemplos.
De recordar, que , em 3 de Maio de
2012, com Patrice na Governação, o dia
da Liberdade da Imprensa, noticias davam conta de que “os jornalistas
são-tomenses e as instituições ligadas a comunicação social, reagiram neste dia
“Com um silêncio frio num dia de chuva intensa em São Tomé Príncipe.
“A liberdade de imprensa “ - dizia Abel da Veiga,
no téla-nón é uma realidade em São Tomé e Príncipe, desde o advento da
democracia pluralista em 1991. Nunca um jornalista são-tomense foi agredido no
exercício das suas funções. No país até agora calmo, ninguém perdeu a vida por
causa do conteúdo de uma reportagem radiofónica ou televisiva, ou por desabafo
feito nas redes sociais".
No entanto, este ano o dia da liberdade de
imprensa assinalado 3 de Maio, ficou marcado por um profundo silêncio dos
jornalistas.
Na TVS, o Téla Nón contactou pelo menos 5 jornalistas
para emitir a sua opinião sobre a liberdade de imprensa em São Tomé, mas todos
recusaram. Na “Televisão de Todos Nós”, nenhum profissional ousou falar sobre a
liberdade de informar e de ser informado, tanto para o Téla Nón como para outro
órgão de comunicação social, presente na estação televisiva para ouvir os profissionais.
(…)Silêncio pesado, a dominar a classe dos
jornalistas. A violência física contra os jornalistas não é prática em São Tomé
e Príncipe, mas mecanismos de pressão e de represálias foram sempre activos na
relação entre o poder e a imprensa.
São de Deus Lima, Jornalista do Semanário Kê Kua, não
está amordaçada. «Se comparar São Tomé e Príncipe com determinados países no
mundo, dir-se-á que há um grau apreciável de liberdade de imprensa. É verdade
que a repressão e o condicionamento são mais discretos», afirmou a
jornalista. – Excerto
de Jornalistas amordaçados no dia da liberdade de imprensa .
(Conceição Lima - foto da Web)
Curiosamente, este era o título de uma noticia, aparentemente animadora, divulgada (on lin) pelo Jornal Transparência, uns dois meses antes,(12.03.2015)dando conta que o actual governo liderado pelo Primeiro-ministro Patrice Trovoada, está disponível e empenhado em apoiar os problemas da classe dos jornalistas e técnicos da Comunicação Social de São Tomé e Príncipe, face as dificuldades que vêem enfrentando aos longos anos no cumprimento das suas actividades profissionais.
Este empenho foi manifestado esta quarta-feira pelo
Primeiro-ministro e Chefe do Governo são-tomense Patrice Emery Trovoada, após
um encontro tido com o Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação
Social de Santomense (SJS). Jornal Transparência -
JORNALISMO NACIONALISTA SÃO-TOMENSE - UM PASSADO
RICO DE HISTÓRIA
S. Tomé e Príncipe, pese as grandes limitações
impostas pelo colonialismo salazarista, tem uma herança de notáveis homens de
letras: no jornalismo e nos vários
géneros da literatura – poesia, romance, contos, ensaios, nomeadamente.
Por exemplo, referindo-me a jornalistas, é Carlos
Espírito Santo, que, no seu livro “O
nacionalismo Político São-Tomense, destaca
o papel de São-Tomenses nos jornais que surgiram no período pós
instauração da República: - Recordando,
que, “além dos movimentos políticos
unitários, diversos jornais protonacionalistas preconizando o desenvolvimento dos povos nativos de África,
foram criados na capital portuguesa, depois
da queda do regime monárquico. Eram bastante lidos sobretudo pelos intelectuais
das colónias portuguesas, que de resto colaboravam enviado textos para
divulgação, denunciando factos sociopolíticos reputados significativos das suas
terras, onde alguns eram correspondentes dos referidos periódicos. Por exemplo,
O Negro que foi publicado em Lisboa, a 9 de Março de 1911. Foi com este
jornal que teve inicio o
protonacionalismo”
E, mais adiante - no seguimento das referências, que, Carlos Espírito Santo, faz ao papel deste jornal, - diz: “atente-se, pois, neste extrato: «Queremos a África propriedade social dos africanos e não retalhada em proveito das nações
que a conquistaram e dos indivíduos que a colonizaram roubando e escravizando
os seus indígenas.»
