Ismael Sequeira, pintor santomense, inaugura hoje, projeto estético “Observa. Obras de Capa, na sede Camões do IP – Do Instituto Português de Cooperação e da Língua
Jorge Trabulo Marques - Jornalista
A exposição de Ismael Sequeira, que vai decorrer até ao próximo dia 11 de Junho, é
composta por doze desenhos, que, segundo o autor, revelam através da experimentação estilizada
um discurso eclético que se afirma pela força das linhas, assim como um jogo
conseguido de manchas de preenchimentos estruturados pela linha.
No tratamento dos textos
assim como no desenvolvimento do desenho e composição, há uma experimentação
assumida no jogo em que mistura o sonho ou pesadelo com a realidade, a lenda
com a história, contrastes cromáticos conjugados com metáforas e criação de
novos significados identitários.
No final, mais do que um
projecto estético “Observa. Obras de Capa” é uma proposta de pensamento e
comunicação em que o artista utiliza tanto a força expressiva do desenho, assim
como todas as ferramentas de suporte tecnológico e meios de comunicação digital
para partilhar um conjunto de ideias e reflexões sobre São Tomé e Príncipe
abordando temas como: memórias da história colonial, lendas e mitos no contexto
local, influências da globalização na vida do arquipélago, a identidade
cultural, representação do poder e do papel feminino nesta pequena sociedade,
entre muitos outros assuntos.
Destaca, também, o artista santomense,
que o projeto “Observa” é referente escolhido para fazer uma narrativa
heterogenia sobre a difícil modo como os criativos deste território insular
guiam a sociedade.
Uma sociedade saída do colonialismo com
valores e cultura humanista considerável, que resiste a degradação social e
alimenta a sua esperança com forte crença divinal.
A escolhas dos temas
representados, ora de abordagem realista, ora surrealista procura enquadrar uma
identidade muito própria da cultura e do ser da ilha que busca as suas
influências actuais pelos sinais trazidos pelo desenvolvimento do mundo e pela
globalização. A comunicação e os novos meios tecnológicos absorvido por uma
população muito jovem motiva-nos a exercitar com entusiasmo a conexão com o
mundo. O que significa que o oceano Atlântico que banham estas ilhas já não
limita os santomenses. A emigração continua a ser o sonho de toda a juventude
que demonstram um amor incondicional por esta terra, mas que se torna pequena
para as suas ambições.
De recordar, que a Plataforma Cafulka, tem desenvolvido variadíssimas ações criativas, sendo justamente considerada como que um autêntico laboratório para as suas pesquisas socio-artisticas, com vista a gerar um movimento artístico capaz de influenciar transversalmente todas as disciplinas criativas santomenses e do universo lusófono em Portugal.
E também a entrevista, que nos concedeu, em Junho de 2020, p aquando da inauguração, no Parque dos Poetas em Oeiras, do conjunto escultrórico do seu compatriota, Zémé, dedicado à poetiza Espírito Santo (1926-2010), bem como algumas imagens que registamos de uma exposição coletiva na Galeria de Arte do Casino Estoril, em Outubro de 2013, assim como outros aspectos da sua atividade artística
Ismael Sequeira nasceu em Conceição – São Tomé, aos 20 de Julho de 1969. Estudou Artes Plásticas e Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Mas desde cedo descobriu a sua veia artística, influenciado pela leitura precoce, aos quatro anos, por sua avó materna, Hilária d’Almeida (Lilí)”, que lhe desenvolveria o gosto emmodelar e construir objetos a partir da reciclagem de materiais.
Começou a pintar desde muito novo, tendo participado numa exposição comemorativa do aniversário da independência do país, com 13 anos apenas Em 1982 conheceu Protásio Pina e Cesaltino da Fonseca, expoentes máximos das artes plásticas em São Tomé e Príncipe na época, que dirigiam o sector de produção de cerâmica na olaria de Almerim, onde aprendeu a trabalhar barro e cerâmica. Influenciado por Protásio, começou a pintar a óleo. Mais tarde, trabalhou com mestres coreanos em pintura de cenários e montagem de quadros humanos para espectáculos e jogos de ar livre.
Vive em Portugal, há mais de uma década, para onde se deslocou graças a uma bolsa de estudos para estudar Pintura— Aqui se formou Estudou Artes Plásticas e Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. E aqui também casou e constituiu família, regressando a S. Tomé, sempre que lhe é possível mas o seu grande sonho é voltar a viver na sua linda ilha. “Por isso, não perdi contacto com ela e com as pessoas e sistematicamente vou criando iniciativas e pretextos de colaboração profissional para lá ir- Declarou numa entrevista, em Nov de 2016, ao STPDigital, da qual tomámos a liberdade de transcrever alguns excertos. “Quando penso em São Tomé e Príncipe o que penso, primeiramente, é na sua exuberante beleza natural com enormes potencialidades a serem exploradas e de tornar-se um território de esperança de boa qualidade de vida para a sua população residente. Penso a seguir na miséria espiritual da classe dominante, num país desorganizado e na pobreza do povo insular que sonha com uma nação digna".
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