Ilha de Nome Santo - Ó melodiosa harmonia celestial! -
Meu paraíso perdido! Longínquo mas não esquecido!
Na luz matinal dos teus dias, para mim ainda brilhas!
Anseio respirar o verde das tuas terras perfumadas,
por onde só as aves esvoaçam, que ninguém pisou!
Banhar-me nas tuas límpidas e quentes águas,
contemplar o azul do mar e dos céus
e unir-me à voz de Deus, que me criou!
Voz oculta da minha sina e do meu próprio destino!
Eco silencioso do meu pensamento nostálgico!
Via errante dos meus passos! - Onde poderei agora
encontrar o perfume inigualável das tuas florestas,
o elixir que alimentava a minha alma,
apagava as minhas mágoas e vibrava
os meus sentidos?!... Oh! Qual divindade!
Qual sublime visão e luz da Eternidade
Espelho Divino! - Da Criação seu fiel rasto!
Ó santa doçura! Ó pacifico idílio tranquilo!
Carícias verdejantes eivadas de frescuras anímicas!
Aspirar aqueles aromas inebriantes que exalam
do fundo húmido dos hubérrimos e fecundos solos!
tornam ainda mais fresca e pujante a natureza!
Irrompem na sinfonia da cromática beleza,
do aveludado verde da luxuriosa folhagem,
reflectem-se através dos alados raios de luz
que penetram as próprias gotículas do orvalho,
atravessam o colorido dos frondosos arvoredos,
dissolvem-se em vapores de cinza misteriosos
até à alucinação, à clara e espetral saturação
que pousa e se esfuma volátil montanha acima
Oh, sim, as fragrâncias e os perfumes!
Que se desprendem do fertilíssimo húmus
sob as copas da densa brenha vegetal,
penetra e satura a luminosa atmosfera!
Sim!.. Por todo o lado, respiram-se odores vivos!
Do multicolorido dos tons verdes que se elevam
até à crista dos mais eriçados e basálticos picos!
Sabores que invadem a orla das douradas
ou negras praias, circulam por entre as cubatas
das aldeias e até nas ruas e jardins da cidade,
quando florescem as cheirosas acácias!
Espalham-se sobre as copas de todas as árvores,
infiltram-se até às raízes, volatilizam na atmosfera
plenos de substâncias aromáticas - Embriagam!
Sobem do fundo da vegetação rasteira e arbustiva,
impregnam a margem das estradas e dos caminhos.
São arrastados pelos ventos, lá dos pontos mais altos,
perseguem o leito dos rios e das ribeiras
até se dissolverem no sal-gema
das maresias e brisas marítimas
ou do sopro violento dos tornados.
Jorge Trabulo Marques
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