Travessia em piroga de S. Tomé ao Príncipe - Ilhas separadas
cerca de 140 km uma da outra e a cerca de 250 e 225 km da costa noroeste do
Gabão - 40 cm de altura por 60 cm na sua maior largura
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Artigo publicado no suplemento do Diário Popular |
Antes e depois do 25 de Abril, também fui um dos
sacrificados - A primeira vez ocorreu há 55 anos, após a travessia de canoa de S.
Tomé ao Príncipe.A segunda vez, foi na sequência da revolução de abril por
parte de alguns colonos, que me agrediram brutalmente, depois de me cortarem os pneus do meu
carro à navalhada e me pendurarem uma forca à porta de minha casa, por via dos
meus artigos publicados na revista Semana Ilustrada de Angola, por ter dado voz
ao MLSTP e entrevistado sobreviventes do massacre do Batepá, tendo que me
escapar de canoa de S. Tomé para a Nigéria, numa dramática travessia de 13
dias.
Nesse mesmo ano, e, após a independência, voltei a S. Tomé para tentar a
travessia de canoa para o Brasil, evocando a rota da escravatura, entre outros
objetivos, acabando por naufragar e ir parar à Ilha de Bioko, Guiné Equatorial,
onde fui preso e condenado à forca por suspeita de espionagem - Felizmente, lá
me salvei, graças à mensagem que trazia comigo do MLSTP para ler quando
chegasse ao Brasil
. TAMBÉM CHEGUEI A SOFRER REPRESÁLIAS EM LISBOA
uma dúzia de colonos, apanharam-me no Metro e voltaram agredir-me traiçoeiramente, como se estivessem na selva em São Tomé. Tal como fizeram na então chamada "Praça de Portugal", quando me dirigia a minha casa, por volta das oito da noite. Aguardavam-me emboscados no interior de um carro estacionado. Não havia luz na cidade, e, mal me viram, encadearam-me com os faróis e atiraram-se a mim como lobos. Tendo-me deixado, quase morto e prostrado no asfalto.
TRAVESSIA DE CANOA DE S. TOMÉ AO PRÍNCIPE
Larguei à meia-noite, clandestinamente,
pois sabia que, se pedisse autorização, me seria recusada, dada a perigosidade
da viagem, levando comigo apenas uma rudimentar bússola para me orientar. Fui
preso pela PIDE, por suspeita de me querer ir juntar ao movimento de Libertação
de São Tomé e Príncipe, no Gabão, o que não era o caso. Mas se lá aportasse, já
ia mentalizado para não voltar. Eu sabia que a resistência colonial, estava ali
sedeada
No mês seguinte, depois de ter sido preso e espancado pela PIDE, pude descrever esta minha aventura na revista Semana Ilustrada, de Luanda, de que ficaria seu correspondente
Esta era a segunda das minhas quatro aventuras solidárias: a primeira da Baía Ana Chaves, até ao Padrão dos Descobrimentos, no dia em que se comemoravam os 500 anos da descoberta de S. Tomé por João de Santarém e Pero Escobar. A segunda, em Março de 1995, de S. Tomé à Nigéria, 13, ao longo de 13 dias, e, por fim, a tentativa da travessia oceânica ao Brasil, que acabaria num dramático naufrágio de 38 dias
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