E acrescenta: “Analisando o número de correspondentes de O Negro em diversas paragens
do mundo, é forçoso sublinhar que São Tomé e Príncipe constituía o território
que acolheu mais representantes do jornal. Figuras de prestígio como o advogado
Manuel da Graça do Espírito Santo, o poeta Herculano Pimentel Levy e o político
Augusto Gamboa, são apenas três exemplos que importa mencionar. Mais, nos três
números que são conhecidos de O Negro foi marcante a participação dos
indivíduos oriundos de São Tomé e Príncipe. Assim, no seu corpo directivo vemos
são-tomenses tais como J. C. Cunha Lisboa (director), Artur Monteiro de Castro
(redactor principal) e Aires de Sacramento Menezes (editor).
No mesmo estudo, o investigador São-Tomense,
referindo-se a esse período áureo da liberdade de expressão, de entre os periódicos que recorda, cita, por
exemplo, o jornal “A Mocidade Africana”, explicando que “alguns estudantes negros, maioritariamente de São Tomé Príncipe e
pertencentes às diversas faculdades de Lisboa, procurando sensibilizar os seus
irmãos de raça para a necessidade de envidarem esforços tendo como finalidade
pôr termo ao estado de deterioração que
desde o início da colonização portuguesa dominava a África, acharam conveniente
fundar um jornal que designaram A
Mocidade Africana, e cujo número inaugural foi editado dia 1 de Janeiro de
1930. Educar, educar sempre, educar com todas as forças, era o caminho que se
propunham seguir, até que vissem concretizadas as suas esperanças, até que
vissem alcanças seus objectivos.
Liberdade de Expressão esta que o Estado Novo viria a
decepar.: - E que haveria de vir a ser justamente a orientação seguida pela linha
editorial do último jornal colonial nestas ilhas: A Voz de São Tomé
- Propriedade da Acção Nacional. Popular , através do qual, desde os tempos do Governador Carlos
Gorgulho, houve a preocupação de destruir ou denegrir a pequena elite destas ilhas:. Pelo que, quer o seu diretor, quer o
redator principal, eram da estrita confiança do regime. Usando as suas páginas
para humilhar e deferir as mais insidiosas e torpes acusações .
Todavia, a revista Semana Ilustrada, de Luanda, da qual tive a honra e o prazer
de ser o seu delegado em S. Tomé, durante quatro anos, contou com a valiosa colaboração de Cassandra, no Príncipe, e de João Neto, radicado em Luanda, em cuja cidade chegou a receber um grupo de santomenses, ali também radicados, que quiseram homenagear os vários trabalhos publicados em prol destas ilhas.– E não se pense que eram todos para servir as agendas institucionais. Tanto antes como depois do 25 Abril, os artigos publicados nesta revista, não envergonham os seus autores – Bem pelo contrário – Pessoalmente, não tenho problemas de consciência do que escrevi. E julgo que nem o chefe de redação, Mourão de Campos, que , por várias vezes, se deslocou de Angola a S. Tomé para fazer edições especiais. Julgo que se hoje fosse vivo, também não teria problemas dessa natureza.
de ser o seu delegado em S. Tomé, durante quatro anos, contou com a valiosa colaboração de Cassandra, no Príncipe, e de João Neto, radicado em Luanda, em cuja cidade chegou a receber um grupo de santomenses, ali também radicados, que quiseram homenagear os vários trabalhos publicados em prol destas ilhas.– E não se pense que eram todos para servir as agendas institucionais. Tanto antes como depois do 25 Abril, os artigos publicados nesta revista, não envergonham os seus autores – Bem pelo contrário – Pessoalmente, não tenho problemas de consciência do que escrevi. E julgo que nem o chefe de redação, Mourão de Campos, que , por várias vezes, se deslocou de Angola a S. Tomé para fazer edições especiais. Julgo que se hoje fosse vivo, também não teria problemas dessa natureza.
Mas, felizmente, longe vão os dias do bisturi da censura e dos
cidadãos serem presos, perseguidos ou mal tratados por exprimiram as suas
ideias.
