“Encantamento Quantas vezes, ficava a olhar, a olhar…” – Sozinho, introspetivo e tranquilo - É meia-noite para a madrugada de Sábado - Mais uma semana que vai terminar com a Primavera a começar - Sozinho, no silêncio do quarto de uma casa centenária, em granito, mas muito desconfortável, pois a noite, lá fora vai fria, embora sob céu límpido e descoberto, depois de um grande vendaval tendo apenas por companhia no teto, alguns morcegos dependurados e por baixo do sobrado algumas andorinhas pousadas que ali vão fazer os seus ninhos - Porém, não devendo nada a ninguém e estando bem com a minha consciência e com o mundo, sim, sinto-me na paz dos anjos, possuído de um sentimento quase tranquilamente sobrenatural
Quantas vezes, ficava a olhar, a olhar
A tua doce e angélica Figura,
Esquecido, embebido num luar,
Num enlevo perfeito e graça pura!
E á força de sorrir, de me encantar,
Diante de ti, mimosa Criatura,
Suavemente sentia-me apagar...
E eu era sombra apenas e ternura.
Que inocência! que aurora! que alegria!
Tua figura de Anjo radiava!
Sob os teus pés a terra florescia,
E até meu próprio espirito cantava!
Nessas horas divinas, quem diria
A sorte que já Deus te destinava!
Teixeira de Pascoaes, in 'Elegias'
A tua doce e angélica Figura,
Esquecido, embebido num luar,
Num enlevo perfeito e graça pura!
E á força de sorrir, de me encantar,
Diante de ti, mimosa Criatura,
Suavemente sentia-me apagar...
E eu era sombra apenas e ternura.
Que inocência! que aurora! que alegria!
Tua figura de Anjo radiava!
Sob os teus pés a terra florescia,
E até meu próprio espirito cantava!
Nessas horas divinas, quem diria
A sorte que já Deus te destinava!
Teixeira de Pascoaes, in 'Elegias'
Nenhum comentário :
Postar um comentário