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sábado, 7 de abril de 2018

Em S. Tomé – A minha barba de abelhas africanas assassinas - No dia em que coloquei um enxame das temíveis abelhas africanas no queixo e fiz uma autêntica barba de abelhas – As abelhas europeias são menos agressivas e permitem melhores veleidades mas as abelhas africanas, embora mais pequenas, são mais irritáveis e terríveis: De tão perigosas, passaram a ser conhecidas em todo o mundo como abelhas assassinas. Desde a década de 50, mais de 1 000 pessoas já morreram por causa de suas picadas só no continente americano

Foto publicada no suplemento do Sábado Popular, do extinto Diário Popular


De entre as minhas aventuras, em S. Tomé, recordo hoje aqui a da recolha de enxames selvagens de abelhas africanas para proceder ao povoamento de colmeais  - E, nomeadamente, o dia em que, pendurei um enxame de cinco quilos de abelhas africanas no queixo - Uma barba que não é possível cortar à Gillette - De recordar que estas abelhas são muito mais agressivas que suas irmãs europeias. 



A MÁ FAMA DAS ABELHAS AFRICANAS – TEM A SUA EXPLICAÇÃO - Por que as abelhas africanas são tão perigosas?

No serviço militar - Encarregado da Agro-Pecuária 
"Porque elas são muito mais agressivas que suas irmãs europeias.As africanas atacam em número maior e em apenas 30 segundos são capazes de injetar oito vezes mais toxinas em suas pobres vítimas. 

“Durante milhares de anos, por influência do meio ambiente, as características genéticas e comportamentais das abelhas africanas foram se diferenciando das europeias, que são muito mais mansas e fáceis de domesticar”, afirma o biólogo Osmar Malaspina, do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Acredita-se que o modo agressivo como os nativos africanos retiravam o mel, ateando fogo nas colônias, teria provocado a formação de um espírito tão guerreiro na espécie. Assim, as abelhas africanas ficaram tão preparadas para a autodefesa que percebem vibrações no ar a 30 metros de distância e já se sentem ameaçadas quando alguém chega a menos de 15 metros da colmeia. Quando atacam, podem perseguir sua vítima por mais de 1 quilômetro.


Fernão Dias - Na antiga Roça Rio do Oiro
De tão perigosas, passaram a ser conhecidas em todo o mundo como abelhas assassinas. O apelido não pegou à toa: desde a década de 50, mais de 1 000 pessoas já morreram por causa de suas picadas só no continente americano. No Brasil, elas chegaram em 1956, trazidas pelo agrônomo paulista Warwick Estevan Kerr, que queria melhorar a produção de mel – mais resistente a doenças, a africana é mais eficiente. Kerr trouxe 51 rainhas para o interior de São Paulo. Dois anos depois, um técnico deixou, por descuido, que algumas escapassem da colônia experimental. Desde então, elas espalharam tanto seus genes que, hoje, cerca de 90% das abelhas do país são descendentes do cruzamento dessa espécie com a europeia. A partir do Brasil, elas invadiram quase toda a América do Sul e a Central, e chegaram aos Estados Unidos em 1990, driblando os vários centros de controle construídos na fronteira deste país com o México. https://mundoestranho.abril.com.br/mundo-animal/por-que-as-abelhas-africanas-sao-tao-perigosas/

Na tropa
Apesar dos riscos inerentes  (e não eram tão poucos como isso), considero ter sido a atividade de apicultor, um dos trabalhos mais interessantes, sim, que eu mais gostei de exercer, quando trabalhei na Brigada de Fomento Agropecuário, em S. Tomé,  – Uma das tarefas deste organismo era criar  colmeais, junto dos palmares para facilitarem a sua polinização – Pois está provado, que, tratando-se de polinização cruzada, que precisa da intervenção do vento ou dos insectos, a existência de colmeais, por perto de coqueiros, aumentará consideravelmente a sua produção – Ganham as abelhas, que encontram na sua floração, uma boa fonte de alimento, e ganha o agricultor, que assim vê aumentada, substancialmente, a sua colheita.

Por outro lado, o objetivo da transformação de exames selvagens (que enxameiam nos buracos das árvores e nas mais variadíssimas circunstâncias), no da criação de abelhas em colmeias, visava também o da exploração do mel  O mel é de excelente qualidade e abelha-africana é uma incansável produtora  – É mais pequena em tamanho e o seu  ciclo de vida é também mais curto. Embora a  exploração, não permita grandes colheitas de uma só vez,   pois flora nunca lhe falta ao longo do ano, no entanto,  acaba por ser uma excelente produtora.

Mesmo assim, em S. Tomé, não havia o hábito de transferir os enxames para colmeias. Pelo contrário, quando se apanhava o mel, era o de se sacrificar  completamente o enxame, queimando todas as abelhas.

Eu e o meu auxiliar usávamos máscaras e o fumigador mas longe de procedermos a tamanha barbaridade. Aliás, um aspeto curioso que eu constatava, após as primeiras reacções suicidas do enxame, era o do enxame entrar numa espécie de estádio de dormência. Podendo pegar-se às mãos-cheias, sem as luvas e sem uso do fumo. Eu ficava  com a impressão  de que, quando os níveis de abelhas mortas pudessem pôr em risco a sobrevivência do enxame, este, como que por um comando instintivo, deixava de atacar – Pois, como é sabido, a abelha africana, ao sentir-se tocada, facilmente se exaspera, é tremendamente agressiva, ataca tudo o que se mexer à sua volta e persegue o seu alvo até grandes distâncias – Se apanhássemos algum enxame, por exemplo, junto de habitações, a criação de galinhas ou de patos, tinha de ser protegida das abelhas – De outro modo,  atitavam-se-lhes à cabeça e matavam essa criação. Assisti a episódios, tanto de ataques a pessoas, que não respeitavam as nossas recomendações, como de aves e animais, cenas do arco da velha!

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