Fui testemunha desses opressivos tempos do fascismo colonial e dos cortes da própria censura, que, por várias vezes, me não permitiram a publicação de alguns trabalhos jornalísticos. No pós revolução, com agressões de vária ordem por parte de quem não queria aceitar os novos ventos da história, cujo comportamento selvagem não é fácil de esquecer
Fui testemunha desses opressivos tempos do fascismo colonial e dos cortes da própria censura, que, por várias vezes, me não permitiram a publicação de alguns trabalhos jornalísticos. No pós revolução, com agressões de vária ordem por parte de quem não queria aceitar os novos ventos da história, cujo comportamento selvagem não é fácil de esquecer
ÁFRICA COPIOU A EUROPA MAS OS EXEMPLOS DA EUROPA HÁ MUITO DEIXARAM DE SER EDIFICANTES E EXEMPLOS A SEGUIR
O 25 de Abril, em Portugal, trouxe a democracia e a
liberdade de expressão mas também a possibilidade das colónias portuguesas acederem à independência -E, ,desde
então, desde esse histórico acontecimento, 40 anos volvidos, muita coisa
aconteceu – Porém, o exercício de tais análises, cabe à palavra dos historiadores..
Um dado relevante, porém, a sublinhar, é o facto das populações poderem eleger os seus governantes.
Um dado relevante, porém, a sublinhar, é o facto das populações poderem eleger os seus governantes.
O que não deveria suceder é que, as mesmas figuras se
perpetuassem no poder, tal como no tempo de Salazar – Estou a referir-me a outras ex-colónias,
Criticava-se o botas por não deixar o poleiro e só o ter deixado quando caiu de velho e enfermo numa cadeira mas a verdade é que, em África, sob a capa da democracia, há dirigentes que já somam os trintas e tais anos, ininterruptos e de seriedade mais de que duvidosa. Sob bandeiras em que, às tantas, é já difícil distinguir o Poder do Estado do Poder Partidário: quem não exibe cartão da militância do partido do poder, dificilmente arranjará emprego bem remunerado
Criticava-se o botas por não deixar o poleiro e só o ter deixado quando caiu de velho e enfermo numa cadeira mas a verdade é que, em África, sob a capa da democracia, há dirigentes que já somam os trintas e tais anos, ininterruptos e de seriedade mais de que duvidosa. Sob bandeiras em que, às tantas, é já difícil distinguir o Poder do Estado do Poder Partidário: quem não exibe cartão da militância do partido do poder, dificilmente arranjará emprego bem remunerado
A Europa vai pelo mesmo caminho: o património, mais
valioso do Estado, é vendido aos grandes capitalistas, que, por sua vez, só empregam quem é da sua confiança política ou do seu grupo - Além disso, o
controlo dos jornais, rádios e televisões, está todo nas suas mãos
Por outro lado, nos países onde as eleições têm
permitido mudanças de políticos e de politicais, em que as oposições são
chamadas a mostrarem o que valem, assiste-se a um autêntico bailado de
cadeiras, em que ninguém se estende; em que, as reformas do que sai, são
reprovadas ou esquecidas pelo Governo que entra. um sai e entra – É o que tem acontecido, de algum modo, em São Tomé e Príncipe, com as eleições de
sucessivos governos – Eleitos por
diversos partidos, mais deles a não concluírem os seus mandatos. Em todo o
caso, sempre será preferível a
alternância democrática de que o poder em maiorias autoritárias e arrogantes
ou que um pais seja governado com as mesmas caras. Isto porque, a
constituição, onde esse fenómeno acontece, nomeadamente em regime
presidencialista, não impõe um limite de mandatos: a norma constitucional foi
concebida justamente para perpetuar o presidencialismo absoluto, dando ao
caudilho e ao partido que o elege, com os poderosos instrumentos mediáticos que
tem sob seu controlo, um autentico poder
monárquico.
Em São Tomé, é certo que houve um período do partido
único, mas creio que mais no sentido de uma pré-preparação pluralista e
democrática, de que com o objetivo
de impor um regime ao estilo
ditatorial.. Sim, nestas ilhas, pela natureza do seu povo, alegre , expressivo
e pacifico, é impensável que alguma vez
que a ditadura vingue, com sucesso, que um caudilho se perpetue no poder sem
dar a oportunidade a outro.
Por isso mesmo, São Tomé e Príncipe é um dos raros exemplos de África onde a liberdade de expressão mais se tem imposto
e consolidado. Assim o comprova a forma pluralista e democrática, como têm
decorrido os processos eleitorais. Pena
que, cada governo, depois de eleito, procure os
seus arranjos nos órgãos
estatizados de Comunicação social – Estes são os pontos negativos do
pluralismo santomense.
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